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quarta-feira, 5 de junho de 2013

O ateísmo é brega


Minha principal motivação em escrever este singelo artigo sobre Pondé e a visão que o mesmo tem sobre o ateísmo, se dá em virtude de que é no campo filosófico e científico, com larga predominância do primeiro, que tem ocorrido as mais calorosas discussões entre teísmo e ateísmo, o que tem feito com que muitos cristãos se aprimorem, ou busquem cada vez mais a formação filosófica. Um dos filósofos mais atrativos da atualidade é o brasileiro Luís Felipe Pondé. Seu Guia Politicamente Correto da Filosofia é nitroglicerina pura, um dos livros mais provocativos que já li. 
O livro, como era de se esperar de um cristão, despertou a curiosidade do autor desta post. Afinal, qual é a religião de Pondé? De um lado a resposta foi surpreendente, de outro não. Confesso que num primeiro momento achei que fosse religioso, mas ao ver a entrevista do mesmo no programa Roda Viva, e na Marília Gabriela, julguei que ele fosse niilista. Mas para minha surpresa, ele mesmo não se define assim. Pondé se define como alguém que transita entre o ateísmo, e o teísmo, e mais adiante falaremos sobre a postura do mesmo. Por enquanto convém que nos atenhamos a entrevista do vídeo da presente postagem. 
Em uma entrevista, feita após uma palestra que segundo informações do canal do youtube, fazem parte de uma palestra sobre as razões do ódio; aliás, parece que em várias outras entrevistas, o filósofo Luís Felipe Pondé afirmou que o ateísmo é brega. Com isto o autor quer dizer que o Ateísmo, não pode ser visto como uma conquista da razão. Na verdade, fé e descrença, de acordo com o autor (que neste ponto reflete bem os moralistas franceses, tais como Montaigne, e Pascal), nada têm a ver com razão. Em outra entrevista, cujo teor pode ser acessado na íntegra, por meio deste link: http://www.paulopes.com.br/2011/12/ateismo-como-conquista-da-razao-e.html#.Ua40JNK1GHh, o filósofo em questão afirma que os teólogos mais clássicos entendiam que a fé é uma graça de Deus, em outras palavras, uns viriam a crer, e outros não. Se até o presente momento você leu este post e me considerou um herege, leia mais atentamente o que Paulo escreveu aos crentes de Tessalônica (II Ts 3. 2), onde se lê que a fé não é de todos. Até este ponto sou forçado a concordar com o apóstolo das gentes e com Paulo de Tarso, o da Bíblia, é claro, sem falar que eles vem acompanhados de muita gente boa. 
O fato acima descrito é reconhecido, mesmo por apologistas como Norman L. Geisler e Willian Lane Craig,  bem como pelos herdeiros dos trabalhos intelectuais destes gigantes da fé. Em outras palavras, um apologeta entra em um debate com a finalidade de se dirigir aos ouvintes da platéia, que estão em sincera dúvida quanto à fé cristã, e por falta de respostas ainda não se decidiram. Geisler e Turek afirmam, no livro Não tenho fé suficiente para ser ateu, que ambos os interlocutores investiram muito em seus conhecimentos, para abrirem mão com facilidade de suas respectivas visões. Aqui aspectos emocionais e sentimentais, enfim, psicológicos são abordados. EM OUTRAS PALAVRAS, PONDÉ ACERTOU, E COMO!
A fim de exemplificar que o ateísmo é rudimentar e básico em suas assertivas o filósofo em apreço apela para o fato de que uma das principais razões para os ateus alegarem a não existência de Deus, é a presença do mal no mundo, e que como pessimista que é, ele mesmo, se vê, em muitas ocasiões, tomado por estas idéias, o que lhe permite transitar entre o ateísmo, e o teísmo. Típico de filósofo? Talvez, mas creio que exista explicação mais rica para tal sentimento em Pondé, e ele pode ser encontrada em alguém que com extrema intensidade transitou entre as duas visões acima descritas, C. S. Lewis. Antes, convém ressaltar que o maior mérito do vídeo, é a funcionalidade do mesmo como um soco na boca do estômago, visto que o mesmo agride, e muito bem, o orgulho ateísta presente em grande parte dos debates entre os proponentes da visão ateísta e os religiosos. 
Mas como explicar que um filósofo assuma este impasse, sem com isto denegri a tão nobre ramo do conhecimento humano, e do qual vieram todos os demais conhecimentos (para não falar em ciência)?  Se olharmos para Pascal, que é um dos moralistas franceses, por exemplo, veremos que este descria totalmente de argumentos racionais, ou mesmo nos da natureza, para provar a existência de Deus. Deus, para Pascal, é um Deus que se esconde, e que só pode ser conhecido por meio de Jesus Cristo (pensamento 247). A opção entre um mundo caótico, e a crença em Deus, é uma questão mais de aposta do que de razão. Afinal, o coração tem as suas razões que a própria razão desconhece. Fato é que Deus está além dos horizontes da razão, e se a ciência, ou, mesmo a argumentação lógica passam a ser critérios para a verdade, então nada pode ser dito sobre Deus, que de acordo com Pascal só pode ser conhecido em Cristo, em outras palavras, por meio de um relacionamento pessoal. Em outra postagem prometo analisar o argumento da aposta de Pascal, que ao meu ver não visa ser uma prova para a existência de Deus, mas a descrição de um drama epistemológico vivido pelo ser humano. 
A contribuição de C. S. Lewis é ainda mais marcante. Ele foi ateu durante muitos anos, mas foi alvo da graça de Deus, que ele chama de alegria, e voltou para a Igreja. Ele afirma que quando era ateu, ele fundava sua cosmovisão no fato de que o mundo em que habitamos é caótico, é mergulhado no sofrimento, e os homens que nele habitam ajudam a aumentar ainda mais o sofrimento presente. Em vários de seus livros ele observa o seguinte: da mesma forma que existe sofrimento no mundo há bondade (é esta bondade que faz com que Pondé veja Deus em alguns momentos da vida, e por este motivo afirme a existência do mesmo). Retornado a C. S. Lewis, em Cartas de um diabo a seu aprendiz, ele brinca com os que a partir do caos, ou do sofrimento que existe no mundo, ousam a afirmar que Deus não existe, uma vez que a maioria dos que assim agem, o fazem sem muita, ou a partir de uma experiência rasa com o sofrimento, nas palavras do demônio fitafuso, eles nem sabem o que é uma dor de dente, mas se afetam com a fome na África, e coisas do tipo. 
Cabe dizer aqui, que C. S. Lewis, confessou no livro Cristianismo Puro e Simples, que em muitos momentos de sua fase como ateísta ele chegou a duvidar de que estivesse certo, mas por uma questão de convicção ele se aferrou às idéias que defendia. Quando finalmente abraçou a fé, ele passou pelas mesmas oscilações, mas se aferrou às idéias teístas. Ao meu ver o quadro atual de Pondé reflete tal oscilação, que ao meu ver, do ponto de vista intelectual, é das mais honestas, mais cética, mais rica filosoficamente e mais humilde. 
Como Cristão, creio que mesmo um pouco de dúvida a nossa fé faz bem. Como? a dúvida, diz Timothy Keller, funciona como um anticorpo em nosso organismo, quando superada, nos deixa imunes. Mas não há como permanecer na dúvida eternamente, como diria Pascal, é necessário apostar. 



Pr Marcelo Medeiros

8 comentários:

  1. A melhor frase do autor do videozinho que tenta descaracterizar o ateísmo: "Eu acho deus um conceito extremamente interessante do ponto filosófico". Palmas de foca.

    Já que você tem orgulho disso: parabéns pela sua burrice e covardia!

    "Religião é o ópio do povo".

    "Ao povo, pão e circo"

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  2. Elvis, Vc sequer soube transcrever a fala de Luís Felipe Pondé, quissá entender. Na verdade, ele disse: "eu acho deus, um conceito interessante do ponto de vista filosófico". Da mesma forma ele disse: "acho o ateísmo raso, básico", e, "até um golfinho consegue ser ateu. Nada anormal, afinal, para entender este, que nada menos é do que doutor em filosofia,vc deveria conhecer os moralistas franceses, e melhor por exemplo do que conhece as frases soltas de Marx e a história. Alguém como vc que não tem idéia do contexto histórico das idéias não poderia em hipótese alguma entender, e sequer apreciar o que escrevi e o que Pondé disse.

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  3. Legal, o vídeo do Pondé não serve, aí vc vem e em indica um vídeo , próprio para quem está em ambiente acadêmico,coisa que a julgar pelo seu comportamento vc nunca frequentou, inteiramente incoerente com a sua atitude, tá, tá muito bom mesmo. Mais um vídeo que vc indica, sem atentar para o conteúdo. O autor mesmo afirma que as regras que ele coloca no vídeo, não se aplicam ao debate político. E muito obrigado visto que não vejo tal atitude em você.

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  4. Se ambiente acadêmico para você é culto de adoração, realmente, nunca frequentei. Parabéns pela sua alienação.

    O vídeo do Pondé serve, sim, para encher linguiça e jogar 9 min. da vida no lixo. Como disse, já esperava que o vídeo não fosse provar nada, mas fiquei realmente escandalizado quando percebi o caráter extremamente superficial e fútil do conteúdo do mesmo, sendo que, a julgar pelo seu entusiasmo, pensei que fosse algo que ao menos demandasse um pouco de reflexão. Mas, não, o vídeo é risível, chulo como conteúdo filosófico, parece uma conversa em um barzinho, não pelo ambiente si, mas, principalmente, pelo tipo de liguajar adotado. Foi esse vídeo aí que provou a existência de deus e desmoralizou o ateísmo?! Palmas de focas pra você e para ele. Parabéns pela sua burrice.

    Mais uma vez se comportando como um moleque repetindo o que digo. Parabéns pela sua cretinice.

    Nada me importa o que você pensa sobre mim, fato é que um mês se passou e você não apresentou nada de contundente e concreto. Vive a pular de galho em galho desesperadamente, e não se dá por satisfeito nem mesmo sendo achincalhado em cada um deles. Parabéns pelo seu descaramento.

    Ainda que o autor do vídeo que indiquei tivesse dito "esse vídeo é direcionado única e exclusivamente para o ambiente acadêmico", O QUE NÃO FEZ, não seria motivo suficiente para não assimilar as lições e aplicá-las em quaisquer circunstâncias da vida. Até porque, antes de qualquer coisa, o vídeo fala sobre dignidade e decência, mas a sua visão tendenciosa e moribunda só permite perceber o que lhe é conveniente. Parabéns pelo seu mau-caratismo e burrice.

    Desceu mais um degrau da escala da indignidade e agora sequer expõe o que eu digo, sendo assim não tenho mais motivo para sequer voltar a esse blog ridículo. Parabéns pela sua inescrupulosidade.

    Fato é que, ao longo de um mês, o deus da sua bíblia não foi sequer capaz de ajudá-lo e nem ao menos preservá-lo da exposição ao ridículo. Ele é incompetente ou está fazendo uso de seus atributos sádicos consentindo sua exposição ao ridículo?! Parabéns pela sua burrice.

    Mas não se desespere, ser medíocre não é o fim do mundo, significa estar na média, é fazer parte da grande massa intelectualmente inerte, conforme-se e seja feliz (se for possível).
    Fui para não mas voltar. E já que sente prazer em ser assim: parabéns pela sua burrice, pela sua desonestidade, pelo seu mau-caratismo, pela sua repugnância etc.

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    1. Caro anônimo, o que vc nem de longe percebe é o momento em que ele afirma que quando a discussão é cunho político, o fim da mesma é o convencimento, aí não há necessidade alguma de se seguir as regras apresentadas por ele ao longo do vídeo. Como você não fez graduação alguma, e se fez alguma faculdade talvez tenha sido como pedreiro, deixou de perceber que os exemplos que ele dá são de palestras de cunho acadêmico, e mesmo assim, duvido que uma pessoa incapaz de ler e interpretar o texto que escrevi, de fato tenha entendido, o que o autor do vídeo propõe.

      VOCÊ ACASO TEM PROBLEMA DE DISLEXIA, OU DE ANALFABETISMO FUNCIONAL? TODAS AS TUAS FONTES SE RESUMEM A VÍDEOS, MEU CARO! O MUNDO É MUITO MAIS DO QUE ISTO, PODES CRER!!

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  5. Entre acreditar em Deus e ser cristão há um grande abismo. Eu fico impressionado como tem religioso vibrando com as declarações do Pondé. Será que eles não entendem o que ele diz ou simplesmente se fazem de néscios a fim de explorar a falta de criticismo da massa? A final é bem fácil pegar a declaração de uma pessoa que se diz crente em deus (o que não há nada de ruim na minha visão como ateu) e distorcê-la a de modo conveniente. Sou ateu e não vejo problema algum em se acreditar em deus. Não há provas ou evidencias de sua existência, o mesmo vale para a não existência. Acreditar em religião é outra conversa.

    Ele pode não se denominar Ateísta, mas também duvido muito que se considere Teísta. De qualquer modo permanece sendo um ateu claudicante, pois não encontro melhor definição para o “crente” deísta.

    E para encerrar:

    Ainda que ele fosse cristão, COISA QUE NÃO É, isso não seria motivo para considerar o cristianismo uma verdade. Crenças religiosas são apenas crenças religiosas, partam elas de onde partirem, e a crença religiosa de quem quer que seja está muito aquém de provar alguma coisa.

    Mas é claro que, em termos do marketing voltado aos apedeutas, é uma grande jogada.

    E para fechar com chave de ouro tinha que mencionar a aposta de Pascal.

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    1. Concordo com relação á distancia entre ser cristão e teísta são duas coisas diferentes. Seu comentário, meu caro anônimo seria muito mais rico, caso você identificasse em meu post uma única frase em que faço correlação entre a afirmação de Pondé e a associação com o ser cristão.

      No entanto, cabe aqui a colocação que um dos principais autores prediletos de Pondé, Pascal, que pode ser colocado ao lado de Chesterton, é cristão. E é o moralista francês que coloco como peça principal na interpretação da colocação do filósofo em apreço.

      Encerro a minha resposta afirmando que o tema do post não é a opção religiosa de Pondé, mas o caráter raso, e pouco criativo, associado à arrogância do ateísmo enquanto visão filosófica. Grato pelos seus comentários. E mais você, a julgar pelo teor do que escreveu pode se identificar.

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