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terça-feira, 19 de maio de 2015

Maria mãe de Jesus, uma mulher qualquer, ou digna de veneração?



Esta imagem circula no facebook. O questionamento da mesma é pertinente, pelo simples fato de que a Bíblia não retrata Maria, mãe de Jesus como um mulher qualquer. Mas também não fala da mesma como uma pessoa digna de veneração. Daí a necessidade de inversão do questionamento: de que espírito estão cheios os que veneram Maria, ao ponto de confundir a devoção da mesma com a adoração?


O mais importante quando alguém procurou elogiar a mãe de Jesus, ele não estimulou, antes contrapôs a atitude de sua mãe com a dos que obedecem aos seus ensinos. Assim, cabe aqui perguntar, de que espírito Jesus estava cheio quando proferiu estas palavras:
E aconteceu que, dizendo ele estas coisas, uma mulher dentre a multidão, levantando a voz, lhe disse: Bem-aventurado o ventre que te trouxe e os peitos em que mamaste. Mas ele disse: Antes bemaventurados os que ouvem a palavra de Deus e a guardam (Lc 11. 27,28 ACF). 
Fica a dica, caro irmão.  

terça-feira, 12 de maio de 2015

Família e comerciais de margarina



As redes sociais foram criadas com o intuito claro de socializar conhecimento, informação, contatos, além, é claro de diminuir distâncias. Mas alguns vícios foram associados às mesmas. Contudo, não há porquê em demonizar as redes. A saída, é o desmascaramento contínuo das mazelas humanas, dentre as quais uma denunciada por Pascal, de não se satisfazer com a vida que se tem em si, mas de se projetar continuamente na mente dos outros e criar assim, um outro eu

A razão de ser deste post é a infeliz constatação de que além de perseguir a felicidade o homem contemporâneo faz das tripas corações para se mostrar feliz aos outros. Felicidade, ou a imagem de que se é feliz, bem sucedido, é o novo produto do momento. E um dos maiores trunfos para tal é a incorporação da família comercial de margarina. 

Para Pondé, a desgraça é o que faz o homem ser humano. Pascal, disse que uma vez o objeto de desejo sendo alcançado, o homem se entedia com aquilo que outrora fora desejado. Mas C. S. Lewis descobriu a farsa em toda esta luta para ser feliz, e isto sem cair no desespero existencial. Para este autor, o propósito da vida não é a felicidade, mas que os seres humanos se tornem pessoas melhores, daí o sofrimento, inclusive na família. 

Não bastasse a loucura desenfreada, alguns ministros e obreiros, diante da percepção desta carência popular, investem suas energias ministeriais em sermões e palestras sobre o assunto. Alguns o fazem com extrema sobriedade, outros chegam ao cúmulo de distorcer a mensagem do Evangelho e saturar o rebanho de Deus com mensagens e mais prédicas sobre a temática. 

O assunto em questão pode e deve ser alvo de reflexão e ensinamento em Escolas Bíblicas e em púlpitos, mas jamais tal deve se fazer sem que o mesmo seja ligado ao contexto do Evangelho de Cristo e à doutrina cristã em geral. O alvo da Bíblia é mudar a prática, mas para que tal se dê, tem de haver ensino. Este não pode jamais frisar somente um lado da verdade, mas tem de abranger toda a verdade. 

Em uma escola bíblica, este autor viu quão duro julgamento Davi recebeu [ler aqui], mas que juízo fariam de Jesus, que em sua vida terrena não obteve a credibilidade para o seu ministério e cuja intenções foram colocadas em dúvida por aqueles que melhor do que ninguém deveriam compreender sua missão e propósito? 
Disseram-lhe, pois, seus irmãos: Sai daqui, e vai para a Judéia, para que também os teus discípulos vejam as obras que fazes. Porque não há ninguém que procure ser conhecido que faça coisa alguma em oculto. Se fazes estas coisas, manifesta-te ao mundo. Porque nem mesmo seus irmãos criam nele (Jo 7. 3 - 5 ACF). 
Além de ser alvo de incompreensão dos seus irmãos, Jesus alertou aos seus discípulos que eles seriam igualmente tratados por seus familiares. Leia as palavras de Jesus abaixo e pergunte em que aspecto elas se enquadram na pregação atual sobre família?
E o irmão entregará à morte o irmão, e o pai o filho; e os filhos se levantarão contra os pais, e os matarão. E odiados de todos sereis por causa do meu nome; mas aquele que perseverar até ao fim, esse será salvo [...] Não é o discípulo mais do que o mestre, nem o servo mais do que o seu senhor. Basta ao discípulo ser como seu mestre, e ao servo como seu senhor. Se chamaram Belzebu ao pai de família, quanto mais aos seus domésticos? Portanto, não os temais; porque nada há encoberto que não haja de revelar-se, nem oculto que não haja de saber-se. [...] Não cuideis que vim trazer a paz à terra; não vim trazer paz, mas espada; Porque eu vim pôr em dissensão o homem contra seu pai, e a filha contra sua mãe, e a nora contra sua sogra; E assim os inimigos do homem serão os seus familiares. Quem ama o pai ou a mãe mais do que a mim não é digno de mim; e quem ama o filho ou a filha mais do que a mim não é digno de mim. E quem não toma a sua cruz, e não segue após mim, não é digno de mim. Quem achar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a sua vida, por amor de mim, achá-la-á (Mt 10.21-39 ACF). 
Em Marcos é possível constatar que quando a família de Jesus foi até uma casa em que ele estava pregando e anunciando o Evangelho, o fizeram com a intenção clara de o prender como alguém que havia perdido o juízo. E, quando os seus ouviram isto, saíram para o prender; porque diziam: Está fora de si (Mc 3. 21 ACF). Com sua vida Jesus ilustrou o alto custo do Evangelho e da clara escolha pelo reino. 
 
Muitos outros texto poderiam ser ligados a este, mas o leitor pode conferir em sua Bíblia com referência marginal, ou de rodapé. Mas a mensagem que este post se propõe a transmitir, é a de que o Evangelho não garante que cada crente terá uma família comercial de margarina. Se pela graça de Deus o leitor alcançou uma família equilibrada e que sai bem na foto mesmo sem as costumeiras maquiagens, saiba que isto é graça. 

Este é o momento para um apelo. Pregadores em nome de Jesus, parem de pregar sobre família, preguem sobre renúncia, pecado, perdão, misericórdia e graça. Estes são os fatores que pesam na estabilidade de uma família em um mundo caído, e isto sim, é Evangelho. Foi isto que Cristo fez. Fora a verdade inconteste de que nem Abraão, nem Moisés são padrão de amor conjugal, mas Cristo. Preguem a Cristo, e este crucificado. 

Forte Abraço. 

Marcelo Medeiros. 

Família, desmistificando o assunto




A razão de ser do presente artigo e consequentemente do presente post é a percepção deste autor de que o assunto da moda é família. A causa? Possivelmente o desejo que cada um traz de ser bem sucedido e realizado nos relacionamentos pessoais, somado às dificuldades que a sociedade atual impõem aos mais variados relacionamentos. Daí, que multiplicam-se exponencialmente autores que escrevem sobre o assunto, e pregadores que fazem incursões no mesmo. Destas, algumas sérias outras comprometedoras.

Este autor acredita que o Evangelho não pode, em hipótese alguma ser comprometido, ou ter a sua essência alterada em detrimento das mais variadas necessidades humanas. A mulher samaritana necessitava de água e de salvação. Ela quis unir o útil ao agradável, mas nem por isto Jesus deixou de confrontar a mesma. Eis aqui um vivo exemplo de que o Evangelho não deve ser adaptado.

A razão de ser de tal exposição, se dá pelo fato de que reconhecidamente o ambiente pentecostal não é aberto à crítica intelectual. Sendo a mesma frequentemente confundida com julgamentos pessoais. Daí a necessidade de esclarecer que o propósito deste post não é o de denegrir homem de Deus algum, mas tão somente separar a verdade do erro, e zelar pelo Evangelho.

Em uma Escola Bíblica, este autor teve o desprazer de ouvir uma pregação ("palestra motivacional?") a respeito da família. Nesta o palestrante apontava a longevidade de Abraão como procedente das relações familiares saudáveis, ao passo que Davi, envelheceu rápido por não ter sido bem sucedido com a família.

O primeiro questionamento que vem à mente é: um homem casado com uma mulher estéril, em uma cultura patriarcal, tribal, pode ser tido como  realizado? Um lar onde a concubina entre em rota de colisão com a principal esposa, é um ambiente pacífico? Uma vez consideradas estas questões o autor pode concluir por si só que, no mínimo, houve por parte do palestrante uma idealização de quem das relações familiares de Abraão.

Há de se lembrar que Abraão conhece Hagar no momento em que peregrinou para o Egito. E o preço de sua paz lá naquelas terras foi um estranho acordo com sua mulher, a de que esta dissesse que era sua irmã e os homens do lugar poupassem a vida do patriarca, do grande pai na fé, por amor de sua mulher. O leitor, ou leitora consegue imaginar um homem que honre sua hombridade fazendo tal coisa? Nem o roteirista de proposta indecente conseguiu imaginar algo desta proporção! Afinal, na obra cinematográfica, há arrependimento por parte do homem, ainda que tardio, mas alguém vê no texto bíblico um mínimo esboço de comoção em Abraão? Pelo contrário, ele ganha presentes do Faraó!

Uma vez desmistificado o caso de Abraão, convém desmistificar o caso de Davi. Por mais que se ressaltem elementos bíblicos e textuais apontando o Rei e poeta como um homem omisso com seus filhos, depressivo, permissivo, ao ponto de entregar o controle familiar e ser manipulado pelo seu general, e por Bete-Seba; há que se considerar um fator: a casa de Davi, estava sob juízo divino por causa do seu adultério com a mulher de Urias, e como não bastasse, a forma como ele tramou a morte deste.

A única coisa que explica a atitude de tal pregador é que no lugar do mesmo fazer exegese, ele fez eisegese. No lugar de trabalhar com o sentido original dos textos e com um sólido paradigma teológico, o palestrante preferiu inserir alguma ideia, cuja fonte é difícil de rastrear, mas não de especular. O resultado foi uma mensagem agradável para quem se encontra sérias dificuldades familiares, mas totalmente divorciada do Evangelho.

Aqui é o momento de ressaltar dois elementos ignorados pelos pregadores de família. O pecado e a graça. No caso de Davi, o pecado é bem claro. Ele não resiste a um rabo de saia. Além das muitas mulheres no caso de Nabal ele se mostra iracundo. Seus pecados são facilmente identificados, ao passo que no caso de Abraão, não fica muito claro, e dos que aparecem, tal como a mentira de por duas vezes fazer sua mulher passar por irmã, imediatamente os papas do evangelicalismo levantam defesas e justificativas para encobrir o erro do patriarca. Mas a mulher que quiser ver em Abraão um modelo ideal de homem tem de estar pronta para dividir ele com outra, ou a ser rifada. 

Davi tinha problemas pessoais e estes apenas reforçam que sua chegada ao trono de Israel foi uma questão de Graça de Deus, e tão somente esta. Pela lógica um rei de um povo tem no lar o teste final de sua capacidade de governar, mas a graça subverte esta e todas as demais lógicas humanas. Foi assim no caso de Eliabe, e Elisama, por que não seria com os conceitos modernos tais como os defendidos pelo palestrante?

A consequência imediata da perda da visão de pecado é a banalização da graça. Abraão viveu mais de cem anos? Graça! Davi viveu apenas seus setenta e alguns? Graça! Do erro de Abraão saíram duas nações numerosas e poderosas, e de Davi reis, que não foram depostos de seus tronos? Graça! Por graça Abraão é amigo de Deus, e Davi, o homem segundo o coração de Deus, que ao contrário de Saul, fez toda a vontade de Deus pertinente ao seu reino

É mais do que coerente que crente algum queira para si as consequências da vida de Davi. Para tal basta, em tese que não se cometam os mesmos erros que ele cometeu. Mas nem isto é garantia de pleno sucesso na vida familiar. Afinal, filhos, mulher, marido, sogro, sogra, genro, nora não são personagens de comercial de margarina, mas seres caídos e como tais precisam ser considerados e tratados. 

É unica e exclusivamente por meio deste entendimento que maridos, mulheres, pais, filhos, genros, noras, sogros, sogras, passam a tratar uns aos outros com base no perdão, no amor, na misericórdia e outros elementos que ajudam a superar as mazelas da convivência em um mundo caído, mas longe de um paraíso na terra. Aos que desejam fazer de seus respectivos lar um paraíso, cabe a lembrança de que após pecar o homem foi expulso de lá, e por quê? Para não tomar da árvore da vida. Na condição de pecadores o homem não pode se realizar plenamente em esfera alguma de sua vida. Fica a lição. 

Marcelo Medeiros. 

sábado, 9 de maio de 2015

Mulheres que ajudaram Jesus



Dando sequencia a série de estudos das lições bíblicas da Escola Dominical, publicadas pela CPAD, o presente post estará focando a atuação feminina no ministério de Jesus. Já foi dito neste espaço que uma peculiaridade do Evangelho de Lucas é o destaque que este evangelista dá às mulheres. Este é o escrito em que
A mulher assume papel significante. A pecadora que ungiu Jesus e lavou os pés recebe a honra de ter o seu ato lembrado onde o Evangelho for pregado (Lc 7. 37 - 50). Algumas mulheres que auxiliavam o ministério de Jesus são apresentadas aqui: e também algumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos malignos e doenças: Maria, chamada Madalena, de quem haviam saído sete demônios; Joana, mulher de Cuza, administrador da casa de Herodes; Susana e muitas outras. Essas mulheres ajudavam a sustentá-los com os seus bens (Lc 8. 2, 3 NVI [ver aqui]). 
Teólogos e teólogas adeptos da teologia feminista podem argumentar que tais textos são patriarcalistas, e emitem uma imagem negativa da mulher, mas há que se atentar, por exemplo, no caso da pecadora que a despeito do anonimato da mesma, Jesus deixa claro que onde o Evangelho fosse pregado o ato da mesma seria lembrado. Este estudo será guiado por alguns pressupostos que serão claramente delineados nas linhas abaixo.

O PRESSUPOSTO CANÔNICO

Alegar que a Bíblia foi escrita em um ambiente patriarcal traz um sério ônus. Demanda que se ignore que no cânon sagrado dois livros levam nomes de mulheres Rute e Ester, e que no segundo cânon, aparece uma personagem chamada Judite, que dá nome ao seu livro. A primeira história trata de uma moabita que com a ajuda de sua sogra consegue um parente remidor para sua herança. Dela vem ninguém mais, ninguém menos do que Davi, o grande rei de Israel.

O segundo livro traz a narrativa do judaísmo em contexto persa, e de uma trama engendrada por Hamã a fim de exterminar o povo judeu. Para Mardoqueu, tio da protagonista que dá nome ao livro, Ester foi colocada no palácio com vistas à preservação do povo judeu. E não há outra explicação para o estranho incidente com a rainha Vasti, que foi deposta por recusar-se a ser exposta à vista dos demais homens como uma prostituta.

(Aqui é conveniente que se explique que naqueles tempos, uma mulher expor a sua beleza equivalia a um desfile nu, situação esta aviltante para uma rainha, uma mulher oficial. Na verdade este procedimento era adotado com prostitutas e concubinas. A teologia feminista louva Vasti, ao invés de Ester, mas foi por meio desta, ao invés daquela que o povo de Deus foi preservado da trama de Hamã).

O caso de Débora tem de ser examinado com cuidado. Primeiro, ela é a mulher proeminente em Israel, na época dos juízes. Quando esta, por meio de um oráculo afirma que Baraque tem de ir à guerra e este recusa ir sem a presença da juíza, ela afirma que a honra de matar Sísera (general do exército inimigo), seria dada a uma mulher. Na narrativa as palavras da profetisa se concretizam, e Jael mata Sísera (Jz 4-5). Este autor não vê como tal narrativa pode se encaixar em um contexto cultural patriarcal.

Ainda dentro do livro de Juízes é possível a leitura de uma conspiração de Abimeleque contra os demais filhos de Gideão.
O desfecho da história em apreço foi o mais simples possível, ele morreu ferido por uma pedra lançada por uma mulher do alto de uma torre, ainda agonizante suplicou ao seu escudeiro que terminasse o trabalho, para que a honra de sua morte não fosse dada a uma mulher. Assim Deus retribuiu a maldade que Abimeleque praticara contra o seu pai, matando os seus setenta irmãos. Deus fez também os homens de Siquém pagarem por toda a sua maldade. A maldição de Jotão, filho de Jerubaal, caiu sobre eles (Jz 9. 56, 57 NVI [ver aqui]).  
Convém que se ressalte que segundo a narrativa, Abimeleque pediu ao seu escudeiro para que este o matasse, a fim de que não se soubesse que ele havia morrido pelas mãos de uma mulher, conforme de lê nas linhas abaixo
Porém uma mulher lançou um pedaço de uma mó sobre a cabeça de Abimeleque; e quebrou-lhe o crânio. Então chamou logo ao moço, que levava as suas armas, e disse-lhe: Desembainha a tua espada, e mata-me; para que não se diga de mim: Uma mulher o matou. E o moço o atravessou e ele morreu (Jz 9. 53, 54 ACF).
Mas há de se ressaltar que: em um ambiente supostamente patriarcalista, não há como entender que um copista tenha escrito de tal forma. O ideal seria que se levantasse um homem valente em Siquém que depusesse Abimeleque, o que não ocorreu.

Judite traz uma história cheia de anacronismos históricos e geográficos. Duas hipóteses podem ser levantadas, sendo a última improvável. A primeira é que o livro é uma novela, uma fábula. A segunda que o autor propositalmente usou este anacronismos a fim de ocultar a mensagem que ele queria transmitir ao povo daquele período.

No livro de Lucas é dito que Maria recebeu a visita do anjo a fim de lhe informar os planos de Deus para ela como mãe do Messias. Sem querer entrar na discussão a respeito do nascimento virginal de Cristo, e da obra do Espírito Santo; este autor gostaria de indagar aos proponentes da teoria patriarcal se algum deles consegue explicar porque o anjo não pediu autorização para José, e sequer comunicou a este em primeiro lugar?

Mateus, evangelho escrito para os judeus, deixa claro que José tomou ciência da natureza da gravidez de Maria bem depois, tanto que intentava deixá-la secretamente, a fim de não a infamar (Mt 1. 18). Este dado é importante. Se uma mulher fosse tratada com tamanho desdém, se esta fosse a regra, não haveria motivo para José arriscar a sua reputação para preservar a de Maria.

Mas curioso ainda é o fato de que cinco mulheres são citadas na genealogia de Jesus. Tamar, nora de Judá é a primeira. Esta usa de artimanha para com o mesmo visto que seu sogro não havia cumprido a palavra em dar seu filho mais novo como marido da mesma a assim suscitar descendência. A simples menção desta é um testemunho da mazela deste patriarca. 

Raabe é a meretriz que acolheu os espias em sua casa. Ela é a segunda mulher estrangeira que entra na genealogia de Cristo em um evangelho direcionado aos judeus, supostamente patriarcais. Do ponto de vista publicitário isto não seria nada bom, caso as pressuposições da teologia feminista esteja acertada. 

Rute é a terceira. Ela é moabita, e a lei preconizava: nenhum amonita nem moabita entrará na congregação do Senhor; nem ainda a sua décima geração entrará na congregação do Senhor eternamente (Dt 23. 3 ACF). as tanto Rute é aceita, seu tataraneto vem a ser Rei em Israel. A quarta mulher é Bete-Seba, uma adúltera. Estão presentes mulheres gentias e de má fama na genealogia de Jesus. 

A exceção é Maria, mas cujo incidente da inexplicável e inacreditável gravidez deve de ter provocado comentários. José não queria representar acusação formal contra a mesma, mas intentava deixá-la secretamente, até que em visão Deus se comunica com ele e as más impressões são desfeitas e ele a recebe como sua mulher. 

Além do mais, há de se observar a contínua ocorrência de nomes de mulheres nos capítulos iniciais do Evangelho de Lucas, bem como a canonização de cânticos atribuídos às mesmas. Maria, Isabel (mulher de Deus), Ana (graciosa), são algumas das protagonistas iniciais deste tão maravilhoso Evangelho.

O PRESSUPOSTO HERMENÊUTICO

É possível que diante das colocações supra alguém ainda objete que neste contexto as mulheres desempenharam uma função secundária, em outras palavras não foram protagonistas, mas coadjuvantes. Mas o que não se deve ignorar é que na Bíblia nem os homens são vistos como personagens principais. O personagem principal na Bíblia é o próprio Deus, conforme se lê nas linhas subsequentes
Ó Senhor, Senhor nosso, quão admirável é o teu nome em toda a terra, pois puseste a tua glória sobre os céus! Tu ordenaste força da boca das crianças e dos que mamam, por causa dos teus inimigos, para fazer calar ao inimigo e ao vingador. Quando vejo os teus céus, obra dos teus dedos, a lua e as estrelas que preparaste; Que é o homem mortal para que te lembres dele? e o filho do homem, para que o visites? Pois pouco menor o fizeste do que os anjos, e de glória e de honra o coroaste. Fazes com que ele tenha domínio sobre as obras das tuas mãos; tudo puseste debaixo de seus pés: Todas as ovelhas e bois, assim como os animais do campo, As aves dos céus, e os peixes do mar, e tudo o que passa pelas veredas dos mares. Ó Senhor, Senhor nosso, quão admirável é o teu nome sobre toda a terra! (Sl 8. 1 - 9 ACF). 
do presente texto algumas verdades serão destacadas

  1. O Salmo começa e termina com um louvor ao nome do Senhor. Não é o nome de Abraão, de Isaque, de Jacó, Moisés, Elias, Davi, mas do Senhor, que é exaltado em toda a terra. 
  2. As crianças eram vistas com desprezo no período bíblico, logo quando o salmista diz: Tu ordenaste força da boca das crianças e dos que mamam, por causa dos teus inimigos, para fazer calar ao inimigo e ao vingador, ele está dizendo que Deus usa os desprezados para a consecução de seus planos. 
  3. Maria entendeu esta verdade, tanto que em seu cântico ela diz: atentou na baixeza de sua serva; Pois eis que desde agora todas as gerações me chamarão bem-aventurada, Porque me fez grandes coisas o Poderoso; E santo é seu nome (Lc 1. 46, 47 ACF). 
  4. Ser humano algum, seja homem seja mulher, é coisa alguma diante do cosmos criado por Deus. Porém, Deus submeteu ao ser humano o domínio da natureza. 
  5. O início e o fim da presente obra poética indica que a finalidade divina é fazer o seu nome ser glorificado em toda a terra. 

Aqui é possível vislumbrar que o centro da história sagrada é o próprio Deus. Assim, cabem aqui as considerações feitas por Douglas Stuart a respeito do teor das narrativas, para quem Deus é o herói de todas as narrativas bíblicas. Não se trata então de hierarquização entre Abraão e Sara, mas de compreender que tanto o patriarca com sua carne mortificada, quanto a esposa depois de passado o período fértil, são alvos da misericórdia divina, que lhes dá um filho temporão e lhes suscita descendência. 

Há de se reparar que no texto bíblico a palavra heróis não aparece, os homens e mulheres de fé, são pessoas que da fraqueza suscitaram a força. É isto que se lê claramente no texto sagrado (Hb 11. 34). Se há louvor aos homens há de se reparar que estes são antigos que alcançaram testemunho (Hb 11. 2), e entre eles aparecem Sara, Raabe, e mulheres que receberam pela ressurreição os seus mortos

Tanto as mulheres quanto os homens são colocados neste texto como testemunhas que rodeiam os santos, constituindo assim motivação para que os mesmos prossigam na carreira que lhes foi proposta. Tal como ocorreu com as testemunhas citadas pelo autor (Hb 11), a garantia dos santos é o próprio Cristo autor e consumador da fé dos mesmos. 

MULHERES QUE AJUDARAM A JESUS

O consenso dentro da Teologia ortodoxa é o de que 
O evangelho de Cristo trouxe uma revolução na posição social das mulheres, e o ponto inicial foi o favor de Deus para com a virgem Maria (Lc 1. 28, 30,42, 48). O Senhor Jesus ensinou às mulheres (Jo 4. 10 - 26; 11. 20 - 27) e recebeu seus atos de bondade e apoio financeiro (Lc 8. 3; 10. 38 - 42; 23. 56). Elas devem ser consideradas como espiritualmente iguais em Cristo (Gl 3. 28). 
Após a ressurreição de Cristo, as mulheres se uniram com outros discípulos em oração e plena comunhão (At 1. 14). Portanto elas evidentemente ajudaram a eleger Matias (At 1. 15 - 26). Elas receberam o poder e os dons do Espírito Santo junto com os homens no dia de Pentecostes (At 2. 1 - 11, 17, 18). Na vida das igrejas primitivas as mulheres estavam sempre entre os primeiros crentes (At 5. 14; 12. 12; 16. 14, 15; 17. 4, 34)). Algumas como Lídia, Priscila, e Febe eram extraordinárias como colaboradoras de Paulo e como mulheres em cujas casas as Igrejas se reuniam (Rm 16. 1 - 5). Embora fosse permitido que as mulheres cristãs orassem e profetizassem na Igreja (dicionário Wycliffe, artigo mulher). 
Para os que diante das colocações acima ainda ousem apelar ao texto paulino em que o silêncio é recomendado às mulheres, convém ressaltar que a liderança da liturgia pública era  vedada às mesmas. Quando ao mais eram iguais. O que é reforçado pelos seguintes fatos:

  1. Jesus é chamado de semente da mulher (Gn 3. 15; Ap 12. 17). 
  2. Nascido de mulher (Gl 4. 4, 5). 
  3. Aceitou o sustento e a ajuda ministerial feminina em seu ministério (Lc 8. 2, 3)
  4. Aceitou a adoração de uma pecadora, e concomitantemente repreendeu um anfitrião desatento às formalidades da hospitalidade da época (Lc 7. 36 - 50). 
  5. Aceitou as misericórdias das mesmas junto à cruz
  6. Ignorou as formalidades da época quando se valeu do testemunho das mulheres para que estas divulgassem a notícia da ressurreição (Lc 24. 1 -8). 
  7. Foi o testemunho destas que provocou a necessidade de averiguação dos  fatos na igreja primitiva (Lc 24. 9 - 11, 22 - 24). 
Em Cristo. Marcelo Medeiros


terça-feira, 5 de maio de 2015

Paulo Betti x Roberto DaMatta



Segundo notícia veiculada por pragmatismo político o ator Paulo Betti foi ofendido por Roberto DaMatta, por causa do seu personagem gay [aqui]. O caso mostra a tendência atual de considerar toda crítica a gays como homofóbica. Mas a forma como o fato tem sido tratado abre espaço para questionamentos. 

Há que se considerar que a Globo tem representado gays de forma caricata. Isto pode ser visto no personagem Téo Pereira, no Félix, e mesmo na Naná. São caricaturas. O que mais se aproxima da realidade, pasmem! são os personagens de Fernanda Montenegro e Natália Timberg. Mas pelo que vejo no desenrolar da trama, representar gays reais, pode ser uma faca de dois gumes. 

O mais curioso, voltado ao caso de Betti e DaMatta, é que a notícia vem à tona logo no momento em que o fracasso de Babilônia ganha páginas e mais de revistas e jornais. Este nada tem a ver com o boicote anunciado pelo evangélicos. Creio que a causa é a insistência em fórmulas já esgotadas, e que tenho apontado aqui. 

Marcelo Medeiros. 
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