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sábado, 8 de junho de 2013

Por que tantos têm fé?


Em minhas andanças pela net, vi muitos vídeos produzidos por ateus, céticos, filósofos, gente estudiosa, gente nem tanto estudiosa, e assim, minha atenção se voltou para um vídeo que encontrei no canal de Frank Jaava, cujo título é Por que tantos têm fé? Considerando que desde o iluminismo, o fim de todo comportamento fideísta vem sendo insistentemente vaticinado, vale a pena perguntar: quais fatores contribuem definitivamente para que as pessoas desenvolvam o hábito da crença?

Em Filosofia não há uma resposta definitiva para tal questão. Na verdade a tradição cética iniciada com Montaigne, e continuada pelos moralistas franceses, dentre os quais, o mais conhecido é Pascal, afirma que não temos razão para descaracterizar, descredibilizar nem o comportamento cético, nem o comportamento fideísta. E Pascal afirma categoricamente que a razão tem as suas razões, que a própria razão desconhece, em outras palavras, acreditamos em uma série de coisas das quais não temos provas cabais e muito menos experiência sensorial (que, para fins de esclarecimentos, e a que é oriunda dos sentidos).

O mais curioso, é o fato de que, quando vi o vídeo me deparei com mais uma explicação científica a respeito da fé. O problema inicial é que toda vez que alguém busca interpretar a crença pelo viés de qualquer ciência que seja corre o risco de ser reducionista. E, é justamente o que ocorre, o autor do vídeo faz uma explicação psicológica (de cunho behaviorista, ou comportamentalista da fé), associada ao que me lembra a teoria do fato social de Émile Durkeim. De acordo com o Behaviorismo, todo comportamento humano e animal é baseado em um esquema de recompensa, para os comportamentos que devam ser reforçados, e punição, para aqueles que não devem ser compensados. E curiosamente, na mentalidade do autor tal viés é suficiente para caracterizar o que seja a fé.

Talvez, esta teoria sirva para explicar a fé, mas suponhamos que o relato da carta aos hebreus, especificamente no capítulo onze, seja verdade. Cabe explicar aqui que para nós cristãos a Bíblia é a verdade, mas para os céticos não. Eu creio na Bíblia, um provável leitor deste tópico talvez não. Daí o uso da expressão suponhamos. A pergunta que segue é: Como explicar a espera de Abraão por mais de vinte anos pelo cumprimento da promessa divina? Como explicar A peregrinação dos patriarcas em terras alheias, mas crentes na promessa? E a certeza de José de que Deus os tiraria dali do Egito, e por este motivo deu ordens a respeito dos seus ossos? E a postura dos macabeus diante da perseguição de Antíoco Epifâneo? E os primeiros cristãos, que perseveraram mesmo diante de aflições, perseguições, espoliações de seus respectivos bens, perda da própria vida?

Como esta teoria explica a persistência dos discípulos na fé, mesmo diante do aviso prévio de Cristo de que eles seriam perseguidos e odiados pelo mundo? Existe alguma coisa que compense a perda da amizade, do aconchego da família, da posição e do status pessoal? do ponto de vista humano, não. Daí, minha conclusão de que a teoria exposta por Jaava, pode explicar este evangelho motivacional, mas jamais a fé bíblica, a fé que nos capacita a nos posicionarmos neste mundo, e vencer a oposição deste sistema maligno e cruel. Muito menos a religiosidade que resignadamente suporta a aflição e a perseguição em nome da causa.

O livro de Macabeus é ainda mais enfático. Ele descreve um quadro de apostasia geral, por grande parte do povo que estava assimilando a cultura helênica. Quem não assimilou, foi, aos poucos sendo segregado, de forma que os resistentes foram pouquíssimos, e mais ainda o exército macabeu alternava derrotas com vitórias expressivas, um fluxo histórico tal como este não coaduna com a teoria apresentada pelo autor.




Em Cristo, Pr Marcelo Medeiros

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