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quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Malaquias, a Sacralidade da Famíia





O profeta Malaquias (מַלְאָכִֽי ) profetizou no período que sucedeu o ministério profético de Ageu e Zacarias. A pregação destes, ao que parece foi de extrema utilidade para que o povo desse continuidade às obras de restauração dos muros e do templo de Jerusalém. Mas não resolveu a questão referente à apatia espiritual do povo. Os dias que sucederam a construção do templo não trouxeram de imediato o cumprimento das profecias de Ageu e Zacarias. Conforme dito ao longo deste série de estudos, somente quando Herodes, o Idumeu restaurou o templo, que parte da glória (כָּבֹ֔וד) prometida foi vista. Ainda assim, Temper e Longman III nos fazem observar que não há em toda literatura do judaísmo qualquer relato de que a glória do Senhor (no sentido de manifestação divina), tenha descido sobre o templo. Daí a impassibilidade do pov frente às questões de natureza espiritual.
No que tange à autoria, Malaquias (מַלְאָכִֽי ) apresenta sérios problemas. Priemeiro, não há ocorrência deste mesmo nome em todo o Antigo Testamento. Segundo, Malaquias (מַלְאָכִֽי ) ocorre como nome próprio no cabeçalho do livro, mas a expressão também ocorre no terceito capítulo, onde o termo em apreço (מַלְאָכִֽי ) possui outro o sentido, o de meu mensageiro.
Vejam, eu enviarei o meu mensageiro (מַלְאָכִֽי ), que preparará o caminho diante de mim. E então, de repente, o Senhor que vocês buscam virá para o seu templo; o mensageiro da aliança (מַלְאָכִֽי ), aquele que vocês desejam, virá", diz o Senhor dos Exércitos (Ml 3. 1 NVI). Conforme podemos ver há duas ocorrências do termo (מַלְאָכִֽי ), que equivale ao nome do profeta. Partindo deste dado muitos estudiosos tem proposto que o nome em apreço não seja de caráter pessoal, mas um termo para um profeta anônimo, que se auto denomina mensageiro do Senhor.
Esta posição tem sido rejeitada tanto por ortodoxos como Dillardd e Hill, quanto por moderados como Temper e Longman III. MacArthur propõe na intordução de sua Bíblia de Estudo que o nome do profeta de fato seja este, como acontece no cabealho de tocdos os profetas. Além do mais, precisamos lembrar que outros nomes de profetas tem o seu significado e muitos deles se relacionam
sim com o conteúdo de sua profecia. É o caso, por exemplo, de Zacarias filho de Baraquias  בֶּן־בֶּ֣רֶכְיָ֔ה   (Zarariah ben barakya). O nome Zacarias (זְכַרְיָה֙) significa "Deus se lembra", ao passo que Baraquias, significa "Deus abençoa". Por esta regra nenhum destes livros era para ser de autoria pessoal. Mas isto não é aceitável por nenhuma escola, por que seria no caso de Malaquias?
A mensagem de Malaquias é bem simples. O relacionamento entre Deus e Israel está sendo desprezado pelo povo. Isto pode ser visto na forma com que o povo trata a própria condição de eleitos. Deus os amou e consequentemente rejeitou os edomitas, os descentens de Esaú (Ml 1. 2 - 4), mas o povo não responde da forma adequada. O filho honra seu pai, e o servo o seu senhor. Se eu sou pai, onde está a honra que me é devida? Se eu sou senhor, onde está o temor que me devem?, pergunta o Senhor dos Exércitos a vocês, sacerdotes. "São vocês que desprezam o meu nome! Mas vocês perguntam: ‘De que maneira temos desprezado o teu nome? (Ml 1. 6 NVI). Deus afirma categoricamente: Não tenho prazer em vocês, diz o Senhor dos Exércitos, e não aceitarei as suas ofertas (Ml 1. 10 c NVI).
Os sacerdote eram os principais responsáveis pela lei e pelo ensino da mesma ao povo. Porque os lábios do sacerdote devem guardar o conhecimento, e da sua boca todos esperam a instrução na lei, porque ele é o mensageiro do Senhor dos Exércitos (Ml 2. 7 NVI). Mas o que vemos é totalmente inverso. Malaquias prossegue afirmando: vocês se desviaram do caminho e pelo seu ensino causaram a queda de muita gente; vocês quebraram a aliança de Levi, diz o Senhor dos Exércitos (Ml 2. 7 NVI).
O profeta prosssgue em estio de debate com o povo: Vocês têm cansado o Senhor com as suas palavras. ‘Como o temos cansado?, vocês ainda perguntam. Quando dizem: ‘Todos os que fazem o mal são bons aos olhos do Senhor, e ele se agrada deles’ e também quando perguntam: ‘Onde está o Deus da justiça? (Ml 2. 7 NVI). A possivel prosperidade dos maus instigava a mente dos judeus de forma  negativa. Eles achavam que os padrões de conduta divina haviam mudado. De forma tal que entre eles se falava: É inútil servir a Deus. O que ganhamos quando obedecemos aos seus preceitos e andamos lamentando diante do Senhor dos Exércitos? Por isso, agora consideramos felizes os arrogantes, pois tanto prospera o que pratica o mal como escapam ilesos os que desafiam a Deus! (Ml 3. 14, 15 NVI).
O que vemos aqui? Simples, se a aliança está comprometida, os relaciomentos também o serão, por este motivo o povo começa uma prática abominável, que de acordo com os estudiosos supra citados, será a de divorciarem das mulheres judias para se casarem com estrangeiras. Vejamos:
Há outra coisa que vocês fazem: Enchem de lágrimas o altar do Senhor; choram e gemem porque ele já não dá atenção às suas ofertas nem as aceita com prazer. E vocês ainda perguntam: "Por quê? " É porque o Senhor é testemunha entre você e a mulher da sua mocidade, pois você não cumpriu a sua promessa de fidelidade, embora ela fosse a sua companheira, a mulher do seu acordo matrimonial.
Não foi o Senhor que os fez um só? Em corpo e em espírito eles lhe pertencem. E por que um só? Porque ele desejava uma descendência consagrada. Portanto, tenham cuidado: Ninguém seja infiel à mulher da sua mocidade. "Eu odeio o divórcio", diz o Senhor, o Deus de Israel, e "o homem que se cobre de violência como se cobre de roupas", diz o Senhor dos Exércitos. Por isso tenham bom senso; não sejam infiéis (Ml 2. 13 - 16 NVI).

Revisando:
  1. Israel é um povo escolhido pelo Senhor mas que não honra a aliança que Deus estabeleceu com eles.
  2. O povo alega um relacionamento filial com YHWH, mas não o honra nem como Pai, muito menos como Senhor.
  3. Este pensamento reflete-se na adoração, uma vez que em termos práticos YHWH, nem é Pai, nem Senhor, qualquer coisa que se ofereça em seu altar é aceitável.
  4. Os sacerdotes, que deveriam guardar a aliança, são a principal causa do desvio do povo.
  5. A justiça de Deus é colocada em dúvida, uma vez que os maus estão prosperando, que sentido faz servir a Deus com fidelidade?
  6. A vida religiosa do povo se reflete na banalização da vida familiar, uma vez que o relacionamento entre Deus e o homem é modelo do relacionamento entre marido e mulher.
 Em função de tal postura:

  1. Deus escolherá entre os gentios, um povo que seja seu. Em toda parte incenso e ofertas puras são trazidos ao meu nome, porque grande é o meu nome entre as nações, diz o Senhor dos Exércitos (Ml 1. 11 NVI).
  2. Os que não honrarem ao Senhor serão amaldiçoados. Maldito seja o enganador que, tendo no rebanho um macho sem defeito, promete oferecê-lo e depois sacrifica um animal defeituoso, diz o Senhor dos Exércitos; "pois eu sou um grande rei, e o meu nome é temido entre as nações (Ml 1. 14 NVI).
  3. Deus não muda, por este motivo o povo não é destruído. De fato, eu, o Senhor, não mudo. Por isso vocês, descendentes de Jacó, não foram destruídos (Ml 3. 6 NVI).
  4. Quando o Senhor vier, ele irá purificar os sacerdotes, a fim de que estes ofereçam uma oferta aceitável. Vejam, eu enviarei o meu mensageiro, que preparará o caminho diante de mim. E então, de repente, o Senhor que vocês buscam virá para o seu templo; o mensageiro da aliança, aquele que vocês desejam, virá", diz o Senhor dos Exércitos. Ele se sentará como um refinador e purificador de prata; purificará os levitas e os refinará como ouro e prata. Assim trarão ao Senhor ofertas com justiça. Então as ofertas de Judá e de Jerusalém serão agradáveis ao Senhor, como nos dias passados, como nos tempos antigos (Ml 3. 1, 3, 4 NVI).
  5. Haverá um dia, e este é o dia do Senhor, em que Deus mesmo fará com que todos vejam a diferença entre o justo e o ímpio. Este dia, não deixará nem raiz nem ramo, mas para aqueles que temem ao nome do Senhor, nascerá o sol da justiça (Ml 3. 16 - 4. 3).
  6. Deus odeia qualquer banalização do relacionamento conjugal.
Em termos práticos:

Vivemos dias em que Deus já tem escolhido entre os gentios, um povo exclusivamente seu, zeloso de boas obras (Tt 2. 14; I Pe 2. 9).
Deus engrandeceu o seu nome entre as nações da terra, ao conquistar para si homens de toda a tribo língua, povo e nação (Ap 5. 9, 10) e engrandecerá ainda mais, quando o mundo for sejeito ao seu Filho, Jesus Cristo, e este também se sujeitar a Deus. Então virá o fim, quando ele entregar o Reino a Deus, o Pai, depois de ter destruído todo domínio, autoridade e poder. Pois é necessário que ele reine até que todos os seus inimigos sejam postos debaixo de seus pés. O último inimigo a ser destruído é a morte. Porque ele "tudo sujeitou debaixo de seus pés". Ora, quando se diz que "tudo" lhe foi sujeito, fica claro que isso não inclui o próprio Deus, que tudo submeteu a Cristo. Quando, porém, tudo lhe estiver sujeito, então o próprio Filho se sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou, a fim de que Deus seja tudo em todos (I Co 15. 24 - 28 NVI).
Deus não muda (Tg 1. 17), tal como ocorreu com Israel, assim é conosco, sua fidelidade é a causa de nossa salvação (II Tm 2. 11, 12).
Fomos feitos povo de propriedade exclusiva de Deus (Tt 2. 13, 14; I Pe 2. 9), e reis e sacerdotes para Deus nosso Pai (Ap 1. 5; 5. 9, 10). É por Cristo Jesus que oferecemos a Deus sacrifícios agradáveis (Hb 13. 15; I Pe 2. 5).
Nossa vida familiar deve refletir nosso comprometimento com Deus (Ef 5. 22 - 6. 4).
É esta a lição que extraímos de Malaquias. Por ora paro por aqui, mas prometo rever este assunto, e com certeza Deus há de falar mais aos nossos corações.

Em Cristo, Pr Marcelo Medeiros.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Feliz Natal


 




Então é natal, e o que você fez?
O ano termina, e nasce outra vez.
Então é natal, a festa Cristã.
Do velho e do novo, do amor como um todo.
 
Esta é a primeira estrofe de uma canção cujo autor ignoro, mas cuja intérprete trago na memória. Simone, uma das cantoras prediletas de minha mãe, e de tantos da geração dela. Mas o meu objetivo não é analisar a letra da canção. De forma alguma! O que pretendo aqui é fazer uma breve reflexão a respeito desta festa.
É lugar comum afirmar-se que no dia vinte cinco de Dezembro, não é o dia do nascimento de Cristo. Isto faz sentido, uma vez que Cristo jamais mandou que seus discípulos comemorassem seu nascimento. Em contrapartida estabeleceu uma ceia comemorativa em honra à sua morte, e ainda disse aos seus discípulos: fazei isto em memória de mim (Lc 22. 19; I Co 11. 24, 25). Assim, Paulo acertadamente dizia: sempre que comerem deste pão e beberem deste cálice, vocês anunciam a morte do Senhor até que ele venha (I Co 11. 26 NVI).
À esta altura o leitor talvez possa estar perguntando: o que isto tudo tem a ver com natal? A despeito da letra da canção afirmar que o natal é uma festa cristã, na verdade ela é produto da adaptação de uma festa pagã, a solis invictis, ou o nascimento do deus sol. A Igreja do terceiro século a adaptou para que a conversão de povos pagãos se tornasse possível.
Partindo deste conhecimento e associando o mesmo a uma série de mitos pagãos, uma verdadeira avalanche de teorias da conspiração têm sido deflagrada nas redes sociais e na net. Resultado: o natal é uma festa pagã, todos os seus símbolos são pagãos e demoníacos e nenhum cristão que se preze pode comemorar tal data.
Mas eles se esquecem que o natal não é a primeira adaptação que se faz neste sentido. A páscoa judaica passou, por razões proporcionalmente diferentes, é claro, pelo mesmo processo. Originalmente era uma festa pagã que visava comemorar o início da primavera, o começo da fertilidade. Mas ela foi transformada na comemoração da passagem do povo de Israel. Pascoa, do hebraico pescah, significa passagem.
Aproximadamente mil e oitocentos anos depois, a mesma festa foi transformada em um evento cuja finalidade é anunciar, lembrar da morte do Senhor até o momento de sua vinda. Em ambas as versões da páscoa, o que prevalece é a questão da lembrança. No primeiro caso, do sofrimento do povo, e da saída do mesmo da terra do Egito. No segundo, a lembrança da maior de todas as demonstrações de amor, a morte de Jesus.
NESTE DIA GOSTARIA DE CONVIDAR A TODOS OS LEITORES A FAZEREM UMA NOVA LEITURA DA PRESENTE DATA. Quero convidá-los a ler a mesma sob a ótica bíblica. A transformarem os símbolos de nosso natal, na verdade a recriar os símbolos à luz da palavra anunciada aos pastores. Que possamos fazer parte do coro angelical que anunciou a boa nova aos pastores, por meio das palavras: Glória a Deus nas alturas, e paz na terra aos homens aos quais ele concede o seu favor (Lc 2. 14 NVI).
 
Feliz Natal,
 
Pr Marcelo Medeiros.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Zacarias e o Reinando Messiânico


 


 
Zacarias ( זְכַרְיָ֖ה), cujo nome significa  Deus se lembra, é, ao lado de Ageu e Malaquias, um dos profetas pós exílicos, a palavra do Senhor דְבַר־ יְהוָ֗ה (YHWH dabar) se manifestou ao profeta em 520 a. C. Ele é chamado de profeta נָּבִ֖יא (heb nabî), duas vezes no primeiro capítulo (Zc 1. 1, 7), e seus oráculos iniciais são datados, o que permite extrema precisão. Estas informações são de suma importância uma vez que o livro em apreço é alvo de disputas a primeira quanto ao estilo, a segunda, quanto à autoria dos capítulos da segunda metade (9 - 14).
Apesar do texto dizer claramente a palavra do Senhor veio ao profeta Zacarias, o que mais vemos em seus escritos são visões (Zc 1. 7 - 6. 8), e a julgar pela unidade do texto foram recebidas em apenas uma noite. Outro fator é o anjo sucessivamente interpretando estas mesmas visões (Zc 1. 9, 13, 14, 19; 2. 3; 4. 1, 4, 5; 5. 5, 10). O diálogo entre seres angelicais não é característico da literatura profética, mas da apocalíptica, conforme podemos ver nos livros de Daniel e do Apocalipse. Em ambos as mensagens de Deus são manifestas por meio de visões enigmáticas e interpretadas por anjos.
A julgar pelo número de visões, e pela ocorrência do verbo ver תִרְא֔וּ (roeh e suas variantes) no livro, podemos arriscar que este seja mais um vidente. Mas Zacarias é chamado de profeta, e o texto diz que a palavra do Senhor veio a ele. Assim, não seria nenhum absurdo propor que as visões de seu livro sejam de caráter didático, uma forma de aguçar a atenção e a curiosidade do ouvinte e com isso introduzir a mensagem.
Mas e os problemas de autoria da segunda parte do livro? Temos de assumir que de fato existam tais problemas. Algumas partes do livro parecem ser de autoria pré exílica. Exemplo de tais observações podem ser vistos na menção de um rei em Gaza (Zc 9. 5), ou as alusões à Assíria e ao Egito como potenciais ameaças ao povo de Deus. Neste ponto temos de considerar as alusões apocalípticas encontradas no livro, assim as referências ao suposto rei de Gaza, e às nações inimigas seriem simbólicas.
Mais marcante ainda são as referências aos pastores (Zc 11. 4 - 17), onde os pastores expulsos seriam Simão, Lisímaco e Menelau. Aceita esta teoria, os oráculos desta perte seriam do período dos Macabeus, conforme podemos ver (II Mc 4). Aqui temos um caso idêntico ao de Daniel, livro que na Bíblia hebraica figura entre os escritos, não entre os profetas. Mas precisamos lembrar que ainda que Zacarias não esteja entre os apocalípticos, pelas razões acima abordadas, ele é, ao lado de Daniel, um precursor deste estilo.
Quanto à autoria da segunda parte do livro, concordamos com Dillard e Longman III, quando estes estudiosos assumem a autoria única do livro. Primeiro, nenhuma das propostas feitas até o momento é consistente. Isto porque a mensagem é a mesma em ambas as partes. Exemplo:
  1. A importância de Jerusalém é visível em ambas as partes (Zc 1. 12 - 16; 2. 1 - 13; 9. 8 - 10; 12. 1 - 13; 14. 1 - 21). Estes oráculos serão fundamentais na constituição do Apocalipse de João, que colocará a sede do Reino do Messias em Jerusalém (Ap 20. 1 - 6), e chamará o Estado Eterno de Jerusalém celestial (Ap 21 - 22).
  2. A purificação da cidade santa (Zc 3. 1 - 9; 5. 1 - 11; 10. 9; 12. 10; 13. 1, 2; 14. 20, 21). Os temas da purificação do sacerdócio, e da fonte, por exemplo, apontam para uma dependência em relação ao profeta Ezequiel (Ez 44. 15 - 23; [6. 6; 36. 25]).
  3. O lugar dos gentios no Reino de Deus (Zc 2. 11; 8. 20 - 23; 9. 7 - 10; 14. 16 - 19). As nações se unirão ao Senhor, e estarão subordinadas ao povo santo. Os judeus serão referencial da presença de Deus entre os povos.
  4. A Reunião dos exilados (Zc 2. 6; 10. 9, 10).
Ainda que o texto fosse de diferentes autores, temos uma fantástica unidade no todo do livro.
A respeito das profecias messiânicas, o que podemos dizer é que:
  1. Josué é um tipo de Cristo. Primeiro, seu nome, tal como o de Jesus, significa o Senhor é a Salvação. em uma das menções a este sacerdote, Deus promete trazer o seu servo, o Renovo. Há igualmente uma menção à vinda de uma pedra, e que a iniquidade da terra será removida em um único dia. Ouçam bem, sumo sacerdote Josué e seus companheiros sentados diante de você, homens que prefiguram coisas que virão: Vou trazer o meu servo, o Renovo. Vejam a pedra que coloquei na frente de Josué! Ela tem sete pares de olhos, e eu gravarei nela uma inscrição, declara o Senhor dos Exércitos, e removerei o pecado desta terra num único dia (Zc 3. 8, 9 NVI).
  2. Ele profetiza um feito, que de acordo com o Evangelistas cumpriu-se quando Cristo entrou em Jerusalém (Zc 9. 9; Mt 21. 1 - 11). Alegre-se muito, cidade de Sião! Exulte, Jerusalém! Eis que o seu rei vem a você, justo e vitorioso, humilde e montado num jumento, um jumentinho, cria de jumenta (Zc 9. 9 NVI).
  3. Nos Salmos, Deus, o próprio יְ֭הוָה (YHWH), é descrito como sendo o Rei de Israel, ou o rei da Glória מֶ֣לֶךְ הַכָּבֹֽוד (malak kabod). Aqui, o rei é alguem humilde, pobre, e justo, que vem montado em jumentinho. Este é Jesus Cristo.
  4. Note que embora fale de algo que os intérpretes do Novo Testamento julgaram ser a traição, e concordo com eles, Zacarias atrela a vinda do Messias humilde com sua vitória sobre todas as demais nações (Zc 9.10 - 17).
  5. Se acharem melhor assim, paguem-me; se não, não me paguem. Então eles me pagaram trinta moedas de prata. E o Senhor me disse: "Lance isto ao oleiro", o ótimo preço pelo qual me avaliaram! Por isso tomei as trinta moedas de prata e as atirei no templo do Senhor para o oleiro (Zc 11. 12, 13 NVI). Mais uma vez os escritores do Novo Testamento interpretaram o texto de forma cristológica. Na percepção dos Evangelistas, o texto aborda o preço cobrado pela traição de Cristo (Mt 26. 15), o ato desesperado de Judas em devolver o dinheiro (Mt 27. 9, 10), e o destino que deram ao comprarem um campo de um oleiro. O mais curioso é que mateus liga a profecia ao profeta Jeremias, e de fato há uma menção de semelhante ato em Jeremias,  mas ela é claramente uma citação de Zacarias.
  6. De igual modo, a noite da traição, veja como Zacarias a descreve. espada, desperta-te contra o meu pastor, e contra o homem que é o meu companheiro, diz o SENHOR dos Exércitos. Fere ao pastor, e espalhar-se-ão as ovelhas; mas volverei a minha mão sobre os pequenos (Zc 13. 7 ARCF). Jesus disse aos seus discípulos na noite da traição: todos vós esta noite vos escandalizareis em mim; porque está escrito: Ferirei o pastor, e as ovelhas do rebanho se dispersarão (Mt 26. 31 ARCF).
  7. Tal como ocorre no Apocalipse, o Reino Messiânico se dará após uma sangrenta batalha entre Deus e os adversários do seu povo (Zc 14. 1 - 7). Somente após esta batalha, o reino do Senhor será instaurado.
 
As marcas do Reinno Messiânico são:
 
Deus habitará novamente no meio do seu povo (Zc 8. 2, 3).
A cidade será povoada de velhos e crianças (Zc 8. 4, 5).
Deus chamará o seu povo de todas as nações (Zc 8. 6 - 9).
A miséria dos dias posteriores ao exílio, não será mais vista (Zc 8. 10 - 12).
Diversas nações virão para Jerusalém a fim de buscar ao Senhor (Zc 8. 21 - 23).
 
O reino deste mundo pertence a Deus, e a Cristo (Sl 24. 1, 2, 7 - 10), que estejamos nas condições requeridas por ele para fazermos parte do seu Reino.
 
Pr Marcelo Medeiros, em Cristo Jesus.
 
 
 

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Deus, os Pastores, os Pregadores e os Teólogos


                      



Já afirmei aqui que Deus não está dentro dos  limites da Teologia, e que a visão que esta nos fornece de Deus é muito precária se comparada com a que Moisés teve, quando Deus se revelou a este enquanto passava. Mas mesmo a visão de Moisés, se deu por uma fenda de uma pedra, foi uma visão da retaguarda de Deus (Ex 33. 18 - 23). Em outras palavras, o homem com quem Deus falava face à face (Nm 12. 7, 8) teve uma visão parcial de Deus (ou seja, pelas costas).
Não é sem razão que o profeta Isaías afirma: verdadeiramente tu és um Deus que se esconde, ó Deus e Salvador de Israel (Is 45. 15 NVI). O relato das grandes teofanias da Bíblia nos revela um Deus que se manifesta em meio às trevas. Na descida do Sinai, por exemplo, o povo permaneceu à distância, ao passo que Moisés aproximou-se da nuvem escura em que Deus se encontrava (Ex 20. 21 NVI). Moisés disse ao povo: o Senhor falou a vocês do meio do fogo. Vocês ouviram as palavras, mas não viram forma alguma; apenas se ouvia a voz, e: no dia em que o Senhor lhes falou do meio do fogo em Horebe, vocês não viram forma alguma (Dt 4. 12, 15 NVI).
Existem dois motivos para tal padrão de ação. O primeiro, nenhum ser humano pode ver a Deus e continuar vivo. Segundo, tal como ocorre com os objetos, os conceitos engessados a respeito de Deus pocem produzir sim uma boa gama de idolatria. Por outro lado, objeto, ou conceito algum pode exprimir sua natureza, seu ser com inteireza. Ele permanece sendo o EU SOU.
Agora pense bem! Se homens íntimos de Deus não possuem uma visão clara do ser e da majestade do mesmo, se somente podemos conhecer dEle aquilo que nos é revelado, qual é a utilidade da Teologia hoje? Antes de respondermos esta pergunta, teríamos de responder outra: qual a utilidade do bordão, vara, ou cajado de Moisés na operação dos sinais e das maravilhas que foram realizadas no  período do Êxodo? Qual é a utilidade daquele rito do povo em redor dos muros de Jericó? Se Deus poderia intervir de forma direta, porque usar estes instrumentos? Se Deus permite que a sua ação seja mediada por instrumentos humanos e naturais, porque não mediaria sua revelação por meio da Teologia e da pregação?
Se você conseguir pensar saberá o motivo e o papel da Teologia, nem pastores, nem pregadores, nem Teólogos podem se gabar de intimidade com Deus, de espiritualidade, ou de conhecimento. O que vemos é fruto de benevolência. Foi assim com Moisés, seria diferente conosco. Mas a Teologia em seu caráter inter disciplinar ainda é o que de melhor temos para ver Deus pelas costas e envolto em trevas, se revelando, e ao mesmo tempo se ocultando para que não venhamos idolatrar os conceitos rígidos que formamos de sua pessoa.
Em Cristo, Pr Marcelo Medeiros.

Um Pouco de Senso crítico não faz mal




 
 
 
É costume entender crítica como sendo uma avaliação negativa. Creio que foi deste conceito errôneo que surgiram termos como "crítica construtiva", e "crítica destrutiva". Em nosso dicionários, por exemplo, o crítico é definido como uma pessoa que tem tendência para censurar. Daí que criticar seja, na compreensão de muitos algo intriscicamente ligado à censura. Esta, por sua vez, consiste no ato de condenar.
O problema é que este conceito ralo do que vem a ser crítica, fomenta a ausência de senso crítico tão útil e necessário para nós em tempos tão críticos. A leitura mais atenta do dicionário nos leva ao entendimento de que a crítica nada mais é do que a apreciação de caráter minucioso com fins à elucidação de fatos e textos, consiste também em um julgamento de caráter detalhado, pormenorizado.
Crítica é um julgamento, todavia não se trata de um juízo orientado pelo preconceito, mas pelo discernimento. É neste sentido que as palavras de Paulo ganham corpo. Ele afirma: quem é espiritual discerne todas as coisas, e ele mesmo por ninguém é discernido (I Co 2. 15NVI). A tradução da Sociedade Britânica no Brasil este mesmo texto é traduzido assim: o homem espiritual julga todas as coisas, e ele não é julgado por ninguém.
Julgar não é o mesmo que censurar, ou condenar, é tão somente usar o discernimento sob a orientação do Espírito de Deus. Neste sentido o senso crítico é mais do que útil, é vital, e necessário. É por meio deste que somos blindados contra o sectarismo, o partidarismo, as falsas percepções quanto à natureza do Evangelho, e tantos outros erros encontrados na Igreja de Corinto e cultivados atualmente.
 
Em Cristo, Pr Marcelo Medeiros.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Uma palavra sobre más interpretações de textos bíblicos

 



A Verdadeira Interpretação de Mt 19. 1 - 12

 
 
Tenho me reservado quanto a qualquer discussão a respeito das questões homoafetivas, ainda que tenha uma firma convicção a respeito. Tenho tentado ouvir os argumentos dos dois lados da questão. Mas ao ouvir parte do debate entre Marisa Lobo e ativistas a favor da diversidade sexual, minhas anteninhas de venilo automaticamente detectaram a presença do inimigo. Primeiro na confusão maldosa que fizeram com as palavras terapia (que é o proposto pela psicóloga em questão) e cura. Ainda que ligadas pelas raízes na língua grega a primeira expressa um serviço que se oferece ás pessoas que tenham alguma "doença", termo que os LGBTS, considera ofensivo para descrever a condição homossexual, ao passo que a segunda descreve o serviço oferecido por um terapeuta a qualquer pessoa que se encontre em conflito com sua identidade.
Segundo, um dos ativistas afirmou implicitamente que a psicóloga defende tal ramo por não entender a homossexualidade, será que ele mesmo a entende? Terceiro não foi permitido que a psicóloga respondese à altura nenhuma das interrupções, muito mal educadas, por sinal. O inimigo está presente aqui fazendo confusão em torno de palavras, manipulando dados, ligando a violência sofrida pelo homossexual à pregação contra a prática, ou comportamento homossexual, impondo o DETERMINISMO PSICOLÓGICO E CULTURAL, sobre o biológico.
Na verdade, creio cada vez mais que até o diabo se assusta com uma periércia deste tipo. Mas é o que estamos vendo em toda esta celeuma, e foi visto no programa. Mas o ponto que minha percepção se acendeu foi o que uma suposta pastora, ao interromper, de forma intempestiva, um ex-homossexual, afirmou que a Bíblia defende sim a prática. Qual foi co texto usado pela mesma? Mt 19.11, 12. Aqui, com todo o respeito à pessao, vi a mais pura ação do Paulo chamou de operação do erro, simples um texto bíblico foi usado de forma desleal, para afirmar exatamente o que não diz: que a Bíbia apoia a união homoafetiva. Vamos ler o texto?
 
Tendo acabado de dizer essas coisas, Jesus saiu da Galiléia e foi para a região da Judéia, no outro lado do Jordão. Grandes multidões o seguiam, e ele as curou ali. Alguns fariseus aproximaram-se dele para pô-lo à prova. E perguntaram-lhe: "É permitido ao homem divorciar-se de sua mulher por qualquer motivo? " Ele respondeu: "Vocês não leram que, no princípio, o Criador ‘os fez homem e mulher’ e disse: ‘Por essa razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e os dois se tornarão uma só carne’? Assim, eles já não são dois, mas sim uma só carne. Portanto, o que Deus uniu, ninguém o separe".
Perguntaram eles: "Então, por que Moisés mandou dar uma certidão de divórcio à mulher e mandá-la embora? " Jesus respondeu: "Moisés lhes permitiu divorciar-se de suas mulheres por causa da dureza de coração de vocês. Mas não foi assim desde o princípio. Eu lhes digo que todo aquele que se divorciar de sua mulher, exceto por imoralidade sexual, e se casar com outra mulher, estará cometendo adultério". Os discípulos lhe disseram: "Se esta é a situação entre o homem e sua mulher, é melhor não casar".
Jesus respondeu: "Nem todos têm condições de aceitar esta palavra; somente aqueles a quem isso é dado. Alguns são eunucos porque nasceram assim; outros foram feitos assim pelos homens; outros ainda se fizeram eunucos por causa do Reino dos céus. Quem puder aceitar isso, aceite" (Mt 19. 1 - 12 NVI).
 
  1. A primeira pergunta a ser feita é: o que motiva a fala de Cristo? A resposta é mais simples do que  2+2=4. Qual? A pergunta dos feriseus a respeito do divórcio.
  2. Qual é a resposta de Jesus? É o argumento do relato do livro de Gênesis, que descreve a criação do gênero humano por meio das expressões macho fêmea, e da união que os dois constituem após o casamento (Mt 19. 4 - 6). Qual é o asunto aqui? Casamento. Qual é o modelo de Deus para o casamento? A união entre macho e fêmea. É o que o texto diz e por ora não precisamos apelar o livro de Levítico para entendermos isto.
  3. Apanhados pelo argumento da Escritura, os fariseus perguntam novamente: "Então, por que Moisés mandou dar uma certidão de divórcio à mulher e mandá-la embora? Note que os fariseus não estão perguntando por questão de gênero, pela causa homoafetiva, ou pelo lugar dos gays na estrutura eclesial, mas por divórcio, e estão fazendo por razões escusas como o texto mesmo indica.
  4. Ao que Jesus responde: "Moisés lhes permitiu divorciar-se de suas mulheres por causa da dureza de coração de vocês. Mas não foi assim desde o princípio. Eu lhes digo que todo aquele que se divorciar de sua mulher, exceto por imoralidade sexual, e se casar com outra mulher, estará cometendo adultério".
  5. O que Jesus está ensinando é que a dureza de coração do homem, termo que  outem grego é σκληροκαρδιαν  (sklerookadian), é a causa que motivou Moisés a permitir que os homens dessem cartas de divórcio βιβλιον αποστασιου (biblion apostasiouy) às suas mulheres.
  6. De acordo com o ensino de Cristo, a única coisa que legitima uma ruptura é a prostituição, uma vez que esta dissolve a unidade espiirtual formada entre o casal no ato conjugal.
Perplexos com a condição imposta pelo Mestre os discípulos afirmam: "Se esta é a situação entre o homem e sua mulher, é melhor não casar". Ao que Jesus responde: "Nem todos têm condições de aceitar esta palavra; somente aqueles a quem isso é dado. Alguns são eunucos porque nasceram assim; outros foram feitos assim pelos homens; outros ainda se fizeram eunucos por causa do Reino dos céus. Quem puder aceitar isso, aceite".
Primeiro, ao percebermos que o contexto fala de casamento e divórcio, percebemos que o homem que opta por não se casar deve ter no eunuco o seu exemplo de castidade. Segundo, alguns possuem isto de forma natural, outros se fazem assim por causa do reino. Aqui é empregado o termo ευνουχοι (eunoykoy), cujo sentido é o de um homem emasculado responsável pela câmara nupcial num harén oriental.
Conforme vimos o texto não dá espaço para a interpretação dada pela suposta pastora, que antes tantas vezes pregou a sua libertação. Aliás, ela já se confundiu uma vez, e em sua confusão cofundiu muito gente, por quais motivos seria digna de crédito agora? O ponto que indica a confusão da pastora é a falsa percepção a respeito da pregação. Não é o homossexual que vai para o inferno! Não! Para o inferno vão os pecadores (condição que a Bíbia descreve como sendo a de todo homem) que se esquecem de Deus, e que rejeitando a misericórida que lhes é oferecida rejeitam o Evangelho (Rm 2.4 - 11).
Dentro da visão bíbliaca tanto o divórcio quanto uniões homoafetivas são produto de um muundo caído, no qual os homens se afastaram do padrão divino para as suas relações interpessoais. É exclusivamente por este motivo que cada vez mais vemos o que vemos.
 
Em Cristo, Pr Marcelo Medeiros.





Ageu, o compromisso do povo com a aliança.  
É consenso entre os estudiosos que o nome Ageu (heb. חַגַּ֣י ) tem as suas origens na palavra festivo. Isto é bem interessante, uma vez que, na opinião de Dillard e Longman III,  a maioria dos oráculos proferidos por este profeta se dão durante as festas judaicas.  Aparentemente este profeta pode ser contraditório com Isaías, por exemplo, para quem o centro da adoração não era o templo, mas o compromisso do povo com a Palavra de Deus (Is 66. 1 – 3). Para entendermos melhor a atuação profética de Ageu, precisamos considerar as razões históricas do templo, o contexto do exílio na Babilônia e a postura pós exílica do povo de Deus. As expressões בֵּ֥ית (bet) e כָּבֹ֔וד (Kabod) são os conceitos chave do livro, visto que o primeiro ocorre nove e o segundo três vezes respectivamente.
No princípio os patriarcas se relacionavam com Deus de forma direta edificando altares onde quer que estivessem (Gn 8. 20; 12. 7, 8; 13. 18; 22. 9; 26. 25; 35. 7). Jacó teve uma experiência com Deus à caminho de Harã, após acordar de um sonho no qual o “Deus de seus pais” lhe havia aparecido, ele unge o local e o chama de Betel (heb. בֵֽית־אֵל ), cujo significado é “Casa de Deus”.  Neste primeiro momento a Casa de Deus (heb. בֵֽית־אֵל ) é o lugar da experiência entre Deus e o patriarca. Mas este padrão não perdura.  Ainda no deuteronômio podemos ver as primeiras menções a um lugar no qual Deus faria habitar o seu nome. Os filhos de Israel não deveriam adorar em qualquer lugar, mas exclusivamente em um único lugar veja:
Estes são os decretos e ordenanças que vocês devem ter o cuidado de cumprir enquanto viverem na terra que o Senhor, o Deus dos seus antepassados, deu a vocês como herança. Destruam completamente todos os lugares nos quais as nações que vocês estão desalojando adoram os seus deuses, tanto nos altos montes como nas colinas e à sombra de toda árvore frondosa.  Derrubem os seus altares, esmigalhem as suas colunas sagradas e queimem os seus postes sagrados; despedacem os ídolos dos seus deuses e eliminem os nomes deles daqueles lugares. Vocês, porém, não adorarão ao Senhor, o seu Deus, como eles. Mas procurarão o local que o Senhor, o seu Deus, escolher dentre todas as tribos para ali pôr o seu nome para sua habitação. Para lá vocês deverão ir e levar holocaustos e sacrifícios, dízimos e dádivas especiais, o que em voto tiverem prometido, as suas ofertas voluntárias e a primeira cria de todos os rebanhos. Ali, na presença do Senhor, do seu Deus, vocês e suas famílias comerão e se alegrarão com tudo o que tiverem feito, pois o Senhor, o seu Deus, os terá abençoado. Vocês não agirão como estamos agindo aqui, cada um fazendo o que bem entende (Dt 12. 1 – 8 NVI).
Os altares idólatras deveriam ser derrubados, e toda prática idolátrica dos cananeus rechaçada, a fim de que o povo em momento algum se visse tentado a imitar as nações que Deus mesmo havia expulsado de Canaã. A adoração deveria ocorrer no lugar que Deus escolheu.
Apesar do texto determinar um lugar específico para a adoração, não há no mesmo indícios de que tal local deveria de ser um templo. É Davi com seu zelo  que conjectura a construção de um templo, ao Senhor, o que Deus nem aprova nem desaprova (II Sm 7), a única restrição é que Deus indica que seu filho lhe edificará uma casa, não ele visto que é homem de sangue.
Na dedicação do templo ao Senhor percebemos que ainda que Deus não possa habitar no templo que Salomão fez, todavia este serve como memorial (II Cr 6. 18 - 20). Ao povo como memorial de que Jerusalém é a habitação de Deus, o lugar onde se manifesta a sua imanência. Para Deus um memorial de que os olhos dEle estão atentos à oração que se fará no templo (II Cr 7. 14; 30. 18 - 20).
Nos Escritos dos profetas Deus se volta contra o templo exclusivamente em razão da iniquidade do povo, da quebra desta em relação à sua aliança (Jr 7). É exclusivamente a partir deste contexto que entendemos os oráculos de Ageu em relação à construção do santo templo. Há nove referências em Ageu em relação ao Templo, sendo que em duas a casa de Deus é chamada de templo.
Assim diz o Senhor dos Exércitos: Este povo afirma: Ainda não chegou o tempo de reconstruir a casa do Senhor. Acaso é tempo de vocês morarem em casas de fino acabamento, enquanto a minha casa continua destruída? (Ag 1. 2, 4).
Este oráculo foi proferido pelo profeta por causa da reação do povo em relação a uma adversidade que se levantou. Primeiro, o exílio na Babilônia nem de longe foi como as demais dominações. O povo judeu prosperou na cidade, conforme conselho do profeta Jeremias (Jr 25). Segundo, a geração que foi deportada morreu no exílio. Assim a nova geração não tinha Jerusalém, ou Judá como referência, mas Babilônia, e por este motivo permaneceu lá.
Vocês esperavam muito, mas, para surpresa de vocês, acabou sendo pouco. E o que vocês trouxeram para casa eu dissipei com um sopro. E por que fiz isso?, pergunta o Senhor dos Exércitos. Por causa do meu templo, que ainda está destruído, enquanto cada um de vocês se ocupa com a sua própria casa. Por isso, por causa de vocês, o céu reteu o orvalho e a terra deixou de dar o seu fruto (Ag 1. 9, 10 NVI).
Jerusalém estava reduzida a um estado de penúria e profunda pobreza, é isto que confirmamos ao ler estas palavras: Aqueles que sobreviveram ao cativeiro e estão lá na província, passam por grande sofrimento e humilhação. O muro de Jerusalém foi derrubado, e suas portas foram destruídas pelo fogo (Ne 1. 3). A situação acima descrita fez com que cada um se voltasse para a satisfação imediata das suas necessidades, deixando a casa de Deus de lado. Este estado de penúria é descrito pelo cronista (Ne 5. 1 - 5). Sem recursos como construir o templo do Senhor? Como fazer para que ele venha a ter a mesma glória dos tempos antigos?
É este questionamento que Ageu responde em seu segundo oráculo. O oráculo em questão veio ao profeta durante a festa dos tabernáculos e o profeta commeça com a seguinte pergunta: Quem de vocês viu este templo em seu primeiro esplendor? Comparado com ele, não é como nada o que vocês vêem agora? (Ag 2. 3 NVI). Mas o que Deus vai fazer para que o templo seja reconstruído? nas seguitnes palavras do profeta:
A resposta vem Esta é a aliança que fiz com vocês quando vocês saíram do Egito: "Meu espírito está entre vocês. Não tenham medo". Assim diz o Senhor dos Exércitos: "Dentro de pouco tempo farei tremer o céu, a terra, o mar e o continente. Farei tremer todas as nações, que trarão para cá os seus tesouros, e encherei este templo de glória", diz o Senhor dos Exércitos. "Tanto a prata quanto o ouro me pertencem", declara o Senhor dos Exércitos. "A glória deste novo templo será maior do que a do antigo", diz o Senhor dos Exércitos. "E neste lugar estabelecerei a paz", declara o Senhor dos Exércitos (Ag 2. 5 - 9 NVI).
  1. A pesquisa on line indica que pelo menos doze vezes a expressão Senhor dos Exércitos יְהוָ֥ה צְבָאֹֽות׃ (YHWH tsabaot), que pode ser traduzida tanto como Senhor dos exércitos, ou Senhor Todo Poderoso, aparece no presente livro (Ag 1, 2, 5,7, 9, 14; 2. 4, 6, 7, 8, 9, 11, 23).
  2. O profeta apela para a história do povo. Quando o povo saiu do Egito, Deus deu graça a este mesmo povo para que os egípcios lhes entregassem todos os seus bens (Ex 3. 22; 12. 32 - 38; Sl 105. 37).
  3. De acordo com o profeta, o Senhor dos Exércitos יְהוָ֥ה צְבָאֹֽות׃ (YHWH tsabaot) fará uma obra similar à que faz com os isrraelitas no período do ele mesmo vai abalar as nações da terra e trazer as riquezas destas para a construção da sua casa, de forma que a glória deste novo templo será maior do que a do antigo.
  4. Esta profecia terá o seu real cumprimento cerca de uns quinhentos anos depois. Herodes, o Idumeu, com vistas ao fortalecimento de sua política diante dos judeus vai empreeder o maximo de recursos para a reconstrução do templo. É somente durante este período que as palavras A glória deste novo templo será maior do que a do antigo ganharão corpo e concretude.
Aqui se faz necessário o entendimento de um outro conceito chave na profecia de Ageu, כְּבֹוד֩ (kabod). O sentido deste termo tanto pode ser: 1) riqueza, uma vez que ao que t udo indica, é com este sentido que Davi emprega o termo quando ora ao Senhor: A riqueza e a honra vêm de ti; tu dominas sobre todas as coisas. Nas tuas mãos estão a força e o poder para exaltar e dar força a todos (I Cr 29. 12 NVI).
Ligado ao conceito acima, temos כְּבֹוד֩ como 2) pompa, majestade e poder. É neste sentido que Ageu o emprega quando pergunta: Quem de vocês viu este templo em seu primeiro esplendor? Comparado com ele, não é como nada o que vocês vêem agora? (Ag 2. 3 NVI). 
3) A glória de Deus. Tanto que nos Salmos, o Senhor dos Exércitos יְהוָ֥ה צְבָאֹֽות׃ (YHWH tsabaot) é descrito como o Rei da Glória מֶ֖לֶךְ הַכָּבֹ֣וד  (melk Kabod) . Neste mesmo Salmo encontramos a tão preciosa afirmação de que do Senhor é a terra e tudo o que nela existe, o mundo e os que nele vivem (Sl 24. 1 NVI). Ela se contextualiza e se harmoniza de forma extraordinária com o que Ageu profetizou ao povo sem recursos para construir o templo do Senhor.
As lições de Ageu para nós são simples: a) Não devemos permitir que nossas condições materiais condicionem nossa atuação na obra, b) Deus é o provedor e sustentador de todas as coisas, inclusive de sua obra, é Ele quem provê os meios para que a mesma siga em frente. Vivamos esta realidade em nossas vidas.
 
 

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Minha definição de Teologia





Teologia

Palavra cuja etimologia é a junção de dois termos gregos, a saber: θεου (theou), e λογια (logia). O primeiro termo é usualmente traduzido por Deus, ao passo que o segundo, por estudo, ou tratado. Assim, em termos etimológicos a  θεουλογια (Teologia) seria o Estudo a respeito de Deus e alguns dicionários parecem concordar com tal conceito. O Michaellis, por exemplo, traz em um dos seus conceitos a respeito da palavra, a seguinte definição: Ciência sobrenatural de Deus e das criaturas enquanto ordenadas a Deus, e Ciência que se ocupa de Deus e de seus atributos e perfeições.
Como alguém que tem dedicado significativa parte da vida ao ensino religioso e seis anos ao Teológico, tenho de discordar deste conceito. Primeiro, Deus nunca esteve nos domínios da Teologia, ou de qualquer ciência humana. Paulo afirma: Ó profundidade da riqueza da sabedoria e do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e inescrutáveis os seus caminhos! Quem conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi seu conselheiro? Quem primeiro lhe deu, para que ele o recompense? (Rm 11. 33 - 35 NVI). 
Antes de passar para o segundo ponto, preciso dizer que nem a mais profunda experiência de natureza espiritual capta Deus. Pelo contrário, é Deus quem nos conquista em momentos de êxtase profundos. Um exemplo é a experiência de Paulo no caminho de Damasco, ele viu a Cristo, mas não o captou com uma visão, em toda a sua plenitude. Tanto que ao escrever sua carta aos crentes de Filipo, ele diz: Quero conhecer a Cristo, ao poder da sua ressurreição e à participação em seus sofrimentos, tornando-me como ele em sua morte. Não que eu já tenha obtido tudo isso ou tenha sido aperfeiçoado, mas prossigo para alcançá-lo, pois para isso também fui alcançado por Cristo Jesus (Fp 3. 10, 12 NVI). Ele sabe que, a despeito de haver visto a Cristo ainda tem muito a conhecer a respeito do mesmo, e que para este propósito foi alcançado.
Segundo, os primeiros teólogos sabiam que estavam lidando com algo que os superava. É esta a mensagem que lemos em toda a Bíblia, mas gostaria de me referir a Davi. Ele diz a respeito de Deus: Senhor, tu me sondas e me conheces. Sabes quando me sento e quando me levanto; de longe percebes os meus pensamentos. Sabes muito bem quando trabalho e quando descanso; todos os meus caminhos te são bem conhecidos. Antes mesmo que a palavra me chegue à língua, tu já a conheces inteiramente, Senhor. Tu me cercas, por trás e pela frente, e pões a tua mão sobre mim. Tal conhecimento é maravilhoso demais e está além do meu alcance, é tão elevado que não o posso atingir (Sl 139. 1 - 6 NVI). Destacamos a última frase, porque nela percebemos que a Teologia mesmo sendo a principal ferramenta para o homem se expressar a respeito de Deus, é incompleta, ou seja, não o apreende em sua totalidade.
Assim, a Teologia funciona como um mapa. Ele não é a realidade em si, a Teologia muito menos. Mas é útil em representar uma realidade que nos é desconhecida. Note que a Teologia ela representa nossa experiência com Deus, que por sua vez servirá de norteador para outras pessas trilhem o caminho. Algum motosita, por melhor que seja, por mais experiência que tenha desprezaria um bom GPS? Creio que não. Por que desprezar a Teologia?
Em Cristo, Pr Marcelo Medeiros

Teologia e Vida Prática

 


Uma separação nada amigável

É a que fizeram entre Teologia e Vida devocional. O resultado nefasto: o erro de que para ser crente de verdade tem de ser no mínimo ignorante, e o outro lado da mesma moeda, para ser teólogo de verdade tem de ser agnóstico. A Teologia se divorciou em muito da vida cristã na medida em que foram incorporando à sua metodologia os métodos das ciências naturais e humanas, foi daí que surgiu a Teologia dita "liberal", cujos princípios norteadores estão no deísmo. Mas os trabalhos de C. S. Lewis, Stott, Matin Llyoydd Jones, e tantos outros trouxeram novos ares para a Teologia. O problema é que o preconceito ficou.
Por outro lado, a reação evangeicalista não foi nada, nada agradável. Claro, que em princípio tudo que este ramo pretendia era enfatizar a experiência que o crente tem de ter com o arrpendimento, a conversão, o perdão dos pecados etc.... Mas ao enfatizar demasiadamente a experiência, o "evangelicalismo" terminou por aprofundar ainda mais a dicotomia entre Teologia e Vida cristã prática. É nesta pequena historinha que está o problema com o qua lidamos hoje.  
É daí que surgem as frases imbecis do facebook do tipo: "não importa o quanto conhaçamos a Bíblia, importa o quanto praticamos dela". Nada mais idiota do que isto. Quem pode praticar algo que não conhece? Ou seja, a Teologia funciona como uma receita de bolo.
É mais do que fato que a Teologia, a despeito de seu sentido etimológco, pouco ou nada pode apreender a respeito da pessoa de Deus. E querer que a Teologia diga algo a respeito de Deus, é o mesmo que pedir à receita do bolo para que fale do bolo, ou ao mapa, para que fale da paisagem geográfica que descreve.
Mas a receita é mais do que bem do que bem vinda quando queremos fazer o bolo, e o mapa é útil quando queremos viajar. Da mesma forma o crente em sua relação com a Teologia. Ele precisa dela para expressar o que sente a respeito do inefável, do indizível. É o mesmo que ocorre na viagem. São os viajantes que dizem algo a respeito do caminho percorrido.
Em Cristo Jesus, Pr Marcelo Medeiros.

domingo, 9 de dezembro de 2012

O Dia da Bíblia e depois de amanhã




 
 
 
 
Nas primeiras horas deste dia festivo (é o segundo domingo de Dezembro, dia da Bíblia), gostaria de compartilhar com vocês uma reflexão tardia. Sim, deveria deveria ter postado antes, mas somente hoje tive a oportunidade. Há muito tempo assisti um filme por nome "O Dia depois de amanhã". A Obra cinematográfica em questão traz no enredo, a narração de uma série de tragédias naturais que ocorrem no planeta em função do desequilíbrio climático.
E onde entra a Bíblia? Após um dilúvio em Nova York, e uma queda de temperatura que faz as ruas e o mar congelar, um grupo de estudantes fica preso em uma biblioteca. Com a necessidade de se aquecerem eles começam a - pasmem! - queimar os livros. É neste momento que ocorre uma cena que não sai da minha cabeça, um personagem cujo nome esqueci se agarra a uma Bíblia. Ele diz que não é crente, mas que por ser um exemplar da Bíblia de Gutemberg, e por ter sido o primeiro livro impresso, esta veio a ser o símbolo maior da humanidade, e que se esta vier a se extinguir ela será um testemunho.
Escrevo este artigo partindo deste exemplo, porque tenho visto que pouco à pouco a Bíblia está perdendo o seu valor entre nós cristãos. Isto pode ser visto na leitura diária que tem sido abandonada até as prédicas cujo foco não é mais o santo livro. Pior do que isto corremos o sério risco de que ateus, niilistas, secularistas e até mesmo inimgos do Evangelho conheçam mais a Bíblia do que nós mesmos.
Precisamos reconhcer que vivemos um momento crítico na história da humanidade. Extrema agitação com rumores (falsos, diga-se de passagem), a respeito do fim do mundo, agitações sociais, ativismo gay; e diante deste quadro temos de nos agarrar ao livro sagrado, pois é de lá que vem o conforto e a segurança para a nossa caminhada.
 
Em Cristo,
 
Pr Marcelo Medeiros.

Lei que institui o dia da Bíblia






Lei que institui o dia da Bíblia

Presidência da República
Casa Civil
Subchefia para Assuntos Jurídicos

LEI No 10.335, DE 19 DE DEZEMBRO DE 2001.

Institui o Dia da Bíblia.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

...
Art. 1o Fica instituído o Dia da Bíblia, a ser celebrado no segundo domingo do mês de dezembro de cada ano, em todo o território nacional.

Art. 2o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 19 de dezembro de 2001; 180o da Independência e 113o da República.

FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
Aloysio Nunes Ferreira Filho
Francisco Weffort
 
 
 

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Sobre o Dia da Bíblia


 

A história do dia da Bíblia - Relembrar é preciso

É de consenso que o Dia da Bíblia foi criado em 1549, na Grã-Bretanha pelo Bispo Cranmer. Na época a comemoração se dava por meio de orações em prol do progresso da leitura da Bíblia entre o povo comum. Durante os longos anos da Idade Média a leitura do livro sagrado estivera prejudicada por falta de traduções nas línguas vernaculares. A Igreja levou muito à sério o legado de Constantino de preservar a cultura grecoromana, ao ponto de ler as Escrituras e celebrar os cultos em latim. O resultado é que o povo cada vez menos conhecia a Bíblia.
Foi com a ação de homens como Hüss, e Wicliffe, que versões da Bíblia começaram a serem produzidas na língua do povo (e isto não saiu barato, custou sangue de ambos). O principal marco deste tipo de iniciativa pode ser visto em filmes como Lutero, na obra em apreço, o reformador é mostrado traduzindo todo o Novo Testamento do grego para o alemão.
O que tem de ficar claro para nós em todo este percurso histórico que fizemos é que, a despeito do dia da Bíblia ter sido instituído em nosso país mediante lei (LEI Nº 10.335, DE 19 DE DEZEMBRO DE 2001), a comemoração remete, na verdade, è reforma protestante, e o abandono desta tradição marca a ruptura com a nossa herança, com aquilo que nos distingue como cristãos e crentes genuinamente nascidos de novo. Mais do que isto ao deixarmos de promover a leitura e a reflexão bíblica estamos desonrando a Deus e à nuvem de testemunhas que nos rodeia.
Não basta comemorar, é preciso incentivar à leitura e ao estudo, este era o principal motivo pelo qual o livro era incluído no calendário de oração da Igreja anglicana, que a palavra de Deus crescesse mais e mais entre o povo, o que se dá unicamente por meio de leitura da Bíblia. Entendo o que havia no coração do apóstolo Paulo quando pediu aos crentes de Tessalônica: finalmente, irmãos, orem por nós, para que a palavra do Senhor se propague rapidamente e receba a hora merecida, como aconteceu entre vocês. Orem também para que sejamos libertos dos homens perversos e maus, pois a fé não é de todos (II Ts 3. 1, 2 NVI). 
Em nosso tempo é cada vez maior o número de pessoas que com pretextos mais diversos tem fomentado, em ambiente acadêmico e virtual, o ódio pelo livro sagrado, a inapetência de alguns crentes e até obreiros é mais assustadora ainda, o que confirma o fato de que a fé não é de todos, somente dos que ouvem a Palavra de Deus.
 
 
 
Em Cristo,
 
Pr Marcelo Medeiros.

domingo, 2 de dezembro de 2012

Lição da EBD nº 10






Sofonias, e o Grande dia do Senhor

O profeta Sofonias apresenta características distintas em relação aos demais profetas. Primeiro, ao lermos seu livro nos deparamos com uma extensa genealogia, algo que ao ver de todos os comentaristas é incomum na literatura profética. Segundo, sua genealogia o liga ao nome de um dos reis mais piedosos que houve em Judá, o rei Ezequias. O mais curioso, é que foi este soberano que recebeu de Isaías, o oráculo de que as riquezas da Casa do Senhor seriam levadas por Babilônia, e curiosamente sentiu alívio por saber que tal fato não se daria em seus dias (Is 39).
Uma lição que extraímos deste primeiro comentário é a visão "prévia", que Deus tem de todas as coisas que existem. A presciência de Deus, na verdade é um termo antropomórfico, visto que fala do conhecimento divino em categorias temporais. Deus sabe de todas as coisas e pronto. Ele não habita no tempo e no espaço, mas na eternidade, e desta perspectiva ele vê o tempo como um fluxo contínuo.
Retornando ao tema proposto, Sofonias é um profeta contemporâneo de Naum, Jeremias, Habacuque, e da famosa profetisa Hulda. Pelo tom dramático que o profeta emprega para falar do dia do Senhor (Sf 1. 7, 8, 10, 14, 18; 2. 2, 3; 2. 8) cuja expressão em hebraico é: יֹ֣ום יְהוָ֔ה (yom YHWH), a maioria dos intérpretes decidiu colocar o seu ministério profético nos dias anteriores às reformas feitas por Josias.
Ainda assim convém ressaltar que a única evidência interna, afirma tão somente que seu ministério se deu durante o reinado de Josias, conforme lemos: durante o reinado de Josias, filho de Amom, rei de Judá (Sf 1. 1 NVI). Minha singela opinião é a de que seu ministério profético possa sim ter ocorrido durante o período de reforma. A profecia de Hulda é bastante clara a este respeito. por Josias ter se arrependido, "ele morrerá antes que as maldições escritas no livro aconteçam", ou seja, Josias não veria as desgraças que se abateriam sobre a cidade santa (II Rs 22. 19, 20). Em outras palavras, "o destino de Judá já estava selado".
Reornando ao tema do dia do Senhor יֹ֣ום יְהוָ֔ה (yom YHWH), percebemos que este mesmo é de extrema importância para Sofonias, dadas às ocorrências das expressões no livro do referido profeta (Sf 1. 7, 8, 10, 14, 18; 2. 2, 3; 2. 8). O dia do Senhor יֹ֣ום יְהוָ֔ה (yom YHWH), é um dos conceitos chave do livro, e para o desenvolvimento do mesmo, o profeta recorre a uma ampla tradição profética anterior e contemporânea ao mesmo, o que indica que este seja conhecedor dos escritos de muitos profetas.
Em todos os casos, para o profeta Sofonias, o dia do Senhor יֹ֣ום יְהוָ֔ה (yom YHWH) é:
  1. Um dia que está muito próximo. Calem-se diante do Soberano Senhor, pois o dia do Senhor está próximo (Sf 1. 7 NVI). O profeta Isaías mesmo convida o povo nas seguintes palavras: Chorem, pois o dia do Senhor está perto; virá como destruição da parte do Todo-poderoso (Is 13. 6 NVI). Para Ezequiel, o dia está próximo, o dia do Senhor está próximo (Ez 30. 8 NVI). A expressão קָרֹוב֙ (qãrôb) curiosamente é a mesma expressão empregada para designar parentesco. Tal indica que por sua atitude, Judá estava se avizinhando do dia do Senhor.
  2. Sofonias prossegue afirmando: o Senhor preparou um sacrifício; consagrou os seus convidados (Sf 1. 7 NVI). A expressão indica que a batalha de Deus contra as nações produzirá tantos cadáveres que o resultado será um banquete de aves de rapina. Jeremias percebe este sentido da expressão e afirma:  aquele dia pertence ao Soberano, ao Senhor dos Exércitos. Será um dia de vingança, para vingar-se dos seus adversários. A espada devorará até saciar-se, até satisfazer sua sede de sangue. Porque o Soberano, o Senhor dos Exércitos, fará um banquete na terra do norte, junto ao rio Eufrates (Jr 46. 10 NVI). Ambos os profetas empregam aqui a expressão ritual  זֶ֠בַח  (zebhah), cujo sentido é o de sacrifício, holocausto, ou matança.
  3. É um dia de ira. a expressão aqui é יֹ֖ום אַף־יְהוָֽה׃ (yom aph YHWH). אַף־ (aph) é uma expressão usada para designar a face, ou mesmo o nariz de uma pessoa, também pode ser a respiração acelerada, por conta de uma forte emoção.
  4. Este dia da ira do Senhor não deve de ser visto por nós como se fosse um dia futuro apenas. Tal interpretação talvez possa ser aplicada ao Apocalipse, mas não aos profetas, uma vez que estes falavem do futuro deles, não do nosso. Tal pode ser visto nas palavras de Jeremias, para quem o dia da ira do Senhor era o momento da desolação de Jerusalém por causa da invasão babilônica. Como se faz convocação para um dia de festa, convocaste contra mim terrores por todos os lados. No dia da ira do Senhor ( בְּיֹ֥ום אַף־יְהוָ֖ה), ninguém escapou nem sobreviveu; aqueles dos quais eu cuidava e os quais eu fiz crescer, o meu inimigo destruiu (Jr 2. 22 NVI).
Em razão do caráter trágico deste dia apenas um resto, ou remanescente sobrará de Israel. O termo
שְׁאֵרִ֛ית (Shrîth) indica os que escaparam, os que sobraram. Este remanescente se tornará herdeiro do território de Moabe, Amom, e da terra ocupada pelos filisteus. É o que lemos:

Ela pertencerá ao remanescente da tribo de Judá. Ali encontrarão pastagem; e ao entardecer, eles se deitarão nas casas de Ascalom. Pois o Senhor, o seu Deus, cuidará deles; ele restaurará a sorte deles. "Ouvi os insultos de Moabe e as zombarias dos amonitas, que insultaram o meu povo e fizeram ameaças contra o seu território. Por isso, juro pela minha vida", declara o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel, "Moabe se tornará como Sodoma e os amonitas como Gomorra: um lugar tomado por ervas daninhas e poços de sal, uma desolação perpétua. O remanescente do meu povo os saqueará; os sobreviventes da minha nação herdarão a terra deles (Sf 2. 7 - 9 NVI).

Este restante do povo é um restante que não cometerá iniquidade. O remanescente (שְׁאֵרִ֛ית) de Israel não cometerá injustiças; eles não mentirão, nem se achará engano em suas bocas. Eles se alimentarão e descansarão, sem que ninguém os amedronte (Sf 3. 13 NVI). É a partir da ideia do resto (שְׁאֵרִ֛ית) que o profeta Sofonias desenvolve a sua temática da restauração do povo eleito, daí ele terminar o seu livro com o seguinte convite:

Cante, ó cidade de Sião; exulte, ó Israel! Alegre-se, regozije-se de todo o coração, ó cidade de Jerusalém! O Senhor anulou a sentença contra você, ele fez retroceder os seus inimigos. O Senhor, o Rei de Israel, está em seu meio; nunca mais você temerá perigo algum. Naquele dia se dirá a Jerusalém: Não tema, ó Sião; não deixe suas mãos enfraquecerem. O Senhor, o seu Deus, está em seu meio, poderoso para salvar. Ele se regozijará em você, com o seu amor a renovará, ele se regozijará em você com brados de alegria (Sf 3. 14 - 17 NVI).

Pr Marcelo Medeiros, em Cristo.
 




CASAIS INTELIGENTES ERIQUECEM JUNTOS


Li um execelente artigo de minha amiga Patrícia Telles. O link é este: http://influenciademulher.blogspot.com.br/2012/12/problemas-financeiros-afastam-um-casal.html. Neste ela discorre a respeito da importância do acordo e parceria que devem haver entre o casal, a fim de que o mesmo venha a prosperar. Prosperidade não é algo que se alcança mediante apelo às mais variadas fórmulas mágicas. Ela demanda planejamento, trabalho, e economia. Minha modesta opinião é de que nem mesmo o dízimo salva um casal irresponsável na área financeira.
Casais precisam levar mais à sério aquela palavra de Cristo em que ele disse: "tudo o que dois de vós concordardes na terra será concordado nos céus" (paráfrase). E com base nesta lei espiritual concordarem a respeito de suas vidas financeiras. Afinal, casamento, e isto, segudo a Bíblia, foi feito para ser desfrutado. Em outras palavras, Casamento é vida à dois, ao invés de morte à dois.
 
Pr Marcelo Medeiros.
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