Pesquisar este blog

sábado, 31 de janeiro de 2015

Não Tomarás o Nome do Senhor em Vão



No presente post, farei uma breve abordagem do terceiro mandamento do decálogo, cuja citação segue na íntegra: Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão; porque o Senhor não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão (Ex 20. 7 ACF). De acordo com o autor da lição, o que se pretende combater aqui é o juramento falso, uma vez que na antiguidade os contratos eram firmados mediante juramento. É isto que se pode deduzir das mais variadas passagens que se encontram no mesmo contexto deste mandamento.

Para o autor da lição os relacionamentos entre os filhos do povo de Israel deveriam ser pautados na honestidade. Tal pensamento encontra seus ecos nas palavras de Moisés, que disse: Não furtareis, nem mentireis, nem usareis de falsidade cada um com o seu próximo; Nem jurareis falso pelo meu nome, pois profanarás o nome do teu Deus. Eu sou o Senhor (Lv 19. 11, 12 ACF).

O NOME DE DEUS

Os nomes de Deus podem ser divididos da seguinte forma: nomes genéricos, e nomes específicos. No primeiro caso figuram: אֱלֹהִ֑ים (elohim), na verdade este termo é o plural de Deus אֱלֹ (El); e עֶלְיֹֽון׃ (Elyon), cujo significado mais comum tem sido a expressão o Altíssimo (Sl 77. 10; 78. 17, 56; 82. 6;  91. 1, 9), são alguns exemplos de ocorrência desta expressão para se referir a Deus. Em algumas ocasiões אֱלֹ (El) e עֶלְיֹֽון׃ (Elyon), são combinados de forma a darem origem a uma nova expressão  לְאֵ֥לעֶלְיֹֽון׃ (El Elyon), ou Deus Altíssimo, que por sua vez ocorre quatro vezes em (Gn 14. 18 - 22).

Os nomes específicos são: אֲדֹנָ֤י (Adonai), frequentemente usado na leitura da sinagoga para substituir יֱהוִה֙ (Jeová, ou Iahweh), o impronunciável tetragrama hebraico. Em dos diálogos entre Deus e Abraão, o autor do relato descreve o patriarca se referindo a Deus pelo nome אֲדֹנָ֤י יֱהוִה֙ (Senhor Deus [Gn 15. 2  ACF]). Ao revelar o seu nome Eterno para Moisés, o Todo poderoso lhe disse: E eu apareci a Abraão, a Isaque, e a Jacó, como o Deus Todo-Poderoso; mas pelo meu nome, o Senhor, não lhes fui perfeitamente conhecido (Ex 6. 2 ACF) . אֵ֣ל שַׁדָּ֑י (El Shaday), este foi o nome pelo qual os Deus se revelou aos patriarcas.

Mas por que falar em nomes de Deus em um estudo a respeito do juramento? Por uma razão bastante simples: o nome de Deus é santo קָדְשֹׁ֑ו (Qadosch), e santidade do seu nome jamais deve de ser profanada, seja em razão de um juramento, falso, ou de uma conduta não condizente com a condição de crentes em Cristo. No caso do judeu, por exemplo, Paulo afirmou categoricamente, que por causa do comportamento incoerente dos mesmos, o nome de Deus era blasfemado entre as nações, veja:
então você, que ensina os outros, não ensina a si mesmo? Você, que prega contra o furto, furta? Você, que diz que não se deve adulterar, adultera? Você, que detesta ídolos, rouba-lhes os templos? Você, que se orgulha na lei, desonra a Deus, desobedecendo à lei? Como está escrito: O nome de Deus é blasfemado entre os gentios por causa de vocês (Rm 2. 21 - 24 NVI). 
Neste texto em particular o apóstolo das nações articula uma citação do profeta Isaías, que vale à pena ser lida em seu contexto original, e depois, articulada com o ensino de Paulo, pelo viés da Hermenêutica canônica.
E  agora o que tenho aqui? , pergunta o Senhor. Pois o meu povo foi levado por nada, e aqueles que os dominam zombam, diz o Senhor. E o dia inteiro o meu nome é constantemente blasfemado (Is 52. 5 NVI). 
Isaías profere este oráculo como alusão à libertação futura, do exílio que ainda está por vir. A causa deste? A desobediência do povo aos mandamentos da aliança. Acontece que, mesmo não sendo observado entre os judeus os pecados claramente denunciados pelos profetas, é perceptível que a fidelidade dos mesmos aos mandamentos divinos, é no mínimo parcial, e isto ao ponto de Paulo dizer: você, que se orgulha na lei, desonra a Deus, desobedecendo à lei?

O JURAMENTO FALSO

Não jurem falsamente pelo meu nome, profanando assim o nome do seu Deus (Lv 19. 12 NVI). Jurar falsamente é típico de pessoas infiéis, que não buscam a verdade. Embora digam: ‘Juro pelo nome do Senhor’, ainda assim estão jurando falsamente (Jr 5. 2 NVI). Mas a verdade ressaltada pelo profeta Jeremias, é que o templo de nada adianta, quando se quebra a lei, inclusive os que juram falsamente pelo nome do Senhor
Vocês pensam que podem roubar e matar, cometer adultério e jurar falsamente, queimar incenso a Baal e seguir outros deuses que vocês não conheceram, e depois vir e permanecer perante mim neste templo, que leva o meu nome, e dizer: Estamos seguros!, seguros para continuar com todas essas práticas repugnantes?  (Jr 7. 9, 10 NVI). 
Deus promete juízo contra os que juram enganosamente.
Eu virei a vocês trazendo juízo. Sem demora vou testemunhar contra os feiticeiros, contra os adúlteros, contra os que juram falsamente e contra aqueles que exploram os trabalhadores em seus salários, que oprimem os órfãos e as viúvas e privam os estrangeiros dos seus direitos, e não têm respeito por mim, diz o Senhor dos Exércitos  (Ml 3. 5 NVI).  
perceba que:
  1. O juramento falso é colocado em pé de igualdade com todos os demais pecados. 
  2. Tal como ocorre com os demais pecados, o falso juramento atrai a ira de Deus sobre todos quanto o praticam. 
  3. Pode produzir falsa sensação de segurança.  
No Novo Testamento, tanto Jesus quanto Tiago levantarão questão em torno do juramento. Para o Filho de Deus o juramento deveria ser evitado à todo custo
Vocês também ouviram o que foi dito aos seus antepassados: ‘Não jure falsamente, mas cumpra os juramentos que você fez diante do Senhor. Mas eu lhes digo: Não jurem de forma alguma: nem pelo céu, porque é o trono de Deus; nem pela terra, porque é o estrado de seus pés; nem por Jerusalém, porque é a cidade do grande Rei.
E não jure pela sua cabeça, pois você não pode tornar branco ou preto nem um fio de cabelo. Seja o seu ‘sim’, ‘sim’, e o seu ‘não’, ‘não’; o que passar disso vem do Maligno" (Mt 5. 33 - 37 NVI). 
O nome de Deus é devidamente honrado quando a palavra é firme. Não se deve jurar por nada, visto que ninguém possui o controle do curso da vida. e toda vez que se evoca algo em juramento, se faz por algo que maior. 

Em Cristo, Marcelo Medeiros

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Do Charlie ao beijaço gay em público



Recentemente o mundo foi abalado pelo atentado sofrido por cartunistas de um conhecido jornal, o Charlie Hebdo. Desde já pretendo deixar claro que não é sobre isto que pretendo dissertar aqui. Duas semanas após, as redes sociais, são inundadas com a seguinte notícia: duas ativistas gays, que foram presas em uma reunião religiosa, por lá resolverem protestar contra o Deputado Federal e Pastor Marco Feliciano, decidiram entrar na justiça contra o mesmo, por "danos morais", e estão pedindo uma indenização considerável.  

Mas o que há de comum entre os dois eventos? Minha proposta é fazer uma breve ligação entre os mesmos, mas para exemplificar, postarei abaixo uma charge do Charlie Hebdo, que creio será bem ilustrativa, a despeito do caráter ofensivo. 



Como o leitor deve de ter intuído, a charge é ofensiva, e se somada ao beijaço gay, provocativo, aponta para a mais nova tendência do momento, a de ofender cristãos (aqui você pode ver a análise de Rachel Sheherazard sobre o fato), e no caso do Charlie, toda e qualquer religião; e ainda se acharem no exercício dos seus respectivos direitos. 

Cada vez mais a liberdade de expressão tem sido confundida com o direito de ofender. Pasme, mas é isto que tenho visto em redes sociais, que a imprensa pode, e deve ofender, quando necessário for. Mas aqui cabe uma pergunta: ofender a quem? A Verdade é que o alvo predileto é a religião cristã, que por si só é ofensiva ao mundo. Por quais razões? Pela vindicação de verdade, que soa como intolerância, pela taxação de comportamentos, tidos como legítimos, tais como o homossexualismo, e inúmeros outros fatores poderiam ser elencados aqui. 

A questão central aqui, é que ao mesmo tempo em que eles tem o direito de ofender, nosso direito de afirmar que nossa percepção é verdadeira está sendo associado, cada vez mais a intolerância. É preciso que cristãos se conscientizem de que já estamos em uma sociedade cada vez mais anticristã, e que precisamos mais do que nunca absorver o Evangelho, a fim de não sermos tão sensíveis às provocações tipo a da imagem do Charlie, e das ativistas gays. Para mais ver aqui.

Marcelo Medeiros

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

A polêmica em torno do modelito da presidenta Dilma



Uma polêmica que não posso deixar passar, é a que se deu em torno das críticas recebidas pela chefe de Estado Dilma Rousseff, em razão do modelito usado pela mesma na posse. As feministas de plantão vieram contudo contra os autores da crítica, e um novo processo de demonização deu início. Confesso que, mesmo não achando nada aprazível a imagem da presidenta reeleita, a crítica foi de mau tom. Todavia minha interpretação inicial (tida como monolítica), foi a de que a repercussão dos comentários em torno os modelitos da mesma, na verdade eram reflexo de uma insatisfação com a situação política atual.

Antes que você venha me dizer da aprovação popular do governo de Dilma, quero dizer que com a maioria das pessoas (intelectuais diga-se de passagem), com as quais tive a oportunidade de dialogar, de alguma forma demonstraram não estarem plenamente satisfeitas com o governo, mas que a despeito das mazelas, ainda assim votariam no PT. Não foram poucas as vezes que me expressei neste espaço a respeito deste assunto. A reeleição de Dilma, foi o resultado da soma de todos os medos, o medo do retorno do PSDB com sua política de privatização e arroxo salarial [aqui]. 

O pior em meio a isto tudo, é que foi esquecido que a ascensão do PT ao poder se deu por meio de alianças, diga-se de passagem inimagináveis a um petista da década de oitenta, e com o adiamento da agenda que caracteriza a luta desta partido, e adoção de uma agenda, que não é necessariamente de esquerda. 

O ruim em todo este processo é que o PT tornou-se herdeiro de mazelas outrora tucanas, peemedebistas, ou chame do que quiser chamar, mas quem está na vitrine agora, são os petistas, que brilharam como oposição e agora estão diante do ônus de serem situação. Com uma recessão batendo as portas, e diante da possibilidade de frustração das expectativas eleitoreiras do povo com Dilma, fica a seguinte questão: até quando durará a aprovação da mesma? De uma certa forma o recado foi dado nas eleições [aqui], agora é deixar a ficha cair. 

Uma outra questão, interpretar as críticas a Dilma, como expressão de machismo e misoginia, é um absurdo. Não sou adepto da cultura atual, que subordina beleza à magreza e ao padrão midiático, entendo que esta luta do feminismo é legítima [aqui]. Mas isto não me impede de reconhecer que nas entrevistas e nos debates das eleições a presidenta se apresentou bem melhor, isto é algum crime? De forma alguma, apenas o livre exercício da liberdade de expressão, que estará cada vez mais limitada. 

Marcelo Medeiros

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

O som e a fúria do Tim



O bochicho da semana é a versão que a Rede Globo fez, em formato de documentário, do filme de Tim Maia. O filme em si foi feito com base no livro Vale Tudo, o som e a fúria d Tim Maia, e foi show, por mostrar a história de um cantor cujo talento musical era inegável, mas que ao que parece não foi devidamente reconhecido por não se enquadrar nas regras que o jogo exige. 

Voltando à polêmica entorno do documentário da Globo, a opinião geral nas redes, ao que parece, é a supressão de uma cena do filme, em que Roberto Carlos aparece deslumbrado com a própria fama e humilha Tim Maia, quando este vai pedir uma ajuda [aqui]. Uma coisa que ficou clara para mim, é que para a emissora em apreço não basta a aposta anual na figura de um artista que já deu o que tinha de dar. Não! É notável a necessidade de venda de uma imagem quase que intocável do mesmo. Daí a forçação de barra.

Na boa, isto não deveria ser espanto para ninguém. A verdade é que desde 2007 Roberto se envolveu em uma disputa judicial com o jornalista Paulo César Araújo em decorrência de uma biografia autorizada. Ele e uma série de artistas são contrários a tais biografias sem a autorização da família e da pessoa envolvida [aqui]. Pascal explica, e em mínimos detalhes. 

A lição que levo da vida do Tim, é a mesma de Salomão, ou do pregador, não é dos ligeiros a carreira, nem dos fortes a batalha, nem tão pouco dos sábios o pão, nem dos prudentes a riqueza, nem dos entendidos o favor, mas o tempo e a oportunidade ocorrem a todos (Ec 9. 11 ACF). O reconhecimento das qualidades e potenciais que o ser humano traz não é espontâneo e muito menos natural, ele depende do momento e da oportunidade que a todos ocorrem. 

Nem Roberto Carlos, nem ninguém é rei em função de ser rei, ou o que quer que seja, mas de como joga o jogo. Ao que parece, faltou ao Tim a malícia do jogo, mas talento, ele tinha de sobra. Uma lição fundamental do filme, e do documentário exibido na globo: toda carreira termina algum dia, a questão é como terminar. Ninguém é rei para sempre, vence para sempre, corre para sempre, e a melhor forma de parar é no auge, a fim de que a melhor imagem fique. 

Mesmo com o recurso de biografias e filmes, eles em nada se comparam a impressão deixada na mente de quem esteve em um show e curtiu a música e a fúria do artista supra, ou mesmo de tantos outros em tempo real. Aliás, é justamente o testemunho de quem conviveu que permite a construção de uma história, ampliando o conceito de carreira. Há o momento de fazer história produzindo o material com que outros farão a nossa história, e o momento de ficar na cabeça e no coração das pessoas. 

Marcelo Medeiros

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Deus dá sua Lei ao povo de Israel



A lei de Deus é antes de qualquer coisa, dádiva, dom, presente. Via de regra os cristãos a associam com o jugo farisaico, ou com o conjunto de tradições que Jesus deliberadamente rejeitou. Davi afirma: a lei de Iahweh é perfeita, faz a vida voltar (Sl 19. 8 [7] Bíblia de Jerusalém). Aqui se vê um testemunho similar ao de Paulo, para quem a lei é santa, e o mandamento santo, justo e bom (Rm 7. 12 Bíblia de Jerusalém).

Daí a compreensão que partilho aqui de que originalmente a lei não pretendia ser um fardo pesado para o povo de Israel, mas um caminho de vida. Outra dimensão desta mesma lei é que ela foi dada em meio a celebração de uma aliança, a do Sinai, é isto que precisa de ser visto, ao revisar a lei para o povo, Moisés afirmou: ouve ó Israel, os estatutos e as normas que hoje vos proclamo aos vossos ouvidos. Vós os aprendereis e cuidares de pô-los em prática. Iahweh, nosso Deus concluiu conosco uma aliança no Horebe (Dt 5. 1, 2 Bíblia de Jerusalém). É a partir destes pressupostos que estarei elaborando os posts que abordam os dez mandamentos.

A AUTORIA

A despeito das discussões entre os proponentes da Escola ortodoxa e os da escola crítica a autoria da תֹּ֘ורַ֤ת (torah), a respeito da autoria mosaica da lei, há que se ressaltar aqui o fato de que o paralelismo existe entre esta e as leis de povos vizinhos de Israel, pode ser um fruto da graça comum, de modo que não tenho quaisquer dificuldade com a crítica bíblica, visto que a graça o responde. Em outras palavras, Paulo reconheceu que existem gentios para os quais a lei de Deus está escrita em seus corações e eles por natureza obedecem a lei. Neste caso, o fazem pressionados exclusivamente por suas próprias consciências. 

Voltando ao entendimentos das escolas liberais e ortodoxas, para aqueles a lei é resultado de uma série tradições orais que foram se acumulando até que durante o reino persa foram organizados por Esdras e a autoria foi concedida à Moisés (esta afirmação pode ser vista na introdução ao Antigo Testamento de Erick Zengüer). 

Os mais ortodoxos como Hill e Walton até entendem e aceitam que existem textos no pentateuco que não podem ser de autoria mosaica, tais como o registro da morte do profeta e legislador, e a narrativa da contenda deste com Miriã e Arão, mas no geral entendem juntamente com testemunho de Jesus e dos apóstolos que grande parte do conteúdo da תֹּ֘ורַ֤ת (torah) é mosaico. 

O CONTEXTO

A promulgação da lei se deu no contexto da celebração de uma aliança entre Deus e o povo. Esta aliança foi celebrada três meses após a saída do povo do Egito (Ex 19. 1). Tão logo o povo chegou ao Sinai, Moisés foi chamado ao monte para ouvir as palavras de Deus (Ex 19. 2, 3). Ali foi feito um memorial das obras de Deus (Ex 19. 4), e celebrada uma aliança בְּרִיתִ֑י (berit). 

Os dez mandamentos são o marda da aliança que Iahweh está celebrando com o seu povo. Ao lembrar a lei para o povo Moisés ressaltou como se deu tal aliança: O Senhor nosso Deus fez conosco aliança em Horebe. Não com nossos pais fez o Senhor esta aliança, mas conosco, todos os que hoje aqui estamos vivos. Face a face o Senhor falou conosco no monte, do meio do fogo (Dt 5. 2 - 4 ACF). 

Aqui se percebe uma verdade, a de que a aliança do Sinai estava inaugurando uma nova etapa na economia da salvação. Os pactos feitos com Noé, Abraão, eram incondicionais, mas ao povo de Israel Deus colocou condições, neste caso a obediência à lei. E como resposta o povo disse a Moisés: o que te disser o Senhor nosso Deus, o ouviremos e cumpriremos (Dt 5. 27 ACF). De acordo com o relato de Êxodo, o povo respondeu a uma só voz: tudo o que o Senhor tem falado faremos (Ex 19. 8 ACF). 

Apesar do compromisso assumido a história de Israel mostra que o povo não obedeceu conforme proposto, tanto que ainda no monte Deus fala com Moisés: quem dera eles tivessem sempre no coração esta disposição para temer-me e para obedecer a todos os meus mandamentos. Assim tudo iria bem com eles e com seus descendentes (Dt 5. 29 NVI). 

O TEMOR COMO BASE DA ALIANÇA

A manifestação de Deus no Sinai provocou terror e espanto no povo, ao ponto deste pedir que Moisés falasse com Deus (Ex 20. 19). Em princípio as palavras do povo foram moldadas pelo temor, mas Deus sabia que eles não teriam sempre a mesma disposição. Diante do espanto e do terror provocado pela teofania, os israelitas pensaram que iam morrer. Foi quando Moisés disse: não temais, Deus veio para vos provar, e para que o seu temor esteja diante de vós, a fim de que não pequeis (Ex 20. 20 ACF).  

O comentário da lição de Escola bíblica dominical pontua que os sinais exibidos na cordilheira do Sinai tinham por objetivo fortalecer a autoridade de Moisés como líder e legislador. Creio que isto se aplique aos Sinais que Deus deu ao líder em apreço, com vistas a autenticar sua liderança aos olhos do povo quando no momento da saída do Egito (Ex 4. 1- 9). Mas a manifestação na outorga da lei, visava provocar temor no coração do povo. Deus ordenou à Moisés: reúna o povo diante de mim, para ouvir as minhas palavras, a fim de que aprendam a me temer enquanto viverem sobre a terra (Dt 4. 10). 

É o temor que produz a obediência. Assim, que lembrou ao povo as palavras da aliança (Dt 5), Moisés disse: 
Esta é a lei, isto é, os decretos e as ordenanças, que o Senhor, o seu Deus ordenou que eu lhes ensinasse, para que vocês os cumpram na terra para a qual estão indo para dela tomar posse. Desse modo vocês, seus filhos e seus netos temerão ao Senhor, o seu Deus, e obedecerão a todos os seus decretos e mandamentos, que eu lhes ordeno, todos os dias da sua vida, para que tenham vida longa (Dt 6. 1, 2 NVI). 
Note que a lei tem de ser ensinada. Aqui cabe ressaltar novamente o sentido de תֹּ֘ורַ֤ת (torah), que não se restringe à lei, mas abrange igualmente a questão da instrução. A instrução da lei aumenta o temor no coração do povo, e conforme pontuado no texto bíblico, é o temor que livra o homem de pecar, melhor, o conduz na perfeita obediência da lei. 

Marcelo Medeiros.                                                                                                                                                                                                                                                                                        

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Créditos!

Por favor, respeite os direitos autorais e a propriedade intelectual (Lei nº 9.610/1998). Você pode copiar os textos para publicação/reprodução e outros, mas sempre que o fizer, façam constar no final de sua publicação, a minha autoria ou das pessoas que cito aqui.

Algumas postagens do "Paidéia" trazem imagens de fontes externas como o Google Imagens e de outros blog´s.

Se alguma for de sua autoria e não foram dados os devidos créditos, perdoe-me e me avise (blogdoprmedeiros@gmail.com) para que possa fazê-lo. E não se esqueça de, também, creditar ao meu blog as imagens que forem de minha autoria.