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quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

José in TV



Não sou fã desta guerra e Record. Quem me conhece sabe disto. Mas em tempos de BBB's sem limites, e férias escolares, ficamos sem a mínima opção de entretenimento na TV aberta. É neste ponto que sou forçado a louvar a Record pela sua estratégia. Me lembro claramente que nas férias do ano de 2012, tivemos a excelente opção de ver Rei Davi, quando a emissora do plin plin estava com o seu BBB 11. Mas Rei Davi pecou enquanto produção. Um dos problemas foi a música constantemente alta, que indicava uma constante tenção, ao meu ver um exagero, mas que passa. Apesar dos erros de produção, nossos filhos aprendem com estas séries que existe algo melhor do que ver as baixarias cometidas pelos outros. Se não quisermos ler um livro, podemos, ao menos, nos ocupar com histórias que produzem crescimento.
Assim, a despeito dos erros bíblicos e das informações cujas fontes são no mínimo dúbias, estas produções cumprem uma importante função pedagógica. Estas minisséries servem, por exemplo, para alcançar crianças espertas e inteligentes, como os nossos filhos, que nasceram na era digital, e preferem ver a ler. Elas servem de iniciação ao tema, à leitura da história dos personagens, que apesar dos seus erros nos servem de inspiração. Volto a dizer que precisamos muito mais disto do que de "lindas garotas que apenas mostrem suas curvas sensuais em um programa de TV, para depois saírem nuas em uma revista masculina".
Nossa vida não é um BBB no sentido que a Globo mostra. Ela está mais para o terreno inóspito do deserto no qual peregrinaram Abraão, Isaque, Jacó e José. Pior, se vivemos um BBB, este está muito mais para a distopia de Orwell do que para a fantasia do Bial. No nosso mundo as escolhas morais e os danos que sofremos das pessoas de quem deveríamos esperar amor, acolhimento e respeito, são mais parecidas com a história de José. É neste ponto, que o livro que muitos querem, porque querem fazer ser ultrpapssado tem mais a ensinar do que o BBB, que já apresenta cenilidade.
Agora enquanto o BBB parece agonizar, por sua fórmula esgotada, pela necessidade de colocar antigos participantes, ao lado dos novos e pelas suspeitas que levanta quanto a isenção e transparência nas votações, ou seja, no processo como um todo, a Record em mais uma jogada de mestre lança José do Egito. A fórmula parece ser boa. Bons atores, uma história bíblica muito boa, bom cenário, e posso crer que o que vem por aí, é um baita sucesso. Só não vai desbancar o BBBesta porque, ao contrário da xaropada, a série apenas passa às quartas-feiras, o suficiente para dividir sim público e para cativar quem não tem o mínimo interesse em futebol.
 
Pr Marcelo Medeiros

Um homem de Deus em depressão





O tema mais do que nunca é atual e necessário, visto que no nosso meio, o evangélico, as doenças de cunho emocional (psicológico), não são levadas à sério. Assim, graças a Deus que a lição de EBD, comentada por José Gonçalves traz o assunto á tona. O exemplo não é de qualquer homem, mas simplesmente daquele que veio, ao lado de Moisés, a ser um grande marco do profetismo, Elias. Elqe é descrito pelas Escrituras Sagradas como um homem possuidor das mesmas paixões que nós e cuja vida se distinguiu de tantos do seu tempo em razão da seriedade na oração e dos sinais que acompanharam o seu ministério.

O contexto

Recapitulando o que temos aprendido até o momento percebemos que:

  1. Elias se apresenta a Acabe, e com ousadia pecualiar desafia o grande Deus do trovão, uma divindade cujo nome era Ba'al (בַּ֖עַל). A despeito do poder que lhe atribuem, ele afirma diante do rei: Juro pelo nome do Senhor, o Deus de Israel, a quem sirvo, que não cairá orvalho nem chuva nos anos seguintes, exceto mediante a minha palavra (I Rs 17. 1 NVI).
  2. Ele é orientado por Deus a ir até o ribeiro de Querite, para ai ser sustentado. Saia daqui, vá para o leste e esconda-se perto do riacho de Querite, a leste do Jordão. Você beberá do riacho, e dei ordens aos corvos para o alimentarem lá (I Rs 17. 3, 4 NVI).
  3. Quando o ribeiro se seca, por falta de chuva, ele é orientado a ir até a casa de uma  viúva, que mora em Serepta. Vá imediatamente para a cidade de Sarepta de Sidom e fique por lá. Ordenei a uma viúva daquele lugar que lhe forneça comida (I Rs 17. 9 NVI).
  4. De acordo com MacArthur, a cidade de Serepta é uma cidade litoral. A mesma faz margens com o mar Medterrâneo, ou o Grande Mar, e está situada a onze quilômetros ao sul de Sidom. Deus enviou Elias ao território controlado por Et' Ba'al (אֶת־הַבַּ֔עַל), a fim de mostrar lá a sua provisão para esta viúva, e que Ba'al não tinha sequer o poder sobre sua casa.
  5. Por útimo Deus envia Elias de volta a Israel, para que este confronte Acabe e os profetas de Ba'al, saindo vitorioso no embate com os falsos profetas.
 
A pergunta que não quer calar é: como um homem tão poderoso, em palavras e em obras, pode ter se amedrontado diante das ameaças de uma mulher como Jezabel. Minha sincera opinião, e pretendo mostrá-la, é a de que Elias estava, já há um bom tempo, sob fortes tenções, e que a ameaça da esposa de Acabe apenas foi o gatilho que colocou à mostra tal tenção. Por favor não se escandalize comigo, leia o texto até o fim.
 
Elias não era normal
 
O que é ser normal? Existe alguém que seja realmente normal? Etimologicamente normal, seria aquele que segue as regras, que é regular, comum (Maria Luíza Silveira Teles; O que é neurose). 
Este é o problema com relação a Elias, ele não seguia a norma enquanto todo o Israel, ou parte significativa do mesmo seguia aos costumes da casa real, o nosso profeta era um homem de identidade.  De acordo com o dicionário Michaellis, a identidade é o conjunto dos caracteres próprios de uma pessoa, tais como nome, profissão, sexo, impressões digitais, defeitos físicos etc., o qual é considerado exclusivo dela e, conseqüentemente, considerado, quando ela precisa ser reconhecida.
  1. Conforme temos visto ao longo desta série de estudos Elias trazia em seu nome o nome do verdadeiro Deus (YHWH - יהוה), o Deus que se revelou a Moisés na sarça ardente (Ex 3. 14, 15). Seu nome Elias אֵלִיָּ֨הוּ traz a verdade de que Jeová, ou Iahweh é Deus. E ele vive esta verdade em cada momento de sua vida.
  2. Não possui uma profissão anterior ao exercício profético, mas ele foi reconhecido em situação mais diversas como ish elohim (אִ֥ישׁ אֱלֹהִ֖ים), ou como trduzem as nossas Bíblias, homem de Deus. Elias desde cedo foi reconhecido como alguém cuja palavra de Deus, na sua boca era verdade. Aqui aparece o termo 'emet (אֱמֶֽת), cujo sentido tanto pode ser o de verdade quanto o de fidelidade (Sl 85. 11; 111. 8), quanto o de verdade (Sl 119. 142). Apenas estes fatores são o suficiente para tirar qualquer pessoa da dita normalidade. E mais, é uma loucura parecida com esta que Deus espera de nós. Não que tenhamos que realizar as mesmas proezas de Elias, mas nossa identidade tem de ser tão sólida quanto a dele.
  3. As vestimentas de Elias eram: roupas de pêlos e usava um cinto de couro  (II Rs 1. 8 NVI), o que fez com que o rei logo concluísse quem era, o portador da mensagem que seus embaixadores enviaram. Suas vestimentas, ainda que não fossem o termômetro de sua espirituailidade, eram de sua personalidade, e de seu modo de vida austero.
Com isto, provamos que em instância alguma de sua vida elias seguia a norma, daí a nossa expressão inicial neste tópico. Não, de forma alguma Elias era uma pessoa normal. Quando todo o povo estava dividido em dois pensamentos, em razão do culto a Ba'al, ele mantinha uma firma convicção de que Iahweh era o Deus verdadeiro. Isto o colocou em rota de colisão com toda a cultura de sua época.

O quadro da depressão em si

Nossos dicionários definem a depressão da seguinte forma: abatimento físico, ou moral. Por sua vez o abatimento é um estado caracterizado por desânimo, acabrunhamento, fraqueza, rebaixamento. É um períod de forte baixa. De acordo com Jeremy Holmes, uma pessoa deprimida é:
  1. Uma pessoa que oscila entre a agitação e a letargia. Esta última pode manifestar-se por meio de uma sonolência mórbida, ou, um estado de inércia ou indiferença; apatia.
  2. Falta de aceitação de si mesmo, associada a uma visão sombria do futuro.
  3. Ânsia e desejo frequene de morte.

E isto podemos ver em Elias uma vez que nos capítulos 17 e 18 de I Rs não vemos registros da rotina de sono do profeta, raramente ele é encontrado dormindo. Mas ao ouvir de Jezabel as intenções que esta tinha para a vida dele, Elias teve medo e fugiu para salvar a vida. Em Berseba de Judá ele deixou o seu servo e entrou no deserto, caminhando um dia (I Rs 19. 3, 4 NVI). Aqui temos o momento de agitação.
O momento de sonolência se dá quando este persiste em dormir, mesmo quando alimento lhe é oferecido. Depois se deitou debaixo da árvore e dormiu. De repente um anjo tocou nele e disse: Levante-se e coma. Elias olhou ao redor e ali, junto à sua cabeça, havia um pão assado sobre brasas quentes e um jarro de água. Ele comeu, bebeu e deitou-se de novo (I Rs 19. 5, 6 NVI).
Elias não apresenta um mínimo traço de rejeição, ou de falta de aceitação de suas fraquezas. Mas há indícios no texto de que ele tenha apresentado, uma visão pessimista de sua carreira. Ele alega que foi zeloso, mas que a despeito de seu zelo, não é melhor do que seus pais (I Rs 19. 4). Outro aspecto a ser notado é que Obadias, servo de Acabe tinha escondido cem profetas de Deus e mantido os mesmo à pão e água (I Rs 18. 4), e Elias tomou ciência de tal fato (I Rs 18. 8 - 16). A pergunta a ser feita é: como ele argumentou diante de Deus ser o único que ficou de todos os profetas? A resposta é simples: depressão.
Daí, o passo seguinte é o desejo pela morte. Ele mesmo diz ao Senhor: Já tive o bastante, Senhor. Tira a minha vida; não sou melhor do que os meus antepassados (I Rs 19. 4). A saída do quadro, se é que possamos dizer que Elias tenha mesmo saído deste quadro de imediato, se dá quando Deus aponta novas perspectivas para o profeta.
Uma coisa temos de admitir, não foi fácil para o homem de Deus, conduzir todo este processo de reforma e não ver resposta, nem da casa real, nem por parte do po vo. O Ba'al, conforme dissemos, só foi erradicado de Israel nos dias Jeú (II Rs 10. 28). Em outras palavras Elias não viu o resultado de toda a sua campanha. Mas Deus o conduz a ver sob um novo prisma.

Novas perpectivas

O Senhor lhe disse: Volte pelo caminho por onde veio, e vá para o deserto de Damasco. Chegando lá, unja Hazael como rei da Síria. Unja também Jeú, filho de Ninsi, como rei de Israel, e unja Eliseu, filho de Safate, de Abel-Meolá, para suceder a você como profeta. Jeú matará todo aquele que escapar da espada de Hazael, e Eliseu matará todo aquele que escapar da espada de Jeú. No entanto, fiz sobrar sete mil em Israel, todos aqueles cujos joelhos não se inclinaram diante de Baal e todos aqueles cujas bocas não o beijaram (I Rs 19. 15 - 18 NVI).

Deus sinaliza para Elias, que a reforma começada por ele não terá o seu fim nos seus dias. Mas que prosseguirá para as gerações que virão. Assim uma nova  missão é apontada para Elias, a de fazer sucessão profética, e real. Cabe ao homem de Deus ungir um profeta que o suceda e mais  dois instrumentos de juízo para castigar os adoradores de Ba'al. O remédio maior para a depressão é a compreensão de que ainda temos um papel relevante a cumprir. Foi assim com o homem de Deus, é assim conosco.

Em Cristo, Pr Marcelo Medeiros.
 
 
 
 
 

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Elias e os profetas de Baal


Já foi afirmado nesta série de estudos sobre a vida de Elias e Eliseu, que o primeiro é um profeta, cujo significado do nome אֵלִיָּ֨הוּ é Jeová, ou Iahweh é Deus. Seu nome se compõe da partícula El (אֵלִ), que é o diminutivo Deus אֱלֹהִ֑ים (elohim), com a partícula Yah (יָּ֨ה), que é diminutivo de יְהוָ֥ה ou  יהוה (YHWH). O motivo do retorno a este assunto se dá pelo fato de que durante muitos anos Ba'al (ַבַּ֖עַל ou הבעל ) rivalizou com יהוה (Iahweh), e o nome do profeta é um lembrete de que o povo deveria para com a atitude sincrética de conciliar o culto de Iahweh (יְהוָ֥ה ) com Ba'al (בַּ֖עַל). Neste estudo veremos uma  desafio no monte Carmelo.
 
O contexto
 
observando o contexto no qual e dão os fatos podemos entender que:
 
  1. Após três anos de seca em Israel, um período de provisão na casa de uma viúva em Serepta, Elias retorna a Israel, e por orientação divina se apresenta a Acabe com a promessa de que virá chuva sobre a terra (I Rs 18. 1). Mas antes que tal aconteça, tem de ficar claro a Acabe, quem de fato controla o clima, se Iahweh, Deus de Israel, ou Ba'al.
  2. Daí o motivo de por mais uma orientação divina, Elias mandar Acabe reunir os profetas (ְבִיאֵ֤י [nebihuim]) de Ba'al, e de Aserá (הָֽאֲשֵׁרָה֙). Diante de todo o povo, o profeta irá propor um desafio. O Deus que responder com fogo, este sim, é o verdadeiro Deus (I Rs 18. 19, 24).
  3. Sendo Ba'al (ַבַּ֖עַל ou הבעל ), o senhor dos raios e das chuvas, é mais do que esperado que ele ao menos mande um pequeno relâmpago sobre o sacrifício.
  4. Mas a maior razão do desafio de Elias é que quando este indaga ao povo a respeito de quem servirão, eles permanecem indecisos. Elias dirigiu-se ao povo e disse: "Até quando vocês vão oscilar entre duas opiniões? Se o Senhor é Deus, sigam-no; mas, se Baal é Deus, sigam-no". O povo, porém, nada respondeu (I Rs 18. 21 NVI).
  5. A cultura da idolatria, começada com Jeroboão (I Rs 12. 26 - 31), estava profundamente arraigada no coração do povo. E esta talvez seja a provável causa de indecisão face ao desafio, ao apelo do profeta Elias.
 
É neste contexto que acontece uma das mais belas histórias das narrativas do Velho Testamento.
 
No monte Carmelo
 
Quando o profeta Elias diz ao povo: vocês abandonaram os mandamentos do Senhor e seguiram os baalins. Agora convoque todo o povo de Israel para encontrar-se comigo no monte Carmelo (I Rs 18. 18b, 19a, NVI), a primeira imagem que vem à nossa mente é a de uma reunião em monte específico, e de fato tal se deu. O problema é que ao contrário do que ocorre com nossa geografia, o Carmelo não é um único monte, mas uma cadeia montanhosa.
De acordo com o docionário Wycliffe de um único pico este nome passou a ser atribuído a um conjunto de colinas que a ele estava associado, designando assim, a cordilheira montanhosa de mais de 30quilômetros de extensão, com uma largura de 5 á 12 quilômetros para o Oeste e para o Noroeste de Esdraelon, com uma altitude de 572 metros acima do nível do mar no seu cume (pág 378).
No mesmo dicionário, obtemos a informação de que o local era bem irrigado, por causa de sua exposição aos ventos do mar. E este dado é de fundamental importância para que seja respondido o questionamento a respeito da origem da água que Elias usou para irrigar o seu sacrifício, a ponto de encher as valas que o mesmo havia cavado em torno do altar (I Rs 18. 33 - 35). É bem provável que dadas às peculiardades geográficas ali tenha se acumulado água para tal, mas que ao mesmo tempo era inacessível ao povo pela dificuldade de acesso.
Neste mesmo lugar foram construídos promotório antigos às divindades que regiam o tempo. Estes fatos reunidos tornamo Carmelo o local indicado para o desafio proposto por Elias. O nome Carmelo (כַּרְמֶ֑ל[Karmel]), significa jardim. Ao que tudo nos indica, ele aparece com esta conotação em Is 32. 17, onde o Senhor promete: até que sobre nós o Espírito seja derramado do alto, e o deserto se transforme em campo fértil, e o campo fértil pareça uma floresta (NVI). Até os dias de hoje a copa do mesmo impressiona os visitantes. Na imagem abaixo, que capturamos de um blog de arqueologia, vemos esta imagem impressionante.
 
 
Resposta pelo fogo
 
A esta altura, talvez a única pergunta a ser respondida é: por que o fogo? Em primeiro lugar, já foi dito neste estudo que Ba'al (ַבַּ֖עַל ou הבעל ) é o deus dos raios, na cultura  cananéia, é claro. Aqui está sendo proposto que o rival de  יהוה (Iahweh) responda com pelo menos um dos seus raios. Fato que não ocorre.
Em segundo lugar, sucessivas vezes  יהוה (Iahweh) revindica, por meio dos profetas o poder de controlar o clima. É ele, e jamais os ídolos, o verdadeiro controlador do clima (Lv 26. 4; Dt 11. 14, 17; 28. 12, 24; I Sm 12. 17, 18; Is 30. 23; Am 4. 7). Um dos mais contundentes textos que aborda a questão é este:
Peça ao Senhor a chuva de primavera, pois, é o Senhor quem faz o trovão, quem manda a chuva e lhes dá as plantas do campo. Porque os ídolos falam mentiras, os adivinhadores têm falsas visões, e contam sonhos enganadores; o consolo que trazem é vão. Por isso o povo vagueia como ovelhas, aflitas pela falta de um pastor (Zc 10. 1, 2 NVI).
Digno de nota é a ocorrência dos termos מְטַר (mored) e גֶּ֙שֶׁם֙ (geshem), respectivamente para chuva e aguaceiro. O Deus que controla o clima tem de ter a habilidade, o poder para responder com fogo.
Por último, a história de Israel é marcada por tais respostas por meio do fogo.

  • Isto se deu na vocação de Moisés

Moisés pastoreava o rebanho de seu sogro Jetro, que era sacerdote de Midiã. Um dia levou o rebanho para o outro lado do deserto e chegou a Horebe, o monte de Deus. Ali o Anjo do Senhor lhe apareceu numa chama de fogo que saía do meio de uma sarça. Moisés viu que, embora a sarça estivesse em chamas, esta não era consumida pelo fogo. "Que impressionante! ", pensou. "Por que a sarça não se queima? Vou ver isso de perto. " O Senhor viu que ele se aproximava para observar. E então, do meio da sarça Deus o chamou: "Moisés, Moisés! " "Eis-me aqui", respondeu ele. Então disse Deus: "Não se aproxime. Tire as sandálias dos pés, pois o lugar em que você está é terra santa (Ex 3. 1 - 5 NVI).

  • Na inauguração do tabernáculo

Assim Moisés e Arão entraram na Tenda do Encontro. Quando saíram, abençoaram o povo; e a glória do Senhor apareceu a todo o povo. Saiu fogo da presença do Senhor e consumiu o holocausto e as porções de gordura sobre o altar. E, quando todo o povo viu isso, gritou de alegria e prostrou-se rosto em terra (Lv 9. 23, 24 NVI).

  • Na  vocação de Gideão

E o Anjo de Deus lhe disse: "Apanhe a carne e os pães sem fermento, ponha-os sobre esta rocha e derrame o caldo". Gideão assim o fez. Com a ponta do cajado que estava em sua mão, o Anjo do Senhor tocou a carne e os pães sem fermento. Fogo subiu da rocha, consumindo a carne e os pães. E o Anjo do Senhor desapareceu. Quando Gideão viu que era o Anjo do Senhor, exclamou: "Ah, Senhor Soberano! Vi o Anjo do Senhor face a face! (Jz 6. 20 - 22 NVI).

  • Na inauguração do templo do Senhor

Assim que Salomão acabou de orar, desceu fogo do céu e consumiu o holocausto e os sacrifícios, e a glória do Senhor encheu o templo (II Cr 7. 1 NVI).

  • No desafio de Elias

À hora do sacrifício, o profeta Elias colocou-se à frente e orou: "Ó Senhor, Deus de Abraão, de Isaque e de Israel, que hoje fique conhecido que tu és Deus em Israel e que sou o teu servo e que fiz todas estas coisas por ordem tua. Responde-me, ó Senhor, responde-me, para que este povo saiba que tu, ó Senhor, és Deus, e que fazes o coração deles voltar para ti". Então o fogo do Senhor caiu e queimou completamente o holocausto, a lenha, as pedras e o chão, e também secou totalmente a água na valeta (I Rs 18. 36 - 38 NVI). 

Diante da ousadia de Elias, do claro sinal da parte de Deus, o povo, que dantes havia se mostrado indeciso, exclamou יְהוָ֖ה ה֥וּא הָאֱלֹהִֽים׃ יְהוָ֖ה ה֥וּא הָאֱלֹהִֽים׃ (Iahweh elohim, Iahweh elohim[Adonai Elohim, Adonai elohim]), o Senhor é Deus, o Senhor é Deus. O sinal serviu de motivação para a decisão do povo. Mas o culto a Ba'al só foi erradicado em Israel no reinado de Jeú (II Rs 10. 28). MacArthur observa, em sua Bíblia de Estudo, que tal iniciativa não fora motivada pelo zelo espiritual, mas por motivações políticas, ou seja, por acreditar que exterminando o culto a Ba'al ele estava enfrequecendo o partido de Acabe em Israel.

Em Cristo, Pr Marcelo Medeiros

 

Malafaia vai processar Forbes

 
 
 
 
Esta semana o boato quentíssimo que circulou no mundo gospel de nossas terras tupiniquins foi a matéria da Forbes na qual Edir Macêdo, Valdomiro Santiago, Silas Malafaia e o casal apostólico renascer Estevão e Sônia Hernandes aparecem como as maiores futunas do país no mundo evangélico. Diante da matéria fiz uma brincadeira. Como pode um Pastor estar à frente de um Apóstolo de uma Bispa? O que houve com a hierarquia divina, será que ela de nada vale na hora destribuição dos lucros celestiais?
Passado o momento dos risos, minha cabeça começou a divagar sobre o assunto e imediatamente comecei as minhas elucubrações. No meado da semana fui informado, por meio de um dos blogs parceiros que o $ila$ Malafaia, vai processar a Forbes pela matéria tendenciosa. Não tive acesso ao conteúdo da mesma, mas o caro Eliseu de Souza Gomes afirma que no artigo aparecem muitos termos que dão a entender que os dados que deram origem à reportagem não são confiáveis. Assim, chegou o momento de uma opinião.
Minha primeira opinião é de que destes, Silas Malafaia bem que faria justiça caso de fato fosse a fortuna que a matéria alega ser. Ele vive do seu TRABALHO, que é a venda de livro e DVD's de mensagens, algumas muito boas e de qualidade teológica considerável, outras nem tanto face ao comprometimento cada vez maior, por parte deste evangelista, com a Teologia da Prosperidade. Contudo, diante do volume de venda e do seu empreendimento à frente da Central Gospel, não seria absurdo nenhum. Contudo, o mesmo declarou à folha que os seis milhões de reais de seus bens se resumem a uma casa e um apartamento no Rio de Janeiro e na Flórida, respectivamente, e três imóveis dados aos filhos.
Minha segunda opinião é que sempre que tais reportagens aparecem, elas trazem algo de perjorativo ao Evangelho e ao que lhe representa. Em outras palavras todos os pastores são colocados no mesmo prato e aí, ninguém fala dos que prestam relevantes serviços e enfrentam dilemas pessoais de não poderem dar aos seu familiares os luxos que a agenda que o mundo capitalista, ou melhor a sociedade do consumo impõe às pessoas. Isto não é mostrado!
Por último, tenho de concordar com Alexandre Faria, que em sua fanpage no facebook postou que todo este estardalhaço se deve ao fato de que ELES SÃO OS RICOS E NÓS NÃO. Quem tem fala mal, e demoniza, sataniza, quem não tem. É isto mesmo tem gente que nas áreas mais diversas, não poupa esforços lícitos e ilícitos para garantir sua fatia no bolo. Aqui cabe aquela música do João Alexandre, que diz: Procuro alguém pra resolver meu problema [...]  Pois não consigo me encaixar neste esquema. http://www.facebook.com/#!/photo.php?fbid=452936171428974&set=a.219800291409231.56832.100001377840137&type=1&theater. Diante do exposto cabe apenas uma oração por mais discernimento, por parte do nosso povo, para nossas  vidas.
 
Em Cristo, Pr Marcelo Medeiros.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa

 

O Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa

Foi instituído em nosso país mediante a lei nº 11.635, de 27 de dezembro de 2007, sancionada pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva, e aos olhos de muitos que militam em prol da diversidade esta representou um avanço face ao reconhecimento do próprio Estado da existência do problema. De acordo com o site Wikipédia, a intolerância religiosa pode se manifestar como perseguições, aos grupos diversos e como uma atitude político ideológica. E aqui reside um problema que pretendemos abordar nas linhas abaixo.

Uma breve consulta na Wikipédia, ou mesmo a leitura superficial da história, nos mostra que momentos históricos específicos grupos religiosos mais distintos passaram por este tipo de situação. Daí todos os esforços empreendidos para que tal quadro histórico não se repita em nossos dias. O problema é que, o discurso em prol da tolerância se apresenta como ameaçador ao Cristianismo em razão do seu caráter "exclusivista". Em outras palavras: para todo cristão Jesus é o caminho a verdade e a vida, portanto, quaisquer alternativas, que não Cristo estão descartadas, Daí a nossa necessidade de refletir sobre o assunto.

A primeira reflexão a ser feita é que a "Tolerância Religiosa", bem como a "laicização do Estado" são bençãos para nós cristãos. De forma alguma podemos nos valer do Estado, bem como de leis que imponham a nossa religiosidade para aumentar nosso número de adeptos. Até porque, na própria Bíblia encontramos o relato de uma reforma empreendida por Zorobabel, e no decorrer da mesma Deus usou o profeta Zacarias para dizer: Não por força nem por violência, mas pelo meu Espírito’, diz o Senhor dos Exércitos (Zc 4. 6 NVI). O Cristianismo não é uma religião baseada em força, mesmo que em determinados períodos da história, tal expediente tenha sido usado.

A segunda reflexão é de natureza filosófica e aborda a natureza da verdade. Ela é possível dentro do campo religioso? Creio que sim. E na verdade todo religioso crê desta forma. Mas como esta questão aparece no debate? Por meio da afirmação de que todas as religiões são verdadeiras. Neste aspecto me satisfaço com a afirmação de Geisler: "se a verdade não existe como posso afirmar qualquer coisa sobre ela, mesmo que seja para negá-la?". Na verdade, exigimos a verdade de nossos políticos, de nosso cônjuge, e no entanto a negamos na teoria, e nos discursos. Creio que esta é uma atitude que Paul Tournier chamaria de neurótica. Mas o problema não para por aqui.

Em um dos comentários a respeito do assunto no facebook alguém postou a seguinte pérola: não existe religião verdadeira, nem falsa [...]. Leia aqui.  Confesso que este superou todos os demais inclusivistas, visto que estes advogam a veracidade de todas as religiões. Este conseguiu criar uma categoria para além da verdade e do erro, e a pergunta a ser feita é: o que existe para além da verdade e do erro.

Via de regra, o que se faz é afirmar a veracidade e a validade de todas as religiões. E aqui temos um problema, detectado por Geisler e Pondé. As crenças religiosas fazem afirmações diversas e excludentes a respeito da realidade. Se observarmos as três religiões monoteístas por exemplo, veremos que a  despeito de possuírem uma matriz comum, o judaísmo entende que tá na onda certa, por este motivo alguns, ainda aguardam o messias, enquanto outros defendem uma interpretação de que Israel é este Messias. Para o Cristianismo, Jesus, o Cristo, ou χριστος, forma grega da palavra messias מְשִׁיחִֽי (ou massiah), é , como o próprio nome o sugere, este Messias, ao passo que para o islamismo tanto judeus, quanto cristãos estão no bonde errado.

Para os judeus o profeta por excelência é Moisés. A confissão de fé mulçumana afirma que há um só Deus e Maomé é o seu profeta. Para os cristãos toda figura humana, inclusive a de Moisés, foi superada por Jesus Cristo. Não há como dizer que todas estão certas, nem como dizer que todas estão erradas, ou que não são nem certas e nem erradas. Alguém pegou o bonde errado. E aí começa o conflito, e como diz Pondé, passados os vinte minutos, é preciso ir aos croquetes (paráfrase). Acho que é na boca que começa toda tolerância com o outro.

Nossa terceira reflexão tem a ver com o significado que as palavras: tolerância e intolerância, tem assumido em nossos dias. Intolerância é definida no michaellis como: Falta de tolerância, sendo a qualidade de intolerante, a pobreza quanto a definição me levou a recorrer ao signifcado antônimo do termo, que é: ato, ou efeito de tolerar, de admitir, de aquiescer. Neste aspecto sou forçado a dizer que o crente em Cristo,convicto de que a Bíblia é a Palavra de Deus e como tal é verdade NÃO PODE SER TOLERANTE.

O verbo aquiescer é definido como anuir, ceder, condescender, consentir. Ou seja, ser tolerante aqui é o mesmo que crer que todas as religiões são verdadeiras, que as afirmativas dos mambros dos demais grupos religiosos é verdadeira. Para que tal coisa acontecesse, necessário seria que sequer tivéssemos opinião, ou que reconhecêssemos que nossa posição é falsa.

Por outro lado, o termo também pode ser comprendido como sendo: o direito que se reconhece aos outros de terem opiniões diferentes ou até diametralmente opostas às nossas. Aqui temos a tolerância no sentido legal dos termos, uma vez que nossa constituição nos garante o direito à liberdade de opinião. Também encontramos no léxico em apreço a seguinte definição: pequenas diferenças para mais ou para menos, legalmente permitidas no peso ou no título das moedas. Eu gostaria de usar esta definição de forma analógica e afirmar que em todo grupo social isto ocorre. A unidade é muito diferente da homogeneidade, e para ser mantida, pequenas diferenças tem de serem preservadas, e até mesmo respeitadas. Isto ocorre no interior de grupos cristãos com posicionamentos a respeito desta, ou daquela doutrina. Por último, tolerância é a boa disposição dos que ouvem com paciência opiniões opostas às suas. Esta, por razões que esclarecerei nas linhas abaixo, é a mais importante para nós cristãos.

Dentro destes termos, e exclusivamente dentro dos limites acima expostos, sou forçado a afirmar que a tolerância deve de ser cultivada por nós cristãos. 1) Um Cristão o tem dever de obedecer leis justas, que não se oponham aos princípios da Palavra de Deus, por este motivo tem de aceitar e lutar pelos direitos à diversidade de opiniões. 2) Para convivermos precisaos de tolerância. Isto se dá com nossas relações familiares, sociais, trabalhistas etc... . 3) Precisamos de tolerância para o exercício de nossa missão.

Stott afirma que parte da missão da Igreja consiste exatamente em "ouvir o mundo", para dialogar com o mesmo. Se não ouvirmos: não entederemos os anseios mais profundos das pessoas, não estabelceremos pontos de contato, e não seremos ouvidos. Mesmos nas opiniões opostas às nossas podemos estabelecer pontos que nos permitam ver em quais perspectivas os anseios das pessoas de religiões diferentes podem ser satisfeitos por meio do Evangelho.

Enquanto os donos do poder sonham com um mundo onde todas as pessoas consideram as religiões como igualmente verdadeiras, sonho com uma Igreja TOLERANTE, não no sentido da aquiescência com toda e qualquer idéia, mesmo as que contradigam os pricípios básicos de nossa fé, mas que pacientemante ouça e perceba o anseio de nosso mundo por transcedência, por significado e relevância. ESTA É A ÚNICA TOLERÂNCIA QUE DEUS QUER DE NÓS.
Em Cristo, Pr Marcelo Medeiros

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Restitui quero de volta o que é meu.




Temos direitos diante de Deus?
Antes de responder a pergunta que motivou este post, precisamos conceituar a palavra. Para tal nos valeremos da ajuda do dicionário. De acordo com o vulgo "pai dos burros",o termo em apreço pode ser conceituado como: ciência das normas obrigatórias que disciplinam as relações dos homens numa sociedade; jurisprudência. Esta é a visão da sociologia do conhecimento.

Também podemos definir o direito como: aquilo que é justo e conforme com a lei e a justiça, ou,  faculdade legal de praticar ou não praticar um ato. Esta é a visão do próprio direito a respeito do direito. Ou seja, direito, nada tem a ver com o que é correto, mas com aquilo que a lei faculta ao indivíduo. Émais doque lógico que de acordo com o dicionário que estamos usando como referência, os termos não são definidos assim, aqui houve uma intervenção pessoal.

O conceito que nos interessa aqui é o de prerrogativa, privilégio, uma vez que ambos os termos aparecem como definições para direito no dicionário Michaellis. E entendo que seja isto que os teólogos da prosperidade querem expressar quando dizem que têm direitos diante de Deus. Quando voltamos ao léxico a fim de vermos o sentidos destas palavras, que definições encontramos? 1) Direito, inerente a um ofício ou posição, de usufruir um certo privilégio ou exercer certa função. 2) Direito ou privilégio especial pertencente a uma pessoa, grupo ou classe de indivíduos. É neste ponto que encnontramos um grande nó teológico. Por quê? Simples, a Bíblia diz, implicitamente, que temos privilégios, mas não diz que temos direitos. Para entendermos isto melhor retornemos às definições do léxico.

O sociólogo Max Weber, via o direito como uma ramificação da evolução científica. As ciências das naturezas foram elaboradas como meio de controlar e prever a natureza e trabalhar com a mesma de forma a tornar a vida humana mais fácil. Dentro deste contexto surge o direito como forma de controlar as relações humanas e torná-las mais racionais. É o meu entendimento da leitura deste artigo.

Dei esta volta para reforçar a idéia de que, seja em qual contexto for, o direito foi criado para regular as relações humanas. A Teologia Sistemática de Löuis Berkoff, no capítulo sobre Graça Comum, o autor em apreço afirma que as leis justas que os seres humanos criaram, ao lado das artes, e de toda demonstraçaõ de bondade humana, de beleza; são claras manifestações desta graça comum. É exclusivamente neste contexto que podemos entender o direito: Instrumento regulador das ações humanas na era moderna. Deus não se regula pela direito humano. Da mesma forma que não se submete às desvrições da natureza feitas pelos cientistas.

Quando entendemos o direito como sendo aquilo que é justo e conforme com a lei e a justiça, ou, faculdade legal de praticar ou não praticar um ato, que, conforme dissemos é o direito sob a ótica do próprio direito, lidamos com dois problemas de natureza teológica, um a respeito de Deus, e outro sobre a raça humana.

Com relação a Deus, Paulo afirma que ele é justo e justificador daquele que tem fé em Jesus (Rm 3. 26 NVI). O Deus justo diz Stott, é aquele que faz justiça e defende a causa dos oprimidos (Sl 103. 6). Ele defende a causa dos oprimidos e dá alimento aos famintos. O Senhor liberta os presos, o Senhor protege o estrangeiro e sustém o órfão e a viúva, mas frustra o propósito dos ímpios (Sl 146. 7, 9 NVI). Ou seja, Deus enquanto justo é preocupado também com a causa da viúva. O interesse do eterno não se resume à satisfação dos caprichos dos "seus filhos". Por favor atentem bem para as aspas!

Stott nos chama a atenção para a dimensão da justiça social. Ao olharmos detidamente o texto percebemos que uma das palavras que aparece aqui é מִשְׁפָּטִ֗ (mispath), cujo sentido pode ser o de direito. Este mesmo termo, מִשְׁפָּטִ֗ (mispath), como mandamentos (Ex 21. 1), aquilo que é previsto (Lv 9. 16), uma causa apresentada diante de Deus (Nm 27. 5), e mesmo justiça (Jó 34. 5). Este último texto nos mostra quem nem sempre o agir de Deus em nós é entendido como algo justo.

Todavia, este mesmo Deus é justificador daquele que tem a fé em Jesus. E esta  justiça não tem nada a ver com o direito tal como o entendemos. Ela é fruto de graça de Deus. O homem é isento de suas dívidas diante de Deus (II Co 5. 21; Cl 2. 14). Todavia isto não quer dizer que Deus se tornou devedor do homem, de forma alguma! E aqui temos o primeiro erro dos teólogos da prosperidade.

Com relação ao problema da humanidade anunciado neste post, aos olhos de Deus Não há nenhum justo, nem um sequer, Todos se desviaram, tornaram-se juntamente inúteis; não há ninguém que faça o bem, não há nem um sequer (Rm 3. 10, 12 NVI). Quando Paulo afirma que fomos justificados gratuitamente por sua graça, por meio da redenção que há em Cristo Jesus (Rm 3. 24 NVI), ele emprega o termo grego δωρεαν (dorean), cujo sentido é o de um presente sem pagamento. Ou seja, a relação que Deus estabelece com cada um de nós é mediada pela graça (do grego χαριτι [cháris]), jamais pelo direito. E, Graças a Deus por seu dom indescritível! (II Co 9. 15 NVI).

É quando entendemos as coisas sob este prisma, que a Teologia da Prosperidade com suas revindicações, seus decretos, suas profecias, cai por terra. A graça nulifica toda relação que o homem pretenda ter com Deus na base do direito. Uma coisa que poucas pessoas atentam, e de certa forma insinuo neste post, é que o direito implica uma relação de troca. Isto é manifesto pela sabedoria do senso comum, que diz: o nosso direito termina quando começa o do vizinho.

Este tipo de relação pode ser estabelecida entre cafetões e prostitutas, talvez entre pais e filhos, mas jamais o será, entre um Deus soberano e o homem. Por uma simples razão: não há nada que possamos dar a Deus, que ele já não nos tenha dado. Ninguém em sã consciência revindica direitos em uma~relação amorosa. Usamos uma linguagem similar, é bem verdade, mas não falamos de direito falamos de como o amor se manifesta e de como desejamos ser amados.

A relação que Deus estabelece conosco é a de Pai amoroso e filhos. Não se baseia em direito, mas em graça. No Evangelho João emprega o termo, ao afirmar que os que recebem e creem em Cristo, Deus, assim suposmos, deu-lhes o direito de se tornarem filhos de Deus (Jo 1. 12 NVI), coisas da revelação progressiva. Cabe notar que o termo εξουσιαν (exousian), traduzido como poder pela Almeida Revista e Corrigida, aqui é traduzido como direito.

O que nos importa é que o João mais amadurecido não fala de direito, mas de amor. Vejam como é grande o amor que o Pai nos concedeu: que fôssemos chamados filhos de Deus, o que de fato somos! (I Jo 3. 1 NVI). O mais curioso é que este seria, ao meu ver o momento de se falar nos nossos direitos e prerrogativas, mas João se atém à graça amorosa do Pai, e fala de nossa resposta a esta graça, mas este é assunto para outo post. Aqui convém afirmar que a graça de Deus nulifica as ideologias da Teologia moral de causa e efeito, dos teólogos triunfalistas, bem como a filosofia dos amigos de Jó do tempo presente.
Em Cristo, Pr Marcelo Medeiros.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Condições para o genuíno discipulado

 
Atentemos para o texto abaixo:

Disse Jesus aos judeus que haviam crido nele: "Se vocês permanecerem firmes na minha palavra, verdadeiramente serão meus discípulos. E conhecerão a verdade, e a verdade os libertará". Eles lhe responderam: "Somos descendentes de Abraão e nunca fomos escravos de ninguém. Como você pode dizer que seremos livres? "Jesus respondeu: "Digo-lhes a verdade: Todo aquele que vive pecando é escravo do pecado. O escravo não tem lugar permanente na família, mas o filho pertence a ela para sempre. Portanto, se o Filho os libertar, vocês de fato serão livres (Jo 8. 31- 36 NVI).
 
Este é um dos textos mais conhecidos de nossa Bíblia. Frequantemente lançamos mão do mesmo para pregar em cultos ao ar livre, evangelismos e  nos chamados cultos evangelísticos. Mas qual é a mensagem de Deus para nós nestes dias finais. O que nosso Pai tem a falar para nós por meio deste texto. Muito assim creio, uma vez que o mesmo faz menção a Jesus, o divisor de águas de nossa história, e fala de um dos temas mais caros, a liberdade.
Tal liberdade não consiste em se fazer o que se quer da vida, mas resulta de um processo de desvencilhamento do pecado, que por sua vez está ligado à submissão à Palavra de Cristo. Sem discipulado, e um autêntico relacionamento com Cristo, não há como se experimentar a libertação prometida no texto. Daí a nossa necessidade de, ainda que em inhas gerais, abordar o texto sob a ótica da temática acima apresentada. De acordo com o texto, quais são as condições para o desenvolvimento do genuíno discipulado?

Crer em Jesus. Esta é uma exigência constante nos Evangelhos. E crer em Jesus, implica necessariamente ouvir a sua palavra e crer no Pai. Jesus mesmo afirmou: Eu lhes asseguro: Quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna e não será condenado, mas já passou da morte para a vida (Jo 5. 24 NVI). O verbo grego ακωη (akooee), pode ser traduzido tanto como ouvir, quanto para obedecer. A disposição em obedecer é precedida pela fé genuína.
Permanecer na Palavra. Parece que este é um dos conceitos chave do Evangelho de João. Em um dos últimos discursos de Jesus aos seus discípulos, o Mestre faz sucessivas menções a este verbo.
 
Permaneçam em mim, e eu permanecerei em vocês. Nenhum ramo pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira. Vocês também não podem dar fruto, se não permanecerem em mim. Eu sou a videira; vocês são os ramos. Se alguém permanecer em mim e eu nele, esse dá muito fruto; pois sem mim vocês não podem fazer coisa alguma. Se alguém não permanecer em mim, será como o ramo que é jogado fora e seca. Tais ramos são apanhados, lançados ao fogo e queimados. Se vocês permanecerem em mim, e as minhas palavras permanecerem em vocês, pedirão o que quiserem, e lhes será concedido (Jo 15. 4 - 7 NVI).
 
Da leitura é possível observar que:
  1. Permanecer em Jesus é a condição para que Jesus permaneça conosco.
  2. Também é o caminho para a frutificação espiritual.
  3. Não permanecer em Jesus e em sua Palavra acarreta morte espiritual.
  4. A permanência em Jesus e em sua santa palavra é o segredo de uma vida de oração bem sucedida.
 
Ser discípulo. É mais do que ser aluno, ou admirado. É estar disposto a seguir Jesus, e até a cruz, se necessário for. O aluno é alguém que ouve os ensinos do mestre e seleciona o que concorda do que discorda. Jesus não permite tal relação. Ele nos chama para sermos seguidores seus, e pronto (Mt 10. 25; Jo 15. 19, 20). O discipulado é muito mais do que orientar as pessoas quanto às doutrinas da fé, ou preparar pessoas para o batismo. Consiste no processo de ensinar as pessoas a guardarem tudo o que Jesus tem dito (Mt 20. 19, 20) Este é o nosso desafio.
Conhecer a verdade. A verdade dentro do Evangelho de João é muito mais do que uma categoria filosófica. É uma pessoa de carne e osso, que quando viveu entre nós teve o nome de Jesus. Ele mesmo fez a seguinte afirmação a respeito de si mesmo: εγω ειμι η οδος και η αληθεια και η ζωη (egoo eimi ee odos, kai aletheia, kai ee Zooee), em português claro: Eu sou o caminho, a verdade e a vida (Jo 14. 6 NVI).
Conhecer a a verdade é conhecer a Jesus, tanto que no texto que dá base ao presente estudo, Jesus afirma: conhecerão a verdade, e a verdade os libertará, e, se o Filho os libertar, vocês de fato serão livres (Jo 8. 32, 36 NVI), indicando com isto que a Verdade, ou a αληθεια (aletheia) e o Filho, são as mesmas pessoas.
O conhecimento pessoal, diferente do conhecimento teórico não pode se basear exclusivamente nas informações que temos a respeito das pessoas. Conhecer a Jesus é similar a percorrer uma estrada de carro, afinal, ele disse ser o caminho que nos conduz ao Pai. As informações bíblicas, teológicas e afins, que temos dele são como o GPS, cuja finalidade consiste em orientar, mas olhar o GPS não significa conhecer a estrada. Este conhecimento da verdade encarnada e personificada em Jesus só pode ser acessado mediante relacionamento Mestre, discípulo.
Ruptura com o pecado. Sem romper com o pecado, nosso relacionamento estará comprometido. Uma vez que não poderemos permanecer na PALAVRA. Aliás, est é o sentido da similitude que Jesus faz. O escravo não tem lugar permanente na família, mas o filho pertence a ela para sempre (Jo 8. 35 NVI). Escravos do pecado não podem crer em Jesus (Jo 16. 8), não podem conhecer a Jesus e não podem permanecer em sua palavra. Veja o seguimento deste mesmo discurso:
 
Por que a minha linguagem não é clara para vocês? Porque são incapazes de ouvir o que eu digo. Vocês pertencem ao pai de vocês, o diabo, e querem realizar o desejo dele. Ele foi homicida desde o princípio e não se apegou à verdade, pois não há verdade nele. Quando mente, fala a sua própria língua, pois é mentiroso e pai da mentira. No entanto, vocês não crêem em mim, porque lhes digo a verdade! (Jo 8. 43 - 45 NVI). 
 
Deus nos ama, a despeito do nosso pecado, mas permanecer no pecado, após termos recebido o conhecimento da verdade, ou quando somos confrontados pela verdade do Evangelho, é ser escravo, e, O escravo não tem lugar permanente na família. A situação pode ser vista em pessoas que à todo custo fogem do ensino, dos estudos bíblicos, se escondem atrás de um ativismo desenfreado e irrefletido. E são escravas dos seus desejos, de sua natureza corrompida e caída. Para estes Jesus segue afirmando: Qual de vocês pode me acusar de algum pecado? Se estou falando a verdade, porque vocês não crêem em mim? Aquele que pertence a Deus ouve o que Deus diz. Vocês não ouvem porque não pertencem a Deus (Jo 8. 46, 47 NVI). 
 
À luz do texto e do contexto o maior e mais claro sinal de que uma pessoa não pertence a Deus, é usa rejeição para com a própria palavra de Deus. Sem as Escrituras, Cristo não se faz presente, sem a presença do mesmo, não há libertação. Outro sinal de que a pessoa não pertence a Deus é a sua permanente condição de escrava do pecado, visto que Jesus oferece plena libertação (I Jo 3. 6 - 10). Liberdade não pode ser confundida com a autonomia para que possamos fazer o que nos agrada, o que desejamos. Não! É a isenção de todas as possíveis restrições que nos impediam de nos relacionar com Deus e com nosso próximo. Esta é a verdadeira liberdade. Na verdade a única viável.
Aqui, convém que nos esqueçamos das definições do dicionário. Sim, que larguemos de mão este papo de isenção de restrição externa ou coação física ou moral. Sempre teremos a voz do Espírito a nos orientar (Hb 3. 7 - 14). Nossa vontade tem de se dobrar à vontade de Deus, não o contrário. Que Deus nos abençoe e nos capacite cada vez mais a entendermos isto.
 
Em Cristo, Pr Marcelo Medeiros.
 
 
 

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Deus e os heróis

 
Caminhando pelo face vi algo interessante
 
Fazendo as minhas visitas diárias ao facebook, e eis que em plena quarta - feira, aos dezesseis dias do mês de Janeiro do ano de 2013, me deparo com a seguinte postagem:
 
Noé era um bêbado, Abraão era
velho demais, Isaque era medroso,
Jacó era um mentiroso, José era um
escravo , Moisés era gago e incapaz
de falar em público ,Sansão tinha
cabelos compridos e era adúltero,
Jeremias e Timóteo eram jovens
demais, Davi cometeu um adultério e
um assassinato, Jonas fugiu de Deus ,
João Batista era uma figura excêntrica
e até comia insetos ,Pedro negou
Cristo, Zaqueu era pequeno demais,
e Lázaro estava morto! E não
esqueça: Jesus ajudou todos eles !!
Deus usou todos essas pessoas com
seus defeitos, quando Deus quer te
usar ele não olha seus defeitos, ele te
capacita, e te faz mas que vencedor!
 

 É verdade, a Bíblia em momento algum apresenta qualquer um destes como grande herói. Aliás, esta pecha (posso falar assim), era dada aos descendentes de divindades e seres humanos da era pré-homérica (semideuses). A única menção que a Bíblia faz aos mesmos sequer é honrosa. De acordo com o relato de Gênesis, quando os filhos de Deus possuíram as filhas dos homens e elas lhes deram filhos. Eles foram os heróis do passado, homens famosos (Gn 6. 4 NVI). Mas, ao contrário do que se esperava a presença deles não melhorou muito a nossa humanidade, pelo contrário, a narrativa segue dizendo que a perversidade humana aumentou. Daí o fato de Deus investir em um Davi mulherengo, em um Moisés relutante, em um Gideão libidinoso.
O dicionário michaellis segue dizendo que herói é um homem elevado a semideus após a morte, por seus serviços relevantes à humanidade. Talvez esta seja a razão de vermos homens como Davi, Abraão, e o próprio Jacó desta forma. Eles erraram, mas deixaram um legado, e pelo seu histórico, nos os elevamos a tal categoria. Com isto nos esquecemos que Elias era homem sujeito às mesmas fraquezas que nós.
Um conceito mais humanizado do termo é o de que o herói é alguém que se distingue por coragem extraordinária na guerra ou diante de outro qualquer perigo. Mas lendo a Bíblia com honestidade, não vejo coragem alguma em Gideão, por exemplo, quando recebe de Deus a ordem para destruir o altar de Baal, tanto que ele o fez de noite (Jz 6. 25 - 27). E Paulo que ao chegar em Corinto temeu (At 18. 9; I Co 2. 3)? Nem o apóstolo dos gentios escapa? Não! Não! E não!
Estes defeitos não foram registrados no texto bíblico para que nos acostumássemos com nossa condição. Mas para que aprendêssemos que Deus nos ama e nos emprega nos seus projetos, a despeito dos mesmos. Para que aprendamos a tirar força da fraqueza (II Co 12. 10; Hb 11. 34). Esta é a essência da mensagem da Bíblia. Deus faz de tal forma para que nos acostumemos com seu caminhar, que é diferente do nosso.
O único momento em que os heróis entram em cena no cenário bíblico, as coisas pioram, e muito. De acordo com o livro apócrifo de Enoque, estes heróis são resultado da mistura de seres angelicais com  seres humanos. A despeito da credibilidade que venhamos a dar a tal perspetiva teológica, a lição que fica é que este tipo de superman é um projeto diabólico, jamais divino. Deus não conta com super homens ele conta com vasos frágeis e nestes ele deposita os seus tesouros.

P. S. Moisés não era gago, nem incapaz, a Bíblia diz que ele era poderoso em palavras e obras, ele era hesitante mesmo (At 7. 22).

P. S. Sansão não era adúltero, era fornicário e mulherengo mesmo, além de amar um jugo desigual.
 
Em Cristo, Pr Marcelo Medeiros.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Existe salvação para a nossa música evangélica sim

 
 
Sim, eu ainda creio, que salvação para a nossa música evangélica.

Esta não é a primeira, e nem será a última vez que escrevo sobre música aqui. Aprendi a amar esta arte, cada vez mais emprobrecida, pela falta de senso estético do nosso povo, e pela ganância de nossas gravadoras. Aprendia a entender o valor desta arte, e como a mesma pode servir na causa do Reino de Deus e da proclamação de sua Santa Palavra.
Quando digo que existe salvação para a nossa música evangélica falo da possibilidade de canções atuais que cumpram o propósito pelo qual a mesma foi adotada na comunidade primitiva, a de instruir, ensinar, conforme Paulo mesmo disse: falando entre si com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando e louvando de coração ao Senhor (Ef 5. 19 NVI).
O Cântico crsitão é λαλια (lalia), fala espiritual, ou seja, uma fala impregnada por assuntos espirituais. E, ao que parece, o grupo Palavrantiga, usa um estilo atual, o Rock, para expressar verdades de teor espiritual profundo tal como ocorre na canção abaixo. Em tempo oportuno analisarei esta e outras letras deste grupo e de outras bandas evangélicas. Aos músicos cristãos deixo para o vosso deleite os vídeos abaixo.


 
 
Em Cristo, Pr Marcelo Medeiros
 
 

A Longa Seca em Israel (lição nº 3)




Temos afirmado, ao longo desta série de estudos,sobre a vida de Elias, que Deus feriu a casa real, por meio de oráculos proféticos (I Rs 14. 2 - 8; 16. 1 - 8; II Cr 19. 2), No tempo de Elias, Deus fere o povo por meio de uma seca. A primeira palavra que Elias profere diante de Acabe, é: Juro pelo nome do Senhor, o Deus de Israel, a quem sirvo, que não cairá orvalho nem chuva nos anos seguintes, exceto mediante a minha palavra (I Rs 17. 1 NVI). Neste período o povo está comprometido com o culto a Baal בַּ֥עַל (Ba'al). Conforme temos visto durante os estudos que temos feito sobre a vida e trajetória de Elias, o nome Baal בַּ֥עַל (Ba'al), faz referência a uma divndade cananéia, a quem era atribuída o poder sobre a chuva e a responsabilidade pela fertilidade em Israel.

Sob este aspecto a seca profetizada por Elias tem as seguintes finalidades:

1.      Estabelecer a verdade de que é Deus quem controla o clima.
2.      Comprovar que Baal בַּ֥עַל (Ba'al) não é Deus e nem controla o clima.
3.      Fazer o povo retornar aos termos da Aliança.

Neste estudo estaremos abordando a seca que ocorreu em Israel no tempo de Elias e a finalidade religiosa e teológica da mesma.

A chuva no contexto da Aliança

Atentemos para o texto:

A terra da qual vocês vão tomar posse não é como a terra do Egito, de onde vocês vieram e onde plantavam as sementes e tinham que fazer a irrigação a pé, como numa horta. Mas a terra em que vocês, atravessando o Jordão, vão entrar para dela tomar posse, é terra de montes e vales, que bebe chuva do céu. É uma terra da qual o Senhor, o seu Deus, cuida; os olhos do Senhor, do seu Deus, estão continuamente sobre ela, do início ao fim do ano. Portanto, se vocês obedecerem fielmente aos mandamentos que hoje lhes dou, amando o Senhor, o seu Deus, e servindo-o de todo o coração e de toda a alma, então, no devido tempo, enviarei chuva sobre a sua terra, chuva de outono e de primavera, para que vocês recolham o seu cereal, e tenham vinho novo e azeite.
Ela dará pasto nos campos para os seus rebanhos, e quanto a vocês, terão o que comer e ficarão satisfeitos. Por isso, tenham cuidado para não serem enganados e levados a desviar-se para adorar outros deuses e a prostrar-se perante eles. Caso contrário, a ira do Senhor se acenderá contra vocês e ele fechará o céu para que não chova e para que a terra nada produza e assim vocês logo desaparecerão da boa terra que o Senhor lhes está dando (Dt 11. 10 - 17 NVI).

Atente para as informações:

  1. A terra santa não é similar ao Egito. Neste país se podia contar sempre, ou quase sempre com as cheias do Nilo, para irrigar as sementes,algo que não ocorria na terra prometida.
  2. Ao que podemos entender do texto acima, na terra santa a irrigação se dava mediante o acúmulo das águas nas encostas dos montes.
  3. Outro fator a ser devidamente ressaltado, é o cuidado de Deus com a terra. O texto afirma que Canaã é uma terra da qual o Senhor, o seu Deus, cuida; os olhos do Senhor, do seu Deus, estão continuamente sobre ela, do início ao fim do ano.
  4. Se Israel servir ao Senhor de todo o coração, Deus enviará chuva sobre a terra. E dadas as condições geográficas da mesma, as duas chuvas mais importantes são chuva de outono e de primavera. É por meio destas que o cereal é garantido.
  5. A chuva de outono, ou chuva temporã, é também chamada, no texto bíblico מְטַֽר־אַרְצְכֶ֛ם (mored yored). Ao passo que a chuva seródia é chamada de מַלְקֹ֑ושׁ (malkoshi).
  6. O termo מְטַֽר (mored) pode ser traduzido como chuva, e o é no seguinte texto: Ele diz à neve: Caia sobre a terra, e à chuva [מִטְרֹ֥]: Seja um forte aguaceiro [גֶ֗שֶׁם] (Jó 37. 6 NVI).
  7. Neste mesmo texto, aparece o termo גֶ֗שֶׁם (geshem), cujo sentido é o de forte aguaceiro (Jó 37. 6), dilúvio mesmo (Gn 7. 12; 8. 2), podendo ser também traduzido como chuva, como ocorre em I Rs 17. 7, ou chuva pesada (I Rs 18. 41). Ao que tudo nos indica também é necessária para a produção de mantimentos na terra. Pelo menos é o que Jeremias dá a entender quando afirma: A terra nada produziu, porque não houve chuva [גֶ֗שֶׁם]; e os lavradores, decepcionados, cobrem a cabeça (Jr 14. 4 NVI).
  8. Ao que tudo indica a chuva de primavera era esperada, tanto que Jó pode comparar sua presença com a mesma. Esperavam por mim como quem espera por uma chuvarada, e bebiam minhas palavras como quem bebe a chuva da primavera [מַלְקֹֽושׁ] (Jó 29. 23 NVI). De igual modo, a alegria no rosto do rei é sinal de vida; seu favor é como nuvem de chuva na primavera [מַלְקֹֽושׁ] (Pv 16. 15 NVI).
  9. Para todos os efeitos tais chuvas são vindicadas pelo profetismo tardio como fenômenos cujo controle exclusivo cabe a Deus. Tanto a מַלְקֹ֑ושׁ (malkoshi), quanto a  מְטַֽר (mored). Peça ao Senhor a chuva de primavera, pois, é o Senhor quem faz o trovão, quem manda a chuva e lhes dá as plantas do campo (Zc 10. 1 NVI).
  10. Para que a benção de Deus esteja continuamente sobre Israel, o povo deve guardar-se de ser enganado pelos cultos idolátricos da época.
  11. Do contrário, a ira do Senhor se acenderá contra vocês e ele fechará o céu para que não chova e para que a terra nada produza e assim vocês logo desaparecerão da boa terra que o Senhor lhes está dando.
  12. O que nos conduz à reflexão a respeito do próximo tópico.
A seca no contexto da Aliança
 
se vocês não me ouvirem e não colocarem em prática todos esses mandamentos, e desprezarem os meus decretos, rejeitarem as minhas ordenanças, deixarem de colocar em prática todos os meus mandamentos e forem infiéis à minha aliança, [...] Eu lhes quebrarei o orgulho rebelde e farei que o céu sobre vocês fique como ferro e a terra de vocês fique como bronze. A força de vocês será gasta em vão, porque a terra não lhes dará colheita, nem as árvores da terra lhes darão fruto (Lv 20. 14, 15, 19, 20 NVI).
  1. No contexto bíblico a seca é produto da desobediência do povo. Isto porque o Deus de Israel é quem controla o clima e como tal ele exige obediência do seu povo.
  2. A seca é descrita como uma forma de quebrar o orgulho do povo impenitente.
  3. Por falta de chuvas o trabalho do povo se torna improdutivo.  
  4. A seca foi de tal magnitude que incomodou o Rei de Israel (I Rs 18. 5).
     
A mensagem de Elias para o nosso tempo
Deus é o controlador dos elementos climáticos. Este é a mensagem que vai ser corroborada no profetismo (Zc 10. 1), e confirmada nos Evangelhos (Mt 5. 45), bem como no querigma apostólico (At 14. 17).



O cerne da idolatria está em atribuir à criatura aquilo que é obra de Deus, e neste aspecto o povo de Israel pecou.
Como consequência dos seus pecados Deus lhes enviou juízo pelas suas mas ações.
A despeito do justo juízo, houve provisão para Elias (I Rs 17. 2 - 9) e para os profetas que Obadias escondeu (I Rs 18. 4). Assim, temos aqui o fiel cumprimento da palavra de Deus que afirma: O Senhor cuida da vida dos íntegros, e a herança deles permanecerá para sempre. Em tempos de adversidade não ficarão decepcionados; em dias de fome desfrutarão fartura (Sl 37. 18, 19 NVI). 
Que a vida de Elias seja fonte de ensino para as nossas vidas.

Em Cristo, Pr Marcelo Medeiros.
 


 

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Elias o Tisbita (lição nº 2)


 
 
O nome Elias cuja forma hebraica é אֵלִיָּ֛ה, e a forma grega é ηλιας. É um dos mais renomados profetas da história hebraica. Não é sem razão que ele é mencionado ao lado de Moisés no monte da transfiguração. Seu nome em Hebraico é a junção de duas partículas hebraicas אֵלִ (El= Deus) e יָּ֛ה(YáH= Jeová). O mais interessante é que em Lc 1. 17, seu nome é transliterado de uma forma tal a se confundir com o nome de um importante astro, o sol . O texto grego versa: E irá adiante do Senhor, no espírito e no poder de Elias(ηλιου), para fazer voltar o coração dos pais a seus filhos e os desobedientes à sabedoria dos justos, para deixar um povo preparado para o Senhor. No lugar de no espírito e no poder de Elias, o texto deveria traduzir no espírito e no poder do Sol. Em mais uma passagem Lucas traduz Elias por ηλιου. Teria sido erro de um redator posterior? Para todos os efeitos Elias é um profeta, que à semelhança de Moisés terá o seu nome marcado tanto no Antigo, quanto no Novo Testamento.
O nome deste profeta está ligado sim ao seu ministério, o de confrontação entre Baal, e Deus. Baal, cuja forma hebraica é: בַּ֥עַל (Ba'al) é um termo que pode ser traduzido como donoO dono (בַּ֥עַל) da cisterna terá que pagar o prejuízo indenizando o dono do animal, e ficará com o animal morto (Ex 21. 34 NVI). Também pode ser traduzido como marido. Olhemos para o texto: A mulher exemplar é a coroa do seu marido (בַּ֥עַל), mas a de comportamento vergonhoso é como câncer em seus ossos (Pv 12. 4 NVI). Tanto o título de dono, quanto o de marido vieram a serem vindicados por Iahweh, no profetismo tardio, ou literário. Pois o seu Criador é o seu marido, o Senhor dos Exércitos é o seu nome, o Santo de Israel é seu Redentor; ele é chamado o Deus de toda a terra (Is 54. 5 NVI).
Por meio da simples menção do nome Elias (אֵלִיָּ֛ה), Deus já está dizendo ao seu povo, que ele é o Deus Verdadeiro, que não há outro. Este conceito será defendido com maior clareza durante o ministério dos profetas literários, mas já podemos ver traços desta defesa no ministério profético de Elias, uma vez que sua apresentação diante de Acabe, afirmando que nem chuva, nem orvalho em Israel, por si só, já era um desafio ao que era considerado pelos Cananeus como sendo a divindade responsável pela chuva e pela fertilidade.
O culto a Baal (בַּ֥עַל) não é nenhuma novidade em Israel (Jz 2. 11, 13; 3. 7; 10. 6, 10).Tanto que ainda no período pré monárquico, Samuel relembrara ao povo a sua história marcada pela idolatria. Seus antepassados, porém, se esqueceram do Senhor seu Deus; então ele os vendeu à Sísera, o comandante do exército de Hazor, e aos filisteus e ao rei de Moabe, que lutaram contra eles. Eles clamaram ao Senhor, dizendo: ‘Pecamos, abandonando o Senhor e prestando culto aos baalins e aos postes sagrados. Agora, porém, liberta-nos das mãos dos nossos inimigos, e nós prestaremos culto a ti’. Então o Senhor enviou Jerubaal, Baraque, Jefté e Samuel, e os libertou das mãos dos inimigos que os rodeavam, de modo que vocês viveram em segurança (I Sm 12. 9 - 11 NVI). 
Estes textos são indicadores de que o culto a Baal não é novidade em Israel, e de que o povo, conforme dito no primeiro estudo desta série é um povo de dura cerviz. A dureza de coração dos mesmos tornava o pecado cada vez mais rotineira.
A respeito do chamamento do profeta, cabe-nos dizer que nos livros históricos que cobrem o período da monarquia, poucos são os profetas que têm registro de sua vocação. Não há menções ao chamado de Aías, por exemplo (I Rs 11. 29; 14. 2 - 8), ao profeta Jeú (I Rs 16. 1 - 8; II Cr 19. 2), nem de Micaías (I Rs 22. 9 - 28). O chamado destes profetas em particular, é comprovado mediante o cumprimento da Palavra do Senhor na boca dos mesmos (I Rs 14. 17; 15. 29; 16. 12, 34; 22. 38). Notemos que à luz dos textos, o prórpio Josué, filho de Num é chamado de profeta, visto que a Palavra do Senhor, por seu intermédio se cumpre.
No Deuteronômio lemos: Mas o profeta que ousar falar em meu nome alguma coisa que não lhe ordenei, ou que falar em nome de outros deuses, terá que ser morto. Mas vocês perguntem a si mesmos: "Como saberemos se uma mensagem não vem do Senhor? Se o que o profeta proclamar em nome do Senhor não acontecer nem se cumprir, essa mensagem não vem do Senhor. Aquele profeta falou com presunção. Não tenham medo dele (Dt 18. 20 - 22 NVI). De acordo com o texto, a palavra que procede de Deus se cumpre. É isto que acontece com os profetas do livro de Reis, inclusive Elias.
  1. Ele prediz a seca, e assim ocorre (I Rs 17. 1)
  2. Ele prediz que o azeite e a farinha da viúva vão perdurar, e assim se faz (I Rs 17. 13 - 15).
  3. Ele profetiza a morte de Acazias, e assim sucede (II Rs 1. 2 - 7, 17).
Neste caso, embora não haja relato claro do chamado de Deus, na vida de Elias, tal se evidencia pelo cumprimento da boa palavra de Deus na boca do mesmo.
Ainda precisamos falar de Elias na literatura posterior. Tal como ocorre com a figura de Davi (Ez 34. 23, 24; 37. 24, 25), os profetas predizem a volta de Elias. Malaquias mesmo profetiza: Vejam, eu enviarei a vocês o profeta Elias antes do grande e terrível dia do Senhor (Ml 4. 5 NVI). A associação desta profecia com as afirmações do Novo Testamento de que João Batista era o Elias que havia de vir (Mt 11. 14; Mc 9. 13; Lc 1. 17), fez com que muitas pessoas entendessem ser João Batista a reecarnação de Elias, algo incompatível com a Antropologia Bíblica. A Bíblia afirma: o homem está destinado a morrer uma só vez e depois disso enfrentar o juízo (Hb 9. 27 NVI).
Neste ponto o texto de Lucas é de vital importância, visto que traduz: E irá adiante do Senhor, no espírito e no poder de Elias(ηλιου), para fazer voltar o coração dos pais a seus filhos e os desobedientes à sabedoria dos justos, para deixar um povo preparado para o Senhor (Lc 1. 17 NVI). O texto em seu contexto indica que a missão de João Batista é chamar o povo ao arrependimento a fim de que o mesmo esteja preparado e disposto para o Senhor. Deste modo, ele termina por cumprir a profecia de Malaquias (4. 1 - 5).
As lições que ficam da vida deste profeta são as seguintes:
  1. Que o nosso nome, o modo como somos conhecidos sejam um indicador de que Deus é o Deus de nossas vidas.
  2. Que falemos os oráculos de Deus com máxima fidelidade, a fim de que a Palavra de Deus seja glorificada em nossas vidas.

Em Cristo, Pr Marcelo Medeiros.
 

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

O Segredo de uma vida de alegria





A carta de Paulo aos Filipenses é um dos documentos de maior relevância para os crentes. Foi escrita enquanto Paulo se encontrava preso, daí do nome de cartas do cativeiro, ao lado da de Efésios e Colossenses. MacArthur acredita que a prisão a da qual Paulo  fala seja a prisão domiciliar de sua prisão em Roma, uma vez que lá ele era guardado por soldados (At 28.16; Fp 1. 13 - 14), podia receber visitas (At 28. 30; Fp 4. 18), e podia pregar livremente o Evangelho (At 28. 31; Ef 6. 18 - 20; Fp 1. 12 - 14). O termo grego πραιτωριω (praitorioon) é traduzido pela Almeida Revista a Atualizada como guarda pretoriana, ao passo que a Nova Versão Internacional traduz como guarda do palácio, indicando que o apóstolo não estava em qualquer lugar. A despeito destes fatores, esta é a carta em que mais vemos o termo alegria (Fp 1. 4, 18, 25; 2. 2; 17, 29; 3. 1; 4. 1, 10).
Se ele estava preso, qual o motivo das incessantes menções ao termo? Podemos, a partir do contexto da carta, fazer algumas suposições. Então vamos a elas?
Primeiro, Paulo é um homem de nobres motivações. Ele afirma: sempre oro com alegria, por causa da cooperação que vocês têm dado ao evangelho, desde o primeiro dia até agora (Fp 1. 4, 5 NVI). Sua alegria vem da cooperação, que os Filipenses demonstraram pela causa do Evangelho. Curiosamente a palavra que nossas Bíblias traduzem por cooperação é o termo usual para comunhão no Novo Testamento, κοινωνια (koinoonia). A comunhão do Evangelho se expressa em cooperação, por parte da comunidade.
Mesmo diante da prisão, do advento de pregadores que propagavam o Evangelho, motivados por interesses escusos, Paulo se alegra, com o anúncio de Cristo. A ponto deste afirmar: O importante é que de qualquer forma, seja por motivos falsos ou verdadeiros, Cristo está sendo pregado, e por isso me alegro. De fato, continuarei a alegrar-me (Fp 1. 18 NVI). 
Segundo, possui firmes convicções. É dele a seguinte afirmação: Estou convencido de que aquele que começou boa obra em vocês, vai completá-la até o dia de Cristo Jesus (Fp 1. 6 NVI). O termo que aparece para designar a convicção do apóstolo é πεποιθως (pepeitos) o termo vem da palavra πειθωμαι, cujo sentido é o de convicção.
Por último, ele é um homem de alvos estabelecidos. Seu maior alvo é o prêmio da soberana vocação. Ele mesmo afirma: esquecendo-me das coisas que ficaram para trás e avançando para as que estão adiante, prossigo para o alvo, a fim de ganhar o prêmio do chamado celestial de Deus em Cristo Jesus (Fp 3. 13, 14 NVI). Sem alvos estabelecidos, sem corretas motivações e sem certezas inabaláveis, no perdemos na caminhada, e mais a nossa alegria se esvai diante da primeira oposição. Que possamos tomar o exemplo do apóstolo e seguir em frente, em nome de Jesus.
 
Pr Marcelo Medeiros, em Cristo
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