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quarta-feira, 29 de maio de 2013

O Equívoco de Frank Viola a respeito da EBD



Um dos livros mais impressionante que adquiri nos últimos dias foi o polêmico cristianismo pagão, de autoria de Frank Viola em co-autoria com George Barna. Minha insistência em ler a referida obra se deu em função da boa experiência que tive ao ler o clássico a Rã na Chaleira, de George Barna. Voltado ao Cristianismo pagão, creio que a aceitação pública que esta livro tem alcançado se de em razão do fenômeno conhecido como "desigrejados". Sou Igualmente forçado a reconhecer que grande parte do que ele coloca no seu livro tem sim fundo de verdade. Basta olhar para os cartazes que fazem anúncio de eventos "evangélicos" (sim coloco a palavra entre aspas"), e perceber que o centro midiático não é Cristo, mas personalidades carismáticas. Em outras palavras Tales Roberto, Cassiane, Apóstolo Estevão Hernandes, Bispa Sônia, são mais populares do que Jesus. De igual modo, é necessário entender que boa parte de nosso Cristianismo é sim influenciado pelo paganismo, mas ao contrário do que pensam Viola e Barna, a influência vem de Paulo e talvez do Helenismo dos judeus convertidos e por que não? do judaísmo mesmo, mas isto é um assunto para outro post. Fato é que Viola acerta na questão do aspecto orgânico da Igreja, coisa que tem sido esquecida nos dias atuais.
Minha preocupação é com a visão de Viola sobre a educação teológica, e a Escola Bíblica Dominical. Creio que ambas precisam de profundas revisões. Não se trata de eliminar o curso teológico, como parece propor o autor, mas de fazer com que toda a herança teológica sirva para maior compreensão da Bíblia e desenvolvimento da espiritualidade cristã sim. Até porque se a teologia nasceu de um diálogo entre os primeiros pais e a cultura pagã, tal se deu em função de desafios específicos que eles tiveram de enfrentar, e embora dialogassem com a filosofia, por exemplo, em muitos aspectos lograram êxito em extrair a verdade, bem como os aspectos nos quais ocorra uma convergência entre a cultura pagã e a cristã. Aliás, tal iniciativa se deu não com os pais cristãos, mas com o próprio judaísmo helenista que dialogou com a filosofia pagã e gerou uma das mais preciosas pérolas que é o livro deuterocanônico de Sabedoria de Salomão. Foi esta a iniciativa de Paulo no areópago e em grande parte das missões. No primeiro caso o apóstolo empregou a poesia e a literatura pagã como meio de aproximação das verdades cristãs com a cultura pagã. Nas missões, e principalmente em Éfeso, Paulo se valeu dos recursos da retórica e da pedagogia pagã para ensinar as verdades centrais do Evangelho, por meio de disputa, debate, diálogo etc... Ainda que em nada tais recursos se pareçam com o sermão moderno, criticado por Viola, fato é que eles são igualmente de origem pagã. Se não podemos condenar Paulo, por que condenarmos os sermões modernos como os de Jonh Stott e Martyn Lloyde Jones? Ao pensar nestes nomes, podemos verificar que ainda que seguindo uma  tradição cuja forma pode ser pagã, eles todos, incluindo o apóstolo dos gentios, foram fiéis ao conteúdo bíblico. 
A respeito da Escola Bíblica Dominical, percebo que Viola faz uma leitura histórica parcial. Ele percebe que a intenção inicial de Robert Raikes, era a de reunir as crianças aos domingos na Igreja para lhes dar educação formal (alfabetização, reforço escolar, e iniciação na leitura bíblica). Mas parece não atentar para o fato de que a obra de Raikes, se dá em meio ao avivamento, metodista. Este movimento enfocava a leitura  bíblica e a oração nos lares. Não quero aqui afirmar que Raikes quis com sua iniciativa levar a diante o programa da reforma, que visava educar e alfabetizar todos os crentes, para que estes pudessem ler e entender a Bíblia e interpretá-la por si mesmos. Mas o fato, mais do que óbvio que emerge quando lemos sobre a História da Igreja é que a iniciativa de Raikes colaborou sim para que este programa fosse alcançado. 
Se pensarmos como Viola, que tal iniciativa foi assumida pela escola pública, estaremos jogando fora toda a tradição reformada. Não sei em que contexto Viola vive, mas em nosso contexto a Escola pública vive uma crise, na qual é acompanhada pelos demais estabelecimentos de ensino formal. O analfabetismo funcional tem sido sim, o maior inimigo de nossos crente no que tange à leitura bíblica. Em outras palavras: se cabe ao espaço público o ensino da leitura, cabe aos demais setores da sociedade o comprometimento com a ampliação das competências de leitura.
No atual contexto, necessário se faz reafirmar que o desenvolvimento das competências necessárias à leitura  proveitosa da Bíblia serão desenvolvidas pela Igreja, jamais pela escola pública, que diga de passagem, é um espaço dominado por pessoas que vêem o livro sagrado como misógino, preconceituoso, reacionário, fundamentalista e até como mitológico. Diante de tal realidade não podemos nos dar ao luxo de ver o ensino teológico como luxo, nem de associá-lo às diversas formas de pedantismo. Precisamos sim, de teologia, e muito mais ainda de Escola Bíblica Dominical. Precisamos ser atentos às lições da história. O Erro que Viola comete já foi cometido pelos evangelicalistas, que colocando o foco na vida prática do Evangelho acabaram por caírem no ativismo, armadilha fatal que tem sido cuidadosamente preparada para aprisionar os envolvidos com o novo movimento de crescimento da Igreja, da qual a Igreja orgânica proposta por Viola faz parte. Que jamais incorramos no mesmo tipo de erro, que consiste na separação entre teoria e prática.

Em Cristo, Pr Marcelo Medeiros







quarta-feira, 22 de maio de 2013

Dia do abraço


Vi esta singela imagem no facebook. A postagem dizia que vinte dois de Maio é dia do abraço. Com isto me senti impelido a escrever sobre o assunto. Sim, porque o grande segredo do abraço não está no mero contato corporal, mas na energia afetiva que trazemos conosco, e que trocamos no momento do contato. O abraço mais gostoso que damos é aquele em que expressamos nossa alegria pela proximidade com a pessoa, e tantas outras coisas que as palavras não podem expressar. 
Se o beijo mais famoso da Bíblia é o da traição de Judas, o abraço mais famoso é o do Pai do Filho pródigo, que vinha pelo caminho ensaiando o que dizer para o Pai, mas teve toda sua retórica desarticulada pelo gesto do pai, que sem pedir explicações, sem fazer muitas exigências, tratou de abraçar o seu filho. O texto diz que o pai o fez por compaixão. Palavra que em nosso idioma expressa a dor que nos causa o mal alheio; comiseração, dor pena, piedade, mas que no idioma original, é mais do que isto, é um sentimento das entranhas. Este é o sentido de εσπλαγχνισθη (esplagchnestee) que expressa a motivação do abraço. 
Se temos no ano um dia destinado ao abraço, temos trezentos e sessenta e quatro, nos anos normais, e trezentos e sessenta e cinco, nos anos bissextos, para alimentar os nossos corações com sentimentos profundos e afetuosos por nossos irmãos. Afinal, Paulo disse aos irmãos de Filipo: Se por estarmos em Cristo, nós temos alguma motivação, alguma exortação de amor, alguma comunhão no Espírito, alguma profunda afeição e compaixão, completem a minha alegria, tendo o mesmo modo de pensar, o mesmo amor, um só espírito e uma só atitude 
Filipenses 2:1-2

O emprego de armas carnais na pregação do Evangelho.




Temos assistido em nossos dias uma verdadeira invasão do mundo na Igreja. Me perdoem, mas vou rasgar o verbo e ser o mais claro possível. O mundanismo tem invadido as nossas igrejas na forma de estranhas doutrinas, como a propalada pelo movimento "Loucos por Cristo". Este, se apresenta como estratégia evangelística com a pretensa justificativa de tornar o evangelho mais acessível aos nossos jovens, prega de modo flagrantemente contrário ao que ensina a Bíblia, que devemos manifestar nossas vidas cristãs por meio de "loucuras" e mais "loucuras". 
A grande contradição consiste no fato de que, em primeiro lugar: não aceitamos, ou rejeitamos o evangelho, ou qualquer outra coisa, pelo simples fato de entendermos, ou não. Quando entreguei a minha vida a Cristo, por exemplo, não entendia tudo do Evangelho, e há coisas que até hoje não entendo muito bem. Mas em uma decisão de fé, entreguei a minha vida a Cristo, e pronto. Minha fé, embora rudimentar, foi a resposta ao enunciado do Evangelho. 
Segundo, o poder do Evangelho nada tem a ver com estratégias humanas, sejam quais forem, mas com o poder do Espírito Santo de Deus. Ele tornou Cristo, um homem sem aparência, sem formosura, e sem a mídia que nossos cantores e pastores estrategistas possuem, atrativo à multidão. Eles não viam em Cristo alguém que cantasse a música da cultura deles, ou que pensasse em estratégias intermináveis para a proclamação do Evangelho mais atrativo possível aos seus contemporâneos. O que a multidão viu em Cristo, foi um mestre cuja procedência divina era confirmada por meio de sinais (Jo 3. 2), alguém que os ensinava com autoridade (Mt 7. 29; Mc 6. 2, 3). 
Aqui reside a grande incoerência dos líderes da atualidade que empregam a mistura de funk com corinhos de fogo, criando um novo estilo, o fogofunk. Eles criam estratégias e mais estratégias. Tudo para tornar o  Evangelho mais atrativo aos jovens. Meu primeiro problema com este tipo de "ardil", é que sempre gostei do produto original, e como apesar de ter entregue minha vida a Cristo, desde os sete anos de idade, pelo fato de minha mãe não ser evangélica, fui criado em meio a uma abertura, sem repressões. Daí, em minha adolescência  tive liberdade para ouvir os mais variados estilos e ritmos musicais. Em outras palavras, nunca precisei de uma versão gospel de Legião Urbana, de Engenheiros do Havaí  ou do que quer que fosse, para  me manter como adolescente crente. 
Meu segundo problema é que como músico, entendo que podemos aprender a reconhecer o valor cultural de toda e qualquer produção cultural e musical, mas sem misturar o santo com o profano, como querem fazer os nossos carnavalescos gospeis. Do ponto de vista cultural, tudo muito bem, tudo muito bom, tudo legal. Mas como Pastor não consigo deixar de ver a confusão entre Evangelho e entretenimento, e pelas razões acima expostas, duvido da legitimidade deste tipo de tática. 
O resultado de todo este esforço em matar a sede que o homem tem de Deus com outras coisas que não o próprio Deus, é a religiosidade da mulher samaritana, ou como quiser a religiosidade do Gerezim. Nossos pais adoraram a Deus neste monte, esta é a fala da mulher que havia tido cinco maridos, e estava com o que não era dela. No passo em que estamos chegará o momento em que o Evangelho será algo dos nossos pais, e só. Pelo modo com que esta doença se alastra, nossas práticas se tornam cada vez mais imitativas e pouco originais. Estão querendo satisfazer a sede do homem com a água do poço e pregando um evangelho que não confronta o homem em seus pecados, o resultado é a perpetuação da adoração do Gerezim, o monte da benção da aliança. 
Moral da história, é pecado ouvir Legião Urbana, Lulu Santos, Engenheiros do Hawaí, etc..., mas não é pecado ouvir fogofunk, nem ir a sex shop gospel. 

Em Cristo, Pr Marcelo Medeiros
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