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sábado, 31 de agosto de 2013

Resposta a um Pastor inclusivo


TODO GAY ESTÁ NO INFERNO PRA VC?
 
Não. Francamente li um livro de Brennan Manning que me marcou e consolidou esta certeza, a de que nem todo gay está no inferno. Voltando ao livro do Brennan, ele narra a história de um gay que no leito de sua morte deixou todos os seus bens a ao companheiro, mas rogou, implorou o perdão de Deus pelos seus pecados.
Minha mãe me ensinou a apreciar um estilista, ator e apresentador por nome de Clodovil Hernandes, um homossexual que sempre assumiu sua homossexualidade, mas que sempre a viu como algo errado e honestamente não me sinto á vontade, para, coloca-lo no inferno. Ao lado dele coloco gente que nunca fez de sua homossexualidade a sua bandeira. Muito menos buscou na Bíblia princípios para adequarem sua prática.
 
Hoje alguém no Papo disse que estava decepcionado comigo, que sou um "liberal", pois disse a um gay-gay, que confessa não conseguir não ser o que é, que, então, pelo menos não se entregue à promiscuidade; an...tes saiba ser senhor do seu próprio corpo, conforme I Tess 4.

 
Bom, não fui eu quem o disse, aprendi a não ser tão judicioso assim, mas vamos às suas preposições. Na verdade Caio nenhum de nós consegue deixar de ser aquilo que é, pecador. Todavia em parte alguma da Bíblia está escrito que devemos nos entregar ao pecado para que a graça abunde ainda mais, pelo contrário, da mesma forma que entregamos nossos membros ao pecado, podemos agora entregar os mesmos ao serviço da justiça (Rm 6. 14 - 22).
Além disto o problema da homossexualidade não se resolve com a criação da monogamia homoafetiva, visto que esta não existe, dada a impossibilidade de um troca, ou de uma fusão de gametas neste tipo de relação. Assim, creio que você esteja falando então que a união societária entre dois homens, por exemplo, que sejam fiéis um ao outro pode ser legitimada. Um mentiroso, que viva mentindo também pode ser aceito por Deus, se seguirmos este principio.

 
Não adianta! Na média os "evangélicos" acreditam de fato que se o cara for gay já está no inferno!
 
Honestamente, não sou este tipo de evangélico, e mais, sei que a salvação é exclusivamente pela graça, independente de mérito humano. Mas conforme afirmei acima, creio que a mesma graça que nos concede a justiça de Deus pelos méritos de Cristo e nos reconcilia com o Pai, nos dá um poder que as regras e imposições humanas não nos confere, o de dizer não ao pecado, ainda que em sucessivos momentos venhamos a sucumbir às insidias do mesmo, e isto em função de nossa natureza ainda não plenamente redimida.
 
Ser gay é uma espécie de pecado sexual contra o Espírito Santo, anunciam sem assim dizer boa parte dos "evangélicos".
 
Creio que exista uma enorme distância entre o pecado contra o Espirito (atribuir ao diabo obras do Espírito de Deus), e a condição homossexual. Mas há uma grande proximidade entre a resistência ao Espírito e a permanência no pecado, e isto o autor aos Hebreus deixou bem claro ao afirmar que se deliberadamente continuarmos no pecado, já não resta mais sacrifícios pelos mesmos (Hb 10. 26).

 Ora, eu jamais serei assim; não importa como queiram me rotular!
 
Isto se chama liberdade e a maior implicação da mesma é a responsabilidade.

 Resumindo...
O ensino bíblico diante das relatividades deste mundo é o seguinte:
1. Há o Princípio, que sempre é o Ideal.
2. Há o Aplicativo do Princípio, que sempre leva em consideração a condição, o tempo, as contingências e as possibilidades de vivênvia total ou parcial do Princípio.
Por isto,
1. Sendo em Cristo toda escravidão condenada, ainda vigente no mundo Romano, Paulo manda que os "senhores" relativizem a "escravidão" tratando os seus "servos" com humanidade e amor, e pede aos "escravos" para fazerem o mesmo, até que chegue a hora em que pudessem ser libertos; ou seja: "Mas se podes tornar-te livre, aproveita a oportunidade".
 2. Sendo em Cristo todo casamento um casamento único na vida, todavia, abre-se a chance para a possibilidade de um 2o casamento, em razão das durezas do nosso coração. Mas se diz: "Que seja marido de uma só mulher". Por quê? Porque à volta havia pessoas casadas com mais de uma mulher nos dias de Paulo. Quem já tinha a situação, nela continuava, posto que fossem famílias. Quem, todavia, ainda estava começando, que então fizesse tudo do melhor modo possível, segundo o Princípio.
 
Isto é fato, mas temos de considerar que nem no Antigo, nem no Novo Testamento, a escravidão foi ordenada, e muito menos aprovada por Deus. Na lei havia até um prazo máximo para que as pessoas trabalhassem como escravas. Quanto ao divorcio, o texto é claro em dizer que a carta que Moises mandou dar se devia à dureza dos corações dos envolvidos no processo, mas deixou claro que se a motivação não for a infidelidade conjugal, ambos cometem adultério.
Ora, aplicando...
Sendo a pessoa um ser gay, mesmo que este não seja o ideal de Deus para ninguém,
 
Não é mesmo o ideal de Deus, visto que o próprio texto ao qual você faz alusão diz que no principio o criador fez macho e fêmea.
 
ainda assim, diz Jesus, "há aqueles que nascem eunucos"; ou seja: com alguma diferenciação anômala em relação ao natural. Assim, Jesus disse que há os nascem assim, há os que são tornados assim pela intervenção abusiva de outros, e há os não são assim, mas se fazem assim [...], pois escolhem o modo de expressão sexual deliberadamente "contrário à natureza", por escolha, capricho e culto hedônico.
 
Abordei este texto em um post cujo título é uma palavra acerca de más interpretações bíblicas. Na ocasião expressei a minha indignação com a forma leviana que uma pessoa que se intitulava pastora abordou este mesmo texto, e expresso minha indignação agora. O contexto fala do casamento e da questão do divorcio. A resposta de Jesus se dá na questão de dois gêneros somente, macho e fêmea. Jesus não está preocupado com genética a fim de abordar estas questões. Cabe dizer que ao inserir uma visão cientifica neste texto você esta violando princípios que você mesmo expôs acima caro pastor. A preocupação básica do mestre é responder a questão capciosamente formulada pelos fariseus com o intuito de pegá-lo em contradição com a lei, e assim, levar o mesmo ao descredito.

 O Princípio é claro: macho e fêmea. Mas creio que o Aplicativo determina que no caso de passoas que "nasceram" assim ou "foram feitas assim pelo abuso e pelo trauma", o Aplicativo [ou seja: no caso dos que não conseguem deixar de se sentirem homoafetivos, posto que o sejam] é aquele que ensina [então] a pessoa a não se promiscuir; antes buscar na sua relatividade o melhor valor, a melhor ética, o melhor estado possível para ser; o que implica em ter uma relação exclusiva, e nunca promíscua.
 
Com relação ao princípio, concordamos, com relação ao aplicativo, de forma alguma! Primeiro porque o texto sequer aborda a homossexualidade, antes fala de casamento. A questão dos eunucos é citada em referencia a surpresa de Pedro em saber do valor da indissolubilidade do casamento. O homem que não quiser se submeter ao principio deve se tornar tal como os homens emasculados (leia-se mutilados).
Neste caso há os que nascem nesta condição. Na minha opinião, os que Paulo chama de livres de mulher, ou pessoas que possuem a capacidade de viverem as suas respectivas vidas sem um mínimo de interesse pela sexualidade. Mas vejo como inviável uma analogia entre os que se fazem eunucos, quanto os que são feitos pela mão do homem e a condição homossexual.
 
É o Principio? Não! É o Aplicativo Possível do Principio na Existencia Real.
Assim resumidademente eu entendo e pratico!
 
Na boa, o que é aplicativo possível do principio na existência real? Qual é o aplicativo real para ser perfeito como Deus é perfeito (Mt 5. 48), para ser imitador de Deus como filho amado (Ef 5. 2), e para ser santo como ele é santo (I Pe 1. 15, 16)? Se um homem adúltero, ou um homossexual não podem conter os seus desejos, como fica a questão do arrependimento, da conversão, do repudio às antigas obras? Fico com as palavras de um pastor amigo meu. A situação do homossexual é similar a de Caim, para quem Deus disse o teu desejo será contra ti, cumpre a ti dominá-lo. Sendo que, ao contrário de Caim, o homossexual que verdadeiramente se converte de seus pecados ainda pode contar com a graça de Deus para resistir o mesmo.




quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Lição de EBD n° 9: Confrontando os Inimigos da Cruz de Cristo


 
Após expor os alvos de sua carreira e colocar a mesma como exemplo básico para todo o cristão, Paulo pede aos crentes de Filipo que adotem o mesmo modelo, exemplo, que viram nele. A razão é muito simples, não são poucos os que a despeito de sua aparecia piedosa, são não verdade inimigos da cruz de Cristo. Como confrontar os inimigos da cruz de Cristo?

I) Seguindo bons exemplos

Paulo diz: sigam unidos o meu exemplo e observem os que vivem de acordo com o padrão que lhes apresentamos (Fp 3. 17 NVI). Bons exemplos devem ser seguidos, mas isto nem sempre é fácil, uma vez que o caminho do mau exemplo é o mais curto. Aqui queremos destacar os verbos: seguir, observar, viver, e as palavras padrão e exemplo. Comecemos com o verbo seguir. Na versão Almenida Atualizada ele é traduzido por sede imitadores meus, aqui temos a expressão συμμιμηται (simmimetai) cuja tradução correta é co-imitador, indicando que tanto Paulo quanto a comunidade em apreço deveriam serem imitadores de Cristo.
Observar é o mesmo que olhar com atenção, visto que aqui o verbo grego é σκοπειτε (skopeite), de σκοπεω (skopeoo), que pode ser entendido como olhar para, contemplar, reparar e seguir. A NVI traduz o verbo περιπατεω (peripateoo), por viver, quando pode igualmente ser traduzido por proceder, ou comportar-se.
Tanto padrão quanto exemplo são palavras para traduzir o grego τυπον (typon). Tudo o que pode ou deve servir para modelo ou para ser imitado, este é o sentido da palavra. E Paulo coloca a si mesmo e sua busca como exemplo dos filipenses. Na verdade, Cristo é o seu exemplo supremo, é a morte e a ressurreição à semelhança da de Cristo que ele quer alcançar. Se colocarmos Cristo como o nosso modelo, observamos os que possuem, ou não um comportamento compatível com o de Jesus e dos apóstolos, saberemos discernir quem são os inimigos da cruz de Cristo.
 
II) Identificando os inimigos do Evangelho
 
Pois, como já lhes disse repetidas vezes, e agora repito com lágrimas, há muitos que vivem como inimigos da cruz de Cristo (Fp 3. 18 NVI).
 
Muitas especulações podem ser feitas a respeito da identidade pessoal e das características principais destes inimigos. Mas aqui precisamos lembra de que o contexto imediato nos remete à questão da circuncisão, e que para Paulo o ato de circuncidar-se para o gentio era uma mutilação. Independente das origens que venhamos a ter o que precisamos é de ser novas criaturas, e Paulo buscava expressar esta novidade de vida  por meio de uma identificação cada vez maior com Cristo em sua morte e ressurreição.
Com base nos dados do texto os inimigos da cruz eram os que colocavam sua confiança no desempenho pessoal quanto à guarda da lei e ainda aproveitavam de sua identidade de judeu para não serem perseguidos pela causa do Evangelho. Este é o sentido da palavra no contexto contemporâneo ao de Paulo. Isto fica bem claro na medida em que se lê a carta de Paulo aos Gálatas e se depara com as seguintes palavras: se ainda estou pregando a circuncisão, por que continuo sendo perseguido? Nesse caso, o escândalo da cruz foi removido (Gl 5. 11 NVI). E: Os que desejam causar boa impressão exteriormente, tentando obrigá-los a se circuncidarem, agem desse modo apenas para não serem perseguidos por causa da cruz de Cristo (Gl 6. 12 NVI).
Os inimigos da cruz atualmente são aqueles que negam o sentido da mesma. Podem também ser os que mineralizam a cruz e com isto removem o seu escândalo, ou seu sentido esmagador e desafiador para hoje. Paulo diz na carta supra citada: que eu jamais me glorie, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, por meio da qual o mundo foi crucificado para mim, e eu para o mundo (Gl 6. 14 NVI). Pela cruz de Cristo o mundo estava crucificado para Paulo e este para o mundo.

III) Entendendo que o final dos mesmo não é nada bom

Quanto a estes, o seu destino é a perdição, o seu deus é o estômago e têm orgulho do que é vergonhoso; eles só pensam nas coisas terrenas (Fp 3. 19 NVI).

Sim, το τελος απωλεια (to telos apooleia), o fim dos mesmos é a perdição. Isto pode ser contraditório se admitirmos que em todo o momento os inimigos da cruz de Cristo estão à busca dos mais variados prazeres. Mas aqui se torna evidente a inexorável lei do Evangelho, que diz: Quem acha a sua vida a perderá, e quem perde a sua vida por minha causa a encontrará (Mt 10. 39 NVI). O termo para perder é απολεσει (apoleseei), indicando que quem tanta preservar a própria vida, na verdade a destrói e creio que seja este o caso dos  inimigos da cruz de Cristo.
Seu deus é o ventre (θεος η κοιλια [theos e Kolia]). O termo κοιλια [Kolia] é correspondente a estomago, mas pode ser empregado metaforicamente para significar tudo o que pertence à vida material, e que de forma análoga terá um fim semelhante ao do alimento uma vez processado pelo estomago.

IV) Colocando o alvo e o objetivo em Cristo

A nossa cidadania, porém, está nos céus, de onde esperamos ansiosamente um Salvador, o Senhor Jesus Cristo. Pelo poder que o capacita a colocar todas as coisas debaixo do seu domínio, ele transformará os nossos corpos humilhados, para serem semelhantes ao seu corpo glorioso (Fp 3. 20, 21 NVI).

A primeira coisa que precisamos é reconhecer que somos cidadãos dos céus, e nesta condição, caminhamos nesta terra na condição de peregrinos. O termo que Paulo emprega é πολιτευμα (polyteuma), o mesmo para cidadania, indicando com isto que nossa cidadania, não é terrestre, mas divina.
Segundo nossa esperança não está em nada desta terra, mas exclusivamente nas coisas do céu. Nossa esperança é Cristo (I Tm 1. 1), daí que o esperemos ansiosamente, termo muito bem expresso na expressão απεκδεχομεθα (apekdechometha). O termo indica uma espera, que é ao mesmo tempo ansiosa e paciente.
O proposito eterno de Deus é que sejamos semelhantes a Cristo (Rm 8. 28, 29; I Co 15. 49; I Jo 3. 1 - 3). Esta semelhança nunca é plena nesta vida. Mas será plena no momento em que nosso corpo for transformado e conformado ao glorioso corpo de Cristo (συμμορφον τω σωματι της δοξης [simorphon toon someti tes doxes]). É com este objetivo em mente que confrontamos os inimigos da cruz de Cristo.
Deus os abençoe, em Cristo, Pr Marcelo Medeiros.
 

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Travesti entra na Igreja e pede para cantar


Há aproximadamente dois dias atrás vi no facebook, um vídeo em que um travesti entra na Igreja, pede oportunidade ao pastor para cantar, e entoa um hino do cantor gospel Marquinhos Gomes. Caio Fábio parabenizou ao pastor da dita Igreja que, ao seu ver agiu com graça para com o rapaz. A cena igualmente impressiona pela reação do público, que contrariando a imagem que a mídia e os movimentos LGBT's fazem dos evangélicos, ouvem o rapaz cantar e ainda glorificam a Deus. Por mais ingênua que tal postura seja, creio que ela possa ser um ponto positivo neste cenário de guerra em que vivemos.
Frequentemente somos chamados de homo fóbicos, intolerantes, fundamentalistas, xiitas, e coisas do tipo. Nossa atitude em declarar que a prática homossexual é pecaminosa, ou abominável é interpretada como uma atitude racionaria, e segregadora. Este vídeo pode ser sim, uma arma para mostrar que existe sim, uma enorme distancia entre afirmar que a homossexualidade não pode ser padrão de conduta, e ser de fato intolerante, ou preconceituoso.
E aí Pastor? Como você interpreta este fato? Primeiramente sei que existe muita gente dentro da Igreja que luta há anos com este tipo de problema. E conheci e conheço muitos que foram extremamente usados por Deus com os mais diferentes dons espirituais, e assim, foram canais de benção para muita gente, mas o problema sempre esteve ali, e só não vê quem não quer.
Como convivo com isto? Primeiro, sei que a homossexualidade, tal como a maledicência, a usura, a hipocrisia, e a inveja; é pecado. Eu sei que para Caio Fábio, por exemplo a homossexualidade é uma condição. Tá bom, e a pecaminosidade também. Homossexual, ou heterossexuais, todos somos pecadores. O que nos distingue do mundo é o sangue de Cristo e o poder que a graça de Deus nos dá para dizer não ao pecado, se alguém tiver alguma dúvida a este respeito, basta ler os capítulos seis e oito da carta de Paulo aos Romanos.
Segundo, a graça que nos dá poder para a santificação, bem como a que opera salvação em nossas almas, é a graça que a Teologia Reformada chama de Graça Especial. Em primeira instancia, a graça que vemos na vida do rapaz é a Graça Comum. Esta se manifesta na prodigalidade divina para com a natureza, o sustento da vida, a força que nos move a trabalhar, e as mais variadas habilidades demonstradas pelos homens. Vemos a graça comum, por exemplo, na formulação de leis justas, mesmo quando as mesmas são elaboradas por homens que não possuem experiência de conversão. Um exemplo clássico e atual é a luta, mais do que justa do Romário, por exemplo, pelas pessoas portadoras de necessidade especial. É a partir deste aspecto que convido ao leitor deste blog a analisar o vídeo abaixo.
Terceiro, ao comentar o assunto no facebook, fiz questão de frisar que qualquer pessoa em sua sã consciência admira, ou admirou a belíssima voz do Emílio Santiago, por exemplo. Todos sabemos que ele era um cantor secular, e rola por aí que há um suposto companheiro dele pedindo pensão na justiça. Independente de ser homossexual, ou não, fato é que este foi um dos maiores interpretes de nossa música. O nome disto? Graça Comum.
Esta mesma graça se manifesta em talentos como o de Renato Russo (e em caso de dúvida, ouça Monte Castelo), na arte de protesto do Cazuza, nas inteligentes letras dos raps do Gabriel Pensador, nas composições de Herbert Vianna, nas tiradas filosóficas de Mário Sérgio Cortella e nos mais variados aspectos da criatividade humana. No caso do travesti abaixo, a graça natural se fez ver no carisma que teve com o pastor e com o público, o que tornou aceitável a sua participação em um culto.
O Deus que faz com que nasça sol sobre justos e injustos, com que venha chuva sobre bons e maus, também é o mesmo que distribui as suas dádivas e os seus dons perfeitos. Espero que este ato sirva de reflexão para nós crentes. Como agiremos com este público, como os receberemos em nossas igrejas? São questões que, mais cedo, ou mais tarde teremos de enfrentar sim. Uma coisa é certa: o comportamento homossexual é pecado, mas onde abundou o pecado, diz a Bíblia, superabundou a graça. Como comunicar a este público a graça que nos dá poder para vencer o pecado?



 
 
Pr Marcelo Medeiros, em Cristo Jesus.
 

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Einstein se tornou ateu?



Estava em meio a uma pesquisa a fim de levantar dados bibliográficos para o meu trabalho de conclusão de curso. Em meio a esta árdua tarefa, resolvi pesquisar no google o seguinte tema: ciência e religião em Paul Tillich. Foi quando me deparei com um artigo (Einstein se tornou ateu?) em um blog (Deus, Ciência e Religião), cujo teor básico era que Einstein se tornou ateu na medida em que amadureceu intelectualmente. Para comprovar a sua tese ao autor usa citações de um livro cujo titulo é Como Vejo o mundo, e as compara com uma carta enviada a um filósofo. O primeiro texto é na verdade uma serie de vários textos reunindo cartas, palestras, aulas, de forma a tentar reunir os pensamentos de Einstein a respeito dos mais diversos temas, dentre os quais a religião. O segundo texto nada mais do que uma redundância das ideias apresentadas no primeiro. Mas nosso amigo blogueiro as usa de forma no mínimo desonesta, uma vez que força as fontes de forma que elas se ajustem ao pensamento dele. Como cheguei a esta conclusão? Simples baixando o livro como Vejo o Mundo em pdf e não satisfeito, comprando a versão de bolso da Saraiva. Lendo o livro em apreço observei que:
 
1) Einstein nunca creu no Deus judaico cristão,
 

Não posso imaginar um Deus a recompensar e a castigar o objeto de sua criação. Não posso fazer ideia de um ser que sobreviva à morte do corpo. Se semelhantes ideias germinam em um espírito, para mim é ele um fraco, medroso e estupidamente egoísta.

 
coadunando com o espirito de sua época ele considera a crença em um Deus pessoal como demonstração de alguma forma de fraqueza.
 
2) Rejeitava um conceito antropomórfico de Deus
 
Ora, os gênios-religiosos de todos os tempos se distinguiram por esta religiosidade ante o cosmos. Ela não tem dogmas nem Deus concebido à imagem do homem, portanto nenhuma Igreja ensina a religião cósmica. Temos também a impressão de que os hereges de todos os tempos da história humana se nutriam com esta forma superior de religião. Contudo, seus contemporâneos muitas vezes os tinham por suspeitos de ateísmo, e às vezes, também, de santidade. Considerados deste ponto de vista, homens como Demócrito, Francisco de Assis, Spinoza se assemelham profundamente.
 
Ora a defesa de Einstein era a de um religiosidade cósmica, para ele ser religioso, era estar à serviço da vida, e tão somente desta. Tanto que, na visão deste, o lado proveitoso da religiosidade bíblica eram os louvores da criação nos salmos, e a Ética dos profetas. Para Einstein se  cristianismo e judaísmo se depurassem, respectivamente dos comentários dos padres e do Talmude. a religiosidade cósmica não apresenta um conceito antropomórfico de Deus, na verdade não possui conceito algum, o que fazia com que sua transmissão se tornasse inviável, tanto que ele mesmo pergunta: Como poderá comunicar-se de homem a homem esta religiosidade, uma vez que não pode chegar a nenhum conceito determinado de Deus, a nenhuma teologia? Face às colocações concluo que:
 
3) Einstein não era ateu
 
O Ateísmo é definido como sendo: um sistema cuja marca principal é a convicção de que Deus não existe. Não percebo esta convicção em Einstein, o que percebo é que no lugar de uma divindade pessoal, ele adora uma divindade que se confunde com o cosmos, que não pode ser traduzida teologicamente, e celebra uma religião que se expressa no espanto diante da natureza, que consiste em
 
espantar-se, em extasiar-se diante da harmonia das leis da natureza, revelando uma inteligência tão superior que todos os pensamentos humanos e todo seu engenho não podem desvendar, diante dela, a não ser seu nada irrisório.
 
Para Einstein este espírito científico, fortemente armado com seu método, não existe sem a religiosidade cósmica. Ou seja, de certa forma o fazer ciência advém da mesma matriz do vivenciar a experiência do sagrado, que é o espanto diante do mundo, visto que este sentimento se compara àquele que animou os espíritos criadores religiosos em todos os tempos.
Encerro este posto afirmando que Paul Tillich entendia que ao abolir o conceito pessoal de Deus Einstein prestou um grande serviço à fé, visto que possibilitou pensar a religião não como um sistema de crenças institucionalmente elaboradas, mas como algo que nos toca incondicionalmente. Tanto em Einstein quando na Teologia de Tillich, o deus judaico cristão é subsistido pelo Absoluto (uma categoria da Filosofia de Schelling, para quem o absoluto se fazia presente em cada e toda coisa). 
Muita coisa pode ser dita a respeito das citações, mas encerro aqui por considerar ter conseguido demonstrar que Einstein jamais fora ateu e também não foi aquilo que podemos chamar de cristão, na verdade, sequer foi religioso no sentido institucional do termo. Ele se distingue dos cristãos por não crer em um "deus pessoal", a julgar pela sua fala ele rejeitava claramente a ideia de um juízo final. De igual modo, ao contrario dos ateus, ele claramente julga necessário um tipo de religiosidade cósmica. Einstein sabe que sua dedicação à ciência é uma forma secularizada de religião, o que muitos ateus ignoram. Desta forma, tentar cooptar ele seja para o flanco ateísta, seja para o flanco cristão, é o mesmo que entrar na brincadeira infantil do "o meu é maior e melhor", pura infantilidade.
 
Pr Marcelo Medeiros
 
 

 

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Lição da EBD n° 8: A suprema aspiração do crente


Nossos dicionários definem a palavras aspiração como sendo um desejo veemente, um anelo. Ao lermos as palavras de Paulo na carta aos Filipenses percebemos que ele considerou todo o seu passado, toda sua tradição religiosa como refugo, e tudo pelo desejo de participar dos sofrimentos de Cristo, para ser participante da sua ressurreição (Fp 3. 10, 11). Mas as aspirações de Paulo não param por aqui. Ele sabe que sua verdadeira cidadania é celestial, e que para alcançar a promessa, ele precisa estabelecer alvos definidos. Ele disserta sobre o tema empregando a metáfora da vida do atleta. Neste post pretendo falar a respeito destes termos e de como eles implicam em nossa vivencia cristã prática.

Não que eu já tenha obtido tudo isso ou tenha sido aperfeiçoado (Fp 3. 12a NVI).

Cleon Rogers e Fritz Rienecker afirmam que o emprego da expressão ελαβον (elabon), que se trata do verbo  λαμβανω no aoristo, indica com isto que Paulo tinha clara percepção de que a despeito do caráter de sua conversão, ele não tinha alcançado ali, no caminho de Damasco, muito menos na casa de Judas, na rua chamada Direita, o estado final de sua carreira espiritual.
Ao longo desta série de estudos temos pontuado o caráter duplo da salvação. Existem coisas que ocorrem de uma vez por todas, é o caso da morte de Cristo, por exemplo (Hb 7. 27; 9. 26). Mas há aspectos em nossa salvação que demandam constante aperfeiçoamento espiritual. É nisto que consiste o desenvolver a salvação com temor e tremor (Fp 2. 12, 13).
Paulo afirma que ainda não foi aperfeiçoado, ou na verdade que ainda não tinha alcançado o seu alvo supremo, este é o sentido do uso do termo τετελειωμαι (teteleioomai), de τελειω (teleioo), ser completo, ou ter alcançado um fim. Ele faz tal afirmação não porque lhe faltasse convicção de sua salvação, ou não tivesse certeza do que Deus havia feito em sua vida, mas porque de fato não havia alcançado a ressurreição dos mortos, ou seja, o momento em que seu corpo seria definitivamente conformado ao de Cristo (Fp 3. 20, 21).
Além do mais, na visão de Paulo a ressureição, à semelhança da que ocorreu com Cristo, bem como os demais bens escatológicos, estão ligados à semelhança nos sofrimentos de Cristo. Escrevendo aos irmãos de Colosso ele mesmo afirma: agora me alegro em meus sofrimentos por vocês, e completo no meu corpo o que resta das aflições de Cristo, em favor do seu corpo, que é a igreja (Cl 1. 24 NVI). Em outras palavras Paulo ainda está cumprindo a sua trajetória do calvário. Mas ele sabe que após cumprir esta etapa, o que o aguarda é estar com Cristo.
 
mas prossigo para alcançá-lo, pois para isso também fui alcançado por Cristo Jesus (Fp 3. 12b NVI)
 
O mais interessante neste texto é a total ausência de presunção da parte de Paulo, uma vez que διωκω δε ει και καταλαβω (diokoo eis kai katalaboo), também pode ser traduzido da seguinte forma: prossigo para ver se alcanço, indicando com isto que não havia presunção por parte do apostolo, tal como a observada nos cristãos judaizantes que defendiam a circuncisão.
Não são poucos os teólogos em nosso solo pátrio que fazem uso destas palavras de Paulo para combaterem as ideias do calvinismo, ou da teologia reformada (que muito aprecio). Mas a correta interpretação destas palavras depende do contexto imediato da epistola e de uma visão global da Teologia de Paulo.
Particularmente em relação à Escatologia, percebemos em Paulo uma dupla perspectiva, a de realização e a de devir. Tal será conceituado em nossa Teologia moderna como sendo a tensão do já e do ainda não. Assim, da mesma forma em que escrevendo a uma única comunidade Paulo esboça a certeza de que estará vivo no momento do arrebatamento (I Co 15. 51 - 55), na sua segunda carta a esta mesma comunidade ele afirma que passou por uma tribulação tal que se desesperou da própria vida e colocou a sua esperança em Deus que ressuscita aos mortos (II Co 1. 8, 9).
Depois de passado o momento ele afirmou: Ele nos livrou e continuará nos livrando de tal perigo de morte. Nele temos colocado a nossa esperança de que continuará a livrar-nos, enquanto vocês nos ajudam com as suas orações. Assim muitos darão graças por nossa causa, pelo favor a nós concedido em resposta às orações de muitos (II Co 1. 10, 11 NVI).
Na carta aos Filipenses percebemos o mesmo padrão da parte do apostolo. Ele tem, ao mesmo tempo, o desejo de permanecer com os irmãos para a alegria deles como tem também a vontade partir e estar com Cristo (Fp 1. 21 - 25). Tal se dá pelo fato de que à nossa semelhança do desejo de Paulo é o de ser revestido com um corpo de glória incorruptível (II Co 4. 14 - 5. 5). Assim, quando ele diz: não queremos ser despidos, mas revestidos da nossa habitação celestial, para que aquilo que é mortal seja absorvido pela vida (II Co 5. 4 NVI), ele está afirmando que seu maior desejo é o de passar pela experiência do arrebatamento ainda nos dias de sua vida. Daí a afirmação de que ainda não havia alcançado os  bens escatológicos.
A despeito de tudo isto, Paulo sabe que foi alcançado por Cristo, em outras palavras sua conversão é fruto da graça, do amor e da misericórdia de Deus em sua vida. Tanto que escrevendo aos irmãos da Galácia ele afirma: Deus me separou desde o ventre materno e me chamou por sua graça. Quando lhe agradou revelar o seu Filho em mim para que eu o anunciasse entre os gentios (Gl 1. 15, 16 NVI). 
À luz destas palavras é possível obter um maior entendimento a respeito do que Paulo queria dizer quando afirmou que prosseguia para alcançar aquilo para o que tinha sido alcançado por Cristo Jesus. No caminho de Damasco e na visão dada ao discípulo Ananias, Deus deixa claro que aos seus olhos Paulo era um vaso escolhido para levar o seu nome aos reis e as nações da terra (At 9. 15, 16). Assim concluo afirmando que foi Cristo quem buscou Saulo, e não o inverso.
 
Irmãos, não penso que eu mesmo já o tenha alcançado, mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que ficaram para trás e avançando para as que estão adiante (Fp 3. 13 NVI) 
 
Aqui mais uma vez o cuidado é necessário, visto que o termo κατειληφεναι (Kateiliphenai), de καταλαμβανω significa alcançar totalmente. Diante disto não seria nada absurdo o entendimento de que o texto em apreço poderia ser traduzido assim: não penso que eu mesmo já o tenha alcançado totalmente, o que torna mais claro ainda a dimensão escatológica do já e do ainda não.
Paulo fez menção deste mesmo verbo no verso 12, ao afirmar que prosseguia para alcançar. Este mesmo era empregado de forma alusiva aos jogos públicos para expressar a ideia de empregar um esforço impetuoso, com vistas a agarrar, de obter prêmios em uma competição. Esta mesma ideia aparece em sua carta aos irmãos de Corinto (I Co 9. 24).
Tanto o termo avançar quanto o prosseguir em grego são na verdade o verbo επεκτεινομαι (epekteinomai), cujo sentido é o mesmo de empregar todos os esforços a fim de alcançar algo. Tanto que Robinson traduz como: estender-se sobre, estender mais além, indicando com isto um esforço parecido como o feito por um corredor fundista que no fim da prova joga o corpo um pouco mais para frente a fim de consolidar sua vitória, ou o nadador que busca tocar na borda da piscina a fim de confirmar a posição em que chegou.
Na vida de Paulo tal movimento se expressou em sua total renuncia à tradição e religião judaica e no total investimento em Cristo Jesus, visando ao prêmio da soberana vocação. Mas ele se vê ainda em meio à competição, não a dá por encerrada, daí ele que mesmo afirmar: prossigo para o alvo, a fim de ganhar o prêmio do chamado celestial de Deus em Cristo Jesus (Fp 3. 14 NVI).

prossigo para o alvo, a fim de ganhar o prêmio do chamado celestial de Deus em Cristo Jesus (Fp 3. 14 NVI).

O termo que Paulo emprega para alvo aqui é σκοπον (skópon), que para Robinson equivale a um objeto distante em que se fixa o olhar, uma meta, um alvo. Os tradutores da LXX empregaram a mesma palavra para expressar o alvo estabelecido por um flecheiro (Jó 16. 12; Lm 3. 12). σκοπον pode ser também uma marca na qual se fixa o olhar. Aqui para todos os efeitos se mantém a mensagem de que o apostolo tem um alvo supremo e sua corrida se dá em direção ao mesmo.
O alvo do apóstolo e consequentemente de todo o cristão deve de ser o prêmio (βραβειον [brabeion]) da soberana vocação em Cristo Jesus. Neste caso, βραβειον é o prêmio recebido pelo ganhador nos jogos olímpicos. Na carta aos Coríntios Paulo afirma (indiretamente, é claro), que nossa recompensa plena por todos os perigos e males aos quais nos sujeitamos em razão de nossa escolha pelo Evangelho e discipulado é justamente este prêmio da soberana vocação. Daí que nossa trabalho não seja vão no Senhor (I Co 15, 57, 58).

Todos nós que alcançamos a maturidade devemos ver as coisas dessa forma, e se em algum aspecto vocês pensam de modo diferente, isso também Deus lhes esclarecerá (Fp 3. 15 NVI).

A expressão τελειοι (teleioi), pode ser traduzida como "perfeito", que na língua grega nada tem a ver com o significado que nós atribuímos à perfeição. Nós a entendemos a partir daquilo que reúne todas as qualidades; que não tem defeitos; ideal, impecável; excelente. O termo ideal, por si só já nos coloca diante daquilo que é quimérico, que está para além do mundo da experiência.
Mas conforme dissemos acima a perfeição aqui tem a ver com o completar de um percurso, de um ciclo. É com esta ideia que Tiago trabalha quando afirma: E a perseverança deve ter ação completa (τελειον), a fim de que vocês sejam maduros (τελειοι), e íntegros, sem lhes faltar coisa alguma (Tg 1. 4 NVI). A perfeição no primeiro sentido é algo que se obtém ao fim de um processo de aprendizagem, quando completamos a prova, ao passo que a perfeição maturidade, vem com o aprendizado. Aqui o homem perfeito é aquele que após passar uma serie conseguiu extrair a lição e desenvolver um tipo de caráter. É neste sentido que Paulo diz que alcançamos a maturidade.
Este chamado não é compreensível à primeira vista, daí Paulo apelar ao fato de que as coisas que não compreendemos no presente momento nos serão esclarecidas e reveladas na medida em que caminhamos, que prosseguimos em nossa carreira. Exatamente por este motivo Paulo emprega o termo αποκαλυψει (apokalupsei), cujo sentido denota a remoção de um véu, que por sua vez permita a contemplação plena do objeto. Na medida em que entendemos a esperança do nosso chamado, compartilhamos dos mesmos sentimentos e disposições presentes em Paulo.

Tão-somente vivamos de acordo com o que já alcançamos (Fp 3. 16 NVI).

Viver de acordo com o que alcançamos é proceder de forma coerente com o chamado de Deus. O termo στοιχειν (stoichein), indica um andar retilíneo, tal como os das tropas em marcha de batalha. O emprego metafórico da mesma indica um procedimento pautado por um ensino, ou doutrina. Daí a afirmação: Tão-somente vivamos de acordo com o que já alcançamos.
Encerro rogando a Deus que este estudo traga muita edificação aos que o lerem e profundo proveito aos que compartilharem do mesmo com os respectivos alunos da Escola Bíblica Dominical.

Em Cristo Pr Marcelo Medeiros

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Lição de EBD n° 7: A atualidade dos conselhos paulinos


Após discorrer a respeito das características marcantes dos verdadeiros obreiros do Senhor, Paulo faz um alerta à igreja de Felipo: βλεπετε τους κακους εργατας (belpete tous kakous ergatas), cuja tradução mais viável é cuidado com os maus obreiros, esta é a primeira de uma serie de recomendações que ele dará aos crentes.
Para um melhor aproveitamento da lição em apreço, sugiro que a mesma seja estuda em contraste com as lições passadas. Por exemplo, na lição que trata das virtudes dos salvos em Cristo, cujo comentário pode ser encontrado aqui neste espaço, abordo a ação da graça e do poder de Deus no desenvolvimento das virtudes que evidenciam a nossa salvação. Nada ali tem a ver com obra, ou mérito humano, mas com pura graça de Cristo.
No comentário da lição a respeito da fidelidade dos obreiros do Senhor veremos atitudes que no fundo destoam das ações dos maus obreiros (κακους εργατας). Eles são maus obreiros, porque não há neles o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus, e não ousam sob hipótese alguma a seguirem o exemplo de Cristo, a confiança deles é na carne, ao invés de o ser na cruz de Cristo.

I) Mantendo a alegria em cada instante da vida

O primeiro conselho do apóstolo é: χαιρετε εν κυριω (chairete em Kuryoi), ou alegrai-vos no Senhor. Já abordei este assunto em sucessivas ocasiões. Na verdade todas as vezes que em deparei com um assunto referente a esta carta, faço menção do contrastante fato de que a despeito desta carta ser uma das cartas do cativeiro, é a missiva em que Paulo mais fala da questão da alegria, sempre alternando termos tais como: χαρας (charas) e χαρα (chara).
As palavras que melhor definem alegria são: contentamento,  júbilo, prazer moral. Este contentamento incontido algumas vezes é chamado de αγαλλιασις (aggaliasis), júblio. em outras ocasiões, a fim de reforçar a necessidade de estarmos sempre alegres, χαρας e αγαλλιασις são colocadas lado à lado (Mt 5. 12).
Ao lermos a missiva em apreço percebemos que é deste modo que Paulo vive. Mesmo estando preso, ele olha para o progresso do Evangelho (Fp 1. 12ss). Mesmo vendo pessoas que estão pregando motivadas por emulação, ele diz que importa que Cristo seja pregado (Fp 1. 16 - 18). Mesmo diante da incerteza da vida, ou da morte, ele se vê em lucro (Fp 1. 19 - 21). Não importa se o que Paulo vê diante de si é vida, ou morte, o que importa é que ele se alegra e convoca os crentes se alegrarem com ele (Fp 2. 17, 18).
 
II ) Cuidado com os falsos obreiros
 
Estes falsos, ou maus obreiros são comparados com cães, um simbolismo empregado pelo salmista para se referir aos ímpios (Sl 22. 16, 20). A este respeito, MacArthur acrescenta que este era um epíteto, que se dava aos ímpios pelo fato de que os antigos cães eram vistos como animais asquerosos, dada á sua ancestralidade comum com os lobos. Tal como animais carnívoros prontos a devorarem sua presa, tal é a atitude do ímpios diante dos justos. Daí o aviso de Paulo com relação aos crentes judaizantes, e a comparação dos mesmos com os cães.
Outro fator fortemente ressaltado tanto por Salomão, quanto pelo apostolo Pedro é que estes animais tinham o mau e asqueroso hábito de lamberem o próprio vômito. Como o cão volta ao seu vômito, assim o insensato repete a sua insensatez (Pv 26. 11 NVI). Confirma-se neles que é verdadeiro o provérbio: "O cão voltou ao seu vômito" e ainda: "A porca lavada voltou a revolver-se na lama" (II Pe 2. 22 NVI).
O mais interessante é que Pedro faz tais declarações justamente no final do texto em que trata dos falsos mestres. Voltando para Paulo, ele sucessivamente avisa, em suas cartas aos irmãos das comunidades que ele fundou, a respeito destes tais. Observe a advertência que ele dá à Igreja de Corinto: Pois tais homens são falsos apóstolos, obreiros enganosos, fingindo-se apóstolos de Cristo. Isto não é de admirar, pois o próprio Satanás se disfarça de anjo de luz. Portanto, não é surpresa que os seus servos finjam que são servos da justiça. O fim deles será o que as suas ações merecem (II Co 11. 13 - 15 NVI). 
Toda comparação feita acima é mais do que procedente, se olharmos para o ensino de Cristo, no qual os falsos profetas são comparados a lobos em pele de cordeiro. Externamente eles são cordeirinhos, mas no seu interior, são lobos devoradores, e a única forma de reconhecer os tais é olhando para a atitude dos mesmos. No dia do juízo, muitos destes apresentarão os seus respectivos currículos a Deus e ouvirão dele: não vos conheço, visto que nunca se preocuparam em fazer a vontade de Deus (Mt 7. 15 - 23).
 
III) Cuidado com a circuncisão
 
A expressão κατατομην (katatomen) aparece exclusivamente neste texto e não é a palavra que Paulo emprega para circuncisão que é περιτομη (peritomen [Rm 2. 25, 28, 29; 4. 10; Fp 3. 3]). A primeira na verdade é uma expressão empregada para as mutilações que os gentios se faziam, e que foram proibidas pela lei (Lv 19. 28; 21. 5; Dt 14. 1; Is 15. 2).
Na visão paulina a circuncisão fora dada aos judeus, particularmente a Abraão, como como selo da justiça que ele tinha pela fé, quando ainda não fora circuncidado, e precisamente por este motivo, o patriarca em apreço veio a ser o pai de todos os que crêem, sem terem sido circuncidados, a fim de que a justiça fosse creditada também a nós os que cremos (Rm 4. 11 NVI).
De modo que Abraão é igualmente o pai dos circuncisos que não somente são circuncisos, mas também andam nos passos da fé que teve nosso pai Abraão antes de passar pela circuncisão (Rm 4. 12 NVI). Fora deste contexto a circuncisão é comparada sim a uma mutilação. Falando de forma mais branda, o valor que tal rito tem é puramente externo.
No contexto a circuncisão é símbolo do apelo humano à justiça baseada no mérito. A justificação provida em Cristo é um escândalo para os que são acostumados a confiarem nas suas obras ao invés de confiarem exclusivamente em Deus, que justifica o ímpio (Rm 4. 5). Paulo mais do que ninguém tentou levar os mandamentos de Deus à serio, e como ninguém ele percebeu o teor de exigência dos mesmos daí, ele ter se desesperado de si mesmo (Rm 7. 24, 25), e ter decidido confiar exclusivamente na graça de Deus, e é este caminho que somos convidados a seguir.

IV) Cuidado com o orgulho espiritual

Um termo bastante presente nas cartas de Paulo é καυχωμενοι (kaykoomenoi), do verbo καυχαμαι (kaukamai), cujo sentido é o mesmo de gloriar-se. O apóstolo diz que nós é que somos a circuncisão, nós que adoramos pelo Espírito de Deus, que nos gloriamos em Cristo Jesus e não temos confiança alguma na carne (Fp 3. 3 NVI). Na medida em que se aprofunda no texto bíblico e no seu respectivo contexto é possível se perceber com maior clareza que o judeu se orgulhava de ser um guardião da lei de Deus (Rm 2. 17, 23). A verdade do Evangelho derruba este motivo de orgulho, visto que todos estão debaixo do pecado, e ao tropeçaram em um único mandamento se tornam réus de todos os demais (Rm 3. 23; Tg 2. 10). Diante do exposto concluo que a justiça somente pode ser alcançada por meio da fé em Cristo (Rm 3. 24, 25).
Onde está, então, o motivo de vanglória? É excluído. Baseado em que princípio? No da obediência à lei? Não, mas no princípio da fé. Pois sustentamos que o homem é justificado pela fé, independente da obediência à lei (Rm 3. 27, 28 NVI). O que está sendo dito aqui é que o homem não tem do que se gloriar, se seu motivo de glória é o cumprimento da exigências da lei. Isto faz com que toda jactância (καυχησις [kaukesis]), seja anulada.
Em Cristo o homem não tem do que se gloriar diante de Deus, exceto em Deus. Nós cristãos nos gloriamos na esperança da glória de Deus (Rm 5. 2), nos gloriamos em Cristo (Rm 5. 11), nos gloriamos do nosso proceder santo diante dos homens, mas o fazemos sabedores de que tanto a santidade quando a sinceridade são provenientes de Deus (II Co 1. 12), visto que é ele quem nos santifica (I Ts 5. 23, 24), e opera em nós o querer e o efetuar segundo a sua boa vontade (Fp 2. 12, 13).
As palavras de Jeremias são claras: não se glorie o sábio em sua sabedoria nem o forte em sua força nem o rico em sua riqueza, mas quem se gloriar, glorie-se nisto: em compreender-me e conhecer-me, pois eu sou o Senhor, e ajo com lealdade, com justiça e com retidão sobre a terra, pois é dessas coisas que me agrado", declara o Senhor (Jr 9. 23, 24 NVI). Paulo completa com seu famoso está escrito: "Quem se gloriar, glorie-se no Senhor" (I Co 1. 31 NVI).

V) Cuidado com a justiça própria

O orgulho no cumprimento da lei fez com que os judeus desenvolvessem uma consciência de que poderiam serem tidos como justos, caso se submetessem plenamente às ordenanças legais. Esta falsa percepção é visível em muitos crentes pentecostais (meio ao qual pertenço), e em muitos católicos. A justiça aqui ganha contornos totalmente negativos, uma vez que o ser justo está condicionado ao que deixamos de fazer.
Não são poucos os crentes que com vistas a discutir, por exemplo a doutrina da perseverança dos santos recorrem ao texto de Ezequiel, no qual vemos este modelo negativo de justiça. Afirmo ser este um modelo negativo visto que ali ser justo é: não comer nos santuários que há nos montes, não olhar para os ídolos, não contaminar a mulher do seu próximo, não se deitar com a mulher durante o período do seu ciclo menstrual, não oprimir ninguém, não cometer roubos, não emprestar com usura, etc... (Ez 18. 6 - 8 paráfrase).
Esta justiça, repetimos é atribuída ao homem na medida em que ele cumpre os decretos de Deus, visto que Ele mesmo fala pelos lábios do profeta: ele age segundo os meus decretos e obedece fielmente às minhas leis. Aquele homem é justo; com certeza ele viverá, palavra do Soberano Senhor
(Ez 18. 9 NVI).
Stott afirma no seu clássico A verdade do Evangelho que a justiça de Deus que nos é dada pela fé em Cristo, é um veredito de Deus para nós, ou seja é a declaração de que somos justos não por nosso mérito pessoal, mas em Cristo e por Cristo (Rm 5. 1, 2; I Co 1. 30, 31; II Co 5. 21). Que Deus nos dê graça para que possamos nos despir de nossos trapos de imundícia e nos vestirmos da justiça de Cristo Jesus. Amem.  
 
Pr Marcelo Medeiros.

sábado, 10 de agosto de 2013

Ensino Religioso, confessionalidade, interconfessionalidade, e supraconfessionalidade



Escrevo este breve texto a fim de refletir a respeito do ensino religioso nas escolas, tema que há quinze dias atrás foi abordado no programa "Na Moral", por um senhor representante de grupos de combate à intolerância religiosa, mas que não teve a devida atenção dos demais participantes da mesa debatedora. Talvez porque a menção do mesmo tenha de dado de forma analógica, visto que o assunto que se pretendia abordar era a discriminação que o frequentador de culto afro sofre em nossa sociedade. Contudo a abordagem teve um toque da contradição entre o ER e a laicidade estatal, assunto ao qual pretendo voltar em uma outra postagem.

Me lembro claramente que em vias de terminar o meu curso de Pedagogia, uma das professoras, sabedora de que eu era evangélico, sugeriu que abordasse o tema em minha monografia. Não o fiz em razão de ter cedido à tentação de escrever sobre música. É igualmente digno de nota que a minha reação inicial, á lei que instituía o mesmo em nosso Estado não foi das melhores. A despeito da criação em ambiente pentecostal, e da forte identificação que tenho com este grupo até hoje, a teologia com a qual me identifico é a da reforma. Nesta, a relação Igreja e Estado é vista da forma mais separada o possível. Daí a minha visão pessimista quando ao assunto.

Anos após me formar em pedagogia, necessidades profissionais me fizeram me inscrever em um curso de pós graduação lato sensu, e neste novo ambiente ao assunto voltou á tona, o que me fez refletir de verdade a respeito da temática. A reflexão me conduziu à crítica dos modelos adotados e ao que poderia chamar de uma proposta de exercício da prática de forma a respeitar a diversidade e promover o diálogo intercultural e inter-religioso.

Na minha perspectiva a o ensino religioso na modalidade confessional pode resultar suscitar discussões e suspeitas de subvenção do estado em favor de um determinado grupo, e em detrimento de outro. Isto dá voz a um discurso que denuncia a predominância das religiões cristãs, e exclusão das minorias religiosas. A interconfessionalidade, ainda que muito melhor que a supra confessionalidade e a confessionalidade, pode falhar no que tange á seleção de conteúdos a serem ministrados, terminando por privilegiar esta, ou aquela religião, em detrimento das demais.

A supraconfessionalidade, que á a proposta que faz com que professores de filosofia e história trabalhem as religiões em suas disciplinas, peca pelo reducionismo. Isto porque o fenômeno religioso é muito complexo para ser abarcado por estas disciplinas, e por mais que tal perspectiva permita um ensino laico, corre o risco de rejeição por parte dos educandos que não idetifiquem seu modo de viver a religião com a perspectiva do educador, o que pode vir a produzir um distanciamento entre educador e educando.

Da minha perspectiva é de fundamental importância que o ensino religioso esteja nas escolas públicas, não falo simplesmente por coadunar com a concepção de que o Ensino Religioso, pode ser trabalhado como um matéria entre tantas outras, cujo fim pode ser o de colaborar no desenvolvimento dos educandos de forma a que estes alcancem os objetivos claramente colocados nos Parâmetros Curriculares Nacionais. Não! O que quero dizer é que o Fenômeno religioso, é tão humano quanto qualquer outro e como tal, e dada à seu alcance e amplitude, é sim objeto de estudo das mais variados ramos do saber e a função da escola é colocar este saber ao alcance dos educandos e educadores sim.
Diante de tal constatação, o desafio que temos diante de nós consiste na elaboração de um referencial teórico que nos permita selecionar e trabalhar os conteúdos, de uma forma que nem fira a laicidade e nem melindre a consciência do religioso. Uma forma de se trabalhar o ensino religioso, e que ao meu ver respeita tanto o caráter laico do estado, quanto a perspectiva religiosa do educando, é a que associa a teologia da cultura de Paul Tillich, com a educação dialógica de Paulo Freire.

No caso do primeiro, percebemos como a Teologia e os símbolos da religiosidade estão entranhados em nossa cultura. Tal perspectiva permite que se faça a articulação entre o saber religioso e os saberes que foram selecionados para promoverem a formação do educando de forma a que este atenda aos objetivos gerais dos parâmetros curriculares nacionais. Articulação esta, que se dá na concepção de Absoluto que o teólogo da cultura faz, e em sua forma de entender a religião como um sentimento que nos envolve de forma incondicional. 

 No caso da Pedagogia Freire, pelo fato desta colocar a educação dialógica como a mais legítima das práticas pedagógicas. Na prática do Ensino Religioso, ela permite que se trabalhe o diálogo entre as confissões de fé, a visão que a criança tem de sua prática religiosa, e a que o professor possui. é claro que, conforme previsto pelo próprio Freire, o professor após ouvir terá de intervir a fim de corrigir possíveis erros e vícios do pensamento, mas o fará sabendo que o aluno não é de todo um ignorante, e ele não é sabedor de tudo, e que aquela não será alcançado se não for ouvido. Me despeço esperando que este breve esboço tenha contribuído de alguma forma para uma maior reflexão a respeito do assunto.

Marcelo Medeiros.

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Uma lição bem azul


Nesta semana, tive a oportunidade de assistir Os Smurfs 2 com a família. Os motivos foram muitos. aniversario do mais novo, férias do mais velho, necessidade de tempo com a família, uma comemoração mista, etc.. . Confesso que tive a chance de ver o filme com uma ótica nunca vista. Desde criança sou habituado com o desenho em si, e com as críticas diabolizantes que o mesmo recebe. Mas enquanto exercitava a paciência com o mais novo percebi que aquela besteira que via desde criança tinha algo da estrutura de pensamento cristão, a começar com a aceitação incondicional da smurfete, que todos sabem não é uma smurf original, mas uma criação do diabólico Gargamel, mas que fora incluída na família, graças ao perdão dos demais.
Tudo começa quando o vilão sequestra a Smurfet e o Papai Smurf decide escolher três Smurfs para juntos resgatarem a smurfet. Eles representam sabedoria, coragem e otimismo, mas por acidente, os que nenhuma habilidade possuem vão para a missão. Só neste fato já temos uma breve menção à estrutura de pensamento cristão, que ao contrário de nossa sociedade, que privilegia os mais aptos, dá a importância aos menos aptos. a verdade é que nem sempre os mais velozes chegam primeiro, os inteligentes nem sempre são favorecidos, e nem sempre os sábios tem a garantia do pão, já dizia Salomão.
Para Todos os efeitos, ver o filme e poder perceber que os Smurfs 2 trazem consigo muito da estrutura de pensamento cristão, já foi extremamente gratificante. É indicador de que a cultura, em sua totalidade pode, mesmo em um mundo secularizado como o nosso dar testemunho da verdade revelada nas Escrituras. Quem sabe, no lugar do esquizofrenismo à Yrion, não tenhamos uma ponte para dialogar com nossos filhos a respeito dos valores que estes filmes trazem e que coadunam com a cosmovisão cristã? Fica a pergunta.  
 
Em Cristo, Pr Marcelo Medeiros

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Cientistas podem ler pensamentos (mind reading) - Rodrigo Alvarez - 2010



Ao visitar o meu perfil no Facebook, vi esta matéria na fanpage de um renomado pregador. Honestamente, não compartilho com ele da opinião de que os pensamentos serão lidos por meio da tecnologia. Até porque a tecnologia por si, sempre dependerá da interpretação humana, coisa que o próprio vídeo já coloca.
A tecnologia por si só não é uma novidade, mas o resultado do que já existe. De certa forma a leitura corporal, em alta na literatura psicológica, é uma forma de se interpretar sim, o que o outro pensa. Todavia esta interpretação é de caráter puramente especulativo, uma vez que ninguém sabe das coisas dos homens, exceto o Espírito do homem que nele está, e em certa dimensão, nem nós mesmos discernimos nossa mente e coração (Jr 17. 9, 10).

Lição da EBD n° 6: A Fidelidade dos obreiros do Senhor


Nas últimas três lições estudamos a respeito do comportamentos dos salvos em Cristo, do modelo que este é para nós, e das virtudes que os salvos podem desenvolver por meio da graça de Deus. Nesta lição estudaremos a respeito da Fidelidade dos obreiros do Senhor. O termo fidelidade é definido como: uma semelhança que se guarda entre dois objetos, dois documentos, entre aquilo que é original, e o que é a cópia. Também temos o termo probidade, cujo sentido é o mesmo que honestidade, integridade; retidão de caráter. Estas são qualidades que devem estar em todos os cristãos e ainda mais nos obreiros do Senhor, e estaremos estudando a respeito das mesmas.
 
I) A preocupação de Paulo com a Igreja
 
É visível em sua vida de oração dedicada ao progresso dos crentes de Filipo. Ele ora da seguinte forma: Esta é a minha oração: que o amor de vocês aumente cada vez mais em conhecimento e em toda a percepção,  para discernirem o que é melhor, a fim de serem puros e irrepreensíveis até o dia de Cristo,  cheios do fruto da justiça, fruto que vem por meio de Jesus Cristo, para glória e louvor de Deus (Fp 1. 9 - 11 NVI). 
No seu discurso aos anciãos de Éfeso ele disse que em nada tinha a sua vida como preciosa, mas que estava disposto a oferecer a sua vida como selo do testemunho (At 20. 24), mas pensando no progresso dos irmãos de Filipo, ele afirma: Estou pressionado dos dois lados: desejo partir e estar com Cristo, o que é muito melhor;  contudo, é mais necessário, por causa de vocês, que eu permaneça no corpo.  Convencido disso, sei que vou permanecer e continuar com todos vocês, para o seu progresso e alegria na fé, a fim de que, pela minha presença, outra vez a exultação de vocês em Cristo Jesus transborde por minha causa (Fp 1. 23 - 26 NVI). 
Pessoalmente o apostolo sabe que Cristo será engrandecido por meio de sua visa, ou da sua morte (Fp 1. 20). Mas espera permanecer com os irmãos de Filipo a fim de poder contribuir mais com o progresso e com a causa do Evangelho. E isto, o faz movido por um profundo sentimento que nutre pelos crentes. Ele mesmo afirma: É justo que eu assim me sinta a respeito de todos vocês, uma vez que os tenho em meu coração, pois, quer nas correntes que me prendem quer defendendo e confirmando o evangelho, todos vocês participam comigo da graça de Deus (Fp 1. 7 NVI).
Este vínculo emocional é comum em quase todas as comunidades pelas quais Paulo passou. aos crentes de Corinto ele disse: Assim, de boa vontade, por amor de vocês, gastarei tudo o que tenho e também me desgastarei pessoalmente. Visto que os amo tanto, devo ser menos amado? (II Co 12. 15NVI). Com esta fala o apóstolo em questão está dizendo que sua disposição maior para com os fieis é a de investir neles. Aos crentes de Tessalônica ele disse: Embora, como apóstolos de Cristo, pudéssemos ter sido um peso, tornamo-nos bondosos entre vocês, como uma mãe que cuida dos próprios filhos.  Sentindo, assim, tanta afeição por vocês, decidimos dar-lhes não somente o evangelho de Deus, mas também a nossa própria vida, porque vocês se tornaram muito amados por nós (I Ts 2. 7, 8 NVI).
Nem suas cadeias fazem com que ele ceda à comiseração e a auto piedade. Pelo contrario, revestido de autoridade ele afirma aos irmãos de Filipo que suas prisões contribuíram para a causa do Evangelho de Cristo. Nem mesmo a oposição dos que pregam o Evangelho motivados por emulação o faz recuar (Fp 1. 12 - 18).
NÃO HÁ COMO NEGAR! AQUI TEMOS O PERFIL DE UM OBREIRO EXEMPLAR! Todavia um líder que se preze tem como uma das principais preocupações o preparo de uma geração de sucessores (assunto do qual trataremos mais detalhadamente nas linhas abaixo). Nas cartas do apóstolo aparecem dois nomes, o de Timóteo e o de Tito.
 
II) Timóteo e Epafrodito, dois exemplos de obreiros
 
Existem dois obreiros em que Paulo investiu, e recomendou como seus sucessores. sabedor que os dias finais seriam difíceis (II Tm 3. 1), que os homens seriam tendenciosamente voltados para toda forma de apostasia (II Tm 3. 8 - 12; 4. 2, 3), ele recomendou que se tivesse cuidado com os lobos que após a sua partida invadiram o arraial dos santos (At 20. 29ss).
Assim, um cuidado constante que vemos em Paulo é o de recomendar poucos obreiros. Na verdade ele somente recomenda aqueles em quem ele vê, o mesmo sentimento e a mesma preocupação para com o rebanho de Deus. Ao longo de boa parte das cartas de Paulo, dois nomes sobressaem o de Timóteo, e o de Tito.
O primeiro, conforme dito no post inaugural desta serie, é um jovem filho de pai grego e mãe judia que Paulo conheceu em Listra (At 16. 2). Mais tarde ele é chamado por Paulo de meu verdadeiro filho na fé em Cristo Jesus (I Tm 1. 2). O mesmo é dito de Tito, a respeito de quem, pouca informação temos (Tt 1. 4).
Retornando à pessoa de Timóteo, Lucas o descreve em sua narrativa como um μαθητης (mathetees), expressão cujo sentido é discípulo (At 16. 2). Ser discípulo é muito mais do que ser um mero aluno. Este é apenas alguém que aprende de outro, aquele é o que segue as ideias (adotando a doutrina como parâmetro), e imita os exemplos do seu mestre.
É a respeito deste que Paulo fala: Não tenho ninguém como ele, que tenha interesse sincero pelo bem-estar de vocês (Fp 2. 20 NVI). Em nossas versões mais empregadas, este mesmo texto é traduzido da seguinte forma: Porque a ninguém tenho de igual sentimento. O mesmo sentimento aqui é a tradução para ισοψυχον (isopsichon), de ισο (igual) + ψυχον (alma), indicando afinidade de pensamento e sentimento. A preocupação pelo bem estar alheio era tal que o autor a descreve por meio do termo μεριμνησει (merimneesei), o mesmo que descreve a ansiedade. A descrição do apóstolo é indicador de que ninguém absorveu seus ensinos como Timóteo o fez, e isto a ponto de seguir o seu exemplo de desprendimento, abnegação e interesse sincero pelo bem estar de outro.
Escrevendo aos irmãos de Corinto Paulo recomenda à Timóteo nos seguintes termos: Se Timóteo for, tomem providências para que ele não tenha nada que temer enquanto estiver com vocês, pois ele trabalha na obra do Senhor, assim como eu (I Co 16. 10 NVI). O que Paulo está dizendo aqui é, que se há algum obreiro que mereça o prestigio e apreço da comunidade como legitimo sucessor dele, este é Timóteo.
Mas por que apenas Timóteo? A resposta é: todos buscam os seus próprios interesses e não os de Jesus Cristo (Fp 2. 21 NVI). Em outras palavras: nem todos estão dispostos a seguirem o exemplo de Cristo, que assumiu uma condição inferior por amor a nós. Não se quer com isto dizer que Paulo não tenha investido em outros obreiros, mas que, a despeito de tal investimento, ele sucessivamente fora abandonado por estes. Um exemplo é o caso de Fígelo e Hermógenes (II Tm 1. 15), e Demas (II Tm 4. 10).
O testemunho de Paulo a respeito do jovem pastor Timóteo é este: vocês sabem que Timóteo foi aprovado, porque serviu comigo no trabalho do evangelho como um filho ao lado de seu pai (Fp 2. 22). A expressão aprovado indica alguém que passou em um exame, ou numa série de provas com fins de avaliação e alcançou êxito no processo. A expressão δοκιμην (dokimen), é traduzida como experiência em Rm 5. 4, nas versões Almeida Corrigida e Atualizada, como caráter aprovado, na NVI, ou virtude comprovada na Bíblia de Jerusalém.
Além de um caráter comprovado, Timóteo εδουλευσεν εις το ευαγγελιον (serviu ao Evangelho) como companheiro de Paulo, e com uma fidelidade tamanha que o relacionamento dos dois foi comparado pelo próprio apóstolo como o de um pai para com o seu filho. Da minha perspectiva, o serviço do Evangelho criou este vínculo.
A respeito de Epafrodito, pouco é dito sobre ele. O que sabemos é que foi um irmão da comunidade que fora enviado pelos irmãos com uma oferta a fim de suprir as necessidades de Paulo em suas cadeias (Fp 4. 18). Ao que parece este mesmo irmão adoeceu no meio do caminho, mas foi amparado (possivelmente pelo próprio Paulo, na casa em que estava preso), e agora está sendo mandado de volta (Fp 2. 25 - 28).
A respeito do mesmo é dito: meu irmão, cooperador e companheiro de lutas, (αδελφον και συνεργον και συστρατιωτην [adelphói kai sineergon kai systratiooteen]). a expressão irmão indica mais do que mero laço consanguíneo, indica vínculo fraternal que foi demonstrado no serviço da fé feito pelo obreiro em apreço. O termo cooperador indica alguém que ajuda outro em suas funções. Mais do que isto,  συνεργον (synergon) é a palavra que dá origem ao vocábulo sinergia, que se pode entender como sendo o concurso de diversos órgãos na realização de uma função. Se Paulo pode pregar o Evangelho, ele o faz porque dispõe de pessoas como Timóteo e Epafrodito para o desempenho de suas funções.

Conclusão

Minha breve conclusão é de que tal como a comunidade o obreiro tem de se espelhar no exemplo de Cristo para servir melhor à causa do Evangelho. É neste aspecto que vemos se um obreiro é, ou não fiel no sentido da palavra. Minha oração é de que Deus levante nesta última ora obreiros com o perfil de Paulo, Timóteo e Epafrodito sim, e que estes tenham o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus. Amem.

Pr Marcelo Medeiros.

 

sábado, 3 de agosto de 2013

No dia que se chama hoje

 
Hoje, três de Agosto de dois mil e treze, faço meu trinta e nove anos. São quase quatro décadas, e como passou rápido. Me lembro de quando ainda tinha os meus dezoito anos. Naquela época minha vida era puro sonho e expectativa, queria ganhar o mundo inteiro, e acreditava que poderia fazer isto sem perder a alma, uma vez que tinha entregue minha vida a Deus.
Na verdade, se considerarmos que Deus estabeleceu um numero de anos aos homens, veremos que os trinta e nove não são meus. Meu coração ferve com a gratidão de quem, a despeito de toda adversidade com que teve de lidar ao longo de uma vida pobre de recursos, experimentou, e tem experimentado sim o bem do Senhor na terra dos viventes.
Digo isto, porque tenho o que nem o dinheiro, e nem a engenhosidade humana podem dar. A família, o sorriso ingênuo de dois maravilhosos filhos, o apreço de quem me vê como herói, quando muitas vezes o mundo me vê de forma pejorativa, e o mais importante a companheira que me ajudou a construir tudo isto e cujo sorriso ilumina os meus mais tenebrosos dias.
Isto faz com que o meu coração se encha de gratidão a Deus pelo que Ele fez por mim. Parafraseando a canção de Marcos Valle, hoje é um novo tempo, de um novo dia já começou..... . Se é um novo tempo, é tempo de agradecer, por este motivo compartilho com vocês a canção É preciso agradecer, interpretada pelo Grupo Prisma Brasil. Cujo link segue abaixo

http://www.youtube.com/watch?v=v37iSFLI0aM

Em Cristo Pr Marcelo Medeiros.

 


 

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Silas Malafaia mal na fita

Escrevo este posto preocupado com os últimos acontecimentos. A JMJ, a visita do Papa, a rejeição por parte deste em entrar no jogo politico arquitetado por Dilma e cia, e o modo como os evangélicos, digo a liderança evangélica, dentre os quais destacamos o Pr Silas Malafaia, tem reagido a todos estes acontecimentos.
Por duas vezes usei este espaço para, honestamente defender Silas Malafaia. Na primeira, em razão da entrevista que o mesmo concedeu à Marília Gabriela, o que por sinal lhe rendeu automaticamente as críticas de um biólogo brasileiro que faz doutorado em genética em uma universidade inglesa. Na segunda ocasião, em uma questiúncula entre ele e o conselho federal de psicologia. Em ambos os casos minha opinião foi expressa por meio de postagens.
Minha honesta preocupação com o líder em apreço se dá em função dos desdobramentos dos eventos ocorridos na semana passada em nosso estado. Ao que parece, a Igreja católica e, de tabela o protestantismo, junto com as denominações que ramificam do mesmo, respiraram novos ares com a visita de um papa que reúne carisma, forte intelectualidade, espirito missionário, e uma simplicidade que simplesmente conquistou a mídia e a população em si. Fato que recebo com grande alegria, visto que espero que esta renovação católica traga algum tipo de redirecionamento e senso de responsabilidade aos evangélicos. Sem contar que na missão de evangelizar é mais fácil o caminho do dialogo do que o da apologética. É melhor dialogar com jovens católicos a partir de algo em comum, do que com pessoas secularizadas.
Na sua entrevista ao fantástico (entrevista que ainda pretendo analisar aqui neste espaço), ele demonstrou saber o que está fazendo. Daí a clara opção deste por maior proximidade com o povo, uma vez que na sua compreensão a Igreja é a mãe, e uma mãe não pode resumir seu relacionamento com os seus filhos a documentos e cartas. ´
A reação de Silas Malafaia ao espaço que o catolicismo tem tido na mídia não foi nada, nada agradável. Sei que a reação dos mesmo foi contra o caráter tendencioso da mídia, que ressalta as qualidades de um papa, mas não hesita em denegrir os evangélicos. Sem contar que muito do discurso do Pontífice romano é, na verdade, discurso protestante, mas nem a mídia se interessa em demonstrar este aspecto histórico, nem o povo se interessa em ler e em se informar. Resultado? Os discursos de Francisco ganham ares de novidade, ainda que não o sejam. 
O pior de todos os cuidados que há de se tomar é o de que não haja aquele velho clima de Papa humilde versus Pastores opulentos e arrogantes. E mais o vídeo que rola nas redes sociais onde Malafaia aparece defendendo pastores que cometem as maiores atrocidades é uma blasfêmia ao Evangelho de Cristo, uma contradição na boca de quem tem lutado pela liberdade de expressão e uma flagrante má interpretação de um texto bíblico que na verdade fala não dos pastores atuais, mas dos patriarcas.
Me despeço aqui rogando aos leitores do blog, e do presente post que orem pelas igrejas evangélicas, orem por nosso pastores, para que Deus lhes dê a sabedoria necessária para aproveitarem bem este momento de avivamento católico para um maior diálogo com os mesmos e que desde advenha um progresso da palavra de Deus. Não é hora de pensar em rivalidade, em revanchismo, mas em Reino de Deus, em conversa franca e aberta, em discussão teológica. Afinal,
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