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segunda-feira, 30 de junho de 2014

O stress mora em casa mesmo?



De acordo com uma recente pesquisa (aqui), trabalhadores se estressam bem mais em casa do que nos seus respectivos trabalhos. A razão é bem simples tanto homens quanto mulheres se armam para enfrentar situações pertinentes ao mundo do trabalho, em tese a casa deveria ser o lugar em que os trabalhadores poderiam desarmar, mas não desarmam, e aí surge o problema. 

Um fator agravante é a insatisfação, ou o perfeccionismo feminino, mesmo com a ajuda dos homens, e o maior empenho por parte dos mesmos na criação, educação, enfim, nos cuidado geral dos filhos, as mulheres se sentem pressionadas a darem conta da vida familiar, pior, a fazerem isto de forma perfeita. Some isto, com a necessidade de uma vida de consumo ideal, e se obtém uma formula explosiva. 

O artigo também aponta para a dura realidade de que os trabalhadores realizados em seus respectivos trabalhos são aqueles que além de um salário superior à margem de setenta e cinco mil dólares anuais, são devidamente reconhecidos, mas em contrapartida, estes profissionais possuem menos tempo para as suas vidas pessoais, o que torna a convivência do lar ainda mais distante. 

Eu fico com o que diz o filósofo Mário Sérgio Cortella. Parafraseando o pensador, afirmo que o tempo atual demanda profundo discernimento entre o que é essencial e fundamental, e mais, coragem para criar e se decidir por um modelo de vida que prime por aquilo sem o qual a humanidade simplesmente deixará de ser humana. Menos tempo no trabalho, menos dinheiro para aquisição de bens de consumo, em contrapartida, MAIOR QUALIDADE DE VIDA. 

Forte abraço, Marcelo Medeiros. 

sexta-feira, 27 de junho de 2014

A multiforme sabedoria de Deus


Deus é sábio. Jó o descreve nas seguintes palavras: Ele é sábio de coração, e forte em poder; quem se endureceu contra ele, e teve paz? (Jó 9. 4 ACF). Ana em seu cântico repreende os altivos nas seguintes palavras: não multipliqueis palavras de altivez, nem saiam coisas arrogantes da vossa boca; porque o Senhor é o Deus de conhecimento, e por ele são as obras pesadas na balança (I Sm 2. 3 ACF).

Ele mesmo ordena as coisas de uma forma tal que ninguém possa ensinar nada a Ele. Não sem razão que Jó indaga aos seus amigos: Porventura a Deus se ensinaria ciência, a ele que julga os excelsos? (Jó 21. 22 ACF). E Isaías questione: Quem guiou o Espírito do Senhor, ou como seu conselheiro o ensinou? Com quem tomou ele conselho, que lhe desse entendimento, e lhe ensinasse o caminho do juízo, e lhe ensinasse conhecimento, e lhe mostrasse o caminho do entendimento? (IS 40. 13, 14 ACF).

Neste estudo pretendo demonstrar como a sabedoria de Deus se manifesta na distribuição de dons espirituais. Pedro afirma: Cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus (I Pe 4. 10 ACF). A sabedoria de Deus é evidenciada na multiplicidade de dons que ele dá á sua Igreja, no propósito dos mesmos (o serviço), e no aperfeiçoamento que este serviço produz.

I) A MULTIFORME SABEDORIA DE DEUS

Deus demonstra sua sabedoria multiforme na variedade de dons. Paulo afirma que há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo (I Co 12. 4 ACF). A diversidade de dons se justifica a partir da metáfora do corpo. Veja:
Porque assim como em um corpo temos muitos membros, e nem todos os membros têm a mesma operação,  Assim nós, que somos muitos, somos um só corpo em Cristo, mas individualmente somos membros uns dos outros. De modo que, tendo diferentes dons, segundo a graça que nos é dada, se é profecia, seja ela segundo a medida da fé (Rm 12. 4 – 6 ACF).

As lições do texto são:

  1. Um corpo precisa ter diferentes membros a fim de realizar as mais variadas funções. De igual modo a Igreja, se nesta não se manifestam os mais variados dons, ela se torna uniforma, no lugar de multiforme.
  2. O corpo é disposto de tal forma a que toda autossuficiência seja suplantada pela mútua dependência. Logo, não há quem possa olhar para si mesmo e se julgar mais importante do que ninguém, uma que todos dependem uns dos outros.
  3. A graça se manifesta por meio da distribuição dos mais variados dons no corpo de Cristo. Já abordei neste espaço como isto se dá (aqui). 



 do que foi dito destaco: 
E o olho não pode dizer à mão: Não tenho necessidade de ti; nem ainda a cabeça aos pés: Não tenho necessidade de vós. Antes, os membros do corpo que parecem ser os mais fracos são necessários; E os que reputamos serem menos honrosos no corpo, a esses honramos muito mais; e aos que em nós são menos decorosos damos muito mais honra. Porque os que em nós são mais nobres não têm necessidade disso, mas Deus assim formou o corpo, dando muito mais honra ao que tinha falta dela;
Para que não haja divisão no corpo, mas antes tenham os membros igual cuidado uns dos outros (I Co 12. 21 - 25 ACF). 
  1. O dom espiritual aponta para a mutua necessidade que os crentes possuem uns dos, e em relação aos outros.
  2. Mesmo os crentes mais insignificantes podem e devem de serem honrados.
  3. Deus distribui os dons de uma forma tal que aqueles que aos olhos da comunidade são os menos honrados, e mais, carecem da mesma, sejam mais honrados.
  4. O dom estabelece a lógica da graça, a saber: nada é por mérito, mas pode favor divino.
  5. O dom manifesta o cuidado mútuo dos crentes.
Esta é a multiforme sabedoria de Deus revelado no seu corpo que é a igreja. 

II) O CRENTE COMO DISPENSEIRO DA GRAÇA DE DEUS

Me agrada e muito a tradução que Nova Versão Internacional faz do texto de I Pe 4. 10. A primeira parte do texto diz: Cada um exerça o dom que recebeu para servir aos outros. Tal fragmento de texto por si só já nos diz que os dons de Deus são colocados á disposição do povo de Deus visando o serviço, que neste texto equivale á diakonia (διακονιαν). 

Na Carta aos Efésios, Paulo declara haver recebido por meio da graça de Deus a capacitação para ser ministro do Evangelho. Deste me tornei ministro pelo dom da graça de Deus, a mim concedida pela operação de seu poder (Ef 3. 7 ACF). O termo ministro aqui é a tradução de διακονος (diakonos), de onde vem a palavra diácono, que nada mais é do que um serviçal. 

A condição para o ministério (διακονιαν) é o dom da graça de Deus (δωρεαν της χαριτος [dorean tee charistos]). Sem a graça de Deus nem servos podemos ser, esta é a verdade. Esta graça, por sua vez evidencia o poder de Deus em nossas vidas. A expressão operação de seu poder, visa traduzir a expressão ενεργειαν της δυναμεως αυτου (energeian tees dynameoos auton), sendo que ενεργειαν tanto pode ser eficácia quanto operosidade, indicando com isto que o poder de Deus é dinâmico, eficaz. A graça manifesta a eficácia do poder divino. 

Como exercer este ministério de forma dinâmica, eficaz? Simples: como bons despenseiros da multiforme graça de Deus.Outro termo de suma importância é οικονομους (oykonomoys), donde provavelmente venha a palavra ecônomo, uma vez que economia, certamente de venha de οικονομιαν (oikonimian). O οικονομους é um dispenseiro, o termo é empregado em (I Co 4. 1, 2; Tt 1. 7; I Pe 4. 10). Deus deu dons à sua Igreja a fim de que cada crente o exerça colocando o mesmo a serviço uns dos outros. Esta é a condição para que os mesmos sejam bons dispenseiros. 

A fim de que cada crente se porte como bom οικονομους é vital que os demais ministros que Cristo constituiu se portem como agentes na preparação dos demais crentes para a obra do ministério, conforme afirmado neste espaço (aqui). 

Em Cristo, Pr Marcelo Medeiros

Jesus e o jogo do bicho aff


Esta tabela demonstra até que ponto se pode ir nas ideias conspiracionistas escatologicamente esquizofrenizadas. Assim como o personagem de Miguel de Cervantes enlouqueceu de tanto ler livros da cavalaria, tem gente enlouquecendo de tanto fazer conta.  Ao leitor peço apenas que observe o caráter aleatório da conta, afinal, por que o nove, ao invés de outro número? Depois vem o mais manjado, os pastores tentam esconder esta verdade do povo, nada mais gnóstico, não é?

Já escrevi neste espaço a respeito do terror e da especulação que tem dominado a escatologia (aqui). Nesta paranóia não faltam anticristos, e eles vão desde Hitler, Sadam Husseim, João Paulo II e após a morte dele, até o príncipe Willian se transformarem em candidatos a Anti Cristo. Agora surge um brilhante matemático com uma formula mais espetacular, afirmando que o nome de Jesus é a marca da Besta. Que Deus nos acuda de mais essa.


Marcelo Medeiros, em Cristo. 

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Caio Fábio entrevistado por Danilo Gentilli


O comentário do momento parece ser a entrevista que dada por Caio Fábio no programa The Noite, ao entrevistador Danilo Gentilli. Ela foi tema de blogs da esfera gospel (aqui),  e também do noticiário cristão (aqui). A entrevista criou muita polêmica, um dos blogueiros mais conceituados da blogosfera evangélica destacou as "aberrações teológicas" ditas durante a entrevista (aqui). Dentre as quais questões polemicas a respeito da identidade dos filhos de Deus que possuíram as filhas dos homens (coisas sobre as quais o consenso é impossível, e justamente por este motivo, deixaram de serem contempladas pela teologia atual).

Ainda não vi o programa na íntegra, apenas li a opinião de blogueiros, e algumas matérias referentes aos assuntos. Mas me abstenho de quaisquer julgamentos pejorativos à pessoa de Caio Fábio. Primeiro, porque não julgo as pessoas em si, mas as ações delas. Segundo, as opiniões que emito são de cunho bíblico, mas para julgar julgo ter de analisar no mínimo dez vezes. Terceiro e mais importante, qualquer pessoa que leia a matéria da Gospel Mais (aqui), sabe que Caio Fábio tem um mínimo de razão nas duras críticas que faz ao meio gospel, e o quanto este é asfixiante aos verdadeiros leitores da Bíblia, aliás não é necessário se r exímio conhecedor da Bíblia, na verdade, basta ter uma liderança destacada. 

Por último, não concordo com o clima de guerra santa que se vê no cenário midiático evangélico brasileiro, mas também discordo das heresias que são disseminadas em redes sociais diversas. Não concordo com tudo o que Caio Fábio fala e já expus neste espaço minha opinião a respeito, principalmente no tocante ao entendimento dele quanto à união societária entre iguais, mas o faço sem apelar à condição espiritual e sexual do mesmo (que não me interessa). Mas há que se observar o que foi dito por J. I. Packer, afinal, se o trabalho do teólogo consiste em separar a verdade do erro, as colocações do pastor supra podem e devem ser levadas em conta. 

No final de entrevista da Gospel pode se verificar que muito do que Caio Fábio diz é verdade, principalmente quanto ao sexismo da Igreja evangélica brasileira. A declaração de que ao experimentar o sexo com uma mulher mais velha foi uma verdadeira bomba no cenário evangélico (aqui). A declaração não foi de todo inútil, mas revelou a visão estreita de pecado (que se limita ao sexo, e somente a este). Enquanto isto, outros pecados tais como maledicência, traição, simonia, são facilmente tolerados, e empregados como arma de crescimento pessoal em nosso meio. Conclusão, vale à pena ouvir o que Caio Fábio tem a dizer. 

Em Cristo, Marcelo Medeiros. 

quarta-feira, 25 de junho de 2014

O ministério de Presbítero, Bispo e Ancião



A Igreja do Senhor começou com a liderança dos doze apóstolos nomeados diretamente por Cristo (At 1. 14 - 22). Mas em pouco tempo sentiu a necessidade de eleger ministros encarregados da distribuição diária dos bens que eram depositados aos pés dos apóstolos com vistas à repartição e o bem comum.
Avançado na leitura dos Atos dos Apóstolos, é possível a percepção de que tempos após a eleição dos diáconos, foi igualmente necessária a eleição dos presbíteros. E, havendo-lhes, por comum consentimento, eleito anciãos em cada igreja, orando com jejuns, os encomendaram ao Senhor em quem haviam crido (At 14. 23 ACF).
Ao contrário de algumas hipóteses teológicas modernas, o relato de Lucas demonstra que bem cedo ocorreu a eleição de presbíteros na Igreja primitiva. No contexto supra, a eleição dos mesmos se dá em clima de forte perseguição dos judeus contra a fé cristã, e em meio ao trabalho de exortação apostólica à perseverança na fé, daí a necessidade estudo a respeito do ministério do presbítero.

I) O QUE É UM PRESBÍTERO

O termo grego πρεσβυτερους (presbyteroys) é usualmente empregado para indicar:
  1. Os membros do sinédrio judeu. Desde então começou Jesus a mostrar aos seus discípulos que convinha ir a Jerusalém, e padecer muitas coisas dos anciãos (πρεσβυτερων), e dos principais dos sacerdotes, e dos escribas, e ser morto, e ressuscitar ao terceiro dia (Mt 16. 21 ACF). Ver também (At 4.5, 8, 23).
  2. Os anciãos de uma determinada cidade. E, quando ouviu falar de Jesus, enviou-lhe uns anciãos [πρεσβυτερους] dos judeus, rogando-lhe que viesse curar o seu servo (Lc 7. 3 ACF).
  3. Os vinte e quatro anciãos de Apocalipse.
  4. Os anciãos nomeados pelas Igrejas com vistas ao governo da mesma e à administração da Palavra de Deus (I Tm 5. 17, 18). O que eles com efeito fizeram, enviando-o aos anciãos [πρεσβυτερους] por mão de Barnabé e de Saulo (At 11. 30 ACF).
No primeiro caso, o presbítero é um membro do sinédrio que tinha, dentre outras funções, o poder de deliberação a respeito a respeito de determinados assuntos. Jesus foi julgado por um presbitério, de natureza política e religiosa, como no caso de Israel.
O segundo caso provavelmente trate de um ancião que fazia parte do conselho deliberativo de uma aldeia judia, e que foi nomeado pelo centurião romano a fim de interceder a Cristo, pela cura do servo da autoridade. No último caso membros da Igreja que são dotados de experiência, e como tais ajudam nas deliberações eclesiásticas.
Mas o sentido geral do termo é o de ancião, que independente da esfera em que atua é chamado para dar a sua contribuição para o meio, seja religioso, secular, politico. A visão que as sociedades de cultura oral tinham em relação ao ancião, era outra, para não dizer que antagônica em relação à atual. Naqueles tempo o velho era visto não como obsoleto, mas como um tesouro de conhecimento e de sabedoria. Em ambiente cristão é recomendado que se dê ao ancião um tratamento respeitoso. NÃO repreendas asperamente o ancião, mas admoesta-o como a pai; aos moços como a irmãos; as mulheres idosas, como a mães, às moças, como a irmãs, em toda a pureza (I Tm 5. 1, 2 ACF). O termo ancião aqui é πρεσβυτερω (presbyteroo) e não creio que neste caso Paulo esteja falando de obreiros. As mulheres idosas são referidas no texto original como πρεσβυτερας (presbyteras).
Pedro, de igual modo recomendou tratamento respeitoso aos anciãos, embora não creia que neste caso sejam presbíteros. Para todos os efeitos, o apostolo pede: Semelhantemente vós jovens, sede sujeitos aos anciãos (I Pe 5. 5 ACF). Neste caso a sujeição é um exercício de humildade, que também tem de ser exercida pelos mais velhos, pois Deus resiste ao soberbo.
É mais do certo que as coisas evoluem, mas o pior tipo de arrogância é aquela que toma o sujeito de uma forma tal que o impede de ouvir a opinião de terceiros, de modo que ele veja exclusivamente a si mesmo como certo. Jovens dotados de informação são os mais tentados a este tipo de situação, principalmente os que são nativos digitais. Mas o conselho da Palavra é humildade, e só.

II) E O BISPO?

Bispo é um termo caro em nosso país, e isto, se dá pelo fato inconteste de que a nossa cultura é moldada pela matriz cultural católica. Daí a compreensão dicionarizada de que o bispo seja um prelado que tem a seu cargo a direção de uma diocese. Mas no sentido bíblico o termo επισκοπον (episkppon) denota alguém que exerce a função de supervisão, embora haja acordo em afirmar que επισκοπονπρεσβυτερους sejam sinônimos. O texto que narra a espedida de Paulo de Éfeso é claro a este respeito. 
Olhai, pois, por vós, e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue (At 20. 28 ACF). Este texto expõe com clareza a ideia que Paulo tinha dos Bispos. Estes são pastores que o Espírito Santo constituiu sobre o rebanho com a finalidade de apascentar o mesmo. Este vigiar inclui a supervisão sobre o rebanho, a fim de que o mesmo não venha a ser enredado por falsos mestres. 
Porque eu sei isto que, depois da minha partida, entrarão no meio de vós lobos cruéis, que não pouparão ao rebanho; E que de entre vós mesmos se levantarão homens que falarão coisas perversas, para atraírem os discípulos após si. Portanto, vigiai, lembrando-vos de que durante três anos, não cessei, noite e dia, de admoestar com lágrimas a cada um de vós (At 20. 29 - 31 ACF). 
Uma leitura atenta da carta de Paulo à Timóteo, revela que a principal preocupação de Paulo é com o falso ensino, cujas raízes podem ser encontradas na especulação humana, no desvio da fé, na cauterização da mente de alguns, na perda da pureza cristã (II Tm 1. 4 - 6), na ação dos demônios (I Tm 4. 1 - 5), na vaidade e na arrogância (nem sempre intelectuais), e na falsa percepção de que a piedade possa ser fonte de lucro (I Tm 6. 3 - 10). 
O papel do bispo não consiste em ser um artista, alguém que está ali para ser ovacionado pela multidão, mas sim em ser um guardião contra os lobos que possam vir a devorar o rebanho. E neste mister, não são poucos os que além de falharem em sua missão ainda expõem o rebanho a ação dos falsos mestres ao permitirem que estes tenham acesso aos púlpitos (aqui, e aqui). Resultado, nossos púlpitos, estão se transformando em picadeiros. 
Bispo é um pastor que recebeu do Espírito Santo a incumbência de zelar pelo rebanho de Deus. Temo que a influência católica tenha feito grande estrago no que tange a simples compreensão bíblica do encargo de bispo. O reverendo Augustus Nicodemus Lopes escreveu um artigo intitulado a alma católica dos evangélicos no Brasil, em que ele fala da distorção brasileira em torno de cargos. 
Na Igreja Católica, o sistema papal impõe a autoridade de um único homem sobre todo o povo. A distinção entre clérigos (padres, bispos, cardeais e o papa) e leigos (o povo comum) coloca os sacerdotes católicos em um nível acima das pessoas normais, como se fossem revestidos de uma autoridade, um carisma, uma espiritualidade inacessível, que provoca a admiração e o espanto da gente comum, infundindo respeito e veneração. Há um gosto na alma brasileira por bispos, catedrais, pompas, rituais. Só assim consigo entender a aceitação generalizada por parte dos próprios evangélicos de bispos e apóstolos auto-nomeados, mesmo após Lutero ter rasgado a bula papal que o excomungava e queimá-la na fogueira. A doutrina reformada do sacerdócio universal dos crentes e a abolição da distinção entre clérigos e leigos ainda não permearam a cosmovisão dos evangélicos no Brasil, com poucas exceções (aqui).
Se houver séria intenção de resgatar o conceito reformado de sacerdócio universal dos crentes creio que necessário se faz atentar paras as observações supra.  Em Cristo. 

Pr Marcelo Medeiros. 

terça-feira, 24 de junho de 2014

A Bíblia profanada


Escrevo este texto porque vi em rede social a desaprovação de cristãos em relação a Bíblia freestyle. Tal como o autor deste artigo (aqui), confesso que também recebi a notícia de que a mesma empregava palavrões em sua versão com certo ceticismo. Mas infelizmente é verdade. E pior, o emprego de tais recursos vem vestido de uma suposta adequação cultural. 
Segundo esta versão, em Mateus 26. 73.74 "Teu jeito de falar dá a entender que você é um deles sim!". E pra escapar de ser pego, Pedro começou a xingar e a jurar: "Puta que o pariu, viu! Quantas vezes vou ter que falar que eu juro que não conheço esse homem?" O problema é que no afã de fazer uma adequação cultural a exegese ficou de lado. 
Sim, na verdade, o verbo grego  καταναθεματιζειν (katanathmatizein), significa evocar maldições e conjurações sobre si, em caso de uma declaração mentirosa, coisa que o autor do tipo de Bíblia, que sequer é uma tradução, ignora. O mais estranho neste caso é a chancela de um teólogo, de uma das mais importantes instituições de Teologia de nosso país. 
Segundo o mesmo, quem se espanta diante das traduções livres que esta Bíblia traz, o faz em virtude de uma visão totêmica da Bíblia. Na verdade, tal declaração até poderia ser verdadeira em outro contexto, mas não neste, visto que o julgamento sobre a Bíblia em questão se dá tão somente pela péssima tradução que a mesma faz do texto em apreço e de tantos outros. 
Minha preocupação se dá com outro fator. O momento atual é caracterizado pelo constante desprezo, por parte de significativa parcela dos cristãos, é claro, no tocante à exegese e à hermenêutica sagrada, tornado o povo de Deus ignorante quanto ao significado original das palavras e do texto, e vulnerável a ação de homens como o adaptador desta Bíblia. 
Embora cursos de teologia estejam se tornando cada vez mais acessíveis, ainda são muitos os cristãos, que por motivos diversos não possuem formação teológica, mas dispõem do Espírito, e justamente por este motivo, possuem os meios que os habilitam a conhecer a verdade. E para tal, basta usarem o discernimento. É a este que apelo ao terminar esta postagem. 

Em Cristo, Pr Marcelo Medeiros. 

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Dilma Bolada faz gol contra


Se existe algo que odeio é o processo de diabolização, ele começa quando se ignora o processo histórico, bem como as causas sociais e se elege alguém para judas (sim, eu disse judas, por se tratar daquele boneco que se malhava em dias de reis). O judas do momento é a presidente Dilma, de quem nem de longe sou simpatizante. É com se nenhum dos erros do PSDB, que levaram a substituição do mesmo pelo PT não tivessem existido. E é justamente neste aspecto que acho a militância política neste país pobre e burra (já falei a respeito do assunto aqui).

Contudo o que o cartaz acima afirma, é necessário atentar para alguns fatores. Primeiro, de acordo com o que se viu em redes sociais, e foi confirmado pela imprensa, a presidenta não fez o discurso de abertura da copa (aqui). Segundo, não gostei da imagem tímida de uma estadista (praticamente escondida), durante a comemoração do primeiro gol, e o cartaz associando a mesma a uma personagem do funk foi ainda mais desastroso. Por último a mensagem da imagem precisa ser comentada, e para isto me valerei de breves palavras.

Ainda bem que as pessoas  saem separar suas insatisfações políticas de suas preferencias esportivas, afinal, se o brasileiro deixasse de assistir à copa, de que adiantaria? Não concordo com atitude de quem xinga o seu chefe de estado, mas é um reflexo da falta de investimento em educação, e o sinal indicador de que se não forem levados à sério as coisas irão piorar, e muito. Somente agora entendi porque em uma infelicidade de um professor de filosofia Valesca Poposuda foi chamada de grande pensadora (aqui).

Marcelo Medeiros.

Vitória Polêmica do Brasil? Será?




Ontem assisti ao jogo do Brasil com muita satisfação na companhia dos amigos. É isto mesmo! Sei que educação, saúde e segurança não estão lá estas coisas, mas também entendo que torcer para que o Brasil perca, não irá nos fazer um país padrão FIFA nestas áreas. Voltando ao jogo, vi o gol contra (feito quase sem querer), do Marcelo, que aliás mostrou como errar e consertar, ou apagar o erro com excepcional atuação. Vi também como a persistência do Oscar (nome de craque de seleção), resultou no primeiro gol, e como ele foi premiado com o segundo.
Acordei hoje agradecido a Deus pelo meu decimo sexto aniversario de casamento, dia dos namorados e vitória da seleção. Ao ver as redes sociais me deparei com a grosseria argentina de sempre (lembrando, quando o assunto é futebol, fora dos campos eles são amáveis, acredite). Enquanto jornais de todo o mundo destacavam o desempenho de Neymar e Oscar, eles falavam do pênalti inexistente (aqui).
Confesso que acho estranho que esta crítica venha justamente de um jornal, cujo país sagrou-se campeão com ajudas da arbitragem. Foi assim em setenta e oito, quando eles golearam o Peru, e em oitenta e seis, quando Maradona com su mano de Diós, os ajudou a serem campeões. Contudo, minha opinião é que o futebol argentino é, ao lado do holandês e do alemão, um dos mais intrigantes e belos de se ver. Sim, o gol de mão não tira os méritos de Diego e da Argentina.
A despeito dos sustos que tomei com as constantes investidas da Croácia, que diga-se de passagem, costumava chegar ao nosso gol com apenas três toques na bola, (apresentado um futebol que atualmente é associado a um clube espanhol, mas que tem gente que garante ter sido inventado por Zagallo na copa de setenta), acho que os croatas não tem do que reclamar. Foram bonificados com um gol de um dos melhores dos nossos jogadores. Sim, a verdade é que para marcar presença, precisaram de uma mão, digo, um despretensioso pé nosso. Agora, que eles curtam nossas belezas naturais e mostrem seu previsível futebol. E que venha o México.
 
Marcelo Medeiros.

segunda-feira, 9 de junho de 2014

Perigo! Perigo!





Quando criança, aprendi com minha avó a assistir e apreciar séries de extraordinária qualidade, dentre as quais, Perdidos no Espaço. A cena do robô gritando perigo, perigo, perigo, ficou na minha memoria. Mas na medida em que fui crescendo como cristão, identifiquei alguns perigos, que não são tão fáceis de serem notados, falo aqui dos de natureza espiritual.

Jesus, Paulo e os demais apóstolos que escreveram a Bíblia falaram notadamente do advento de uma série de movimentos espúrios que precederiam a sua vinda. E tenho observado que há uma considerável ânsia, por parte do povo de Deus com relação a vinda de um avivamento nos dias que antecedem à Vinda do Filho do Homem. Mas a pergunta que Cristo fez ao termino da parábola do juiz iniquo, ressoa nos corações dos leitores atentos das Escrituras, dentre os quais nós. De forma que eu e você somos indagados: Quando porém vier o Filho do homem, porventura achará fé na terra? (Lc 18. 8 ACF).

A fé depende da palavra de Deus (Rm 10. 17), E daí? E daí, que descreio em qualquer avivamento em proporções mundiais, quando vejo um povo cada vez mais desinteressado pelo Evangelho, sem fome e sede de justiça, sem anseio real, por Deus e por sua palavra. Meu argumento é histórico e bíblico. Todo genuíno e autentico avivamento começa com o arrependimento por parte do povo em relação aos seus pecados, um quebrantamento, ambos oriundos da ministração da Palavra de Deus. Este mesmo tem de escoar em uma sede cada vez maior, por parte do povo, em relação à PALAVRA DE DEUS. Do contrário, é gato por lebre.

Não vejo em toda a extensão do ministério de Cristo, um único momento em que ele tenha cantado para entreter e emocionar a multidão, e atrair as pessoas para si, este é um expediente dos falsos profetas. Daí minha preocupação, uma vez que paralelamente vejo que todo movimento satânico começa com um estratégica substituição da Palavra de Deus por milagres, falsos ensinos (os que contradizem a doutrina de Cristo), vento de doutrina (ensinamentos que são passageiros), etc....,

Meu consolo em toda esta situação é que nem mesmo o mal e o engano escapam ao controle soberano de Deus, e na verdade a operação do erro, é enviada pelo próprio Deus, a fim de antecipar o juízo de Deus sobre os que não aceitam a verdade, é isto que Paulo afirma em sua segunda carta aos Tessalonisences.
Porque já o mistério da injustiça opera; somente há um que agora o retém até que do meio seja tirado; E então será revelado o iníquo, a quem o Senhor desfará pelo assopro da sua boca, e aniquilará pelo esplendor da sua vinda; A esse cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás, com todo o poder, e sinais e prodígios de mentira, E com todo o engano da injustiça para os que perecem, porque não receberam o amor da verdade para se salvarem. E por isso Deus lhes enviará a operação do erro, para que creiam a mentira (II Ts 2. 7 - 11 ARCF). 
Sugiro ao leitor, que leia mais a sua Bíblia, que busque mais e mais a Deus, Cristo prometeu aos seus opositores: Se alguém quiser fazer a vontade dele, pela mesma doutrina conhecerá se ela é de Deus, ou se eu falo de mim mesmo (Jo 7. 17). Forte Abraço em Cristo, Jesus.
Pr Marcelo Medeiros.

sexta-feira, 6 de junho de 2014

O ministério de Mestre


Dentre as diversas habilidades que Deus, mediante Cristo deu à Igreja, com vistas ao serviço, encontra-se o dom, carisma, graça, de mestre. Creio que o mesmo seja de suma importância, tanto para o crescimento da Igreja, quanto para o desenvolvimento e a maturidade dos discípulos na fé. Uma Igreja sem mestres é um ajuntamento de pessoas sem filosofia ministerial, sem uma linha teológica claramente definida, e por estes mesmos motivos, sujeita a todo vento de doutrina, e sem perspectivas de um crescimento saudável.
Faço tais considerações por entender que o serviço do ensino não se restringe aos professores de Escola Bíblica Dominical, mas abrange todos os que sejam motivados pela clara ordem de Cristo de ir e fazer discípulos de todas as nações. Tendo tais premissas como base deste estudo, convido o leitor para mais esta reflexão.

I) ENSINAR, O QUE É ISTO

Uma das definições que o Dicionário Michaelis oferece é oferecer condições para que alguém aprenda. Esta definição coaduna com o conceito atual de educação onde educar não se limita a mera transmissão de conteúdos, mas vai além. O caso do ensino cristão é diferente, uma vez que junto dos métodos e conceitos atuais em educação, é necessário que o mestre cristão conte com o poder de Deus, a fim de que o entendimento do educando se abra para a matéria ensinada.
Creio que era isto que Paulo tinha em mente quando afirmou: ensinamos a sabedoria de Deus, misteriosa e oculta, que Deus, antes dos séculos, de antemão destinou para a nossa glória (I Co 2. 7 Bíblia de Jerusalém). Note que contexto contrapõe esta sabedoria à sabedoria deste século, ou sabedoria carnal, indicando com isto, uma outra categoria de saber. E o termo misteriosa e oculta, indica que o acesso à mesma se dá por revelação.
O mestre cristão ensina e fala das coisas de Deus sem com isto empregar categorias carnais, mas usando termos que são ensinados pelo próprio Espirito de Deus (I Co 2. 13). Se alguém pensa que ao apelar para uma linguagem similar a que é empregada pelo homem mundano irá obter sucesso na pregação do Evangelho, esqueça isto. O homem psíquico não aceita o que vem do Espirito de Deus. É loucura para ele, não pode compreender, pois isto deve ser julgado espiritualmente (I Co 2. 14 Bíblia de Jerusalém).
Creio que a fé possa ser defendida em termos racionais, mas não creio que o homem pela pura e simples razão possa entender a atender ao chamado do Espírito puramente mediante argumentos racionais. Afinal, o filósofo Blaise Pascal, bem disse que o coração tem as suas razoes, que a razão desconhece, ele bem sabia que argumentos racionais não convertiam a ninguém e que não era a razão que os impedia de vir à fé, mas suas paixões.
Uma outra questão é o fato inconteste de que o ensino cristão tem como principal objetivo conduzir as pessoas à obediência ao que Cristo ensinou (Mt 28. 19, 20). Uma coisa é ensinar o que Cristo ensinou e mandou ensinar, e outra bem diferente é ensinar as pessoas a obedecerem os mandamentos de Cristo, em outras palavras o proposito do ensino cristão não se esgota na transmissão dos conteúdos mas avança para vivência prática.
Mediante o ensino da genuína palavra de Deus, o Espírito Santo atua na vida do ouvinte e do que ensina, operando purificação e santificação, a fim de que ambos possam vivenciar, praticar aquilo que Cristo ensinou em sua santa palavra. A revelação é a matéria do ensino cristão (II Tm 3. 16, 17; 4. 1, 2), e o proposito divino em dar a mesma para Israel e sucessivamente para a Igreja foi a de que o seu povo a colocasse em prática (Sl 119. 4, 100; Mt 28. 19, 20), isto é o ensino cristão na prática.
 
II) ENSINO, UMA ORDENANÇA PARA TODOS
 
O ensino das Escrituras Sagradas é uma ordem dada a todos os crentes, e pretendo provar isto neste estudo lançando mãos de apenas dois textos do Novo Testamento. Reconheço que no Antigo Testamento, aparecem ordens para que os pais instruam seus filhos (Dt 6. 5 - 8), e que o Novo Testamento reforça tal apelo (Ef 6. 4, 5); que Deus instituiu o modelo sacerdotal de ensino (Ml 2. 7, 8), mas por ora irei centrar minhas forças no contexto do Novo Testamento e da ordem de Cristo aos seus discípulos. O texto conforme traduzido pela versão Almeida Corrigida e Fiel nos satisfaz.
Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo;
Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém
(Mt 28. 19, 20 ACF). 
A expressão fazei discípulos é (na humilda opinião deste escritor) a tradução mais exata do verbo grego μαθητευω (matheteoo), e que no texto aparece na seguinte forma: μαθητευσατε (matheteisaste), cuja tradução mais adequada é realmente fazer discípulos. O mais curioso é que o discipulado precede o batismo, que por sua vez é precedido pelo reforço no ensino, visando a obediência por parte do discípulo.
O discipulado equivale ao ministério do ensino, uma vez que Cristo ordena: Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado. Aqui é possível observar a ocorrência do verbo grego διδασκω (didaskoo), cuja forma aqui é διδασκοντες (didaskontes), o que reforça a ideia esboçada acima de que a essência do discipulado é o ensino. Mas todo ensino demanda conteúdo, e aqui cabe a pergunta: qual é o conteúdo do discipulado? A resposta para esta questão é bem simples, o que Cristo ensinou e que ficou registrado pelas testemunhas dos seus ensinos.
Não basta ensinar o que Cristo mandou, é necessário que se ensine a guardar o que Cristo mandou, ou seja os mandamentos de Cristo. Em primeiro lugar, quero observar aqui que a expressão guardar, do grego τηρησις (teresis), neste contexto, tem a ver com a observância de mandamentos, sendo que a mesma palavra é aplicada à custodia de prisioneiros.
No antigo Testamento O Pai teve o cuidado de ensinar aos judeus a fazerem orlas em suas vestes, e que estas servissem de memorial ao seu povo a fim de que os mesmos se lembrassem de cumprir com todas as ordenanças que haviam recebido de Iahweh. Na nova aliança, Deus tem dado o seu Espírito para que o seu povo se lembre do que Cristo ensinou (Jo 14. 26). Aqui é preciso que se observe que Cristo foi didático em seu ensino, a fim de que quando seus discípulos se vissem desafiados pela vida não se surpreendessem (Jo 16. 1 - 4), mas que confiassem no outro consolador prometido por ele (Jo 16. 5 - 10).
Minha ultima observação em complementação primeira é a de que os mandamentos que Cristo deu aos seus discípulos é que devem ser guardados. Nada mais. E o mandamento de Cristo é simples, afinal, ele mesmo diz: O meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei (Jo 15. 12 ACF). Lucas acrescenta que Cristo deu mandamentos pelo Espírito Santo aos seus discípulos (At 1. 1, 2), e embora não tenha detalhes destes mandamentos, creio firmemente que os mesmos possam ser rastreados mediante o ensino dos seus apóstolos. No próximo tópico analiso o segundo texto, conforme prometido acima.
 
III) ENSINO NA IGREJA PRIMITIVA
 
Ao ler atentamente o livro de Atos dos Apóstolos, fica evidente que os discípulos levaram à sério a ordem de Jesus no tocante ao ensino e discipulado. Um fator que salta aos olhos do leitor atento é que vida regra, os crentes eram chamados de discípulos, e J. M. Price, aponta que por aproximadamente cinquenta e duas vezes isto ocorre, indicando que a prática da Igreja primitiva era profundamente compromissada com o ensino.
Não foi somente uma prática primitiva, mas apostólica. Neste post falo com maiores detalhes a respeito da metodologia empregada pelos mesmos na consecução dos objetivos traçados pelo mestre. Cito o referido post a fim de reforçar o discipulado enquanto prática primitiva. Lucas registra que os apóstolos ensinavam todos os dias no templo e nas casas, e conciliavam o ensino com o anúncio da boa nova (evangelização). Talvez você coloque a seguinte questão: sim, mas eram os apóstolos, ao que respondo: não! Paulo ordenou o ensino comunitário, aquele que pode ser exercido por todos.
A palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda a sabedoria, ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando ao Senhor com graça em vosso coração (Cl 3. 16 ACF).
Perceba que é a Palavra de Cristo, que tem de habitar em nós, e este habitar deve ser abundante, do grego πλουσιως (ploysioos), indica algo que se possui com abundância. É necessário que se observe que ninguém se torna um verdadeiro discipulador sem que a Palavra esteja em abundância sobre a vida do mesmo.
Esta palavra além de ser abundante tem de estar permeada com toda a sabedoria, que no contexto bíblico não se limita ao acumulo de saberes, mas demanda uma vida prática (Tg 3. 13 - 17). É esta sabedoria que proporciona o aconselhamento mútuo, tão apreciado por Paulo neste texto. Aqui não se trata de experiência, mas da junção equilibrada entre a palavra de Cristo, que é a sabedoria de Deus para o seu povo (I Co 1. 30, 31), e a sabedoria que vem do alto (Tg 1. 5). 
Talvez as colocações feitas acima tenham colocado o leitor do presente diante do seguinte dilema: não sinto que tenha sido chamado para o ministério do ensino, como posso exercer o chamado de Jesus para o discipulado conforma as condições previamente estabelecidas pela Bíblia? Minha resposta é bem simples. Paulo pede aos crentes que se encham da palavra, este é o primeiro passo.
O segundo é o entendimento de que as nossas canções devem estar permeadas. Daí a necessidade de músicos, cantores, compositores e ministros de música que sejam leitores da Bíblia e que conscientemente usem a sua arte como veículo da Palavra de Deus, a fim de que o povo seja saturado com a mesma.
Talvez o leitor não tenha a didática para o ensino formal, mas e daí? Pedro recomenda: Se alguém falar, fale segundo as palavras de Deus; [...] para que em tudo Deus seja glorificado por Jesus Cristo, a quem pertence a glória e poder para todo o sempre. Amém (I pe 4. 11 ACF). O conteúdo das conversas dos cristãos tem de ser guiado pelas Escrituras. E falar as palavras de Deus é o resultado de um coração saturado conteúdo bíblico.

IV) O MINISTÉRIO DE MESTRE

O dom de mestre é relatado em quase todas as litas de dons espirituais da Bíblia (Rm 12. 7; I Co 12. 28; Ef 4. 11), e creio que tal seja indicador inconteste da importância do dom, que pode se manifestar por meio da palavra da sabedoria, e da palavra do conhecimento (I Co 12. 8), bem como do aconselhamento (Cl 3. 16).
O papel do ministro que foi chamado por Cristo para exercer o ministério de mestre é o de preparar outros crentes para o exercício do discipulado, bem como filtrar os conteúdos que são ensinados na Igreja, com vistas a preservação da mesma de quaisquer ventos doutrinários. É um ministério de suma importância, se sujeito ao modelo deixado por Cristo.

Em Cristo, Marcelo Medeiros

quinta-feira, 5 de junho de 2014

Ignorancia ignorada



Tenho visto com frequência a insistência de néo ateístas na contradição entre ciência e fé, e pasmo, por perceber que esta não é a única forma de abordar o tema. Meu remédio contra tamanha idiossincrasia é nada maia, nada menos do que Pascal.

Para este filósofo, todos nascemos no estado de ignorância, os que estudam e se aprofundam chegam ao conhecimento desta ignorância, mas que é uma ignorância sabida. Os que não estudam percebem esta ignorância, ainda que não de forma tão contundente quanto os que estudam. O problema prossegue Pascal, são os que estão no meio do caminho. São estes que agitam o mundo.

Me perdoem os novos ateus, mas é desta forma que vejo, e não me venham com o papo de que Nietzsche afirmou que deus está morto, pois quem leu o que ele escreveu sabe e bem que a morte de deus é morte de toda cultura judaico cristã, inclusive a que permitiu a formulação do método cientifico, tanto que ele propõe que a ciência seja vista sob a ótica de constante suspeita, pois ele sabia muito que Deus morto = não dogmatização da ciência.

Diante do exposto a alternativa que existe é a confissão de que se não crês em Deus é porque não foste agraciado para tal, e só, ou que o substituístes por algo do tipo progresso, ciência, historia, ideologia politica, vida, prazer, ou qualquer coisa. Mas este é um outro assunto, e agente fala dele em outro post.

Um exemplo claro, são as construções utópicas da modernidade, a Utopia, Nova Atlântida, As utopias Socialistas, são, de certa forma construções baseadas no antigo ideal religioso de um paraíso na terra (as visões do paraíso são o mais flagrante caso deste tipo de transposição). Então, meu caro só lamento por você, que acha que pode pensar e viver sem o arquétipo cristão.
Abraços, Marcelo Medeiros.

lei da palmada, e agora José?


De acordo com o jornal Estadão (aqui), após intensa negociação com a bancada evangélica a lei da palmada, posteriormente lei garoto Bernardo Boldrini, foi aprovada como emenda ao ECA. A julgar pelo teor da matéria, o médico da imagem acima pode ficar tranquilo, afinal a lei pretende coibir o uso da violência na educação das crianças. Já falei sobre o assunto (aqui), mas a provocação crítica sempre é bem vinda, visto que a lei nasce sob o prisma de um artificio ao equiparar a palmada, com a agressão deliberada. Minha curiosidade é : quais os critérios para definir, caracterizar a violência contra acriança? E quais os termos da negociação feita com os evangélicos, para abandonarem a luta tão cedo? São apenas perguntas. 
Marcelo Medeirosmaterial jornalístico produzido pelo Estadão é protegido por lei. Para compartilhar este conteúdo, utilize o link:http://brasil.estadao.com.br/noticias/geral,comissao-do-senado-aprova-lei-da-palmada,1505531O material jornalístico produzido pelo Estadão é protegido por lei. Para compartilhar este conteúdo, utilize o link:http://brasil.estadao.com.br/noticias/geral,comissao-do-senado-aprova-lei-da-palmada,1505531O material jornalístico produzido pelo Estadão é protegido por lei. Para compartilhar este conteúdo, utilize o link:http://brasil.estadao.com.br/noticias/geral,comissao-do-senado-aprova-lei-da-palmada,1505531O material jornalístico produzido pelo Estadão é protegido por lei. Para compartilhar este conteúdo, utilize o link:http://brasil.estadao.com.br/noticias/geral,comissao-do-senado-aprova-lei-da-palmada,1505531O material jornalístico produzido pelo Estadão é protegido por lei. Para compartilhar este conteúdo, utilize o link:http://brasil.estadao.com.br/noticias/geral,comissao-do-senado-aprova-lei-da-palmada,1505531O material jornalístico produzido pelo Estadão é protegido por lei. Para compartilhar este conteúdo, utilize o link:http://brasil.estadao.com.br/noticias/geral,comissao-do-senado-aprova-lei-da-palmada,1505531

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Eu não sou de Paulo, mas sou mais ele




Tenho percebido o quanto tem sido comum levantar bandeiras deste, ou daqueles líderes, independente dos erros comprometedores dos mesmos (tipo falácia exegética, heresia, adulteração da mensagem bíblica, entre outros), e tudo motivado pela simpatia pessoal. Gostaria de agradecer a estes fervorosos crentes, porque os tenho como um dom para mim. Eles me dão matéria para escrever. Assim, resolvi entrar nesta onda também. Mas minha defesa vai para Paulo, o apostolo, ou Paulão, para os íntimos.

Não importa o quanto ele seria considerado inadequado para a época atual. Sim, sou forçado a admitir, que um homem que amaldiçoou quaisquer pregadores que não pregassem o Evangelho conforme ele havia recebido de Deus seria taxado em nossos dias de fundamentalista, extremista, e coisas do tipo. Em uma época de frouxidão moral, a exclusão daquele pobre jovem que no ímpeto e arroubo de sua juventude copulou com a madrasta seria visto como o ápice do moralismo (quem sabe ele não seria chamado de legalista?).

Em tempos de relativismo doutrinário seu apego às Escrituras seria no mínimo indigesto. Ele não foi e nem seria complacente com quem distorce suas palavras no tempo presente, e creio que teria o apoio de Pedro, como teve naquela época. Ele não seria corporativista com os pastores atuais. Não foi com Pedro, a quem reconheceu como apostolo da circuncisão! Seria com os pastores atuais? Não, com certeza se ele ousasse chamar a atenção de um líder atual, da mesma forma que o fez com Cefas, seria taxado como rebelde, subversivo e coisas do gênero. A independência dele em relação aos doze apóstolos não seria bem vista.

Mas sou mais Paulo, afinal, ninguém sofreu o que ele sofreu (depois de Cristo, é claro), ninguém produziu o que ele produziu, ninguém promoveu tanto o avanço do evangelho, quanto ele, e depois de Cristo é o maior legado da fé Cristã com as suas treze cartas, que ainda hoje servem de fonte de reflexão. Caso ache pouco, considere os recursos materiais escassos da época, e as constantes oposições sofridas por ele.

Paulo tem a seu favor, o fato de não ser bem falado, mas mesmo assim, nunca ter recorrido ao expediente de ungido do Senhor, para lhe garantir alguma imunidade espiritual. Não! Ele apresentou o seu exemplo e testemunho de vida, e só. Os místicos da época afirmavam que a despeito da gravidade de suas cartas, sua palavra era fraca e desprezível, mas ele apenas reafirmou que pela graça de Cristo trabalhou mais do que todos os demais apóstolos.

Daí que falem o que quiserem, mais exalto e glorifico a Cristo Jesus, pela vida de Paulo, que cumpriu com a vocação que Deus lhe deu, e com isto fez com que o Evangelho saísse das fronteiras da palestina e da Ásia, chegando a Europa. E isto, sem facebook, sem um suporte midiático como este blog, que você está lendo, sem o fã clube que muitos pastores da atualidade possuem, sem salario, sem nada do que possuímos hoje, e pode dizer como ninguém, que não andava por aí adulterando a palavra de Deus.
Em Cristo, Pr Marcelo Medeiros.

Menudos de Cristo


Extraí esta imagem de uma pagina do facebook (aqui), onde se pode ler uma exposição de ninguém mais, ninguém menos do que Augustus Nicodemos Lopes falando sobre a imunidade pastoral. Minha colocação aqui é mais extremada do que a feita pelo teólogo supra. Vou explicar. entendo que somente o falso pastor (o Menudo gospel) goza do prestigio popular e da imunidade decorrente dele. Somente este é protegido da maledicência, ao passo que o verdadeiro pastor sempre será mal falado.
Antes de abordar o tema à luz da Bíblia, preciso explicar o porquê do termo. Menudo é uma alusão a um grupo composto por rapazes porto-riquenhos que ao completarem quinze, ou dezesseis anos, não vem ao caso, saíam do grupo. alguns tiveram fama prolongada como no caso de Robby Rosa e Rick, que adotou o nome de Rick Martin, outros caíram no inteiro ostracismo. O que há em comum entre eles e um falso pastor?
Tanto os Menudos quanto os falsos pastores chegam a serem febres populares, e a despeito do trabalho que fazem em suas respectivas áreas, são considerados por seus fãs como supremos em suas áreas e por isso intocáveis. No caso do cenário gospel a situação é bem pior. Os fãs das mas variadas versões pastorais dos menudos não possuem o mínimo traquejo para a defesa de fé, por exemplo, mas quando surge alguém para apontar os erros doutrinários dos mesmos, são os primeiros a defenderem seus ídolos góspeis.
Indo direto ao ponto, creio ser necessária a lembrança das palavras de Cristo. Não é o discípulo mais do que o mestre, nem o servo mais do que o seu senhor. Basta ao discípulo ser como seu mestre, e ao servo como seu senhor. Se chamaram Belzebu ao pai de família, quanto mais aos seus domésticos? (Mt 10. 24, 25 ACF). Em outras palavras, falaram mal de Jesus, se o seguirmos, falarão mal de nós. 
Mas Jesus também falou: Ai de vós quando todos os homens de vós disserem bem, porque assim faziam seus pais aos falsos profetas (Lc 6. 26 ACF). Sim, à luz da Bíblia, apenas os falsos profetas possuem ampla e irrestrita aprovação popular, enquanto os verdadeiros ministros de Deus, sempre serão mal falados em razão de sua decisão pela verdade do Evangelho. Foi assim com Jesus, com Paulo, que chegou a dizer: por honra e por desonra, por infâmia e por boa fama; como enganadores, e sendo verdadeiros (II Co 6. 8 ACF); com Pedro e tantos outros servos de Deus.
Meu conselho a você, verdadeiro pastor de Deus e de Cristo, é o mesmo de Pedro, se Cristo sofreu prepare-se para sofrer (I Pe 4. 1), uma vez que tanto o mundo mundano, quando o mundo eclesiástico irão se espantar pelo simples fato de você não proceder como eles procedem (I Pe 4. 4). Aos fãs inveterados dos menudinhos, deixo o conselho de João, guardem-se dos ídolos (I Jo 5. 21). Forte abraço em Cristo Jesus.
 
Marcelo Medeiros.

terça-feira, 3 de junho de 2014

Fora PT?!?!?!?!?!


Ao longo dos dois últimos anos tenho visto um estranho surto de cidadania no país. Claro que na minha opinião o que vem acontecendo é infinitamente melhor do que a antiga inercia política. Mas alto lá! De nada adianta substituir o mensalão do PT pelo do PSDB. O que quero dizer é que são farinha do mesmo saco! É preciso que se substitua a descrença pela crença ousada de que algo novo pode ser feito no cenário politico. O cartaz acima traz uma mensagem bem clara. No atual momento é preciso que o povo, devidamente representado, repita o que ocorreu nas diretas já, sendo que com vistas discutir um programa de governo para o nosso país. Do contrário, teremos um infeliz retorno ao que já está e apenas com uma sigla diferente.

O valor da educação em nosso país



Tenho sido insistente, para não dizer impertinente, em falar de educação neste espaço. O faço, mais em razão das cobranças que tem sido feitas aos professores, algumas justas, outras injustificáveis. neste post gostaria de ressaltar uma colocação que já tem sido lugar comum na Educação, a de que esta não ocorre somente na Escola. Desde cedo suspeitava o papel da mídia no ato de educar, mas somente ao ler o livro O que é Educação? de Carlos Rodrigues Brandão, salvo engano (coleção primeiros passos), que tive condições de formular a ideia com maior clareza.
Um papel imprescindível da mídia consiste na formulação de modelos humanos. Em nosso país, recebe destaque o jovem marombado, sarado, bonito, a menina magérrima, esbelta, mas o jovem estudioso, jamais. Até nos reality shows, as pessoas são mostradas correndo, se exercitando, em noitadas regadas à muito álcool, mas jamais lendo, para não falar que de um famoso programa desta modalidade apenas um pseudo intelectual ganhou.
O resultado: o Brasil segue como um país em que o estudo tem a sua única razão de ser no mais puro pragmatismo. Educação de qualidade é a que prepara pessoas para o mercado de trabalho (leia-se colocar, no lugar de preparar). Mas e a formação humana? Deixa para lá! Preparo para o vestibular é sinônimo de passar em um. E neste contexto, fazer uma graduação justifica-se única e exclusivamente em razão de uma ascensão social (detalhe isto é histórico).
É neste país, que uma flatulência soltada por um artista vazio ganha páginas e mais páginas, que a vida sexual de atrizes (via de regra nada exemplar) é pública; ao passo que ainda que um jovem brasileiro viesse a realizar a façanha de ser ganhador de prêmios em uma, ou mais área cientifica, não teria tamanho espaço, incentivo, e patrocínio.
Enquanto isto, nossos talentos intelectuais se sentem verdadeiros ET's em um país que consolida a cultura de que a educação, a erudição intelectual, são luxos, ou algo que deve de ser cada vez mais reservado à elite. É assim que o Brasil se consolida como o país do futebol (coisa, que ao meu ver se fosse verdade, não teríamos tantos talentos jogando lá fora, por melhores salários), mas que às escondidas exporta o melhor da área intelectual para outros países (aqui). Pífio.
 
Marcelo Medeiros.
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