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quinta-feira, 23 de novembro de 2017

A Infância Perdida


Escolhi esta imagem para falar de um vídeo de dois menores, um de doze, e outro de catorze que aparecem em uma festa de aniversário, cuja temática homenageia uma drag queem. Os leitores me perdoem, mas embora norteado por uma ética de cunho cristão e por uma moral decorrente desta abandonarei a abordagem ético-moral a respeito desta questão. Minha pergunta é por que tanta exposição de duas crianças. 

Perceba que o vídeo de duas crianças, ou adolescentes, duas pessoas que não possuem a mínima autonomia, são expostas em sua sexualidade (diga-se de passagem precoce), parodiando uma música de aniversário, e pior numa versão recheada de palavrões e de frases apelativas e conteúdo sexual. Minha questão é: como os adultos que ali estavam puderam compactuar com toda esta exposição?

Acredito que a sexualidade é a mola que impulsiona toda a vida humana, ainda que não seja freudiano, mas acredito. Eros é uma energia que permeia toda a vida, onde há vitalidade ele está. Mas também sei (digo levo em conta a hipótese de) que a sexualidade infantil pode ser sublimada, ou livremente associada. 

Em outras palavras a energia que se desperdiça com sexo hoje, deveria ser canalizada para o crescimento e florescimento pessoal. Esta é a razão pela qual rejeito acintosamente o ensino de ideologia de gênero no ensino fundamental, época em que se constroem as competências para a aprendizagem contínua e sucessivo desenvolvimento. Mas ao que parece esta é uma fábula em que ninguém mais ousa acreditar. 

Minha percepção é a de que em um mundo onde sonhos e esperanças morrem à cada dia, a infância vai morrendo também e a de forma acelerada. E aí o que sobra é a exposição seja em função de uma cultura decorrente de leituras apressadas, ou da própria sexualidade. Esta é tão poderosa, enquanto ferramenta de marketing, que quase toda propaganda faz algum tipo de apelo sexual, para garantir a atenção de seus potenciais consumidores. Feita tal consideração, há que se admitir que os produtores e divulgadores do famigerado vídeo alcançaram seu objetivo: causar. Mas a custa de quê? 

Conheço muita gente boa que fala com propriedade que uma das ferramentas de dominação é a proibição o sexo. Mas há que se solicitar aos mesmos que considerem a excessiva liberação do mesmo modo. Se por um lado tenho 1984 de Orwell, por outro tenho A República de Platão (onde o sexo era uma forma de amansamento dos guerreiros), e tenho Admirável Mundo Novo, onde o mesmo é instrumentalizado para a distração das pessoas em uma sociedade onde tudo era liberado, exceto ter angústias. 

Na República de Platão o teatro e artes dionisíacas era proibido, em Admirável Mundo Novo a literatura e a religião o eram. Aos leitores de cunho mais progressista, venho afirma que não acredito nem em proibição, e nem em liberação. Acredito em sublimação. Acredito em uma educação em que famílias em conjunto com instituições de ensino formal e instituições eclesiásticas trabalhem em cooperação para o desenvolvimento pleno do ser humano, de forma tal a que este aprenda a trabalhar pelo bem estar próprio e de sociedade em que está inserido, seja de forma micro, ou macro. Para tal a sublimação e a não redução da energia vital ao sexo é de fundamental importância. 

Por ora deixo este texto incompleto aguardando os possíveis desdobramentos legais e filosóficos da questão. 

Marcelo Medeiros

terça-feira, 21 de novembro de 2017

Um alerta à Igreja atual



Mas como verificar se um pastor é, ou não regenerado? Simples: a boca fala aquilo que o coração está cheio. Assim, podem até pregar um Cristo, mas será um Cristo caricato, segundo seus corações, e também pelos frutos, afinal Jesus disse: 
Por seus frutos os conhecereis. Porventura colhem-se uvas dos espinheiros, ou figos dos abrolhos? Assim, toda a árvore boa produz bons frutos, e toda a árvore má produz frutos maus. Não pode a árvore boa dar maus frutos; nem a árvore má dar frutos bons. Toda a árvore que não dá bom fruto corta-se e lança-se no fogo. Portanto, pelos seus frutos os conhecereis Mt 7. 16 - 20 ACF. 

Marcelo Medeiros.  

POLÍTICA PRA QUE POLÍTICA??????


Os que acompanham meu perfil nas redes sociais, devem indagar a si mesmos a respeito das intenções de um pastor ao escrever sobre política. Recentemente compartilhei este post no whatsapp me disseram que política era coisa imunda. Há poucas horas vendo o Facebook, vi o post de alguém que afirma não adiantar reclamar de políticos, eles não vão mudar. Pensando bem concordo com ambas. Vou parar de escrever sobre política? De forma alguma. 

No primeiro caso, a politica é soma daquilo que os homens são em seu interior. Aristóteles definiu o homem como um animal político .Animal, eis o problema. A ambiguidade humana é tal que mesmo sendo um ser racional e produtor de cultura, o homem, às vezes, desenvolve um comportamento pior do que aqueles. Isto se reflete na forma de fazer política. Como teólogo, estou falando aqui de corrupção radical, ou depravação total. O problema é que se tenho de abandonar a empreitada política por conta da corrupção humana, terei de abandonar tudo o mais. 

A corrupção humana vai até onde o poder e a impunidade (falo da condição de fazer o que se quer independente de qualquer limite moral, e de preferência escapando a quaisquer sanções), permitem. A corrupção política interessa ao chefe que deseja ter o poder sobre o empregado para lhe dizer a porta da rua é a serventia da casa. Interessa igualmente aos que dela se beneficiam, ou seja, não é exclusiva dos profissionais da política, mas de comum à toda a pólis (leia-se cidade). Afinal, ser político é tratar dos interesses da cidade. E acredite: o que se decide nas câmaras municipais e federais e Assembleias Legislativas, nos afeta sim. 

Não acredito que políticos mudem. No caso dos brasileiros, eles possuem uma visão distorcida de que  os cargos que exercem não exercem para o bem público. Este conceito se quer existe na mentalidade deles, apenas em discurso. Quando falam em bem público, em crescimento do país, na verdade estão se referindo a classe que representam: o latifúndio, os banqueiros, empresários de grande porte. E como eles vão bem, mudar para quê? E escrever para quê?

A resposta é simples: quando posto algo aqui, no Facebook, ou no whatsapp, o que espero é deflagar um processo de conscientização cada vez maior. Para que políticos mudem, digo para que o congresso, as assembleias, as câmaras municipais, judiciário e executivo mudem, nós precisamos mudar. Cosmovisão, conceitos, prioridades, tudo precisa ser mudado. Um exemplo pode ser retirado da tensão entre interesse público e privado. 

É mais do que lógico que havendo a possibilidade de conciliação entre um bom salário e a possibilidade de prestação de serviços relevantes à sociedade em que estamos inseridos, isto é muito bom. Mas a tensão não se resolve tão bem assim. Às vezes um, ou outro, ou ambos, colocam o cidadão em rota de conflito com interesses previamente estabelecidos. Meu modo de ser político é escrevendo, tocando e até pregando e ensinando, É como sirvo minha pólis


Marcelo Medeiros, 

sábado, 18 de novembro de 2017

Quando a lei e a justiça se desentendem


Um dos fatos mais revoltantes desta semana, foi a ação da ALERJ, para a soltura dos deputados estaduais: Picciani, Paulo Melo e Albertarssi. Não pretendo discutir aqui ritos, legalidade, por uma razão bem simples. Não sou especialista na área. Outro fator a ser considerado: nem tudo que é corrupto é ilegal. 

Foi no mínimo estranho ver todos os deputados do PDT, votarem com Picianni. Nem PSOL e nem PT foram unânimes em seus votos. O que falar de Cidinha Campos e de Zaqueu Teixeira? Agora o mais curioso é o arguemento apresentado por eles, que pode ser resumido nas seguintes palavras: Votei em consonância com constituição. Mesmo? A constituição passou por mais de cinco mudanças ao longo da História. 

Ser legal não é o mesmo que ser Ético. A injusta morte de Sócrates, foi legal. Em outras palavras nem sempre lei e justiça se entendem de fato. E no Brasil já faz tempo que ambas estão dando lá as suas cabeçadas. No que toca ao combate à corrupção é que tal se faz sentir em sua visceralidade. Aqui se faz necessário recorrer à reflexão Ética, à Filosofia em si. 

Gosto muito da forma com a qual Mário Sérgio Cortella e Clóvis de Barros Filho definem a corrupção. (Esta conceituação pode ser encontrada em livro que tem por título: Ética e Vergonha na Cara). Citando Mark Warren Clóvis propõe que:
A corrupção é a exclusão sistemática de certos grupos da real vida política de uma sociedade [...] é o desatendimento sistemático dos interesses contrário. A corrupção seria exatamente isto: a exclusão sistemática e permanente de certos seguimentos da sociedade em proveito de outros. E perceba qual é a graça desta definição: é que ela não vincula necessariamente corrupção ao ato de ilegalidade. É perfeitamente possível que tudo aconteça na mais perfeita legalidade. Mas todas as vezes que dentro de uma sociedade houver discriminação permanente de um grupo em detrimento de um grupo, ou de outros grupos que são sistematicamente beneficiados, há aí uma situação de corrupção. 
Mas em que situação isto se aplica ao evento da véspera desta postagem, ou às decisões da suprema corte em deixar por conta do próprio legislativo a prisão e soltura de deputados (aplicada no  Senando na soltura de Aécio, na câmara dos deputados, assembleias legislativas e nas câmaras municipais)? Seguindo a leitura pode se visualizar uma resposta retomando a fala de Clóvis de Barros Filho para quem 
essa sensação de que aqueles que detém o poder de decisão não estão levando o povo em consideração é uma sensação diretamente ligada à ideia de corrupção proposta pelo professor Warren - ideia que me pareceu destacar-se por apresentar algo diferente quando examinei as diversas definições de corrupção. 
A voz do povo nas ruas foi calada pelas bombas de efeito moral, pelas vozes dos que não conseguem enxergar para além da polarização politica e acima de tudo pela omissão de um povo que ainda vai demorar muito para aprender o quanto a corrupção é e pode ser nociva, independentemente do seu aparente caráter de legalidade.   

A cristãos como eu a opção do caminho da esperança equilibrista. Esperança que produz o esperança e que se traduz na expectativa de que a justiça e a paz se beijem algum dia, e de que a graça e a verdade se encontrem. Sabedor de que sem este encontro não haverá o famoso ósculo entre justiça e paz. 

Marcelo Medeiros

A coroa de espinhos de Francisco


Aquele que pretende ser um representante de Cristo aqui na terra precisa estar preparado para ser julgado de forma tão cruel quanto Cristo o foi. 

Há exatos três anos atrás, segundo o Facebook, escrevi este artigo aqui. Na ocasião julguei ofensivo o gesto das meninas. Com o passar do tempo e com as mais variadas manifestações empregando as imagens da crucificação, fui percebendo que como cristão não deveria ficar ofendido, neste post alcanço a presente compreensão. 

Mas reitero uma percepção que alcancei na época, a de que se quisermos, enquanto cristãos sermos relevantes no presente século, precisamos nos antecipar ao mundo no tocante às questões e reivindicações das minorias. Não se trata de ver o comportamento deles (inato, aprendido, ou socialmente construído), como correto, mas de não compactuar com quaisquer forma de injustiça. 

Segundo, precisamos aprender a lidar com mansidão diante das controvérsias. As respostas que temos nem sempre irão agradar. Existe gente impregnada com uma aversão tal pela religiosidade (aqui não pretendo entrar no mérito, a respeito do quanto estejam certas, ou erradas), que ainda que nós religiosos se posicionem contra toda forma de sexismo, opressão e injustiça, seremos cada vez mais alvo de oposição. 

Um problema grave é o posicionamento que pessoas religiosas estão tendo na esfera pública. Digo problema para uma sociedade secularizada cuja percepção a respeito da religião é a de que a mesma deve ser relegada à esfera privada. Não será um debate nada fácil. A opinião de alguns cristãos nada preparados para o debate e o crescente anti intelectualismo no meio pentecostal associado à eleição de vozes que representam esta parcela dos evangélicos agrava ainda mais o quadro. A Saída?
Antes, santificai ao Senhor Deus em vossos corações; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós, Tendo uma boa consciência, para que, naquilo em que falam mal de vós, como de malfeitores, fiquem confundidos os que blasfemam do vosso bom porte em Cristo. Porque melhor é que padeçais fazendo bem (se a vontade de Deus assim o quer), do que fazendo mal. 1 Pedro 3:15-17

Marcelo Medeiros.  
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