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sábado, 18 de novembro de 2017

Quando a lei e a justiça se desentendem


Um dos fatos mais revoltantes desta semana, foi a ação da ALERJ, para a soltura dos deputados estaduais: Picciani, Paulo Melo e Albertarssi. Não pretendo discutir aqui ritos, legalidade, por uma razão bem simples. Não sou especialista na área. Outro fator a ser considerado: nem tudo que é corrupto é ilegal. 

Foi no mínimo estranho ver todos os deputados do PDT, votarem com Picianni. Nem PSOL e nem PT foram unânimes em seus votos. O que falar de Cidinha Campos e de Zaqueu Teixeira? Agora o mais curioso é o arguemento apresentado por eles, que pode ser resumido nas seguintes palavras: Votei em consonância com constituição. Mesmo? A constituição passou por mais de cinco mudanças ao longo da História. 

Ser legal não é o mesmo que ser Ético. A injusta morte de Sócrates, foi legal. Em outras palavras nem sempre lei e justiça se entendem de fato. E no Brasil já faz tempo que ambas estão dando lá as suas cabeçadas. No que toca ao combate à corrupção é que tal se faz sentir em sua visceralidade. Aqui se faz necessário recorrer à reflexão Ética, à Filosofia em si. 

Gosto muito da forma com a qual Mário Sérgio Cortella e Clóvis de Barros Filho definem a corrupção. (Esta conceituação pode ser encontrada em livro que tem por título: Ética e Vergonha na Cara). Citando Mark Warren Clóvis propõe que:
A corrupção é a exclusão sistemática de certos grupos da real vida política de uma sociedade [...] é o desatendimento sistemático dos interesses contrário. A corrupção seria exatamente isto: a exclusão sistemática e permanente de certos seguimentos da sociedade em proveito de outros. E perceba qual é a graça desta definição: é que ela não vincula necessariamente corrupção ao ato de ilegalidade. É perfeitamente possível que tudo aconteça na mais perfeita legalidade. Mas todas as vezes que dentro de uma sociedade houver discriminação permanente de um grupo em detrimento de um grupo, ou de outros grupos que são sistematicamente beneficiados, há aí uma situação de corrupção. 
Mas em que situação isto se aplica ao evento da véspera desta postagem, ou às decisões da suprema corte em deixar por conta do próprio legislativo a prisão e soltura de deputados (aplicada no  Senando na soltura de Aécio, na câmara dos deputados, assembleias legislativas e nas câmaras municipais)? Seguindo a leitura pode se visualizar uma resposta retomando a fala de Clóvis de Barros Filho para quem 
essa sensação de que aqueles que detém o poder de decisão não estão levando o povo em consideração é uma sensação diretamente ligada à ideia de corrupção proposta pelo professor Warren - ideia que me pareceu destacar-se por apresentar algo diferente quando examinei as diversas definições de corrupção. 
A voz do povo nas ruas foi calada pelas bombas de efeito moral, pelas vozes dos que não conseguem enxergar para além da polarização politica e acima de tudo pela omissão de um povo que ainda vai demorar muito para aprender o quanto a corrupção é e pode ser nociva, independentemente do seu aparente caráter de legalidade.   

A cristãos como eu a opção do caminho da esperança equilibrista. Esperança que produz o esperança e que se traduz na expectativa de que a justiça e a paz se beijem algum dia, e de que a graça e a verdade se encontrem. Sabedor de que sem este encontro não haverá o famoso ósculo entre justiça e paz. 

Marcelo Medeiros

2 comentários:

  1. Disse muito bem meu amigo Marcelo, sempre contribuindo para o crescimento e desenvolvimento

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  2. Não sei mais o que pensar, nem o que dizer...
    Fico a me perguntar, o que mais tá faltando? Impressionante!

    ResponderExcluir

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