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quinta-feira, 15 de março de 2018

Nota de Repúdio


Não sou muito fã do discurso daquilo que chamam de a esquerda brasileira. Mas venho aqui manifestar meu repúdio ao ato covarde que ceifou a vida desta vereadora, cuja trajetória intelectual, acadêmica e política foi tragicamente interrompida. Ato contínuo convido aos meus irmãos evangélicos e demais leitores deste blog a fazerem o mesmo. 

Por favor não me venham com aquele discurso do tipo: e as mortes de policiais e cidadãos comuns? Falo e protesto contra ambas aqui neste espaço. Morte alguma pode ser naturalizada, nem a de agentes de segurança, nem a do Zezinho da comunidade, da Paulinha da zona Sul e muito menos a da vereadora. 

Daí meu total alinhamento com a nota de repúdio da OAB. Não é hora de brincar de guerra fria, de proferir discursos maniqueisantes, de mensurar qual morte é mais importante. A hora é de solidariedade, de ruptura com o discurso e com ideologias que somente servem para aprofundar ainda mais a divisão social e inviabilizar um discurso que analise os reais problemas de nossa nação.

Aqui cabem as lições do mestre Paulo Freire, cuja proposta educacional passava pelo referencial dialógico. Uma das formas para se inviabilizar a revolução era dividir para comandar, ou governar. E uma das formas para dividir é alimentar o ressentimento e a paixão e com isto inviabilizar o diálogo, sem o qual não há verdadeira democracia.

Na medida em que reflito sobre os problemas políticos que me cercam, percebo que o fervor ideológico pode ser instrumentalizado para impedir o diálogo e mascarar questões comuns. A morte de Mariella representa um tiro no discurso de representatividade da mulher, do negro e do favelado? Sim. Mas é igualmente um tiro na ascensão social de quem vem de comunidades carentes e vê na educação um meio para tal.

Mas há um elemento que não podemos deixar escapar. O motorista também morreu, e antes que matassem uma vereadora cuja trajetória foi marcada por conquistas sociais, acadêmicas e políticas, mataram uma policial negra há alguns anos atrás (na verdade duas), e três mulheres na semana passada.

Não ignoro a possibilidade de crime político, embora não pretenda especular sobre nada aqui, apenas desejo reforçar fatores sociais e históricos que promovam algo do qual nossa sociedade e forma de fazer política carecem: SOLIDARIEDADE. Ou o entendimento de que estamos no mesmíssimo barco e daí, morte alguma possa ser naturalizada. 

O momento é de solidariedade, repito, pois se faz necessária. É tempo de ensaio de uma união, onde as diferenças político partidárias sejam colocadas de lado e o bem estar de todos os nossos cidadãos, bem como os direitos destes sejam pauta da discussão. Salomão fala que na morte os homens tendem à reflexão e por este motivo podem se tornarem mais sábios. Quem sabe?

Marcelo Medeiros

quinta-feira, 8 de março de 2018

Exegese, pra que exegese?????



Há algum tempo atrás falei aqui neste espaço a respeito de minha participação em um programa da TV BOAS NOVAS, cuja temática era versões de Bíblias. Versões não podem e nem devem de ser confundidas com aquelas Bíblias com recursos devocionais e teológicos. Mas não é sobre nada disto que pretendo falar neste breve post que preparo juntamente com meu café. Pretendo falar de exegese. 

A menção às versões de Bíblias dá-se por conta de uma necessidade de maior alcance, que por sua vez demanda uma maior revisão dos textos sagrados. A ideia que se tem é a de que exista uma palavra que encontre correspondência em todo e qualquer idioma. Ledo engano. No caso do português existe o exemplo da palavra saudade. Esta não expressa somente a ausência nostálgica do outro, ou de algo, mas também a aspiração por algo considerado positivo e benéfico. 

Quem conhece os hinos da HARPA CRISTÃ, sabe que seu segundo hino chama-se saudosa lembrança. Como ter saudade de um lugar que em tese não conhecemos (o mundo vindouro - novo céu e nova terra)? Neste caso saudade é uma expressão do desejo anelante por chegar a este lugar, chamado de regaço pela própria letra do hino. 

Junto das palavras há expressões em nossa língua que não possuem igualmente em língua alguma. Agora o leitor tente imaginar um livro originalmente escrito em Hebraico, com algumas partes em Aramaico e em Grego! Pense por exemplo, nas palavras Graça, Misericórdia, Benignidade, Amor, Amor Leal, elas podem, e de fato são empregadas para traduzir o vocábulo hebraico חסד (hesed). 

Sheol é uma expressão usualmente traduzida por inferno, que na verdade é o mundo dos mortos. Ao traduzir-se o Antigo Testamento para o grego, usou-se a Palavra αδη, que de fato possui equivalência com Sheol. Inúmeros problemas como este poderiam ser enumerados. Mas resultariam em um tratado e extrapolaria o propósito de tal post. Mas estes breves elementos comprovam que a exegese não é luxo, mas uma necessidade. 

Bom dia, Marcelo Medeiros. 


quarta-feira, 7 de março de 2018

Eu Não Nasci pra ser chefe



Há algum tempo atrás me lembro de ter ouvido um hit de Ed Motta cujo refrão era eu não nasci pra trabalho. Algo plenamente compreensível quando se sabe que a palavra deriva do francês tripallium, um instrumento de tortura, pelo menos é o que diz ninguém mais ninguém menos do que Mário Sérgio Cortella o filósofo do trabalho. 

A filosofia do trabalho deste é muito interessante devido às obviedades que ele diz, mas como ninguém enxerga o próprio nariz são verdades auto evidentes proferidas pelo mesmo precisam receber devida acuidade. Uma delas é que ninguém fica sem trabalhar, nascemos sim para o trabalho, e que nosso problema com o mesmo dá-se por conta das relações conflituosoas que temos com colegas e chefes. 

Há chefes e chefes, e líderes mesmo são os mais escassos possíveis. Voltando àqueles, há os que pensam que ser chefe é fazer da vida dos outros um inferno, ou ser dono de alguém, ou dispor da vida e tempo alheios, fazer dos outros uma escada um meio para alcançar seus objetivos pessoais. Estes são apenas alguns fatores que colaboram para que a vida se torne insalubre no ambiente de trabalho. 

Um remédio salutar para tal, talvez fosse se aqui gozássemos da mesma situação que em determinados países de primeiro mundo, onde os profissionais competentes demitem seus respectivos chefes (mudam de trabalho, vão embora da empresa, ou da instituição). O carinha metido a chefinho teria de se mancar, senão perderia seus melhores funcionários. 

Hoje compreendo que nasci para o trabalho. Nasci para escrever, para tocar peças musicais no meu instrumento, para ler, para ensinar, mas não nasci para ser chefe, e muito menos para ser escravo. Não sirvo para fazer da vida de ninguém um inferno. Não sirvo para ser porcorativista (corporativo em nome de uma ética). Não sirvo para ficar ao lado do chefe e com isto garantir a minha paz, enquanto alguém está sendo seriamente injustiçado. 

Garanto que tento me enquadrar, mas está ficando cada vez mais difícil, e sinceramente algumas coisas pretendo jamais aprender. Transigir com justiça e com ética em nome de uma deontologia? Jamais!!! Cresci faz tempo já não consigo brincar de faz de conta que você não é nada, que eu finjo que estou feliz. 

Marcelo Medeiros. 
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