Pesquisar este blog

domingo, 26 de abril de 2015

O que dizem os pais da igreja sobre o livre-arbítrio? (A Falácia do CACP)



Li um artigo no site do CACP (Centro Cristão Apologético de Pesquisa) afirmando que os pais da Igreja eram defensores do livre arbítrio. A informação não é de todo estranha uma vez que o referido toma como fonte as citações do teólogo e filósofo Norman L Geisler em seu livro Eleitos, mas livres. A minha estranheza se deu pelo fato do autor conseguir enxergar livre arbítrio na Bíblia [aqui]. 

Falo assim, porque enxergo uma distância muito grande entre o suposto direito de escolha e a liberdade para de fato obedecer a lei, ou os mandamentos do Senhor. Mas para que arminianos não digam que estou vendo coisas que não existem na Bíblia, vou tecer algumas considerações a respeito da visão do Deuteronômio e a lei. 

Deus disse, por meio de Moisés: Eis que hoje eu ponho diante de vós a bênção e a maldição (Dt 11. 26 ACF). Agora preste atenção neste texto: 
Os céus e a terra tomo hoje por testemunhas contra vós, de que te tenho proposto a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe pois a vida, para que vivas, tu e a tua descendência, Amando ao Senhor teu Deus, dando ouvidos à sua voz, e achegando-te a ele; pois ele é a tua vida, e o prolongamento dos teus dias; para que fiques na terra que o Senhor jurou a teus pais, a Abraão, a Isaque, e a Jacó, que lhes havia de dar (Dt 30. 19, 20 ACF). 
Uma leitura superficial pode dar a entender que o texto seja uma clara defesa do livre arbítrio. Nada mais enganoso. Por quê? Simples, qualquer seminarista e aluno da escola bíblica dominical sabe que a Bíblia é a fiel interprete de si mesma. Qual o evangélico devidamente ambientado que nunca ouviu a frase texto sem contexto é pretexto para heresia? Agora a pergunta crucial, por que o contexto de Deuteronômio não é levando em conta quando se quer ver aqui o que não há - a doutrina do livre arbítrio? 

Um primeiro fator a ser levado em conta é que a leitura da lei em Deuteronômio, toma como certa a possibilidade de que Israel não a cumpriria. Não se trata de um conhecimento antecipado dos atos futuros do povo, mas também de um conhecimento pessoal. Deus sabe que o povo é de dura cerviz, logo, eles não possuem um coração disposto a obedecer a voz de Deus, bem como aos seus mandamentos. 

Uma particularidade da Teologia do Dt é que ali a centralidade da piedade é colocada no coração. A obediência aos mandamentos deve ser baseada no amor a Deus de todo o coração (Dt 6. 5, 6; 11. 13). A sabedoria judaica entende que o coração é o local de onde procedem as saídas da vida (Pv 4. 23). E no Dt há uma antecipação de que o coração tem de ser circuncidado (operado para que as impurezas sejam removidas). Veja então o texto abaixo:
E sucedeu que, ouvindo a voz do meio das trevas, e vendo o monte ardendo em fogo, vos achegastes a mim, todos os cabeças das vossas tribos, e vossos anciãos; E dissestes: Eis aqui o Senhor nosso Deus nos fez ver a sua glória e a sua grandeza, e ouvimos a sua voz do meio do fogo; hoje vimos que Deus fala com o homem, e que este permanece vivo. Agora, pois, por que morreríamos? Pois este grande fogo nos consumiria; se ainda mais ouvíssemos a voz do Senhor nosso Deus morreríamos. Porque, quem há de toda a carne, que ouviu a voz do Deus vivente falando do meio do fogo, como nós, e ficou vivo? Chega-te tu, e ouve tudo o que disser o Senhor nosso Deus; e tu nos dirás tudo o que te disser o Senhor nosso Deus, e o ouviremos, e o cumpriremos. Ouvindo, pois, o Senhor as vossas palavras, quando me faláveis, o Senhor me disse: Eu ouvi as palavras deste povo, que eles te disseram; em tudo falaram bem. Quem dera que eles tivessem tal coração que me temessem, e guardassem todos os meus mandamentos todos os dias, para que bem lhes fosse a eles e a seus filhos para sempre. Vai, dize-lhes: Tornai-vos às vossas tendas. Tu, porém, fica-te aqui comigo, para que eu a ti te diga todos os mandamentos, e estatutos, e juízos, que tu lhes hás de ensinar, para que cumpram na terra que eu lhes darei para possuí-la. Olhai, pois, que façais como vos mandou o Senhor vosso Deus; não vos desviareis, nem para a direita nem para a esquerda. Andareis em todo o caminho que vos manda o Senhor vosso Deus, para que vivais e bem vos suceda, e prolongueis os dias na terra que haveis de possuir (Dt 5. 23 - 33 ACF). 
Perceba que mesmo ordenando ao povo que cumpra com os mandamentos Deus sabe que o mesmo não possui um coração que o tema. 
Estas são as palavras da aliança que o SENHOR ordenou a Moisés que fizesse com os filhos de Israel, na terra de Moabe, além da aliança que fizera com eles em Horebe. E chamou Moisés a todo o Israel, e disse-lhes: Tendes visto tudo quanto o Senhor fez perante vossos olhos, na terra do Egito, a Faraó, e a todos os seus servos, e a toda a sua terra; As grandes provas que os teus olhos têm visto, aqueles sinais e grandes maravilhas; Porém não vos tem dado o Senhor um coração para entender, nem olhos para ver, nem ouvidos para ouvir, até ao dia de hoje (Dt 29. 1 - 4 ACF).  
Este texto deixa vlaro que somente mediante uma intervenção divina o homem pode vir a ter um novo coração e com este a disposição, ou como diria Edwards a motivação correta para temer a Deus e obedecê-lo. 

Aqui convém deixar claro que pouco importa a falsa solução que o arminianismo dá para esta questão, se a graça é soberana, ou preveniente. O fato é que sem que Deus intervenha, sem que o coração seja mudado, não há a mínima possibilidade de que o homem satisfaça as condições exigidas na lei. 

Assim, Deus pede para que o povo escolha (Dt 30. 19, 20), mas sabe que o povo não escolherá, tanto que o exílio já é previsto (Dt 30. 1 - 4), como é prevista que a libertação do mesmo se dará mediante a circuncisão que Deus fará no coração humano. 

Concluo que não há na Bíblia espaço para que se creia em algo como livre arbítrio. quanto as citações dos pais da Igreja é necessário maior material para que se saiba o que os mesmos pretendem combater. Com toda certeza não é o Calvinismo, e menos ainda o Arminianismo, visto que ambas são leituras históricas da Bíblia com a fins de resolução de problemas históricos específicos que não foram sequer cogitados pelos cristãos primitivos. Mas falarei mais a respeito em outro artigo. 

Abraços calvinianos em Cristo. Marcelo Medeiros. 

sábado, 25 de abril de 2015

A Tentação de Jesus



O presente post tem como objetivo uma breve incursão no relato de tentação conforme registrado no Evangelho de Lucas. Alguns problemas a serem colocados são: Qual é a essência da tentação sofrida pelo Salvador? Sendo Jesus plenamente Deus, por que se permitiu ser tentado por Satanás? Qual o propósito de Cristo ter sido tentado? São questões a serem refletidas e respondidas neste estudo.

O CONTEXTO DA TENTAÇÃO

Tanto no relato de Lucas quanto no de Mateus a tentação é trabalhada como algo que ocorre após o batismo de Jesus. Daí que na percepção do autor do deste post não seja viável uma compreensão da tentação sem uma compreensão dos fatos ocorridos no batismo de Jesus, sendo que para o propósito do presente estudo será considerado o relato de Lucas.
Ora, tendo todo o povo recebido o batismo, e no momento em que Jesus também batizado, achava-se em oração, o céu se abriu, e o Espírito Santo desceu sobre ele em forma corporal, como pomba. E do céu veio uma voz: Tú és o meu filho eu, hoje te gerei (Lc 3. 21, 22 Bíblia de Jerusalém). 
Mas se o batismo de João era de arrependimento por que Jesus, que não tinha pecado (Jo 8. 46; Hb 4. 15), que fora gerado pelo Espírito Santo se batizou (Mt 1. 18 - 21; Lc 1. 35)? Instado por João, Jesus disse que convinha o cumprimento de toda a justiça (Mt 3. 15). Mas que Justiça é esta? Diante deste questionamento, é natural que os teólogos respondam que a justiça é o processo mediante o qual Cristo antecipa em seu batismo o seu papel como substituto do homem (II Co 5. 21).

Mas um detalhe destacado por Piper em sua Cristologia bíblica, ou evangélica, é a pobreza de Cristo. Esta se manifestou na ausência de bens, mas também na ausência de um nome. O milagre da concepção de Cristo é algo aparentemente fácil de ser entendido e aceito hoje, mas na época causou tamanho constrangimento que José quis deixar Maria em segredo [aqui]. Foi a intervenção do anjo que impediu tal empreitada.

Contudo, a revelação do anjo para José foi de teor pessoal, ao invés de público. Os comentários advindos do estranho fato de um filho gerado antes do tempo somente naquele dia serão revelados. Para todos os efeitos, no entendimento de Piper, é a de que fama de Jesus entre os judeus não era boa. Em um dos embates entre ele e Cristo, este os confrontou com as seguintes palavras: vós, porém procurais matar-me, a mim, que vos falei a verdade que ouvi de Deus. Isso Abraão não fez. Vós fazeis a obra de vosso pai (Jo 8. 40, 41a Bíblia de Jerusalém). Diante da acusação os judeus lhe responderam: não nascemos de prostituição, temos só um pai, que é Deus (Jo 8. 41b Bíblia de Jerusalém). No entendimento de Piper, os judeus estão lançando em rosto a origem duvidosa de Cristo.

Mas independente do que se comentava a respeito de Cristo, Deus deu sucessivos testemunhos a respeito do seu Filho, conforme explicitado pelos autores evangélicos e pelo autor da carta aos Hebreus. O anjo falou com Maria, os anjos falaram com os pastores no campo, o Espírito falou com
Simeão, e com Ana, e agora, no momento do batismo vem uma voz do céu a fim de corroborar tudo o que já havia sido falado. Mas o que os fatos do Batismo têm a ver com a tentação em si? É esta pergunta que será respondida no próximo tópico deste breve estudo.

A TENTAÇÃO

A tentação possui:

  1. Um cenário (o deserto)
  2. Um agente da tentação (O Diabo, cujo nome significa caluniador, difamador), 
  3. um paciente (alguém que sofre a tentação, neste caso Jesus). 
  4. Os elementos
Cabe dizer que Cristo é plenamente Deus (Cl 2. 9) e plenamente humano (I Tm 2. 5). Como homem ele foi tentado tanto por Satanás quanto por outros homens (Mt 4. 1; 16. 1; Lc 4. 1), de forma que o autor sacro aos  hebreus acertadamente afirma que ele foi tentado em tudo, mas sem pecado (Hb 4. 15). 

Jesus, pleno do Espírito Santo, voltou do Jordão; era conduzido pelo Espírito através do deserto (Lc 4. 1). 

O texto diz que a tentação ocorreu imediatamente após o batismo de Jesus, após a experiência de ter ouvido a voz dos céus, de ter experimentado o Espírito Santo descer sobre ele em forma de pomba. Tentações ocorrem após grandes momentos de espiritualidade profunda. Foi isto que aconteceu com Jesus aqui, ao voltar do Jordão. 

Existem experiências espirituais que deixam uma sensação de vacuidade. Entretanto a experiência de Jesus no Jordão fez com que ele voltasse cheio, pleno do Espírito Santo, o mesmo que impulsiona sua vida ministerial. Em Atos Lucas faz questão de recorrer ao discurso de Pedro na casa de Cornélio, quando este afirmou: Sabeis o que aconteceu por toda a Judéia: Jesus de Nazaré, começando pela Galiléia, depois do batismo proclamado por João, como Deus o ungiu com o Espirito Santo e com poder, e ele passou fazendo o bem e curando a todos os oprimidos do diabo (At 10. 37, 38 Bíblia de Jerusalém). 

Jesus foi conduzido pelo Espírito no deserto, ao longo da caminhada que fez do Jordão e no ermo. O Espírito esteve sobre Maria para que ele fosse concebido, esteve sobre Simeão para que este o reconhecesse, esteve sobre João Batista, a fim de que este preparasse o caminho para o Messias, e agora está sobre Cristo. 

Nada comeu nestes dias e passado o tempo, teve fome. Disse-lhe então o Diabo: se és o Filho de Deus manda que esta pedra se transforme em pão (Lc 4. 2, 3 Bíblia de Jerusalém). 

A necessidade associada à fraqueza oriunda da fome, foi a oportunidade vital que o adversário empregou para tentar a Cristo. Foram situações similares a esta que levaram o povo de Israel a sucumbir no deserto. Mesmo diante das inúmeras demonstrações de poder e dos sinais e maravilhas no Egito, eles murmuraram diante do mar, em Elim e por toda a caminhada. A falta de memória mina a resistência humana diante da tentação. 

Com a primeira proposta e com a última (segundo o relato de Lucas), o diabo quer colocar em xeque a filiação de Cristo. Se és o Filho de Deus, é mais do que uma dúvida capciosa, é um desafio à deidade de Cristo que se repetiu quando os fariseus afirmaram que Jesus expulsava demônio por Belzebú (Mt 12. 22ss), e não satisfeitos com a resposta que Cristo lhes deu, lhe pediram um sinal (Mt 12. 38), quando na controvérsia com os judeus estes lhe perguntaram se ele era maior do que Abraão (Jo 8. 53), quando na cruz os seus algozes o desafiaram a descer (Mc 15. 31, 32). 

Somente a experiência do Jordão, e a do monte da transfiguração habilitaram Jesus a manter sua identidade e resistir a primeira insídia do diabo. Não é nada incomum acreditar que o Espírito testificou para Cristo publicamente e intimamente a sua filiação com relação ao Pai. De sorte que ele não se viu forçado a fazer sinais, com vistas a comprovar sua filiação divina, nem para o diabo, e nem para os seus adversários políticos. 

Replicou-lhe Jesus: Está escrito: não só de pão vive o homem (Lc 4. 4 Bíblia de Jerusalém). 

O homem precisa de pão para se alimentar, é claro, mas ele não depende exclusivamente do pão. a vida é dada e sustentada por Deus. E Jesus disse: pois a vida é mais do que o alimento e o corpo mais que a roupa (Lc 12. 23 Bíblia de Jerusalém), dizendo com isto que viver é muito mais do que comer e vestir-se. 

A citação do Deuteronômio revela que, ao contrário da disposição de povo de Israel, Jesus se abandonará radicalmente à providência divina, confiando exclusivamente no Pai. Viver para Jesus é partilhar da vida que ele tinha junto ao pai desde antes da fundação do mundo. 

O diabo levando-o para mais alto, mostrou-lhe num instante todos os reinos da terra e disse-lhe: Eu te darei todo este poder com a glória destes reinos, porque ela me foi entregue e eu a dou a quem quiser. Por isto, se te prostrares diante de mim, toda ela será tua (Lc 4. 5 - 7 Bíblia de Jerusalém). 

Se na tentação anterior o Diabo apelou para a concupiscência da carne, nesta ele apela para a concupiscência dos olhos. Ele busca usar a glória dos reinos do mundo com o intuito de seduzir a Jesus. De fato os reinos deste mundo constituem uma sedução aos homens. Mas é preciso escolher entre a glória de Deus e a dos homens, pois a amizade ao mundo é inimizade contra Deus (Tg 4. 1 - 4). 

Em sucessivos textos Satanás é descrito como sendo o príncipe deste mundo (Jo 12. 31; 14. 30; 16. 11), Paulo faz menção deste como sendo o deus deste século (II Co 4. 4) e João afirma que o mundo está sob o poder deste (I Jo 5. 19). Embora a terra seja propriedade do Senhor (Ex 19. 5, 6; Sl 24. 1), por direito de criação, os sistemas políticos deste mundo estão sob domínio de Satanás, tanto que o mundo rejeitou a Cristo. 

O preço que o diabo pede de Cristo para que ele alcance o Reino sem a cruz é tão somente que este se prostre aos seus pés e o o adore. Cristo responde que somente a Deus cabe a adoração. Está escrito: adorarás ao Senhor teu Deus, e só a ele prestarás culto (Lc 4. 8 Bíblia de Jerusalém). Novamente Jesus responde com as palavras do Deuteronômio. 

Conduziu-o depois a Jerusalém, colocou-o sobre o pináculo do templo, e disse-lhe: Se tu és o filho de Deus atira-te para baixo, porque está escrito: Ele dará ordem aos teus anjos a teu respeito para que te guardem. E ainda: eles te tomarão pelas mãos para que não tropeces em nenhuma pedra. Mas Jesus lhe respondeu: foi dito: não tentarás ao Senhor teu Deus. Tendo acabado toda a tentação o diabo o deixou até o tempo oportuno (Lc 4. 9 - 13 Bíblia de Jerusalém). 

De diferente nesta tentação é o local. Ela se dá em Jerusalém no pináculo do templo, que segundo Vincent é o pico, ou a região pontiaguda de uma torre, que distava de uma altura de aproximadamente cento e quarenta metros do vale de Cedrom. Aqui a filiação é associada com o fazer com que Deus atenda o homem nos mínimos caprichos. 

Outro fator é o uso das Escrituras fora de contexto, e pior, Jesus de fato, poderia ter feito com que anjos o socorressem caso ele se lançasse, e mais, devida a ênfase que este lado da construção, é possível que além de popular ela fosse muito frequentada. Novamente Cristo responde com as palavras do Deuteronômio não tentarás ao Senhor teu Deus. Tentar aqui é desafia-lo de forma a tentar fazer com que ele faça aquilo que o ser humano quer que ele faça. 

CONCLUSÃO

A tentação de Jesus é a tentação de cada crente, de cada servo de Deus. As necessidades mais básicas constituem fonte de tentação. Mas a sede de poder e glória também o é, e a sensação de controle sobre o sagrado é a pior tentação. Cair nesta produz o maior tipo de pecado. Mas a vitória de Cristo deixa uma lição que é corroborada em sua vida. Ele venceu o diabo na cruz, e podemos vencer também. 

Marcelo Medeiros. 


segunda-feira, 13 de abril de 2015

Silas Malafaia e Jean Wyllys na moral



O assunto do momento é o anúncio, nas redes sociais de um debate entre Silas Malafaia, Jean Wyllys e Jô Soares, a respeito de família, homofobia, sexualidade e temas afins. O programa? Na moral? O apresentador? Pedro Bial! Com respeito a Silas é mais que conhecido dos leitores deste blog, que este autor tem uma série de senões em relação à Teologia e posicionamentos do mesmo. Mas a participação dele no debate tem sido fundamental. 

Não há como esperar que neste mundo caído (termo teológico para a ambivalência humana, principalmente para a potencialidade que o gênero possui para o mal) que as pessoas sigam o casamento nos moldes bíblicos. É uma contradição um evangélico pensar de forma tão limítrofe. Outro fator a ser seriamente considerado é que não se pode impor a moral bíblica, cristã, evangélica, protestante, ou chame do nome que quiser. Ou ela é gerada por uma experiência chamada regeneração, ou não existe de fato. 

O coração, este sim, é o cerne da religiosidade bíblica. A moral imposta é invalidade por este pressuposto. É na vida do Espírito que o homem atinge o padrão de santidade e de justiça. Face ao exposto a influência do crente em todos os campos da cultura é similar à do sal. Pequena, imperceptível, mas pontual. Feitas as considerações supra, convém falar algo da participação de Silas Malafaia. 

A forma consensual como o debate tem sido conduzido é simplesmente inaceitável, do ponto de vista deste autor. No discurso de Wyllys crentes são responsáveis pela homofobia, pelo suicídio de homossexuais e lésbicas. A tática deste quase intelectual orgânico é uma forma de constrangimento, uma vez que ninguém defende uma ideia associada ao nazismo, ao preconceito. Ao ver deste escritor, uma forma que é ao mesmo tempo inteligente e desonesta de vencer debates, na verdade aniquilar com a discussão. 

A discurso favorável à pluralidade, na percepção deste blogueiro, é uma cortina de fumaça para uma ideologia planificadora. A diferença é que no lugar de centros a ausência de centro, sendo esta o próprio centro. O resultado é uma pluralidade que em nada é plural. 

Jô Soares comprou definitivamente a ideia, e a entrevista dele com Crivella foi, ao ver deste escritor, um constrangimento,ou seja mais do mesmo visto em Wyllys. Não é dada ao cristão outra via para se vencer esta luta além da sólida exposição de ideias aliada à firmeza e à capacidade de resistir às ofensas pessoais. Em outras palavras não há motivos para euforia dos evangélicos em redes sociais, afinal, será necessário um Silas Malafaia que concilie as qualidades listadas acima com a sagacidade e alerta à piadinhas que visam desestabilizar o interlocutor. Crente orem por Silas Malafaia, mas orem mesmo!

Marcelo Medeiros

sexta-feira, 10 de abril de 2015

O Nascimento de Jesus



Da acordo com Paul Jhonson o período em que Jesus nasceu era extremamente turbulento. O território conhecido como Palestina era um misto de prosperidade material e turbulência política. Herodes, o Grande vivia atormentado pela possibilidade de vir a ser removido de sua posição política privilegiada. As constantes revoluções somadas aos boatos de nascimento de um herdeiro de Davi eram motivos de sobra para a paranoia.

Neste contexto histórico Cesar Augusto promoveu um censo, que foi muito contestado pelos historiadores até meados do século passado. Foi quando se descobriram no Egito alguns recibos censitários datados do segundo século da atual era. Somados às menções de Josefo ao senso promovido por Quirino em VI d. C, permitem o estabelecimento da hipótese da correção de Lucas quanto à narração de tal evento.

Este estudo tem como objetivo elucidar os fatos pertinentes ao nascimento de Cristo. A anunciação, o censo, os pastores no campo, a aparição dos anjos, o cântico dos mesmos, a apresentação de Jesus no templo, sua circuncisão, etc... Feitos os esclarecimentos supra, convém que se prossiga com o presente estudo.

O CONTEXTO HISTÓRICO
E aconteceu naqueles dias que saiu um decreto da parte de César Augusto, para que todo o mundo se alistasse (Este primeiro alistamento foi feito sendo Quirino presidente da Síria). E todos iam alistar-se, cada um à sua própria cidade (Lc 2. 1 - 3 ACF)
O texto de Lucas traz a informação de um senso que foi realizado por ordem de César Augusto no período em que Quirino [κυρηνιου], sendo este o seu nome na forma grega, ou Cirênio na forma latina. Na época es presidente da Síria. Uma questão crucial a ser considerada é a de que fossem as informações do aludido evangelista carentes de veracidade, as mesmas teriam de serem desmentidas por documentos da época. Mas o que se observa é um ceticismo lançado contra a informação prestada. O fundamento da suspeita, infelizmente, não é a falta de veracidade, mas de documentação correlata comprovando que tal senso de fato tenha ocorrido.

Esta ideia predominou de meados do séc. XIX, para meados do XX. Descobertas de recibos e decretos entre os papiros do Egito trouxeram nova luz aos estudos. Por meio destas foi possível constatar que a cada ciclo de catorze anos eram realizados sensos. A estas foram somadas outras inscrições indicando que Augusto foi o primeiro a ordenar o censo imperial. 


Bruce Stark, em seu artigo censo informa-nos de que no período em apreço ocorreu uma revolta liderada por Judas Galileu, possivelmente contrariados com a política imperial. A despeito das descobertas mencionadas no presente texto, a exatidão doo momento histórico em que tal censo se deu é motivo de controvérsia, visto que a julgar pelas informações dadas por Josefo, a ocorrência do recenseamento teria se dado após o nascimento de Cristo.


Uma tese que tem ganho bastante força no sentido de conciliar as declarações de Lucas com as de Josefo é a defendida por Irvine Robertson, sob a ótica deste erudito o senso narrado por Lucas na verdade é um passo inicial para o verdadeiro grande censo histórico. Afinal uma crise política decorrente do crescente descrédito de Herodes tinha de ser resolvida. Uma iniciativa tomada por inicialmente por Augusto foi a de tratar a região palestina como uma província qualquer do Império (o que explica a revolta liderada por judas Galileu). Na resolução da crise o senso foi suspenso temporariamente.
E disse-lhes: Homens israelitas, acautelai-vos a respeito do que haveis de fazer a estes homens, Porque antes destes dias levantou-se Teudas, dizendo ser alguém; a este se ajuntou o número de uns quatrocentos homens; o qual foi morto, e todos os que lhe deram ouvidos foram dispersos e reduzidos a nada. Depois deste levantou-se Judas, o galileu, nos dias do alistamento, e levou muito povo após si; mas também este pereceu, e todos os que lhe deram ouvidos foram dispersos (At 5. 35 - 37 ACF).
Por algum tempo a menção de Teudas ao lado da de Judas,ou melhor colocando aquele como anterior a este, tem gerado problemas. O principal é o fato de que o Teudas reconhecido historicamente é o mencionado por Josefo. Este teve seu movimento foi sufocado por Fado. A solução para este problema data dos primórdios da atual era, quando se propôs a existência de mais de um homem com este nome. A hipótese ganha plausibilidade na medida em que se percebe que dentre as revoluções ocorridas na época três foram lideradas por homens com o nome de Judas.

Estes detalhes históricos serão de extrema importância na medida em que as lições sobre o Evangelho de Lucas forem se desenvolvendo. No tocante aos milagres de Jesus, por exemplo, Paul Johnson destaca o perigo que alguém vindicar para si que era capaz de operar milagres. A história mostra que uma explicação plausível para tal era que os revolucionários, dentre os quais Teudas reivindicavam este poder.

A respeito de Judas Galileu, ele é um revolucionário que provocou um levante contra Roma, por causa da questão dos tributos. Nesta época Roma vindicava para si o direito de tributar livremente a Judeia e adjacências. Sua revolta foi sufocada, mas há uma concordância de que das ações deste tenha surgido o movimento conhecido como Zelote. No ministério de Cristo há um homem chamado Simão, que era zelote (Lc 6. 15).

UMA TEOLOGIA SOCIAL IMPLÍCITA

No estudo passado foi afirmado o interesse de Lucas pelo social, particularmente pelos pobres [aqui]. Paul Johnson afirma que naquela época a vida era extremamente barata. Os pobres desprezados. Mas isto, claro, não se aplicava a qualquer tipo de pobre, mas a um especificamente. Segundo o autor em apreço, os pobres judeus eram amparados. O que é confirmado pela prática da esmola, comum no judaísmo desde o período inter bíblico. O problema eram os pobres estrangeiros que estavam na região da Galiléia.

O nascimento de Jesus em uma estrebaria revela a plena identificação do Deus Eterno e Poderoso com os pobres e destituídos de bens. A razão de ser desta afirmação é plenamente justificável à luz do fato inconteste de que o Rei eterno nasceu em uma estrebaria.
E subiu também José da Galiléia, da cidade de Nazaré, à Judéia, à cidade de Davi, chamada Belém (porque era da casa e família de Davi), A fim de alistar-se com Maria, sua esposa, que estava grávida. E aconteceu que, estando eles ali, se cumpriram os dias em que ela havia de dar à luz. E deu à luz a seu filho primogênito, e envolveu-o em panos, e deitou-o numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na estalagem (Lc 2. 4 - 7 ACF). 
Todavia o processo não para aí. A história envolvendo o nascimento de Jesus começou com a visita de um mensageiro celestial, por nome de Gabriel, com fins de anunciar que uma menina comprometida com um homem da casa de Davi, havia sido escolhida por Deus para ser a mãe do futuro Messias.

Aos olhos do leitor da história esta é uma linda narrativa, mas cabe a pergunta: como o homem moderno (o que inclui este escritor e o leitor), reagiriam diante da história de uma menina, noiva de um rapaz serio, que aparecesse grávida e dizendo que a gravidez era fruto de uma obra do Espírito Santo? Pense que de acordo com o relato de Mateus o próprio José se viu profundamente dividido, Por este motivo ele planejou deixar a jovem secretamente, sem apresentar uma acusação formal de adultério.

Diante de tais elementos, é viável considerar que o casal tenha aproveitado a ocasião do senso para que a criança nascesse fora do ambiente e longe dos rumores. Werner Keller especula a possibilidade de que se tenha espalhado um boato de que Jesus era filho de Maria com um soldado estrangeiro. Jonh Piper fala sobre este assunto ao abordar a questão da pobreza de Cristo, que sequer um nome e boa fama teve.

É neste ponto que se faz necessário considerar os testemunhos que Deus deu a respeito do seu próprio Filho. Este nasceu destituído do bom nome diante dos homens, mas conforme diz o autor aos Hebreus, que ele (Cristo) recebeu um nome mais excelente que os anjos. Não se trata do nome que foi revelado para que José colocasse na criança, mas do título de Filho, visto que o autor prossegue dizendo: a qual dos anjos Deus disse jamais: "tu és meu filho, hoje te gerei", e: "eu lhe serei por Pai, e ele me será por Filho"(Hb 1. 4, 5).

E, respondendo o anjo, disse-lhe: Descerá sobre ti o Espírito Santo, e a virtude do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; por isso também o Santo, que de ti há de nascer, será chamado Filho de Deus (Lc 1. 35 ACF). Perceba que o testemunho do anjo é que Jesus é αγιον κληθησεται υιος θεου (hagion klehesetai hios Theou), ou seja, chamado santo e Filho de Deus.

Lucas alista então o testemunho dos anjos aos pastores, o testemunho de Simeão e Ana, a teofania do Espirito Santo no momento do batismo, o testemunho do próprio João Batista, mesmo dos demônios (Lc 4. 34, 35). Os dois primeiros serão abordados neste estudo, os demais serão deixados para sequência de estudos da presente lição de Escola bíblica.

O TESTEMUNHO DOS ANJOS
E eis que o anjo do Senhor veio sobre eles, e a glória do Senhor os cercou de resplendor, e tiveram grande temor. E o anjo lhes disse: Não temais, porque eis aqui vos trago novas de grande alegria, que será para todo o povo: Pois, na cidade de Davi, vos nasceu hoje o Salvador, que é Cristo, o Senhor. E isto vos será por sinal: Achareis o menino envolto em panos, e deitado numa manjedoura. E, no mesmo instante, apareceu com o anjo uma multidão dos exércitos celestiais, louvando a Deus, e dizendo: Glória a Deus nas alturas, Paz na terra, boa vontade para com os homens (Lc 2. 9 - 14 ACF). 
Algumas observações a serem feitas sobre este texto:

  1. A mensagem da concepção de Jesus foi trazida por um anjo, a notícia de que a gravidez de Maria era obra do Espirito de Deus, idem. De modo análogo os anjos anunciam o nascimento de Cristo aos pastores no campo. 
  2. A manifestação dos anjos trouxe a manifestação da glória do Senhor. Tal como nas ocorrências do Antigo Testamento, esta glória produz terror, medo nos que presencia a manifestação. 
  3. A expressão não temais prenuncia o caráter da mensagem que os anjos estão para trazer, uma mensagem que é classificada como: ευαγγελιζομαι υμιν χαραν μεγαλην (euanggelizomai hymin charan megaleen), uma notícia que produz grande alegria. 
  4. A alegria está ligada ao nascimento de uma criança especial. Jesus, é esta criança. Ele não nasceu nos palácios, ou em um lar nobre, mas em uma estrebaria e os pastores que ali estão são os convidados a estarem na comitiva de recepção da figura mais importante da história da humanidade. 
  5. Este menino é o σωτηρ (sooteer), salvador. Em seu cântico Maria já havia declarado: A minha alma engrandece ao Senhor, E o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador (Lc 1. 46b, 47 ACF). Cristo é o salvador não apenas do povo de Israel, mas de todas as nações (Lc 2. 32; 3. 6). 
  6. Ele é χριστος (Christos), forma grega do hebraico מָּשִׁ֖יחַ. O Sentido deste termo é o Ungido. o título em apreço é reservado ao descendente de Davi, conforme lido no saltério (Sl 2. 1, 2). Neste sentido Jesus é o legítimo herdeiro do trono de Davi, conforme dito pelo anjo. E eis que em teu ventre conceberás e darás à luz um filho, e pôr-lhe-ás o nome de Jesus. Este será grande, e será chamado filho do Altíssimo; e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai; E reinará eternamente na casa de Jacó, e o seu reino não terá fim  (Lc 1. 31 - 33). 
  7. Ele é Senhor (κυριος - Kyrois), indica poder e autoridade supremos. No caso de Cristo o nome indica sua divindade, uma vez que este é o termo empregado pelos tradutores da LXX para designar o próprio Deus. 
  8. O louvor dos anjos é indicador de que o nascimento da criança é fator preponderante para o estabelecimento da paz na terra. 
Feitas as observações supra convém passar ao testemunho de Ana e Simeão. 

SIMEÃO E ANA
E, cumprindo-se os dias da purificação dela, segundo a lei de Moisés, o levaram a Jerusalém, para o apresentarem ao Senhor (Segundo o que está escrito na lei do Senhor: Todo o macho primogênito será consagrado ao Senhor); E para darem a oferta segundo o disposto na lei do Senhor: Um par de rolas ou dois pombinhos (Lc 2. 22 - 24 ACF). 
Cristo nasceu de mulher e sob a lei (Gl 4. 4, 5). A oferta  apresentada pelo casal era a oferta típica de pessoas que não dispunham de recursos. E, quando forem cumpridos os dias da sua purificação por filho ou por filha, trará um cordeiro de um ano por holocausto, e um pombinho ou uma rola para expiação do pecado, diante da porta da tenda da congregação, ao sacerdote  (Lv 12. 6 ACF). 
Havia em Jerusalém um homem cujo nome era Simeão; e este homem era justo e temente a Deus, esperando a consolação de Israel; e o Espírito Santo estava sobre ele. E fora-lhe revelado, pelo Espírito Santo, que ele não morreria antes de ter visto o Cristo do Senhor. E pelo Espírito foi ao templo e, quando os pais trouxeram o menino Jesus, para com ele procederem segundo o uso da lei, Ele, então, o tomou em seus braços, e louvou a Deus, e disse: Agora, Senhor, despedes em paz o teu servo, Segundo a tua palavra; Pois já os meus olhos viram a tua salvação, A qual tu preparaste perante a face de todos os povos; Luz para iluminar as nações, E para glória de teu povo Israel (Lc 2. 25 - 32 ACF). 

  1. Simeão era temente a Deus
  2. Esperava a consolação de Israel
  3. O Espírito Santo estava sobre ele.  
  4. O mesmo Espírito lhe revelou que não morreria sem ver a consolação de Israel
  5. Foi ao Templo movido pelo Espírito de Deus
  6. Quando percebeu pelo Espírito que a promessa fora cumprida louvou a Deus. 
  7. Reconheceu que os gentios tinham participação na promessa. 


Mas também afirmou: Eis que este é posto para queda e elevação de muitos em Israel, e para sinal que é contraditado (E uma espada traspassará também a tua própria alma); para que se manifestem os pensamentos de muitos corações (Lc 2. 34, 25 ACF). O mesmo Cristo que é salvador é pedra de tropeço, rocha de escândalo (Is 8. 16; Rm 9. 33; I Co 1. 23). Isto, em parte por sua origem duvidosa, aos olhos dos homens. Mas, há que se entender com Paul Johnson e Piper que o fundamento do ódio do mundo por Cristo se deve pelo fato dele ser a luz, e o mundo estar em trevas, ou por Jesus ser a encarnação da verdade em contraste com um mundo cada vez mais antagônico para com a mesma. 

Marcelo Medeiros. 

quarta-feira, 8 de abril de 2015

Redução da maioridade penal



O assunto do momento é a aprovação, na câmara do projeto de redução da menoridade penal. Antes da aprovação no senado é perceptível a reação que o mesmo tem causado junto ao público. Não faltam aqueles que identificam o processo como um retrocesso ora em virtude do contexto mundial, ora em razão do processo histórico dos direitos da criança e do adolescente neste país. 

Os que se manifestam favoráveis o fazem em razão da escalada da violência, (falo dos assaltos cometidos por menores nas calçadas dos centro do Rio e do emprego dos mesmos como mão de obra no tráfico de drogas). Mas não posso deixar de ver esta visão como maniqueísta. A violência não é algo que está lá fora, mas que está dentro de cada um, e da qual se escapa mediante mecanismos existenciais, tais como escrever, ler, estudar, praticar esporte, trabalhar, crescer e ascender socialmente. 

Do outro lado da ponta está os que sinalizam a educação como saída para o problema do menor infrator, o que entendo como igualmente ingênuo, e vou explicar o motivo. Educação é mais do que escolarização, é o processo de transmissão de valores, saberes e práticas. Ela transcende a escola integral, e a diversidade de teorias pedagógicas. 

Desde oitenta e seis, com a candidatura de Darcy Ribeiro lido com este ideal de que a educação seria a solução para os problemas, dentre os quais, a escalada da violência. Mas ele não explica o fenômeno da violência na classe média, por exemplo, sem falar da influência de uma visão acrítica da educação como redenção. Mas o pior problema para os que defendem tal opinião não esta aí. 

Entendo que o maior problema para os que defendem que a saída para este quadro seja o investimento em educação seja tornar tal proposta efetiva. Da maneira como se fala, a educação ideal é sempre algo que está por se concretizar. Algo utópico, enquanto a violência se apresenta como concreto. Daí a descrença de muito gente boa em relação a esta proposta. 

Creio que no fundo, no fundo as pessoas que defendem a redução da menoridade penal sabem que a mesma não é a solução, mas o grito por medidas efetivas e o acuo em que a população se encontra promove tais medidas como saídas messiânicas, ao passo que são meras válvulas de escape. Eu gostaria de apresentar nas breves palavras que encerram este post. 

Creio que o que falta a quem se entrega à marginalidade é esperança. Não falo da espera letárgica que paralisa, mas esperança do verbo esperançar, a capacidade de criar utopias, falo de propostas que visem melhorar o mundo que incentivam as pessoas a olharem para o horizonte. Enquanto se olhar com saudosismo para o passado a geração atual transmitirá às gerações que virão a ideia de que a vida não é boa, não presta. E face a esta visão negativa nem a educação resolve. 

Me lembro que ao entrar na escola tinha um horizonte de possibilidades profissionais, sociais, e afetivos á minha frente. Qual o horizonte de quem se entrega para o tráfico, de quem opta por praticar pequenos delitos, de quem barateia a vida alheia? Mais do que isto que horizonte um país como este oferece? Corruptores e corruptos beneficiados por brechas na lei, por esquemas partidários, pela letargia do judiciário (tudo isto contrastando com gente humilde que é presa por ter roubado para comer)? 

Para mim, o clima político, a forma de se fazer política nesta nação já é por si só indício de que está faltando esperança. A aposta em medida paliativas como esta da redução da menoridade penal, a ascensão de politicas salvacionistas (sejam de esquerda, ou de direita), são claros indicadores de desespero. Repito aqui a frase de João Alexandre: onde estará a esperança outrora perdida? A saída? No refrão da música Brasil, olha pra cima.....


Marcelo Medeiros

sábado, 4 de abril de 2015

Kim Kataguiri versus Jean Wyllys



O mais novo meme da net é o vídeo de um neto de japoneses, defensor do liberalismo econômico, que infelizmente não alçou à popularidade em razão das ideias econômicas que defende, mas por haver respondido a Jean Wyllys [veja aqui]. O nome dele? Kim Kataguiri. Dono de uma excelente articulação e capacidade oratória, ele tem demonstrado segurança no que fala. Diante de Maria Lídia do Gazeta Goiás, ele foi firme em suas colocações [veja aqui]. 

O seu artigo na Folha de São Paulo [leia aqui], faz uma boa diagnose da política brasileira que tem se caracterizado por paternalismo e acomodação por exemplo. Daí, que socialistas, comunistas, liberais, ou qualquer outra posição política que se tome, a participação popular tem de ser efetiva. Do contrário a corrupção cresce a níveis insuportáveis como se tem visto aqui. Mas discordo que o liberalismo, ou qualquer outra posição, seja a solução para os problemas da nação. 

Um fator a ser devidamente observado é que modelos são arquétipos, referenciais, e tão somente, quando transformados em paradigmas engessam a ação. O que quero dizer com isto? A história mostra que em um dado momento, que foi anterior a segunda grande guerra até as primeiras décadas do pós guerra, o socialismo russo funcionou. O próprio capitalismo teve de se remodelar sucessivas vezes. Daí minha discordância de que o liberalismo defendido por Kataguiri seja solução. 

Outro ponto no qual coaduno com o autor é o de que a política brasileira com seus mais de trinta partidos políticos está para lá de doente. Não existe oposição real e a classe empresarial de fato aprendeu a tirar proveito da situação, de forma que nem entre eles se percebe real oposição ao modelo econômico que aí está. 

Sobre Jean Wyllys, estava na hora de alguém com acesso à grande mídia dar o devido troco, em outras palavras o deputado colheu tarde os frutos de sua desonestidade intelectual, visto que em sucessivas ocasiões ele acusou evangélicos e católicos de serem propagadores de ideologias homofóbicas, criando o clima de guerra que se vê no cenário nacional. Todavia evangélicos não podem e não devem nutrir tamanhas expectativas em relação a Kataguiri. 

Forte Abraço, Marcelo Medeiros.  

O Evangelho Segundo Lucas



Evangelho é uma palavra que na sua acepção original remete ao galardão concedido aos que proclamam boas novas, no caso, as notícias em tempos de guerra. Passando sucessivamente a significar o ensino doutrinário e as boas notícias anunciadas pelos apóstolos de casa em casa e no templo judaico (At 5. 42). Daí que a primeira definição que o Michaellis dá a palavra seja doutrina de Jesus Cristo [aqui].

Mas a segunda definição reflete melhor a compreensão atual a respeito do que seja Evangelho. Os quatro primeiros livros do Novo Testamento, os escritos pelos evangelistas Mateus, Marcos. Lucas e João, em que está narrada a vida e doutrina de Jesus Cristo. Dentre estes destaca-se um pela singularidade literária, predileção temática e emprego de palavras próprias de um técnico, é o Evangelho de Lucas. Que os amantes do estudo da Bíblia e fraquentadores da Escola bíblica dominical estarão estudando aos domingos pela manhã. 

AUTORIA E DATA

O primeiro ponto favorável a autoria lucana do terceiro evangelho é o apoio da tradição que desde cedo atribuiu a este médico, pouco citado nas Escrituras, é claro, os créditos pela elaboração da obra em apreço. A leitura deste primeiro tratado ao lado do segundo (At 1.1, 2), a observação dos termos comuns a ambas indica que o autor é o mesmo. Todavia este não se identifica nem no primeiro, nem no segundo tratado, tudo o que se sabe é que é alguém que se interessa por medicina e que faz emprego de termos médicos, sendo inclusive seletivo com os termos gregos que emprega. 

Exemplos? Ao se referir aos prazeres da vida (ηδονων του βιου - edone toy bioy), ele emprega um termo que se aproxima da palavra para vida no sentido biológico (Lc 8. 14), e ele o faz mesmo sabendo que vida no sentido mais pleno é ζωη (zooeé), esta é mais uma distinção entre a vida presente (βιου) e a eterna (ζωην αιωνιον - zooeé aioonion). 

Ora, levantando-se Jesus da sinagoga, entrou em casa de Simão; e a sogra de Simão estava enferma com muita febre, e rogaram-lhe por ela. E, inclinando-se para ela, repreendeu a febre, e esta a deixou. E ela, levantando-se logo, servia-os (Lc 4. 38, 39 ACF). Perceba o emprego da expressão πυρετω μεγαλω (pyretoo megaloo), que pode ser traduzida como grande, ou muita febre, e segundo Vincent, é a expressão peculiar de um médico. 

Um outro detalhe é precisão de Lucas face aos acidentes geográficos. Nas cinco referências mais imediatas ao Lago de Genesaré (Lc 5. 1, 2; 8. 22, 23, 33), ele emprega λιμνην γεννησαρετ (limnee Genneesaret), ou simplesmente λιμνην (limnee), ao invés de θαλασσαν (thalassan), expressão para mar. Estes e outros fatores indicam alguém de mente grega. 

Lucas chama sua produção bibliográfica de επεχειρησαν (epecheiresan), cujo sentido é o de concepção de uma tarefa difícil (Lc 1. 1). Nada de anormal, uma vez que ele tem pretensões de organizar (αναταξασθαι - anatazanthai - ou por em ordem), o material colhido por meio de prováveis entrevistas às testemunhas oculares (Lc 1. 2). 

O que se chama atualmente de Evangelho foi primeiramente a proclamação e o ensino apostólico (Mt 5. 42). Foi somente na medida em que as testemunhas oculares foram morrendo que surgiu a preocupação com a produção literária dos evangelhos. Todavia os eruditos insistem que tal se deu em um prazo menor ao de trina anos, o que coloca a data de composição deste evangelho aproximadamente em sessenta e dois depois de Cristo. O que justificaria a ausência de menções, em Lucas e nos demais evangelistas de relatos da queda de Jerusalém.

FUNDAMENTOS E HISTORICIDADE DA FÉ CRISTÃ

Muitos já se dedicaram a elaborar um relato dos fatos que se cumpriram entre nós, conforme nos foram transmitidos por aqueles que desde o início foram testemunhas oculares e servos da palavra (Lc 1. 1, 2 NVI). 
Tendo, pois, muitos empreendido pôr em ordem a narração dos fatos que entre nós se cumpriram, Segundo nos transmitiram os mesmos que os presenciaram desde oprincípio, e foram ministros da palavra (Lc 1. 1, 2 ACF).  
A julgar pelas palavras de Lucas na epígrafe do seu Evangelho, é possível observar que:

  1. A pretensão do autor é a de colocar em ordem os fatos que se deram em Jerusalém e nas regiões adjacentes. 
  2. O mesmo se refere aos relatos registrados pelo nome de fatos, que em grego são chamados de πραγματων (pragmaton), possivelmente a palavra que tenha dado origem ao termo pragmatismo, que é um ramo da filosofia (de cunho americano), que preconiza que a finalidade última do conhecimento é a prática. 
  3. πραγμα, ou πραγματων são termos que denotam ação, atos, feitos, indicando que os Evangelhos são registros das ações de Cristo. 
  4. Os fatos narrados se deram na história, não é sem razão que Lucas faz frequentes alusões aos personagens históricos contemporâneos dos eventos que ele pretende registrar. 
  5. Os relatos são fruto da transmissão oral e escrita de testemunhas oculares. 
  6. Estas testemunhas presenciaram os eventos narrados desde o princípio, daí a legitimidade dos mesmos como ministros da Palavra. O termo para ministro é o mesmo empregado por Paulo (I Co 4.  1), υπηρεται (hyperetai), que no linguajar médico se aplica aos auxiliares do médico principal. 
  7. Para todos os efeitos, Lucas desenvolveu seu relato a partir de acurada investigação, conforme ele mesmo dá a entender por meio das seguintes palavras: havendo-me já informado minuciosamente de tudo desde o princípio (Lc 1. 3 ACF). 
  8. Ao que parece Lucas dirige oseu evangelho a uma pessoa de posição elevada por nome de Teófilo, que é chamado de κρατιστε (kratiste), cujo sentido é o de nobilíssimo, sendo aplicado exclusivamente a quem está em eminência (At 23. 26; 24. 3; 26. 25). 
  9. A despeito da posição de autoridade ocupada por Teófilo, pode-se perceber que ele era um discípulo, uma vez que o verbo κατηχηθης  (kateecheethees) é a palavra que dá origem ao vocábulo catequese. Mais do que material para discipulado, Lucas pretende imprimir em Teófilo a certeza dos fatos em que o mesmo foi instruído. 
  10. ασφαλειαν (assphaleian) é um termo que junta α (de negação) com σφαλειαν (que segundo Vincent é cair), conferindo noção de estabilidade, segurança contra o erro, podendo ser traduzida como verdade e solidez. 
ALGUMAS VERDADES RESSALTADAS EM

Lucas é acertadamente o Evangelho da salvação universal. Nele Jesus é chamado de salvação, que preparaste à vista de todos os povos: luz para revelação aos gentios e para a glória de Israel, teu povo (Lc 2. 30 - 32 NVI). Por este motivo asseguradamente é afirmado: E toda a humanidade verá a salvação de Deus  (Lc 3. 6 NVI). 

Olhando para os seus discípulos, ele disse: Bem-aventurados vocês os pobres, pois a vocês pertence o Reino de Deus (Lc 6. 23 NVI). Lucas demonstra inegável olhar para com os pobres, que aqui não são pobres no sentido dos poucos recursos que possem, mas os seus discípulos, ou  aqueles que sabem que nada podem fazer por sua salvação. É a estes que  o ministério de Jesus se  dirige. 

O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu para pregar boas novas aos pobres. Ele me enviou para proclamar liberdade aos presos e recuperação da vista aos cegos, para libertar os oprimidos (Lc 4. 18 NVI). Não é sem razão que ele atenta para a viúva que em sua pobreza dá em oferta tudo quanto possui (Lc 21. 2 - 4), que no banquete, os párias sociais são privilegiados (Lc 14. 21ss). 

Mas Lucas também é o Evangelho em que a mulher assume papel significante. A pecadora que ungiu Jesus e lavou os pés recebe a honra de ter o seu ato lembrado onde o Evangelho for pregado (Lc 7. 37 - 50). Algumas mulheres que auxiliavam o ministério de Jesus são apresentadas aqui: e também algumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos malignos e doenças: Maria, chamada Madalena, de quem haviam saído sete demônios; Joana, mulher de Cuza, administrador da casa de Herodes; Susana e muitas outras. Essas mulheres ajudavam a sustentá-los com os seus bens (Lc 8. 2, 3 NVI). 

Lucas mostra Jesus orando. Ele orou no batismo (Lc 3. 21, 22). A despeito da multidão que era atraída por seu ensino e milagres ele é descrito como alguém que gostava de se retirar para orar. A sua fama, porém, se propagava ainda mais, e ajuntava-se muita gente para o ouvir e para ser por ele curada das suas enfermidades. Ele, porém, retirava-se para os desertos, e ali orava (Lc 5. 15, 16 NVI). 

Após os momentos de conflito, decorrentes do conflito de interesses entre Jesus e os fariseus ele se retirou para orar. Logos após a noite de oração, ele chama os seus discípulos para que estes façam parte de seu colegiado. E, olhando para todos em redor, disse ao homem: Estende a tua mão. E ele assim o fez, e a mão lhe foi restituída sã como a outra. E ficaram cheios de furor, e uns com os outros conferenciavam sobre o que fariam a Jesus. E aconteceu que naqueles dias subiu ao monte a orar, e passou a noite em oração a Deus (Lc 6. 10 - 12 NVI). 

Tantos em Atos quanto no Evangelho Lucas demonstra um interesse intenso no Espirito Santo (Lc 1. 15, 35, 41, 67, 80; 2. 25 - 27; 4. 1, 14, 18). Minha oração é que Deus por Cristo Jesus nos habilite a perseverar nos estudos das verdades fundamentais das boas novas de Cristo. 

Marcelo Medeiros

quinta-feira, 2 de abril de 2015

Pastor Antônio Gilberto fala de Calvinismo



Sempre vi, e continuo a ver, o Pastor Antônio Gilberto como modelo de formação acadêmica a ser seguido por mim. Ele é uma raridade no meio pentecostal, marcado pela estranha ênfase no emocionalismo, na experiência prática em detrimento dos estudos, principalmente no que tange ao campo teológico. Daí a importância deste ícone das assembleias de Deus para jovens que pretendem unir piedade com erudição intelectual. 

Li alguns livros do autor, dentre os quais A Bíblia Através dos Séculos, e dois que falam sobre a Escola Dominical. Confesso que do pouco que li nada pode perceber a respeito de sua posição teológica no tocante à doutrina da salvação, ou seja, não sei dizer se o mesmo é, ou não reformado. E sinceramente, não interessa a esta altura do campeonato. 

Li um artigo no blog Teologia Pentecostal a respeito de vários temas, dentre os quais calvinismo, predestinação, arminianismo e outros receberam devida abordagem. Confesso que pouco entendi da posição do pastor supra, mas um fator importantíssimo ao debate veio à tona: a preocupação de que uma vez adotada a fé calvinista o Brasil se torne uma Europa, veja o tópico três [leia aqui]. Eu gostaria de fazer algumas observações:

  1. A frase uma vez salvo, salvo para sempre é uma afirmação do senso comum não encontrada na Bíblia, mas que expressa a verdade bíblica da doutrina da perseverança dos salvos. Segundo esta, os salvos, os eleitos perseverarão, pois estes possuem no penhor do Espírito (Ef 1. 13, 14; 4. 31), no caráter pleno da obra de Deus (I Co 1. 8, 9; Fp 1. 6; I Pe 5. 10) e no poder de Deus a garantia de que perseverarão (Jd 23, 24). Face ao fundamento e apoio bíblico desta doutrina, a questão a ser colocada é se esta é uma obra sinérgica, ou monergística. 
  2. A Bíblia trabalha com a ideia de apostasia e nenhum apóstolo incentiva o pecado, ou a falta de zelo. Mas mesmo nas exortações pertinentes ao perigo de desvio da fé, se percebe que os escritores bíblicos julgam estar falando com pessoas crentes (Hb 10. 34, 35, 38, 39; Jd 3 - 5, 19). 
  3. Calvinistas e arminianos não tem a mínima dificuldade de reconhecer que a eleição bíblica se dá por Cristo e em Cristo. A questão está no que isto vem a significar e creio que para ambos tem sentido diferente. 
  4. Para o arminiano a eleição é baseada na presciência de Deus, que elege as pessoas de acordo com a decisão futura delas em abraçar a Cristo. De imediato esta contradição foi percebida por Wayne Grüdem em sua Teologia Sistemática, e tratada como uma falsa solução. Mas o argumento de bíblico de que não há um justo, nem um sequer, ninguém que busque a Deus, é mais do que suficiente para anular esta concepção. 
  5. Colocar a culpa do esfriamento religioso da Europa no calvinismo é injusto, fatores históricos diversos precisam ser levados em conta. a) A prosperidade criada pelo capitalismo, foi identificada por Weber como causa de um futuro esfriamento da religião, b) associe a esta o crescimento da secularização (ou desencantamento de mundo), e é possível vislumbrar o ambiente europeu. c) Nesta equação não se pode deixar de considerar as guerras entre arminianismo e calvinismo. d) Estas redundaram no Evangelicalismo que devido ao seu caráter superficial permitiu que a cultura minasse a fé em países de primeiro mundo. É contra estas coisas que cristãos precisam se armar. 
  6. Os males do arminianismo não se resumem à autonomia exacerbada do homem, que na verdade está mais para o pelagianismo revivido por Finney do que para qualquer outra posição. 
  7. Enquanto doutrina, o arminianismo discorda do calvinismo apenas a partir do segundo ponto, e deixa o último em aberto. Esboço minha posição em um artigo que pode ser lido neste blog e acessado neste link
Mas sou forçado a concordar com a opinião do autor de que a melhor opção é o equilíbrio bíblico, que aliás vejo em calvinistas como Spourgeon, Lloydd-Jones e no evangelical Stott, e que de certa forma esboço em artigos que estão neste blog, dentre os quais este textoeste e este aqui. Que Deus em Cristo vos abençoe. 

Marcelo Medeiros. 
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Créditos!

Por favor, respeite os direitos autorais e a propriedade intelectual (Lei nº 9.610/1998). Você pode copiar os textos para publicação/reprodução e outros, mas sempre que o fizer, façam constar no final de sua publicação, a minha autoria ou das pessoas que cito aqui.

Algumas postagens do "Paidéia" trazem imagens de fontes externas como o Google Imagens e de outros blog´s.

Se alguma for de sua autoria e não foram dados os devidos créditos, perdoe-me e me avise (blogdoprmedeiros@gmail.com) para que possa fazê-lo. E não se esqueça de, também, creditar ao meu blog as imagens que forem de minha autoria.