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segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

OLAVO DE CARVALHO E PAULO FREIRE EM BREVES CONSIDERAÇÕES.



Escrevi este texto para o Facebook em Abril de Dois mil e dezenove, por conta das controvérsias envolvendo a família Bolsonaro, Olavo de Carvalho e Paulo Freire. Compartilhei em grupos de whatsapp e em listas de transmissão na referida rede social. Passados mais de oito meses resolvi replicar o referido texto aqui com algumas alterações, a começar pela introdução.
Inicio o meu texto criticando a fala de Carlos Eduardo Bolsonaro, ou do administrador do seu perfil no Twitter. Em seguida faço críticas e aponto contradições em Olavo de Carvalho, na verdade no posicionamento do mesmo diante Paulo Freire. E aponto para algo que sempre se repete quando abordo a questão: a não efetivação da pedagogia freireana e a efetivação da olavista com o que há de pior. 
Na verdade Carlos Eduardo Bolsonaro está fazendo um desfavor e prestando um desserviço para Olavo de Carvalho. Pior, está expondo o que há de falho no pensamento de Olavo de Carvalho sem apontar soluções que ajudem a superar a contradição inerente ao pensamento de Olavista. Quais contradições são estas?
Ao que parece, Olavo defende uma educação voltada para as artes liberais. Tal defesa dá a impressão de ser una educação mais conteudista, clássica, tradicional. Mas não é somente isto não. As artes liberais são aqueles afazeres (não encontro termo melhor) que o indivíduo exerce sem nenhuma coação externa. Ou seja, são livres. Daí o serem nomeadas como liberais.
Aristóteles classifica a poesia e a política entre as artes liberais. Apenas para exemplificar. Qualquer outro trabalho que o homem exercesse movido por qualquer coerção externa era classificado como trabalho escravo. Me espanta o horror que Olavo de Carvalho e a família presidencial tem de Paulo Freire.
Primeiro, por conta da herança clássica da filosofia. Todos sabem que a condição de homem livre era a do que podia e dispunha de tempo para se reunir nos lugares públicos e debater os assuntos da pólis (cidade). Em Aristóteles (autor apreciado por Olavo de Carvalho), o homem live era o homem que podia (por não estar sujeito a nenhuma coerção social, econômica) se dedicar à tarefa política. Na Grécia antiga escravos e artesãos eram excluídos do processo político. Acontece que quem lê Sócrates sabe que para o exercício da tarefa política se faz necessária a educação. É aqui que entra Paulo Freire.
Segundo, em Freire ocorre a constatação óbvia de que na sociedade nem todos os homens são livres. Suas necessidades os impele e compele a viver em prol de sua subsistência. Defender uma educação voltada para aquisição de competências nas artes liberais e não reconhecer as contradições sociais (que nem todos os homens são livres) é defender uma educação para um grupo de privilegiados. Nas sociedades mais antigas a escravidão era a garantia da liberdade de poucos. Seria este modelo de sociedade que Olavo e a família presidencial defendem? 
As oligarquias brasileiras jamais poderiam, podem, ou poderão ser favoráveis a uma pedagogia freireana. Não lhes interessa uma pedagogia que eduque para a ação política, para o exercício da crítica mediada pela leitura de mundo e das bibliografias mais variadas. Daí que nem a esquerda brasileira tenha dado o devido espaço para Paulo Freire. Muito antes deste afirmar que a educação era um ato político, Aristóteles afirmou que o exercício da política era o propósito do homem. Tanto que para este o homem era um animal político.
Neste ponto Paulo Freire vai além. Ele assume o existencialismo cristão de Erick Fromm e afirma que o homem é um ser com vocação para ser mais. Ser mais o quê? Mais que um consumidor, mais que um expectador das ações políticas. Todavia para as camadas populares não há como o homem realizar sua vocação de animal político sem o processo de conscientização de sua condição alienada (tanto dos meios de produção de trabalho, quanto de sua produção cultural).
A pedagogia Freire não se efetivou como prática. Nossa educação é tecnicista com elementos de tradicionalismo. Mas neste país a educação liberal de Anísio Teixeira também não se efetivou e isto seria causa para nos levar a pensar. Até porque nem os ditos liberais brasileiros se esforçaram para implementar uma educação liberal aqui neste país. 
Mas quem é Olavo de Carvalho? Um indivíduo que escreve sobre Filosofia e produz texto interessantes, mas que na maioria de seus vídeos destila amargura e ódio por não ser reconhecido pela academia brasileira, e que escolheu como principal justificativa a narrativa de que a mesma é aparelhada pela esquerda (algo repetido constantemente por nosso [inclusive meu para minha vergonha], atual presidente). 
Fico imaginando as cólicas que ele deve sentir por saber que um Paulo Freire que ele tanto critica possui reconhecimento internacional, o que inclui Harvard, ao passo que ele é um autodidata voltado para conspirações e mais conspirações. Conheço gente que fez o COF (curso filosófico ministrado pelo aludido), que me garante que no referido há muita leitura medieval, muito conteúdo que não aparece na academia. 
Particularmente odeio este conspiracionismo. A educação freireana não se efetivou, tal como a liberal. Já falamos disto nas linhas acima. Mas alguns alunos de Olavo de Carvalho me espantam ao extremo, pela ignorância e pela má vontade e desonestidade intelectual total. Admiro Paulo Freire, mas não o tenho como meu guru. Talvez sequer saiba citar uma frase do mesmo. Mas me espanta o posicionamento idolátrico de alguns ex alunos de Olavo de Carvalho para com o mesmo como se este fosse um tipo de profeta, ao invés de um pensador. 
Uma atitude que não se vê nas Pedagogias críticas. Li livros de alunos de Paulo Freire, como Paulo Ghiraldelli, Mário Sérgio Cortella, e Álvaro Vieira Pinto. Não vejo por parte deles uma idolatria em relação ao Freire. O mesmo posso dizer do Libâneo, aluno do Demerval Savianni. O que observo em ambos os casos são releituras do pensamento de seus mestres, algo que os olavetes parecem não conseguir fazer. Mas conversando com alguns alunos de Olavo sobre a crítica deste à Marx e sobre as falhas no pensamento de, observo nestes falas do tipo: para mim, isto é a verdade, ou ele sabe demais. Esta falta total de senso crítico me impressiona. 
A impressão aumenta ainda mais quando se leva ame conta que na história da Filosofia não é nada surpreendente que discípulos se distanciem do pensamento de seus mestres. Foi assim com o próprio Platão que se distanciou de Sócrates em sua teoria do mundo das idéias, em sua antropologia e epistemologia. Foi assim com o próprio Aristóteles que se distanciou da teoria platônica. 

Os alunos de Olavo não conseguem, salvo raras exceções, para não ser injusto fazer tal distanciamento. Há uma preocupação injustificável para com uma suposta influência de Paulo Freire em nossa educação. Mas o nível do debate em redes sociais demonstra que o ad hominen e os xingamentos é que prevalecem entre os discípulos de Olavo de Carvalho. 
Aos que insistem em ver no Paulo Freire um comunista marxista, o fazem por terem lido muito mal as suas obras, só tenha a dizer que seu maior discípulo é um dos palestrantes mais acionados para palestras em empresas e que produzem livros e mais livros na área. Mario Sérgio Cortella é o nome deste. Amei o jeito como ele desarticulou o Caio Copola na jovem pan. Abraços. 

Marcelo Medeiros. Pedagogo, Especialista em Ciências da Religião e Pós graduando em Docência da Teologia e da Filosofia. 

sábado, 4 de janeiro de 2020

O que é Pedagogia, ou Ciências da Educação?



Qual educação é a melhor para o meu filho? Esta é a pergunta que muitos pais fazem na atualidade. Para tal indagação existe uma gama considerável de respostas, e uma gama maior ainda de pessoas de todas as áreas do saber para tentar responder tais questões. As aulas de História da Educação na faculdade de Pedagogia já denunciavam este problema de longas datas. No Brasil demoraram a aparecer as faculdades de educação, voltadas para a formação de professores, o que explica a atualidade de intervenção de especialistas das demais áreas na área da educação. Mas vamos ao que é Pedagogia.

Sou pai e sei que não há nada de anormal que um pai tenha tais preocupações, tal como se preocupa com a saúde de seu filho. Mas quando se quer um diagnóstico médico um pai faz o quê? Consulta a um especialista. E o que faz quando a questão é educacional? Propõe respostas, ou soluções. Aqui entre nós sou pedagogo e nas reuniões de escola jamais me coloquei como tal. Confiei e confio na competência técnica dos profissionais da escola. Afinal, eles são especialistas.  

Mais do que óbvio, que nas reuniões em que participei, da creche à Escola, fui reconhecido como tal em razão de uma linguagem comum, fora os colegas de faculdade que são encontrados ao longo da estrada, e do caminho. 

Meu propósito com este post é comunicar aos leitores de todas as áreas a especificidade do saber educacional (que é seu caráter multi, pluri e interdisciplinar). Indicar que numa sociedade complexa é mais do que normal que especialidade apareçam e dentre as tais a educação termina por configurar-se como tal, e que por este motivo o Pedagogo é especialista em educação.

Pedagogia é uma palavra que vem do grego pedagogos cujo significado é a de um escravo cuja função consistia em conduzir o menino até o mestre. Na atualidade é um conjunto de conhecimentos que visam lançar luz sobre o processo de ensino/aprendizagem. Neste conjunto de conhecimentos entram desde saberes como a Filosofia (que não é uma ciência por conta da falta de objeto), a Sociologia (visto que a função da educação é preparar o homem para um tipo de sociedade), Antropologia, Ciência Política, História, Epistemologia, e Metodologia Científica.

Em outras palavras o processo de ensino e aprendizagem é visto sob um olhar multi, pluri, e interdisciplinar. É múltiplo porque aborda teorias discordantes dentro de um mesmo saber, conforme visto na Filosofia, por exemplo, onde são abordadas a epistemologia platônica e a aristotélica, que são discordantes entre si. É pluri por conta da pluralidade de ideias e saberes. É interdisciplinar porque busca na variedade científica um único objetivo: o de lançar luz sobre o processo de ensino/aprendizagem.

Tal como advogados, engenheiros, dentistas, médicos, pedagogos são especialistas. Especialistas em quê? Em educação. Melhor: no processo de ensino e aprendizagem. (Pelo menos a grade da maioria das graduações de Pedagogia aponta para isto). Na medida em que o número de doutores em educação for aumentando, acredito que pedagogos se firmem cada vez mais como as vozes que possuem autoridade na educação. Mas sei que é um processo ainda muito longo.

O leitor possivelmente esteja se indagando a respeito do motivo de tanto estudo em tantas áreas do saber para poder ter autoridade ao falar sobre educação. Mas educação é mesmo um processo complexo e a Pedagogia é um conjunto de conhecimento justamente porque não há um único saber, ou uma única ciência que dê conta do processo como um todo.

Daí que um grupo de especialistas busque na Filosofia clássica até a moderna e pós moderna a compreensão a respeito do homem, da maneira como este aprende, e das razões finais para o aprendizado. A sociologia visa responder pelas diferenças de sociedade para sociedade e de como tais diferenças impactam na educação. Pense em uma sociedade como a judaica, cuja educação pós exílica consistia no preparo do menino para que este tivesse condições de firmar sua identidade judaica face à realidade na diáspora, ou após o exílio na Babilônia.

A história mostra como cada sociedade educou e educa ao longo do tempo. A ciência política busca responder como as políticas públicas impactam nas politicas educacionais e no produto final da educação. A psicologia visam lançar luz sob aspectos psicológicos da educação (lembrando que o funcionamento da mente também foi objeto da Psicologia, que foi e tem ampliado cada vez mais seu objeto de estudo, ao passo de intelectuais como  Bourdieu proporem união entre a Psicologia e a Sociologia).

Educação não é algo que se faz com achismos, ou a postura eu acho e esta é a minha opinião. Não! Educação se faz com a junção de saberes e com a instrumentalização dos mesmos no processo de crítica das práticas. O que quero dizer aqui é que os saberes são usados com vistas ao processo de contínua avaliação das práticas educacionais. Ou seja, não constituem fórmulas prontas de como educar.

De igual modo educação demanda interesse por parte de quem se propõe a ensinar e de quem se propõe a aprender. Demanda convívio e diálogo mais do que contínuo. As ideias e os modelos passam, mas a necessidade humana de convívio e de troca parecem permanecer. É por isto que a educação sempre existirá. Pelo menos enquanto houver sociedade que suscite demandas sociais que a educação e tão somente ela possa atender. 

Pense na sociedade moderna e indague porque em sua escola havia uniforme, fila para entrar, sinal de entrada, sinal de recreio, fila para a merenda, e você entenderá as razões. A Escola Moderna é filha da fábrica. Não estou falando o que falo aqui de minha cabeça. Tomás Tadeu Silva e Paulo Ghiraldelli Jr trabalham com esta ideia em seus respectivos livros. No caso do primeiro, a referência é Documentos de Identidade, as teorias modernas do currículo e no segundo Filosofia da Educação e Didáticas e Teorias Educacionais.

É filha da fábrica porque criada para responder às demandas de uma sociedade cujo fundamento era a técnica. Daí que do uniforme, ao sinal de entrada, à carteirinha escolar, à concepção de progresso educacional baseado em série, tudo seja reflexo de uma fábrica. A adoção de uma concepção mais tecnicista reforça o modelo fabril. De certa forma a reprovação também. Mas o que acontece quando a sociedade passa por um processo de desindustrialização? 

O modelo entra em crise. Na verdade crise não é algo novo em sociedade e menos ainda em educação. E é nas crises que pensadores elaboram as mais diversas teorias educacionais. E o fazem pela leitura prévia de questões que em regra o grande público não percebe. Tomemos como exemplo as crises do capitalismo do século passado, várias teorias sociais foram levantadas e várias propostas educacionais vieram nesta esteira. 

Pedagogia Tradicional, Pedagogias Liberais, Pedagogia Libertadora, Anarquista, Crítico Social dos Conteúdos, são exemplos de alguns modelos educacionais que foram propostos a partir do primeiro quarto ao último do século passado, e deixam importante legado para a reflexão das práticas pedagógicas. A maior de todas é a reflexão a respeito da diversidade. 

Quando se tem um grupo homogêneo, é fácil educar. A dificuldade é quando se pretende estender a educação para diferentes grupos. Alguns se adaptam muito bem à Pedagogia Tradicional, outros às Liberais, os analfabetos do nordeste deram-se muito bem com o método freireano, já alunos de escolas federais parecem lidar bem com docentes que trazem uma proposta educacional mais política e politizadora. 

O que importa neste ´processo é que a educação forme pessoas capazes de resolver os problemas de sua respectiva sociedade. Aliás, este sim é o melhor teste para se saber que a educação está, ou não, indo bem. Mas é um assunto que seguramente merece um outro post e uma reflexão mais atenta. 

Marcelo Medeiros, Pedagogo, Especialista em Ciências da Religião, Pós graduando em Docência da Teologia e Filosofia.  

sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

A Pedagogia de Sócrates



Sócrates foi o primeiro personagem filosófico com o qual me fascinei, e confesso que até hoje ele exerce extremo fascínio sobre mim. Tanto que em meus primeiros trabalhos na faculdade de Pedagogia ele foi tema. Mas por que falar nele neste momento? Os tempos atuais exigem que se faça reflexão filosófica. O Escola sem partido trouxe à tona uma gama de discussões a respeito. É possível uma educação apolítica, apartidária, ou neutra do ponto de vista ideológico? Creio que a resposta seja não. Mas como a leitura de Sócrates pode contribuir neste processo? 

A leitura do livro O que é Educação, da coleção primeiros passos, traz o conceito de Educação como sendo todo processo de compartilhamento e transmissão de saberes entre os homens, podendo variar do ensino da pesca na tribo até a aula na Escola moderna. Mas a base é a convivência humana e as relações decorrentes da mesma. Envolve diálogo e troca. É aqui, creio eu que entra a pessoa, ou a figura de Sócrates. Mas antes de falar deste personagem, necessário se faz apontar uma outra questão e para tal abrirei outro parágrafo. 

A Educação existe para atender as demandas de uma sociedade. Foi assim em Esparta, em Atenas, na diáspora judaica e na sociedade industrial. Na Atenas de Sócrates a necessidade maior estava para a formação do homem político, que deveria ser capaz de discursar na ágora e em demais espaços públicos e defender suas idéias. Mas uma das mazelas deste período foi a ascensão de um público que parecia saber algo, mas na verdade não sabia tanto. 

O nascimento da Filosofia socrática tem a ver com a consulta de Querofonte ao oráculo, e em resposta este recebe a seguinte fala: Socrates é o mais sábio dos homens. Se tal, fosse aceito irrestritamente, não haveria Filosofia e creio que nem educação. Mas foi o espanto diante da fala do amigo que o levou a investigar. A dúvida diante da sabedoria a ele atribuída pelo oráculo e a certeza de que nada sabia o levaram a investigar. 

O método socrático é conhecido como maiêutica, na perspectiva dele o conhecimento era uma forma de parto. A leitura que faço da metodologia é a de que tal como ocorre no parto, que é precedido por contrações incômodas, o conhecimento traz dor, e isto em razão de nosso primeiro conhecimento é o de nossa ignorância. É este saber que abre espaço para os demais saberes. 

O modo escolhido por Sócrates para fazer o parto do conhecimento era o diálogo dirigido por perguntas formuladas de forma tal e fazer o interlocutor perceber a sua ignorância. O método desagradou de forma tal que Aristófanes compôs uma peça em que Sócrates era comparado a uma mosca que voava em um jantar pousava na comida e incomodava a todos. A ironia procede pelo fato de que a maioria dos diálogos de Platão em que a figura de Sócrates é trabalhada, este aparece em banquetes e conversando.

A pedagogia de Sócrates tem como base o diálogo, a fala, mas não uma fala sem a mínima diretividade, marcada pelo suposto espontaneísmo de teorias educacionais recentes. Mas a fala direcionada a fim de que o interlocutor perceba sua ignorância. Pascal afirmou que existem pessoas que nada sabem, e há pessoas que estudam até constatar que nada sabem e com isto passam da ignorância não sabida para uma ignorância esclarecida. O problema, prossegue o filósofo, está com quem fica na metade do caminho

Nas minhas experiências pessoais não tenho tudo problemas com especialistas. E lido com gente das mais distintas áreas do saber: psicanálise, história, psicologia, música, medicina, Teologia, Filosofia e não percebo nestes a tão propalada arrogância. Meu maior problema é com gente que lê mau, interpreta mau minha escrita e não sabe conceituar termos. Gente que transparece nunca ter lido, ou consultado verbetes nos dicionários da língua portuguesa. 

Voltando às palavras de Pascal, poderíamos afirmar que o problema se dá, ou dá-se, com indivíduos de conhecimento mediano. Se na época de Sócrates o problema era com quem era treinado na arte argumentação, ainda que sem ter conteúdo, o problema atual é com quem tem formação rasa e baseada em memes, vídeos de internet e afins. 

Eu creio na maiêutica socrática e no diálogo como ferramenta educacional, a despeito da barbárie que tem se instalado. Por mais incrível que isto possa parecer perguntar ainda é o caminho. A diferença básica é que todo desvelamento da ignorância própria e alheia é ofensiva, nas redes sociais isto é mais verdadeiro do que nunca. Tenho percebido a diferença de comportamento no público e no privado, no pessoal e no olho à olho. Mas a gente segue perguntando, falando. 

Contudo, sei que educar é uma ação dolorosa, para quem gosta de educar/ensinar e para quem tem de lidar com uma mosquinha que não é bem vinda, mas que teima em posar na sopa alheia. minha percepção é a de que para uma esmagadora parcela de pessoas a vida seria interessante se fosse um banquete, mas ninguém toasse a palavra e muito menos fizesse perguntas. Às vezes no ambiente educacional o aluno questionador, indagador que faz as intervenções não é bem vindo. 

Masa  despeito do que foi escrito acima minha crença ainda permanece. Me identifico profundamente com perguntas. Sou cristão, leitor de Filosofia e de Bíblia e tanto Deus como seus eleitos amam fazer perguntas, e amam ainda mais deixar algumas delas em suspense. Talvez seja esta similaridade entre o pai da filosofia grega e Deus/Jesus a causa da admiração pelo Filósofo em apreço. É curioso que Deus ame tanto fazer perguntas e a galera que afirma seguir ele não gostar muito. 

Marcelo Medeiros, Pedagogo, Especialista em Ciências da Religião e em Docência da Teologia e da Filosofia. 
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