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quarta-feira, 26 de junho de 2013

A resposta da Câmara ao clamor popular


É desta forma que leio a derrubada da PEC 37, um projeto de emenda constitucional que tirava os ministério público o poder de investigação de atos do legislativo. A medida deu o que falar nas redes sociais. Não faltaram especialistas do direito e teóricos da conspiração para afirmarem que a medida não alterava tanto assim o quadro e que concentração popular na mesma era uma estratégia para encobrir algo mais grave. 
Teorias da conspiração à parte, precisamos admitir que na leitura popular o projeto em pauta,  foi interpretado como mais um recurso jurídico, ou legal, do legislativo para encobrir, e consolidar a impunidade. O julgamento dos mensaleiros trouxe ao país, o ar de seriedade, daquela isonomia lida nos primeiros artigos da constituição da república federal, mas difícil de ser ver na prática, uma vez que temos relatos de pessoas do povo, que estão presas preventivamente até hoje, ao passo que temos, igualmente muito culpados soltos. 
A posse de alguns dos mensaleiros na câmara, associada ao quadro descrito, e a proposta da PEC 37, foi o estopim para o quadro quase revolucionário que temos na atualidade. O vandalismo das ruas é reflexo do vandalismo das esferas de poder. Afinal, como disse Salomão: portanto não se executa logo o juízo sobre a má obra, por isso o coração dos filhos dos homens está inteiramente disposto para fazer o mal. Este é um dos fatores para o qual temos de atentar. 
Fato, é que a derrubada do referido projeto foi um indicador de que não apenas o executivo, mas também os legislativo ouviram o clamor das ruas e estão prontos a, no mínimo, adotarem medidas, ainda que paliativas para acalmarem os ânimos populares. Na minha perspectiva as reformas propostas pelo executivo parecem ser de teor mais profundo, radical, ao passo que as temáticas apresentadas pelo legislativo, nem tanto. 
De bom, o fato de que ambos, executivo e legislativo, se apresentam dispostos, reparem nos verbos que emprego, por favor!, se mostram atenciosos aos clamores em torno das questões de educação, saúde e segurança. minha preocupação fica por conta do processo com que as mudanças se darão. Como este será conduzido? De forma ágil, ou morosa e burocrática? Será que eles ainda contam com os fatores esquecimento? Enquanto isto, uma suspeita amadurece no meu coração: reforma política, ninguém quer. Não falo das propostas que tramitam na câmara, mas da reforma que devolva, ou viabilize a democracia de fato,que prime pela polarização. Há um recado claro da rua que ninguém quer entender: o povo não acredita mais na política partidária. 

Marcelo Medeiros. 

terça-feira, 25 de junho de 2013

O pacotão da Presidenta Dilma


As manifestações populares, que tomam conta de nosso país, do Norte ao Sul, tem assombrado a minha mente. Honestamente já expus aqui como cristão que sou, que a causa do temor não está na ação popular, mais do que justa, mas na resposta dos pecadores que ocupam as esferas de poder. Não que o povo que protesta não o seja também, mas um pecador sem o aparato do poder político e econômico pouco mal pode fazer, na verdade ele afeta somente a si mesmo. Quanto aos atos de vandalismo faço aqui menção ao Sermão do Bom Ladrão, do Padre Antônio Vieira, para quem os verdadeiros ladrões não são os que movidos pela necessidade acabam por cometerem o delito em pauta, mas os que se valendo do poder, que lhes foi conferido usam do cargo para roubar, e via de regra nunca são pegos. Minha conclusão da leitura é que os atos refletem a revolta do povo, que durante muito tempo esteve adormecido, e resolveu acordar. 
Antônio Vieira escreveu tal sermão em períodos imperiais, e a contar pela descrição cuidadosa que o mesmo faz de nossa classe política, parece que, a despeito da mudança de regime, o padrão permanece. Sim, passamos do regime político imperial, para o republicano, deste para o republicano democrático, com ditaduras e retorno à democracia em mil novecentos e oitenta e oito, mas o sermão de Vieira permanece atual. Coisas deste tipo me fazem duvidar de que estamos em uma democracia de fato. Afinal, o mínimo que se espera em um regime, que supostamente confere poder ao povo, é que este mesmo sistema permita maior participação popular e maior transparência, por parte de quem gere os recursos da nação. 
Acordo com a notícia de que a nossa presidenta, em reunião com os governadores, e, ao que parece com os prefeitos das principais capitais, selou um pacto, no qual convoca o povo ao plebiscito, a fim de discutir a reforma política. Acho igualmente interessante a tomada de medidas que combatam efetivamente a corrupção,afinal, este é o clamor das ruas, e como disse Cristóvão Buarque em pronunciamento, uma revolução popular do porte que estamos presenciando, pede medidas igualmente revolucionárias. E o que pode ser mais revolucionário do que destinar a totalidade dos recursos do petróleo, por exemplo, para a educação, do que fazer com que os recursos da saúde cheguem ao seu destino, e se reflitam na melhoria dos serviços à nossa população? 
No seu discurso o senador Cristóvão Buarque diz que diante das manifestações é a hora e a vez da presidenta se revelar como grande estadista, uma vez que os mesmos assim se mostram em períodos críticos. Acrescentou ainda que a mesma não deve se comportar como xerife, uma vez que o foco não são os atos de vandalismo, estes não devem de serem usados para descredibilizar o movimento das ruas e ignorar a voz do povo. Apesar da fala coerente do senador em apreço, parece que políticos como Serra não entenderam, e criticaram a proposta da reforma politica e a iniciativa presidencial de discutir a mesma em plebiscito. 
Minha proposta é simples, responder ao povo, com a mesma simplicidade que o povo se dirigiu aos políticos em suas reivindicações. O que se pretende com a reforma política? Qual é o seu teor? O que a mesma trará de melhorias efetivas ao nosso povo? Haverá maior transparência e participação pública na gestão dos recursos? Quais são, por exemplo, os termos desta dita reforma? Tudo isto precisa ser respondido com clareza, precisão, transparência e sem pegadinhas e nem gravatas, do contrário corremos os risco de termos aqui mais uma fantástico mundo de bob sendo criado para engodar os incautos. 

Marcelo Medeiros. 

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segunda-feira, 24 de junho de 2013

Reforma Política já


Publico aqui um vídeo no qual o Senador Cristóvão Buarque, ao meu ver um dos políticos mais sérios, que este país possui, em que o mesmo se junta á multidão para clamar por uma profunda reforma política. O clamor se reveste de profundo sentido social e histórico, uma vez que ficou constatado em todo o movimento ocorrido nestes últimos dias que o mesmo era apartidário. em outras palavras, a frase: "não temos partido", veio a ser palavra de ordem. 
Ainda que Silas Malafaia, e uma série de pessoas tenham vociferado na net contra a falta de líder, por parte do movimento, fica claro que o mesmo carrega a insatisfação para com a nossa democracia, e a falência da política partidária brasileira. Emprego o termo falência, visto que aqui sequer existe uma polarização, e verificamos que entre tucanos e petistas a agenda política é a mesma. Fica claro que Fernando Henrique Cardoso disse certo quando afirmou que a agenda de qualquer político que entrar no Brasil tem de ser a agenda de uma nova ordem mundial. Com isto morre a polarização, tão importante ao governo democrático. 
Meu desejo é que esta dita reforma política traga maior transparência com relação às prioridade, aos gastos públicos, e marque, quem sabe, o fim do imperialismo latifundiário. Sei que não é fácil, visto que a natureza humana é pecaminosa, e por este motivo irremediavelmente corrompida. Mas peço humildemente a Deus que a mesma graça comum que guia os homens quanto à criação de tudo de bom que a democracia nos trouxe, esteja sobre esta nação neste momento, e que algo de bom venha de todo este movimento. 
Me uno ao Senador, sendo que em oração, e por meio deste escrito, para que nossa presidenta se comporte como estadista, ao invés de se comportar como xerife. Se a punição dos baderneiros é importante, mais importante ainda é que se assumam os erros políticos até agora cometidos, as omissões. Se você quer um exemplo claro, para ver como é sério o que estamos falando, pense por exemplo, no Japão, que passou por uma catástrofe natural, bem pior do que a ocorrida nas região serrana do Estado do Rio de Janeiro. Agora responda: de quanto tempo eles precisaram para reconstruir o país? E a região serrana de nosso estado? E os recursos que foram liberados pelo governo federal, alguém perguntou onde foram parar? É, ou não, necessário que se clame por transparência, principalmente no que toca aos gastos, e ao emprego do dinheiro público? A minha resposta é um sonoro sim. 



quinta-feira, 20 de junho de 2013


Tolos do Brasil e do mundo, calai-vos! Salomão disse que até um tolo é reputado por sábio quando se cala, e que como maçã de ouro em salvas de prata, é a palavra dita ao seu tempo, se não tem o que dizer, não fale. 

Não é somente por R$ 0, 20



Esta foi a frase mais ouvida ao longo da última semana, quando todos vimos o Brasil, do Norte ao Sul, indo às ruas para protestar. O mais curioso em tudo isto  foi o fato de que a imprensa focou exclusivamente o preço das passagens no Rio, em São  Paulo, e em Brasília. Depois tentaram desviar o foco e colocar tudo na conta do Marcos Feliciano, e a julgar pela página pessoal de alguns pastores no facebook, teve gente engolindo esta história. Tem até blogueiro que já tirou o foco e apresentou matéria com médicos afirmando que a homossexualidade pode ser doença, coisa que duvido. O que acredito que estes assuntos apenas servem para tirar o foco do que está ocorrendo em nosso solo. Mas liberdade de imprensa é isto, cada um publica o que quiser. Eu, por exemplo, resolvi ser chato com este assunto. Mas para descontrair um pouco, vamos falar do belíssimo gol do Neymar Jr?
Ah! que lindo gol que o Neymar Jr fez! Lindo mesmo, e curioso ele jogar o que jogou logo neste momento, agora só falto o Brasil ser campeão da Copa das Confederações, e numa final contra a Espanha! Mas e as manifestações que ocorreram em frente ao Castelão? Nada. Apenas uma pálida menção no Bom dia Brasil, e nada mais. 
Agora o foco está na redução dos preços das passagens no Rio em São Paulo e na conquista do passe livre em Brasília, sendo que neste último estado, os protestos contra a PEC 37 e a corrupção foram mais incisivos, não queremos com isto, dizer que no Rio e em São Paulo estes não tenham ocorrido. 
Agora com a redução das passagens anunciada pela prefeitura do Rio e com a suspensão dos aumentos das passagens de trens, metrôs, e barcas, anunciada pelo Governador do Estado, creio ter chegado o momento de deixar claro para o Brasil, para os políticos e para o mundo todo que a luta é por melhoria na qualidade dos serviços, de péssima qualidade, diga-se de passagem, por maiores investimentos na saúde, educação, segurança, e se não pelo fim, pela diminuição da corrupção. Aqui entenda-se como a prisão dos condenados pelo mensalão (que em momento algum deram a cara durante o movimento, e que a imprensa oficial em nosso país foi tão eficaz em esconder, mascarar e ocultar), uma vez que é claro que a ausência de investimentos nos serviços não se deve à ausência de recursos, mas a má gestão e aplicação dos mesmos. 
Não é tempo de parar, mas de empregar as mesmas redes sociais, que serviram para a articulação dos movimentos, para o ajuste de uma agenda de prioridades do movimento, sem esquecermos do foco principal que é a luta contra a legitimação da corrupção, que é o que querem os proponentes da PEC 37. Me desculpem a insistência com o assunto, mas creio ser uma voz que clama neste deserto.

Em Cristo, Marcelo Medeiros. 

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Mais um golpe sujo dos petralhas

Deputado pastor Marco Feliciano

Esta manhã acordei respirando ares de democracia, orgulhoso pelo meu país, que segundo alguns colegas de rede social, mudou o status de "deitado eternamente em berço esplêndido", para "verás que um filho teu não foge a luta" (ambas as frases menções à letra de nosso hino nacional). Foi quando ao deixar o meu filho em uma creche me deparei com a manchete de capa de um dos mais populares periódicos de nosso estado. A mesma trazia na capa a imagem de Marcos (in) Feliciano, e os dizeres: não é só por vinte centavos. Isto todos nós, inclusive eu, já sabíamos, o que não sabíamos era que os petralhas seriam tão ágeis em perceber as falhas do belíssimo movimento popular, dentre as quais a falta de objetividade quanto às revindicações e de uma agenda de prioridades, e usariam esta mesma falha para corromper o movimento. O que eles fizeram? Simples, desviaram os holofotes do protesto contra a corrupção, das revindicações das prisões dos mensaleiros (todos condenados pelo supremo), para a pessoa do ingênuo Marcos  (in) Feliciano. 
A primeira mentira consiste na estereotipia do tratamento como uma ação homofóbica. Por uma simples razão, o texto do projeto não diz que os gays serão cassados pelas ruas e colocados à força em consultórios para que se tratam de sua respectiva homossexualidade. Desde os primeiros debates com a psicóloga Marisa lobo, até as disputas no congresso com Silas Malafaia, o que tenho visto, é a defesa de disponibilização de tratamento para o homossexual que desejar mudar de orientação. Honestamente, o que há demais nisto? Nada, exceto para aqueles que acreditam que a homossexualidade é determinada genética, ou culturalmente, ou ambas. Aí todo aquele papo de existencialismo, de que o ser humano é um vier a ser, que ele não tem uma essência, definida; toda esta conversa que os politicamente corretos adoram, cai por terra, afinal, a homossexualidade é determinada. 
Mas esta é uma discussão que prefiro deixar para depois. Por quê? Pelo mais do que óbvio motivo, de que tal como ocorreu quando Marcos (in) Feliciano assumiu a comissão de Direitos Humanos, que sempre fora do PT, ao passo que os condenados do mensalão assumiam a Comissão de Constituição e Justiça, resultado, todos estavam com o foco no infeliz do pastor e se esqueceram dos mensaleiros. Com esta manobra os petralhas conseguiam não apenas encobrir seus comparsas, mas também dar a imunidade e a cobertura política que eles precisavam. 
E agora? O povo vai às ruas motivado pelo aumento das passagens de ônibus, aumento este associado à péssima qualidade dos serviços de transporte, saúde, educação, segurança, coisas que, de fato influem na qualidade de vida e no índice de desenvolvimento humano, que o nosso país está em octogésimo quinto lugar, atrás do Azerbaidjão, dá para acreditar?! Em outras palavras, em plena época de Copa das Confederações, o fantástico mundo de Lula e Dilma está caindo. E o que eles fazem? Criam outro, deviam a  atenção para uma pessoa que não sei como qualificar. Chego a me questionar sobre até que ponto, ele de fato ele é, ou não, colaborador com toda esta falcatrua, visto que chego a duvidar de tamanha ingenuidade em uma pessoa que é, ao mesmo tempo Pastor e político. 

Rio de Janeiro, 19 de junho de 2013, Marcelo Medeiros. 

Após os protestos ocorridos na última semana e na segunda-feira (17) em todo o país, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, afirmou nesta terça (18) que antes de tudo é "preciso entender" o funcionamento dos novos protestos. "Não conseguimos entender o que está ocorrendo ainda. São novas formas de organização de mobilização que ainda não compreendemos".
Na íntegra: http://www.nopoder.com.br/noticias/Ministro-de-Dilma-diz-que-ainda-nao-entendeu-protestos-pelo-Brasil,14355,1.html

Na minha modesta opinião, a busca pelo entendimento da a dinâmica dos protesto equivale à tentativa de ocultar a insatisfação generalizada da população, e,,ao mesmo tempo  formular novas formas de controle e domesticação, para que os mesmos não voltem a ocorrer. No lugar de entender, que tal atender?

Manifestações no Rio e em boa parte do Brasil


Curioso, mas creio que exatamente uma semana após ter publicado a crítica de Juan Arias aqui em meu blog, e de ter postado, o diagnóstico que Aldous Huxley fazia de nosso tempo, fui surpreendido com um movimento que começou de forma aparentemente tímida, desorganizada, e manipulada, mas que com o passar do tempo ganhou dimensões nacionais, e a julgar pelas matérias nos canais de TV aberta, está muito bem articulado. 
Confesso que demorei a comentar aqui, porque foi difícil diagnosticar este fenômeno. Não faltaram pessoas para atrelarem o movimento, que se dá próximo aos eventos esportivos e á visita do Papa Francisco, a uma ação política orquestrada por partidos que querem implantar o comunismo aqui em nosso país, o que descreio. Primeiro, porque a capitulação do regime comunista no mundo está ligada a um fato mais do que inconteste: a maioria absoluta dos presidentes com perfil de esquerda que foram eleitos, traíram seus ideais e adotaram a agenda neo liberal. Segundo, a Globalização, é na verdade uma síntese de tudo o que há de ruim no Capitalismo e no comunismo, de forma que tanto direita quanto esquerda precisam serem reconstruídas e este trabalho vai demorar anos. Por último, qualquer pessoa que tenha visto os jornais e seja minimamente informada viu a multidão gritando: " não temos partido, não temos partido...". 
A frase de ordem é uma clara demonstração de insatisfação para com a política partidária em nosso país que a despeito das siglas, legendas, e das supostas ligações deste, ou daquele partido com uma suposta "esquerda", ou "direita", na verdade se mostrou comprometida com a manutenção dos velhos vícios políticos de nossa nação. A maior demonstração desta realidade concreta, mas não imutável, é o claro descumprimento, por parte do legislativo, com relação às sentenças do supremo, mensaleiros comprovadamente culpados, julgados e condenados, assumem cargos importantes, em flagrante desrespeito para com uma nação que pela primeira vez sentiu os ares de uma democracia.  
O segundo golpe dos críticos do movimento foi a razão de ser do mesmo. Afinal, por que protestar por reles R$ 0, 20? E a resposta veio por meio de um jornalista que criticando Arnaldo Jabour, afirmou, com muita propriedade que a razão não estava nos vinte centavos, mas na queda da qualidade do serviço. Aliás não é de hoje que os empresários de ônibus, que recebem concessões do governo para explorarem linhas, oferecem serviço de qualidade pífia, um transporte público que não atende à população e obriga o povo a usar o veículo particular, o que provoca congestionamentos no trânsito e piora na qualidade de vida. 
Uma outra crítica muito comum às passeatas, que ocorrem em todo o Brasil, foi a prática de vandalismo. Mais uma vez a própria imprensa, se viu forçada, a admitir que o movimento em apreço foi majoritariamente pacífico e ordeiro.  Entre as imagens, manifestantes distribuindo flores para as autoridades policiais, o desastre em todo o Brasil fica por conta de um grupo de bandidos, que se valendo do movimento, ao meu ver legítimo, depreda patrimônio público, queima e quebra prédios históricos além de humilhar e expor à vexação o poder público, representado por meio de uma instituição com mais de dois séculos de existência, e que a despeito de quaisquer críticas que possam ser feitas, é a força com a qual todo cidadão conta nas horas mais difíceis. Mas tenho de dizer que acredito sim em manifestação pacífica, na não violência (visto que a base suprema desta é cristã também).
Eu sei que o problema real de nossos políticos é o pecado, sim, acredito que o homem é irremediavelmente corrupto, desonesto, que como disse Hobbes, todo homem que ascende ao poder, usa o mesmo em benefício próprio. E, exatamente por este motivo, não creio que após esta série de protestos, outras serão necessárias. Não vejo, com bons olhos a questão proposta pelo ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, que  chegou a afirmar que não entendia a dinâmica dos novos protestos visto que não tinham liderança, e por isto não dava para negociar. Para mim, esta é uma forma velada de dizer que a população não será atendida, coisa que duvido, caso as pressões sociais aumentem. 
O que não podemos fazer é entender que sentados, trabalhando, estudando e cuidando de nossa vidinha as coisas irão melhorar por si sós, conforme entendiam os positivistas. Não de forma alguma, até nós cristãos temos de protestar sim, e sem temer pelo futuro, que a Deus pertence, pois como disse Jesus, basta de  cada dia o seu mal. O que não é bom é a semeadura da omissão, e queira Deus que esta esteja saindo de moda em nosso solo pátrio, e que, de fato o gigante adormecido tenha despertado. 

Rio 18 de Junho de 2013, ás 0 horas e  11 minutos. 
Marcelo Medeiros

domingo, 16 de junho de 2013

Admirável Mundo novo


A primeira vez que li este livro, o fiz motivado pela indicação de um professor de História da Educação, enquanto cursava Pedagogia na UNESA. Ver que o mesmo era fonte de uma série de estudos filosóficos sobre o filme Matrix reforçou ainda mais. Anos mais tarde começo a vislumbrar uma realidade cada vez mais parecida com os horrores descritos no livro em apreço. É mais do que fato que em nossa sociedade ainda não vivemos a realidade da clonagem, muito menos da programação genética, o que deixa um espaço, ainda que mínimo para a liberdade, visto que ao contrário do que verificamos no romance, as pessoas ainda podem (em tese), escolher que função exercer em nossa sociedade. Outra realidade da qual estamos distantes é a forma de envelhecimento. As pessoas da distopia huxelyana não sofrem os efeitos da ação do tempo, elas não envelhecem, apenas morrem, e mais uma vez vemos aqui a alteração genética. De acordo com Pondé, aqui vivemos um tipo de bovarismo, onde as pessoas com maiores recursos, apelam às cirurgias plásticas como forma de uma suposta correção dos efeitos da ação do tempo. Mas alguns pontos relatados no romance podem ser vistos em nosso nada admirável mundo. 
O primeiro, as pessoas são programadas, mediante constante emprego da psicologia behaviorista, a cada vez pensarem menos, ou serem menos críticas. Com isto não queremos dizer que a sociedade não era eficiente, muito pelo contrário, com as pessoas geneticamente programadas para exercerem as suas respectivas funções, com a divisão humane em Alfa, Beta, e outras categorias sendo cada uma destinada a um conjunto de funções sociais, tudo corria bem, do ponto de vista tecnocrático. Mas sem nenhuma liberdade para o pensamento, ou para a crítica. Cabe lembrar que mesmo que tal não tenha ocorrido, se de alguma forma vier a ocorrer teremos um fenômeno descrito por Lewis no seu A Abolição do homem. Em outras palavras, no dia em que a ciência de alguns homens que dominam a natureza alcançar o homem, e controlá-lo da mesmo forma que o faz com os demais fenômenos naturais então será o fim. 
E de fato, não é preciso ser cientista para perceber o alto investimento em marketing que os que controlam as mídias fazem, para que percebamos como o estímulo está associado à resposta. Basta olhar para o comercial do guaraná, da cerveja e perceber a associação que se faz entre bebida e sexo, diversão, entretenimento, satisfação e coisas do tipo. Mas o behaviorismo não se limita ênfase no consumo, mas afeta igualmente a ação política, que em nossa sociedade não é mais decidida por meio do pensamento crítico, mas pelo apelo midiático constante, a propaganda, ou o que chamam de debate, que na verdade é o uso de estratagemas artificiosos para o convencimento. 
O segundo aspecto em que ocorrem semelhanças entre a sociedade descrita no livro, e a nossa, é o alto investimento que a mesma fazia nos prazeres do sentido. Aqui fica o alerta para as atuais iniciativas governamentais para com a Educação sexual, por exemplo. A imagem de nosso país, é vendida por aí afora como a de um paraíso sexual. O mais curioso é que os colonizadores da América virão nela um protótipo do paraíso perdido em função da liberdade religiosa que lá experimentaram. Os Colonizadores daqui viram um paraíso em termos de riquezas a serem exploradas. Hoje, além da exploração das riquezas, da mão de obra barata, temos a exploração sexual, amplamente fortalecida e apimentada pelos debates em torno da legitimidade das relações homo afetivas, e da legalização da prostituição como profissão. Enfim, o tema da sexualidade anda em voga, mas o que está por trás de todo este discurso de liberdade é o uso do sexo como arma para amortecer o ímpeto das pessoas, mas como o texto mesmo o diz, esta é uma prisão da qual ninguém quer sair. 
Isto é bem parecido com o que Platão elaborou em sua República. A despeito de todo aquele papo que lemos no livro sétimo, a grande verdade é que a república de Platão era baseada numa mentira, que para ser sustentada, mantida, os soldados, e os demais membros da sociedade eram premiados com muita diversão e muito prazer para os seus sentidos, de forma que não viessem a questionar o sábio rei filósofo. Para isto, as mulheres seriam comunais, os guerreiros teriam direito a quantas mulheres e a quantos meninos quisessem, e estariam sempre prontos a exercerem a função para a qual nasceram programados a de defender a cidade. No entendimento platônico as almas humanas não eram iguais, alguns tinham alma de ferro (os soldados), outros de bronze (os artesãos), e os rei filósofo, uma alma de ouro. Deu para ver a semelhança? 
Por último, o mais curioso, dois grandes legados de nossa cultura, a ciência, a religião e as artes, entrarão cada vez mais em declínio até que estejam em museus acessíveis somente aos governantes e aos poderosos. Tal como na República de Platão, onde somente o sábio filósofo saia da caverna a fim de contemplar as idéias puras, assim ocorre em nossa sociedade, onde o conhecimento e a ciência estão empregando uma linguagem cada vez mais hermética, acessível somente aos iniciados nos saberes, que nunca são democratizados. As artes estão sofrendo contínuo declínio, de forma que as melhores elaboradas são cada vez mais inacessíveis ao povo leigo, e tudo reforçado por um discurso antropológico relativista. a própria religião tende a se transformar em um caldeirão de sopa de entulho. Em nome de um discurso em prol da diversidade estão construindo justamente o contrário, uma religiosidade na qual todos os deuses são igualmente verdadeiros. É mais do que lógico, que do momento em que as pessoas afirma que duas coisas opostas são verdadeiras, nenhuma delas na verdade o é. 
Esta mistura de psicologia comportamentalista, com uma política de incentivo aos prazeres, aliada à morte da ciência, da arte, e da religião produzem o cenário descrito por Huxley, onde o mundo é uma ditadura disfarçada de democracia, e a sociedade uma prisão sem muros, da qual as pessoas não querem sair, por estarem drogadas pelo prazer. 

Marcelo Medeiros

sábado, 15 de junho de 2013

Carta de um Jornalista a Arnaldo Jabour


Devido ao meu perfil sóbrio, e uma doença que me limita (a de escrever apenas com conhecimento de causa), ainda não me manifestei a respeito das manifestações que vem ocorrendo no Rio e em São Paulo, em razão do aumento das passagens de ônibus.Mas vi este texto no facebook, e resolvi reproduzir o mesmo aqui no meu. Lá na rede social ele aparece creditado à Sandro Miranda, que ao que parece é jornalista. Então vamos ao Texto.



Prezado Jabor,

Posso te chamar de Arnaldo? Ou melhor, Naldo! Ah, Naldo é bacana, vai! Tá na moda, dá um ar descolado. Apesar de o papo aqui entre nós ser bem sério hoje. 

Sabe, o problema não são os "vinte centavos a mais" que você falou outro dia. É a relação inversamente proporcional entre o custo da passagem que sobe, e a qualidade do transporte público que desce. 

Se pagar 3,15 no Rio me garantisse um ônibus de qualidade, em intervalos regulares e guiado por um motorista bem preparado (e educado), eu estaria feliz da vida, cara! Te juro! Deixaria até gorjeta pro "piloto". Mas você REALMENTE acha que é isso que acontece? 

Ah, você nem sabe, né? Porque dentro do seu carrão super confortável deve ser mesmo muito difícil imaginar alguém andando por aí como uma sardinha em lata e se sentindo humilhado pelas condições degradantes que lhe impuseram. É quase um universo paralelo.

Confesso que fiquei bastante '#chatiado'com você, pra usar uma expressão bem comum hoje em dia entre os jovens. Jovens como eu, de classe média, com algum grau de esclarecimento e que utilizam constantemente a internet. 

Uma turminha que, segundo você, não tinha nada que estar ali protestando, já que não depende de metrô, ônibus, trem. Essa foi uma das afirmações mais tolas que já ouvi em toda a minha vida, e pior ainda é que boa parte da Imprensa embarcou na mesma onda! 

Diversos jornalistas - pra minha tristeza e repúdio - classificaram como mero vandalismo a ação dos manifestantes, e estão até agora tentando me convencer de que há toda uma TEORIA DA CONSPIRAÇÃO por trás, gente oportunista que estaria se aproveitando da proximidade das eleições pra manipular os demais e assim conseguir que... ok, já chega, podem parar por aí antes que o meu estômago revire de vez.

O que eu queria entender, caro Jabor, é por que não apareceu a cara de pelo menos UM empresário dono de ônibus na minha TV. Ou ao menos UMA linha sequer falando sobre eles em um jornal. Uma mísera declaração no rádio. Num site, que seja. Quem são eles? Aonde vivem? Do que se alimentam? Ninguém sabe, ninguém viu. Tal qual criaturas das trevas, eles se escondem nas sombras e são sempre poupados, preservados. Por quê???

Enquanto isso, policiais tomam pedrada, estudantes levam gás de pimenta, rodoviários são escravizados, trabalhadores são prejudicados. Aí você veste o seu terninho elegante, vai pra frente da câmera e tem a PACHORRA (só pra usar um termo que gente velha adora) de me falar que isso tudo foi "por causa de vinte centavinhos a mais"?

Olha, eu condeno atos de violência e acho lamentável depredar lojas, saquear, fazer balbúrdia. Mas desviar a atenção toda pra essa questão, como se fosse este o foco do problema, e querer refletir sobre a força maligna que estaria por trás, é de uma covardia que eu não sei nem dimensionar. Mais do que isso, é querer me chamar de abestado! 

Ainda mais com essa total PARCIALIDADE que os meios de comunicação estão demonstrando, querendo desqualificar os protestos legítimos e praticamente dizer que eles são um exagero, coisa de um bando de gente reprimida que não tinha videogame pra extravasar sua raiva e decidiu protestar contra a primeira bobeirinha que apareceu. 

Sou capaz de aceitar que esse discurso de lavagem cerebral venha de um político idiota, pois assim são os políticos. Pega o Paes no Rio e o Haddad em Sâo Paulo, que você vai ver. Ou o Cabral e o Alckim. O discurso é o mesmo, são tudo farinha do mesmo saco. Só muda o sotaque. 

Agora, vir de jornalistas como você, Naldo, aí não dá pra engolir. Esse posicionamento antagônico com a população mostra apenas a falta de identidade e o descompasso que a profissão vive atualmente, mas aí é outra história, deixa quieto. 

Coincidentemente, olha só, precisou que uma repórter da Folha fosse atingida no olho por balas de borracha pra começarem a rever os conceitos e partirem pro ataque. Mas atacar quem, cara-pálida? Eu? Você? Ei, espera aí galera, que eu saiba devíamos estar lutando juntos, do mesmo lado! Só que não.

Realmente, deve ser muito mais legal pros nossos prefeitos e governantes que o mundo ache que isso aqui é uma festa incessante, uma farra do bundalelê! Onde todo mundo vai trabalhar de biquíni e sunga, sambando no pé e com um sorriso de orelha a orelha, batendo uma bolinha na hora do almoço e voltando pra floresta em um carro alegórico, tudo regado a bastante caipirinha e cerveja gelada. No dia seguinte, tudo de novo, claro!

Afinal, estamos no Brasil, o malandrão, a potência, a terra do jeitinho. Aqui é tudo tão bom, tão perfeito, que a gente só de sacanagem resolve dar uma aprontada de vez em quando, só pra ver qual é.

Sim, há muito jovem alienado de classe média (e alta) nas redes sociais. Mas eu prefiro falar dos que têm algo a dizer, e não só os que dizem, mas principalmente fazem. Há militantes em potencial por aí, e não rebeldes sem causa. Até porque o que não faltam são causas pra lutar. 

Também tem os aproveitadores, e a galera do oba-oba, mas eles são que nem barata, estão em toda a parte. A garotada de hoje em dia pode não ter lutado na Ditadura, nem nas Diretas ou no Impeachment do Collor. Mas tem voz e ferramentas pra reclamar de muita coisa, nessa bagunça em forma de país. 

Que não subestimem os jovens por gostarem de um Facebook aqui, um Instagram ali, um vídeo engraçado do Youtube acolá. Gostar de alguma futilidade não é ser alienado e 
nem indiferente. E é por isso mesmo que eu te digo, Naldo Jabor: Você errou. Errou feio. Errou rude. E se existe um Deus (polinésio ou não) ele tá de olho em você.

Um abraço, do amigo Sandro

Salário pastoral, mais uma reflexão



Uma das imagens que vi pelo facebook veio acompanhada de indagações provocantes. A Imagem traz uma dura crítica aos pregadores da atualidade e faz uma série de indagações a respeito dos cachês e do comportamento dos mesmos. Aqui se faz necessário considerar que diante dos abusos cometidos por alguns  pregadores, não faltam os que levantam a sua respectiva voz em protesto contra o modo de vida dos mesmos, mas pecam no que tange ao discernimento. Não faltam os que de imediato apelam ao exemplo de Paulo, que de acordo com um único relato de Lucas a respeito de sua estada inicial em Corinto, para defenderem que o salário pastoral é contraditório com a vida cristã, ou com o ministério cristão. Neste breve posto pretendo apresentar alguns argumentos bíblicos pró salário pastoral. Lembrando que não sou obreiro integrado na obra, e não cobro para pregar, logo, não tenho o mínimo interesse no salário pastoral, mas na verdade bíblica.
O primeiro argumento apresentado pelos que são a favor do voluntariado é que Jesus disse: "dai de graça, o que de graça recebeste". O problema é que neste mesmo contexto, o Mestre afirmou: Não levem nem ouro, nem prata, nem cobre em seus cintos; não levem nenhum saco de viagem, nem túnica extra, nem sandálias, nem bordão; pois o trabalhador é digno do seu sustento. "Na cidade ou povoado em que entrarem, procurem alguém digno de recebê-los, e fiquem em sua casa até partirem  (Mt 10. 9 - 11).  Para bom entendedor, ou bom intérprete de texto bíblico, Jesus está falando do salário do obreiro, cuja palavra aqui é τροφης, que pode igualmente ser traduzida por sustento, e em alguns textos traduz-se por mantimento. 
Alguns obreiros que são claramente contrários aos salário pastoral, apelam para o texto de Paulo, no qual ele fala de sua vida e exemplo como trabalhador da causa do Evangelho. Estes esquecem de notar que Paulo faz umas perguntas interessantes, tais como: Quem serve como soldado às suas próprias custas? Quem planta uma vinha e não come do seu fruto? Quem apascenta um rebanho e não bebe do seu leite? (I Co 9. 7 NVI). A finalidade do apóstolo dos gentios neste texto consiste em mostrar que o obreiro, à semelhança dos trabalhadores que ele toma como exemplo são dignos de serem sustentados pela obra. Mas não para aí, ele apela ao exemplo da lei que determinava não atar à boca ao boi que debulhava, a fim de que o mesmo pudesse se alimentar, deixando aqui um claro princípio de que quem emprega a sua força de trabalho, seja ela de cunho intelectual, seja física, tem o direito de participar dos resultados positivos. Aqui também entendemos que Paulo não era de todo contrário ao salário pastoral, mas que por convicções pessoais específicas, ele abriu mão do seu. 
Um último texto a ser analisado aqui é este: Os presbíteros que desempenham bem o encargo de presidir sejam honrados com dupla remuneração, principalmente os que trabalham na pregação e no ensino (I Tm 5. 17). Alguns exegetas têm proposto honra ao invés de remuneração, visto que a palavra grega διπλης τιμης (duples tumés), pode ser interpretada, ou traduzida como dupla honra, ou como duplicados honorários. Aqui cabe a aplicação de uma regra básica de Hermenêutica, quando uma mesma palavra têm mais de um sentido, o significado da mesma será definido pelo contexto, e contexto desta mesma passagem aponta para  o texto da lei que Paulo empregou para abordar o mesmo assunto na carta aos Coríntios. Pois a Escritura declara: Não amordaces o boi, quando pisa o trigo. E ainda: O trabalhador é digno do seu salário (I Tm 5. 18), indicando com isto que Paulo está falando claramente de salário. 
Agora se avançarmos mais dentro do contexto da carta pastoral (I Tm), observaremos que o que Paulo acintosamente condena é o entendimento de que a piedade seja fonte de lucro e de enriquecimento (I Tm 6. 3 - 11). É este tipo de postura que produz pregadores e mais pregadores que não mais pregam o Evangelho, quiça Cristo! Mas somente a si mesmos na medida em que anunciam seus feitos, suas agendas (tudo para mostrarem o quanto são importantes) e sempre alguma doutrina exótica.
Minha conclusão se alinha com a do apóstolo Paulo. Não há nada errado em viver do Evangelho, em um pastor que se afadiga na Palavra e no ensino, receber um salário digno da função que ele exerce, o problema começa quando o suposto pastor, ou pregador começa a ver no Evangelho uma facilidade, um modo de viver a vida regaladamente, quando de acordo com o estudo que fizemos, o compromisso do Senhor conosco é com o nosso sustento. Nas palavras de Paulo, a piedade com contentamento é grande fonte de lucro. A palavra para contentamento aqui é αυταρκειας ([autarkeias], de onde vem a palavra autarquia), cujo sentido é o de um viver cuja felicidade não se guia por situações, sejam favoráveis, sejam adversas. 
Tal como ocorre com todo mundo, o ministro do Evangelho vai viver uma vida sujeita a possibilidade de momentos de fartura alternados com momentos escassez, de abatimentos, com euforia, mas não importa, tudo podemos naquele que nos fortalece, Cristo Jesus, naquele que disse: no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo. A Bíblia diz que Cristo há de suprir as nossas necessidades, por Cristo Jesus, em glória. O texto diz: necessidades, não vaidades!

Em Cristo Jesus, naquele que nos supre em tudo, Marcelo Medeiros. 

Que país é esse?





Há não sei quantos anos atrás o vocalista de uma banda de Rock já perguntava que país é este? As viagens para o exterior, o claro desrespeito às leis, por parte dos nossos governantes associado á corrupção e à impunidade. Algo de espantoso na letra da música, de provável autoria de Renato Russo, é a constatação quase bíblica de a degeneração está presente em todos os cantos da nação. Na favela, no Nordeste, na Baixada, no Senado, na Câmara, todos estão envolvidos no esquema. 
A letra da canção interpretada por Renato Russo revela o que há de pior na natureza humana. Sim, Afinal somos um país de políticos corruptos, mas de onde vem os nossos políticos? Nossa polícia é retratada nos jornais estrangeiros com sendo uma das mais brutais, mas de onde vem mesmo os nossos policiais? De Vênus, de Marte? Claro que não! A resposta para a pergunta de Juan Arias está nas palavras do profeta Isaías, para quem, Toda a cabeça está enferma e todo o coração fraco. Desde a planta do pé até a cabeça não há nele coisa sã, senão feridas, e inchaços, e chagas podres não espremidas, nem ligadas, nem amolecidas com óleo (Is 1. 5, 6 ARCF). Estas palavras se aplicam, ou não á nossa nação? Creio que sim, mas o mesmo profeta que aponta a doença aponta a cura, que está em repartir o pão com o faminto, em soltar as ligaduras da iniquidade, em fazer a justiça brotar como ribeiro de azeite (Is 58. 6 - 11). Este é o caminho para a mudança, marchar pelo fim da opressão social, mudar hábitos que reproduzem a dinâmica da opressão. Este é o caminho e não pode haver desvios nem para a direita, nem para esquerda. 

Marcelo Medeiros

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Ateísmo na Bíblia?


O motivo da pergunta no título deste post se dá em razão de algumas declarações que a Bíblia aparentemente faz a respeito do Ateísmo. Cabe lembrar que a maioria absoluta, se não todas as declarações possíveis que a Bíblia possa fazer sobre o tema, são extraídas do saltério (o livro dos Salmos). Minha proposta consiste em responder a seguinte pergunta: o ateísmo aparentemente descrito na Bíblia tem a ver com a postura filosófica, ou com a cosmovisão que leva este nome? É esta pergunta que iremos responder. Para Tal precisamos recorrer à Bíblia.

O ímpio é soberbo, jamais investiga: - Deus não existe! - é tudo o que pensa (Sl 10. 4 Bíblia de Jerusalém). Em outras palavras, neste texto a impiedade está sendo criticada, ela consiste na prática do mal, sem que se leve em consideração que há um Deus que julgue a causa do justo e do aflito, ou a quem terá de prestar contas pelas suas ações. Este é o sentido do texto.

O outro texto do saltério é este: diz o insensato em seu coração: Deus não existe! Suas ações são corrompidas e abomináveis (Sl 14. 1 Bíblia de Jerusalém). O restante do Salmo fala de uma depravação geral da humanidade. Do céu Iahweh se inclina sobre os filhos de Adão, para ver se há um sensato, alguém que busque a Deus (Sl 14. 2). Este texto descreve com linguagem antropomórfica que Deus é o maior interessado no homem, é ele quem busca o homem, e não o inverso. A seguir o salmista descreve o estado alienado de Deus, visto que estão todos desviados e obstinados também, de forma que ninguém age bem, não, nem um sequer (Sl 14. 3 Bíblia de Jerusalém). O homem descrito aqui é aquele que age como se Deus não existisse.

Na verdade o ateísmo descrito na Bíblia não é uma posição filosófica racionalmente concebida como vemos na filosofia marxista e no pensamento freudiano. A postura criticada pelos autores bíblicos se coaduna melhor com a crítica de Nietzsche ao niilismo europeu do século XIX. Em outras palavra o salmista não está  criticando alguém que entendeu que as ditas provas da existência de Deus, na verdade não são definitivas. [Esta crítica será feita pelos sábios do período inter bíblico, e por Paulo (Sb 13; Rm 1. 18 - 20).] Deus é um Deus que se esconde, e que se revela aos simples por meio de seu filho Jesus Cristo, exclusivamente. De modo que de acordo com Pascal e C. S. Lewis, Deus jamais pode ser conhecido pelas obras da natureza, mas exclusivamente em Cristo.

Retornando à Bíblia, a Deus e a Nietzsche, em sua obra Assim Falou Zaratustra, ele critica a Europa por que sustentar a crença epistemológica em Deus, mas eliminar o mesmo da cultura (este é o sentido da morte de Deus, visto que Nietzsche não se preocupa com metafísica, mas com axiologia). Tal se dá quando se constata incompatibilidade entre o que cremos e afirmamos intelectualmente e o que de fato vivemos. Para exemplificar, mais um texto do saltério.

O ímpio tem um oráculo de pecado dentro do seu coração; o temor de Deus não existe diante dos seus olhos. Ele se vê com u olho por demais enganador para descobrir e detestar o pecado. As palavras da sua boca são maldade e mentira, ele desistiu do bom senso de fazer o bem. Ele premedita a fraude no seu leito, obstina-se no caminho que não é bom e nunca reprova o mal (Sl 38. 2 - 5 Bíblia de Jerusalém).

É esta atitude de viver a vida como se não tivéssemos de prestar contas a ninguém, como se pudéssemos oprimir as pessoas sem considerá-las como imagem e semelhança de Deus, de extrema dedicação para com a prática do mal, de ausência de conflitos éticos (sejam de quais ordem forem), da glorificação e exaltação do que é vil aos olhos de qualquer pessoa que tenha uma mínima noção do que venha a ser a ética, que a Bíblia condena de fato. Logo, tais textos  não se aplicam aos que vivem algum tipo de incoerência, de dicotomia entre o que creem e afirmam intelectual e filosoficamente, e o que praticam. Sim, temos de considerar a possibilidade de que um ateu demonstre um comportamento mais ético do que um religioso, mas isto é outro assunto. 

Marcelo Medeiros, em Cristo. 

terça-feira, 11 de junho de 2013

A família e a Escola Bíblica Dominical


Ao longo deste trimestre temos estudado a respeito da família e dos ataques que a mesma vem sofrendo. E, uma conclusão que podemos extrair desta série de Estudos é que o padrão divinamente estabelecido para as relações familiares, bem como o modelo conjugal, e os referenciais de educação e criação dos filhos são provenientes de uma única fonte, a palavra de Deus (Dt 6. 4 - 9; Mt 19. 1 - 11). Mesmo depois da entrada do pecado no mundo e da corrupção das relações humanas, bem como do padrão divinamente estabelecido, necessário se faz com que atentemos que é a palavra de Deus a fonte de santificação das nossas relações familiares (I Tm 4. 4, 5), bem como o principal elemento de preservação da nossa família. Daí a necessidade de refletirmos a respeito da Escola Bíblica Dominical. 

A Família e a Palavra de Deus


A família é descrita pelas Escrituras como sendo a primeira instituição criada por Deus. Ela foi estabelecida no Éden, quando Deus disse que não era bom que o homem estivesse só. Ao criar o homem, Deus disse façamos o homem, conforme a nossa imagem e conforme a nossa semelhança (Gn 1. 26, 27), uma descrição mais detalhada da criação do homem mostra-nos o mesmo sendo formado do pó da terra, de uma forma muito similar ao trabalho desenvolvido pelo oleiro. Mas antes de avançarmos neste assunto, é necessário que observemos que a Palavra criadora age no ato de origem do homem. A diferença esta em que, ao contrário do que ocorre em toda a criação, quando Deus libera a sua Palavra e deixa tudo por conta da liberação da mesma, aqui o criador não se contenta em simplesmente liberar uma palavra, mas se lança na atividade criadora, no ato de moldar. 
O mesmo se dá com a criação da mulher, de acordo com o relato da tradição oral sacerdotal. Deus diz, depois ele faz. No caso da criação do homem, do macho e da fêmea, a Palavra e o agir divinos estão em constante ação. Na natureza, em geral, a fala é o suficiente para que tudo se crie, no homem fala e ação estão mutuamente combinadas.
Com a entrada do pecado no mundo, a família foi maculada. As relações entre homem e mulher, entre irmãos, e entre pais e filhos foram seriamente corrompidas. O homem acusa a mulher de ser responsável pela sua queda. Esta, acusa a serpente, que podemos entender como sendo o diabo, de ser a responsável pela desgraça (Gn 3. 10 - 14). Os primeiros irmãos vão ser protagonistas do primeiro casa de fratricídio da história humana, e o texto nem de longe aponta problemas psicológicos, ou sociais como a causa do conflito, mas simplesmente o fato de que as obras de um irmão eram boas e as do outro eram más (I Jo 3. 12). Da descendência de Caim surgiram os primeiros artífices e músicos, e contraditoriamente os primeiros casos de poligamia. 
Para a generalização da maldade, foi apenas um salto (Gn 6. 5, 12). Deus resolveu, então destruir todo o gênero humano, mas preservar um homem, que havia achado graça aos seus olhos (Gn 6. 8). Mais uma vez a Palavra de Deus entra em ação, visto que  disse Deus a Noé: [...] faze para ti uma arca da madeira de gofer  Gn 6. 13, 14. Por meio da Palavra de Deus a um chefe de família, todo o restante da família foi salva do juízo divino. As medidas da arca, quem deveria entrar na mesma, o material empregado na mesma, a finalidade, tudo estava claramente expresso nas orientações que Deus havia dado a Noé, por meio de sua SANTA PALAVRA. 
Se na criação observamos a Palavra de Deus associada ao agir do mesmo, aqui, esta está ligada à atitude humana. Deus nos deu a sua palavra para que nós as colocássemos em prática (Sl 119. 4), e para colocarmos a mesma em prática, precisamos ouvir atentamente o que Deus está querendo dizer para nós. Não é sem razão que a confissão judaica de fé começa com o apelo para o ouvir, pois está escrito: יִשְׂרָאֵ֑ל   שְׁמַ֖ע (Shemá Isharel), Ouve ó Israel Yhwh é único Deus. Sem o ouvir não o saberemos. 
Mas o ouvir que não se consuma na prática do que é ouvido, termina por se caracterizar como estéril ao ouvir tem de suceder o amar a Deus, com todas as forças (Dt 6. 5), bem como o esforço humano de fazer da Palavra que se ouve, o centro da vida familiar. E como se dá tal ação? Por meio do falar que expressa o amor que temos pelo único Deus, e por uma série de medidas cuja finalidade é a preservação de nossa herança cultural e espiritual. Infelizmente a história bíblica nos mostra que não houve, por parte do povo um zelo em cumprir as recomendações divinas no Deuteronômio. Ainda no período histórico inicial se levanta uma geração que não conhece ao Senhor, nem a obra que ele fez em Israel, o resultado, uma verdadeira catástrofe e instabilidade que começa com o período dos juízes e termina no período pós exílico. 

O surgimento da Escola Bíblica Dominical

É usual atrelar a Escola Bíblica Dominical às práticas de ensino descritas na Bíblia, que começam com o Deuteronômio (Dt 6. 5 - 9), e avançam até os dias de Neemias (Ne 8. 2 - 8). Na verdade a Escola Bíblica Dominical é uma instituição moderna cujo surgimento está ligado ao contexto da modernidade, da revolução industrial e das reformas políticas, sociais e religiosas que começaram a varrer a Europa a partir do século XVI. Nós precisamos ver esta instituição a partir desta perspectiva a fim de termos argumento para justificar a mesma como instituição atual e necessária para a saúde familiar e da Igreja. 
Uma das características da modernidade foi a perda, por parta da Igreja católica romana, da hegemonia cultural que esta detinha durante a Idade Média. A invenção da imprensa, possibilitou que livros fossem produzidos e impressos em larga escala, e que o saber, antes limitado aos mosteiros, fosse divulgado com maior facilidade. Outra questão importante é a perda do poder político, os estados europeus passaram a clamar por maior liberdade, e por fim a revolução industrial abalou definitivamente os modos de produção econômica. 
Contudo, a herança da revolução industrial foi nefasta. Esvaziamento do campo, aumento da população urbana e precariedade social contribuíram para o aumento dos suicídios, do alcoolismo e da prostituição. Os que ficaram ociosos, devido à falta de emprego, e mesmo de especialização para as novas condições de trabalho, tentavam fugir da miséria por meio de atividades ilícitas. 
Para o bem da sociedade inglesa, a Igreja passava por um período de avivamento, que na visão da maioria dos autores de História da Igreja foi o principal responsável pela preservação da paz na Inglaterra, sim, a Escola Dominical surge com Robert Raikes, em meio ao avivamento metodista que estava sacudindo a Europa do século XVIII. 
O surgimento da ideia  de acordo com o Manual da Escola Bíblica Dominical, se dá enquanto Raikes estava, em plena manhã de domingo, escrevendo um artigo para um jornal, e teve a vidraça de sua janela atingida por uma pedra. Ele se levantou, dirigiu alguns impropérios às crianças e retornou às atividades. Porém, seu coração fora incomodado pelo estado de abandono social, moral e espiritual em que se encontravam aquelas crianças, e logo começou a pensar no que poderia ser feito para amenizar a condição das mesmas. Foi quando teve a ideia de usar o espaço das igrejas (leia-se templo) para ensinar as mesmas a ler, escrever, ler a Bíblia e ainda dar reforço escolar.
A iniciativa, não foi vista como boa. Na mentalidade de muitos crentes era um absurdo usar um espaço sagrado com crianças profanas como as que Raikes estava trazendo para o interior do templo. A despeito da oposição inicial, a proposta logo foi se espalhando e recebendo cada vez mais aceitação, visto que se via na mesma, uma grande estratégia de Evangelização infantil, e um modo eficaz de alcançar as famílias que estavam demasiadamente ocupadas com o trabalho nas fábricas. 
Aqui precisamos estabelecer que: 

  1. A iniciativa de Robert Raikes é de certa forma, herdeira da tradição reformada. Nesta é importante que as pessoas saibam ler para lerem e interpretarem a Bíblia. 
  2. A mesma se deu durante o período do avivamentos metodista, que recebeu este nome em função da proposta de reuniões nos lares para a oração e estudo da palavra. 
  3. As crianças a quem Raikes dirigiu a sua ação não eram crentes, mas crianças que em pleno domingo se viam abandonadas nas ruas, visto que os pais delas trabalhavam nas fábricas de domingo à domingo, e às vezes em cargas horárias de dezesseis horas por dia. 

O sucesso da Escola Bíblica Dominical, que não era apenas bíblica, visto que nela também eram ministradas aulas com fins de alfabetização e reforço escolar; se deu em toda Europa e Estados Unidos. Prova cabal de tal êxito pode ser visto na implantação da primeira igreja protestante em solo brasileiro, no caso a Congregacional, que foi estabelecida em Petrópolis é fruto deste trabalho cuja iniciativa pioneira do casal de missionários Sara e Robert Kallei. Porém o blogueiro Judson Canto alerta em seu blog, em um artigo a respeito do assunto que a primeira Escola Dominical, foi realizada em nosso país em Junho de 1836, quando Justin Spaulding, enviado pela Igreja Metodista dos Estados Unidos. De acordo com o autor em apreço a iniciativa não foi bem sucedida em função dos problemas que o missionário enfrentou quando chegou aqui. Mas necessário se faz entendermos que a Escola Dominical é a melhor educação teológica possível dentro do contexto da modernidade. Pois quando olhamos para o modelo bíblico de ensino, percebemos que o mesmo não se reduz aos domingos.

O modelo bíblico de ensino

De acordo com a Bíblia a educação cabia, em primeiro lugar ao patriarca (Gn 18. 19, 20), depois ao pai, ou chefe de família, que além de ensinar, deveria zelas para que a casa fosse pautada na prática da lei do Senhor (Dt 6. 5 - 11; 11. 19, 20). Com a falha deste sistema surge o modelo dos juízes, cujo ápice é Samuel, ao meu ver o mais zeloso de todos, e que mesmo fora do exercício da função se compromete em ensinar e interceder pelo povo (I Sm 12. 22, 23). O modelo seguinte é o sacerdotal, onde cabe ao sacerdote o ensino da lei (Jr 18. 18; Ml 2. 7, 8), mas ao que parece cedo, cedo, este modelo entra em crise (Jr 2. 8; Os 4. 6). Aqui cabe esclarecer que a falência do sistema não se dá em função de questões de conteúdo e metodologia, mas de ausência de comprometimento, conforme os textos deixam implícito.
No Novo Testamento, temos a ordem de Jesus para ensinar. Desta ordem surge o modelo apostólico de ensino. Este é diário (At 2. 42, 43; 5. 42), e tem como conteúdo o que Jesus mandou ensinar (Mt 28. 19, 20), a finalidade do ensino aqui é apresentar todo homem perfeito a Cristo (Cl 1. 28, 29). Daí a nossa colocação quanto à consideração do caráter histórico da Escola Bíblia Dominical, visto que a educação bíblica não é dominical, mas diária. Para que venhamos a viver novamente esta realidade bíblica, a Escola em apreço é um bom começo, mas bom seria que seus ensinamentos fossem perpetuados dentro do lar cristão, por meio de um treinamento dos pais, feito pelos ministros conforme preceitua a Bíblia (Ef 4. 11, 12).

Em Cristo, Pr Marcelo Medeiros. 

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Um pergunta instigante e uma reposta mais que óbvia



Vi esta foto em uma página do facebook e compartilhei. Ao refletir sobre o que estava escrito conclui que nada é tão óbvio, visto que na verdade é justamente, no que é intuitivo, manifesto, patente, é que pecamos quanto à percepção. Fácil de compreender? nada mais falso do que isto, uma vez que tal como ocorre com o nosso nariz,  que fica na nossa cara e ninguém vê, exceto quando se vê diante do espelho, assim ocorre com o que denominamos de óbvio. A lição aqui é simples, o nariz que só é visto por nós quando diante de um espelho, assim é o óbvio que só é percebido mediante séria reflexão. Que tempos são estes? Tempos em que a atitude reflexiva não está na moda, e os que pensam são excluídos, tempos em que cegos guiam outros cegos.

Marcelo Medeiros.

sábado, 8 de junho de 2013

Por que tantos têm fé?


Em minhas andanças pela net, vi muitos vídeos produzidos por ateus, céticos, filósofos, gente estudiosa, gente nem tanto estudiosa, e assim, minha atenção se voltou para um vídeo que encontrei no canal de Frank Jaava, cujo título é Por que tantos têm fé? Considerando que desde o iluminismo, o fim de todo comportamento fideísta vem sendo insistentemente vaticinado, vale a pena perguntar: quais fatores contribuem definitivamente para que as pessoas desenvolvam o hábito da crença?

Em Filosofia não há uma resposta definitiva para tal questão. Na verdade a tradição cética iniciada com Montaigne, e continuada pelos moralistas franceses, dentre os quais, o mais conhecido é Pascal, afirma que não temos razão para descaracterizar, descredibilizar nem o comportamento cético, nem o comportamento fideísta. E Pascal afirma categoricamente que a razão tem as suas razões, que a própria razão desconhece, em outras palavras, acreditamos em uma série de coisas das quais não temos provas cabais e muito menos experiência sensorial (que, para fins de esclarecimentos, e a que é oriunda dos sentidos).

O mais curioso, é o fato de que, quando vi o vídeo me deparei com mais uma explicação científica a respeito da fé. O problema inicial é que toda vez que alguém busca interpretar a crença pelo viés de qualquer ciência que seja corre o risco de ser reducionista. E, é justamente o que ocorre, o autor do vídeo faz uma explicação psicológica (de cunho behaviorista, ou comportamentalista da fé), associada ao que me lembra a teoria do fato social de Émile Durkeim. De acordo com o Behaviorismo, todo comportamento humano e animal é baseado em um esquema de recompensa, para os comportamentos que devam ser reforçados, e punição, para aqueles que não devem ser compensados. E curiosamente, na mentalidade do autor tal viés é suficiente para caracterizar o que seja a fé.

Talvez, esta teoria sirva para explicar a fé, mas suponhamos que o relato da carta aos hebreus, especificamente no capítulo onze, seja verdade. Cabe explicar aqui que para nós cristãos a Bíblia é a verdade, mas para os céticos não. Eu creio na Bíblia, um provável leitor deste tópico talvez não. Daí o uso da expressão suponhamos. A pergunta que segue é: Como explicar a espera de Abraão por mais de vinte anos pelo cumprimento da promessa divina? Como explicar A peregrinação dos patriarcas em terras alheias, mas crentes na promessa? E a certeza de José de que Deus os tiraria dali do Egito, e por este motivo deu ordens a respeito dos seus ossos? E a postura dos macabeus diante da perseguição de Antíoco Epifâneo? E os primeiros cristãos, que perseveraram mesmo diante de aflições, perseguições, espoliações de seus respectivos bens, perda da própria vida?

Como esta teoria explica a persistência dos discípulos na fé, mesmo diante do aviso prévio de Cristo de que eles seriam perseguidos e odiados pelo mundo? Existe alguma coisa que compense a perda da amizade, do aconchego da família, da posição e do status pessoal? do ponto de vista humano, não. Daí, minha conclusão de que a teoria exposta por Jaava, pode explicar este evangelho motivacional, mas jamais a fé bíblica, a fé que nos capacita a nos posicionarmos neste mundo, e vencer a oposição deste sistema maligno e cruel. Muito menos a religiosidade que resignadamente suporta a aflição e a perseguição em nome da causa.

O livro de Macabeus é ainda mais enfático. Ele descreve um quadro de apostasia geral, por grande parte do povo que estava assimilando a cultura helênica. Quem não assimilou, foi, aos poucos sendo segregado, de forma que os resistentes foram pouquíssimos, e mais ainda o exército macabeu alternava derrotas com vitórias expressivas, um fluxo histórico tal como este não coaduna com a teoria apresentada pelo autor.




Em Cristo, Pr Marcelo Medeiros

sexta-feira, 7 de junho de 2013

A religião ainda é o ópio do povo?


O que me motiva a escrever este artigo, é que ao contrário do que Cristo ensinou, me envolvi em um debate com uma pessoa extremamente cética e dogmática ao mesmo tempo. Resultado, terminei lançando pérolas aos porcos, e coisas santas aos cães. Mas e esta história de ceticismo e dogmatismo, ao mesmo tempo, isto combina? É possível isto? Descobri que sim. C. S. Lewis escreveu em uma sátira Cartas de um diabo ao seu aprendiz a possibilidade do inferno inventar uma mistura entre o mago e o materialista. E, ao meu ver ela está presente em gente que critica o dogmatismo cristão, mas defende suas idéias como se estas fossem um dogma religioso. 
A cada postagem que o indivíduo fazia, ele colocava esta frase ao final. Para ele tal colocação era a prova inconteste de que a religião é o ópio do povo. O que ele não sabe é que as colocações de Marx precisam ser interpretadas à luz da filosofia Hegeliana, ou seja, do contexto político social do sec. XIX. E já no início do sec XX foram revisadas por Antônio Gramsci (para quem de nada adiantava a revolução proletária proposta por Marx, visto que o poder, nas sociedades atuais é repartido), e na década de sessenta por Pierre Bourdieu. Não seguir esta metodologia, é o mesmo assumir a produção intelectual dos pensadores como se dogma religioso, e ignorar o caráter transitório do saber científico. 
Gramsci verificou que o Estado tinha alcançado uma autonomia e não mais precisava da religião para justificar suas atitudes, exemplo o Nazismo e o Fascismo. De alguma forma o estado passa a ser objeto de culto e dispensa a religião como fonte de justificativa de sua existência. Nas teorias da reprodução, a Escola e as autoridades policiais, junto com os periódicos são colocados como aparelhos ideológicos ao lado do Estado. 
Pierre Bourdieu vai além ao afirmar que a Escola jamais seria uma instrumento para a transformação da sociedade, visto que ela na verdade reproduzia a dinâmica social, e mesmo os movimentos estudantis da década de 1960, eram na verdade uma expressão daquela reprodução social. 
Nada mais normal do que ler o momento atual e entender que a religião perdeu seu espaço de influência para a mídia. Afinal de contas o mundo ideal não mais é o descrito pela religião, mas o descrito pela mídia. Qualquer pessoa com um mínimo de formação que tenha lido Niestzche, percebe que a religião, perdeu sim a sua força no que tange à formação de valores
A religião ainda é o ópio do povo? Sim, para aqueles que se apegam à frases de filósofos do século XIX, e as aplicam ao contexto histórico atual de forma acrítica, assistemática, transformando o pensamento de Ludwing Feunbach e Karl Marx em dogma. Este comportamento associado ao orgulho e a arrogância intelectual desmedida, é tão religioso quanto os religiosos que estes sábios tentam combater. Mais ainda, dentro do pensamento marxista, futebol, voleibol, olimpíadas, e tantas outras coisas que apreciamos, podem ser tão alienantes, ou mais do que a religião. Se quiser conferir, veja,na íntegra, o vídeo do Luís Felipe Pondé, na postagem o ateísmo é brega.

Marcelo Medeiros.


quarta-feira, 5 de junho de 2013

O ateísmo é brega


Minha principal motivação em escrever este singelo artigo sobre Pondé e a visão que o mesmo tem sobre o ateísmo, se dá em virtude de que é no campo filosófico e científico, com larga predominância do primeiro, que tem ocorrido as mais calorosas discussões entre teísmo e ateísmo, o que tem feito com que muitos cristãos se aprimorem, ou busquem cada vez mais a formação filosófica. Um dos filósofos mais atrativos da atualidade é o brasileiro Luís Felipe Pondé. Seu Guia Politicamente Correto da Filosofia é nitroglicerina pura, um dos livros mais provocativos que já li. 
O livro, como era de se esperar de um cristão, despertou a curiosidade do autor desta post. Afinal, qual é a religião de Pondé? De um lado a resposta foi surpreendente, de outro não. Confesso que num primeiro momento achei que fosse religioso, mas ao ver a entrevista do mesmo no programa Roda Viva, e na Marília Gabriela, julguei que ele fosse niilista. Mas para minha surpresa, ele mesmo não se define assim. Pondé se define como alguém que transita entre o ateísmo, e o teísmo, e mais adiante falaremos sobre a postura do mesmo. Por enquanto convém que nos atenhamos a entrevista do vídeo da presente postagem. 
Em uma entrevista, feita após uma palestra que segundo informações do canal do youtube, fazem parte de uma palestra sobre as razões do ódio; aliás, parece que em várias outras entrevistas, o filósofo Luís Felipe Pondé afirmou que o ateísmo é brega. Com isto o autor quer dizer que o Ateísmo, não pode ser visto como uma conquista da razão. Na verdade, fé e descrença, de acordo com o autor (que neste ponto reflete bem os moralistas franceses, tais como Montaigne, e Pascal), nada têm a ver com razão. Em outra entrevista, cujo teor pode ser acessado na íntegra, por meio deste link: http://www.paulopes.com.br/2011/12/ateismo-como-conquista-da-razao-e.html#.Ua40JNK1GHh, o filósofo em questão afirma que os teólogos mais clássicos entendiam que a fé é uma graça de Deus, em outras palavras, uns viriam a crer, e outros não. Se até o presente momento você leu este post e me considerou um herege, leia mais atentamente o que Paulo escreveu aos crentes de Tessalônica (II Ts 3. 2), onde se lê que a fé não é de todos. Até este ponto sou forçado a concordar com o apóstolo das gentes e com Paulo de Tarso, o da Bíblia, é claro, sem falar que eles vem acompanhados de muita gente boa. 
O fato acima descrito é reconhecido, mesmo por apologistas como Norman L. Geisler e Willian Lane Craig,  bem como pelos herdeiros dos trabalhos intelectuais destes gigantes da fé. Em outras palavras, um apologeta entra em um debate com a finalidade de se dirigir aos ouvintes da platéia, que estão em sincera dúvida quanto à fé cristã, e por falta de respostas ainda não se decidiram. Geisler e Turek afirmam, no livro Não tenho fé suficiente para ser ateu, que ambos os interlocutores investiram muito em seus conhecimentos, para abrirem mão com facilidade de suas respectivas visões. Aqui aspectos emocionais e sentimentais, enfim, psicológicos são abordados. EM OUTRAS PALAVRAS, PONDÉ ACERTOU, E COMO!
A fim de exemplificar que o ateísmo é rudimentar e básico em suas assertivas o filósofo em apreço apela para o fato de que uma das principais razões para os ateus alegarem a não existência de Deus, é a presença do mal no mundo, e que como pessimista que é, ele mesmo, se vê, em muitas ocasiões, tomado por estas idéias, o que lhe permite transitar entre o ateísmo, e o teísmo. Típico de filósofo? Talvez, mas creio que exista explicação mais rica para tal sentimento em Pondé, e ele pode ser encontrada em alguém que com extrema intensidade transitou entre as duas visões acima descritas, C. S. Lewis. Antes, convém ressaltar que o maior mérito do vídeo, é a funcionalidade do mesmo como um soco na boca do estômago, visto que o mesmo agride, e muito bem, o orgulho ateísta presente em grande parte dos debates entre os proponentes da visão ateísta e os religiosos. 
Mas como explicar que um filósofo assuma este impasse, sem com isto denegri a tão nobre ramo do conhecimento humano, e do qual vieram todos os demais conhecimentos (para não falar em ciência)?  Se olharmos para Pascal, que é um dos moralistas franceses, por exemplo, veremos que este descria totalmente de argumentos racionais, ou mesmo nos da natureza, para provar a existência de Deus. Deus, para Pascal, é um Deus que se esconde, e que só pode ser conhecido por meio de Jesus Cristo (pensamento 247). A opção entre um mundo caótico, e a crença em Deus, é uma questão mais de aposta do que de razão. Afinal, o coração tem as suas razões que a própria razão desconhece. Fato é que Deus está além dos horizontes da razão, e se a ciência, ou, mesmo a argumentação lógica passam a ser critérios para a verdade, então nada pode ser dito sobre Deus, que de acordo com Pascal só pode ser conhecido em Cristo, em outras palavras, por meio de um relacionamento pessoal. Em outra postagem prometo analisar o argumento da aposta de Pascal, que ao meu ver não visa ser uma prova para a existência de Deus, mas a descrição de um drama epistemológico vivido pelo ser humano. 
A contribuição de C. S. Lewis é ainda mais marcante. Ele foi ateu durante muitos anos, mas foi alvo da graça de Deus, que ele chama de alegria, e voltou para a Igreja. Ele afirma que quando era ateu, ele fundava sua cosmovisão no fato de que o mundo em que habitamos é caótico, é mergulhado no sofrimento, e os homens que nele habitam ajudam a aumentar ainda mais o sofrimento presente. Em vários de seus livros ele observa o seguinte: da mesma forma que existe sofrimento no mundo há bondade (é esta bondade que faz com que Pondé veja Deus em alguns momentos da vida, e por este motivo afirme a existência do mesmo). Retornado a C. S. Lewis, em Cartas de um diabo a seu aprendiz, ele brinca com os que a partir do caos, ou do sofrimento que existe no mundo, ousam a afirmar que Deus não existe, uma vez que a maioria dos que assim agem, o fazem sem muita, ou a partir de uma experiência rasa com o sofrimento, nas palavras do demônio fitafuso, eles nem sabem o que é uma dor de dente, mas se afetam com a fome na África, e coisas do tipo. 
Cabe dizer aqui, que C. S. Lewis, confessou no livro Cristianismo Puro e Simples, que em muitos momentos de sua fase como ateísta ele chegou a duvidar de que estivesse certo, mas por uma questão de convicção ele se aferrou às idéias que defendia. Quando finalmente abraçou a fé, ele passou pelas mesmas oscilações, mas se aferrou às idéias teístas. Ao meu ver o quadro atual de Pondé reflete tal oscilação, que ao meu ver, do ponto de vista intelectual, é das mais honestas, mais cética, mais rica filosoficamente e mais humilde. 
Como Cristão, creio que mesmo um pouco de dúvida a nossa fé faz bem. Como? a dúvida, diz Timothy Keller, funciona como um anticorpo em nosso organismo, quando superada, nos deixa imunes. Mas não há como permanecer na dúvida eternamente, como diria Pascal, é necessário apostar. 



Pr Marcelo Medeiros

terça-feira, 4 de junho de 2013

Amor de dia


De forma bem poética, melodiosa e criativa esta canção ressuscita o que há de melhor no que se refere ao estilo pop brasileiro. Eu não a cantaria durante a celebração de um culto, entendo que tais estilos sejam, na verdade uma das melhores formas de evangelizar, neste caso, o amor de Deus nos acompanha, tal como o sol e o mar. mensagem simples, clara, objetiva e eficaz para uma geração que há muito se vê espoliada de sua capacidade de pensar, de refletir e que por este motivo já não se identifica mais com canções tradicionais, de cunho mais clássico. Na verdade a letra é uma paráfrase da frase final do salmo davídico onde o rei poeta ora a Deus nas seguintes palavras: Sei que a bondade e a fidelidade me acompanharão todos os dias da minha vida, e voltarei à casa do Senhor enquanto eu viver (Sl 23. 6 NVI). Esta frase é associada a outro cântico em que Davi pede: Faze-me ouvir do teu amor leal pela manhã, pois em ti confio (Sl 143. 8 NVI). 
Minha breve e singela conclusão é a de que podemos fazer música de forma moderna e com conteúdo poético bíblico. Nem tudo, é claro, é perfeito na canção, uma vez que Deus é chamado de você, mas em face do que vemos no mercado gospel atual a presente música é um claro sinal de que produtores e cantores evangélicos começam a dar maior vazão à graça comum. 

Em Cristo, Pr Marcelo Medeiros. 






As bases do Casamento Cristão

 
Temos visto ao longo da presente série de Estudos que o casamento foi criado por Deus, tão logo este criou a humanidade, uma vez que o relato bíblico afirma que Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou (Gn 1. 27 NVI), ou seja deus criou a humanidade na condição de macho e fêmea. O casamento é inerente à humanidade, visto que ao contrário dos anjos, que possuem número fixo, os homens aumentam em número por meio da procriação, que por sua vez é um mandato cultural, visto que ao abençoar a humanidade, Deus disse: Sejam férteis e multipliquem-se! Encham e subjuguem a terra! Dominem sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se movem pela terra (Gn 1. 28 NVI). Vimos também a marca dos casamentos cristãos, que se caracterizam pelo caráter monogâmico, hétero gâmico, e indissolúvel. Hoje nos centraremos nas bases do casamento.
O que se entende por base
Por base entendemos aquilo que suporta o peso de um objeto ou lhe serve de fundamento. Por sua vez o fundamento, é o sustentáculo, aquilo que serve de suporte, de base, amparo, apoio, etc... O termo sugere que o casamento é, ao mesmo tempo em que é uma criação divina, o produto de uma construção humana.
Embora Deus, de fato tenha criado macho e fêmea, e determinado biologicamente que a raça humana subsista neste binômio, o fato é que é o homem quem faz o seu caminho com a mulher. Em outras palavras, a consumação é uma caminhada humana (Pv 30.19). Diante de tal constatação, o que podemos  e devemos questionar é sobre quais bases estamos construindo a nossa relação conjugal.
Aqui cabe a reflexão levantada pelo salmista, para quem: Se não for o Senhor o construtor da casa, será inútil trabalhar na construção (Sl 127. 1 NVI). O trabalho da construção é humano, mas as bases são dadas pelos próprio Deus. Sobre quais bases podemos e devemos construir a nossa relação conjugal? Em nossa sociedade temos aprendido a construir a vida conjugal sobre a base das paixões. C. S. Lewis adverte que é impossível viver apaixonado, logo se o casamento é fundamentado na paixão, ele está fadado ao fracasso, mas esta é a mais sublime confusão que o nosso asversário tem promovido.
As bases do casamento
Com base no texto de Ef 5. 22 - 6.4, afirmamos que a base do casamento, ou da vida familiar é: a submissão amorosa por parte da mulher, o amor sacrificial do marido, a obediência amorosa dos filhos, bem como no comprometimento dos mesmos com o sustento dos pais, este, aliás é o sentido supremo do "honra teu pai e tua mãe".
Falamos em submissão amorosa por parte da mulher, porque tem sido comum o chavão, ou clichê de que a submissão da mulher é algo natural, quando esta é amada pelo seu marido. HONESTAMENTE, O PASTOR QUE FALA UMA ASNEIRA DESTA NÃO PRESTOU ATENÇÃO NAS AULAS DE HAMARTIOLOGIA, e ignora que a presença do pecado no ser humano distorce inclusive as qualidades supostamente naturais da humanidade, inclusive as qualidade femininas.
A submissão amorosa por parte da mulher, um mandamento, e nos referimos a ela desta forma pelo fato de que a submissão de que se fala aqui, descrita por meio do verbo υποτασσω (hypotassoo), não pode jamais ser confundida com a subserviência, ou com  qualquer forma de anulação da personalidade e da individualidade, mas uma sujeição à autoridade, que nada tem a ver com poder, mas com a capacidade de influenciar.
O fato é que ao contrário do que se pensa, esta submissão feminina depende do amor, tanto que ao escrever sua epístola pastoral a Tito, Paulo recomenda: ensine as mulheres mais velhas a serem reverentes na sua maneira de viver, a não serem caluniadoras nem escravizadas a muito vinho, mas a serem capazes de ensinar o que é bom. Assim, poderão orientar as mulheres mais jovens a amarem seus maridos e seus filhos, a serem prudentes e puras, a estarem ocupadas em casa, e a serem bondosas e sujeitas a seus próprios maridos, a fim de que a palavra de Deus não seja difamada (Tt 2. 3 - 5 NVI). 
Aqui aprendemos que: a) o modo cristão de viver contrasta com o hedonismo, b) na medida em que as mais velhas vivem uma vida exemplar, estas se tornam verdadeiros exemplos para as mais novas, c) com isto, as mais novas aprendem a amarem seus maridos e seus filhos, d) é este procedimento que garante a honra da palavra de Deus e do Evangelho.
Em relação ao amor sacrificial do marido, podemos dizer que ele foi muito bem interpretado por Rubens Amorese em um dos seus artigos no livro Excelentíssimos Senhores. No artigo em que fala de família, ele aponta para o fato de que o marido amar a sua mulher como Cristo amou a sua Igreja representa a renúncia que temos de fazer diariamente. Em outras palavra, em lugar de pensar em seus sonhos, em suas realizações pessoais, ao marido caberá o papel de, se necessário, abrir mão de tudo em prol de sua família. O verbo grego αγαπαω indica mais do que o mero sentimento. Na verdade, o verbo expressa devoção, dedicação, estima e são estes sentimentos que maridos precisam nutrir pelas suas esposas.
Obediência amorosa dos filhos. Filhos devem de ser obedientes aos seus pais e atenderem em tudo a instrução que recebem destes. Mesmo quando os pais não são crentes, se o discernimento da criança for aguçado, ela sempre poderá receber algo de útil para sua caminha na vida. Além do mais o termo honrar, do grego τιμα (tima), e do hebraico כַּבֵּ֥ד (kebod) , na verdade podem ser traduzidos como sustento, visto que nos tempos bíblicos não havia sistema previdenciário, aos filhos cabia o sustento dos pais.

Em Cristo, Pr Marcelo Medeiros
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