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segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

É apenas uma indagação




Recentemente estive em um encontro de jovens de minha geração e no meio do rodízio pensei nas discrepâncias entre minha geração e os jovens atuais. Tínhamos maior disponibilidade, maior dedicação. Daí a minha disposição em  escrever este post. Tomo como paradigma a sabedoria judaica, e a partir desta faço a minha análise. 
Lembra-te também do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias, e cheguem os anos dos quais venhas a dizer: Não tenho neles contentamento (Ec 12. 1 ARCF). 
O livro de Eclesiastes é um dos que mais me provocam, mais mechem com a minha cabeça. As reflexões são dignas de postagens e mais postagens neste espaço. Um dos maiores desafios que o livro coloca é a questão do equilíbrio na vida. Faço parte de uma geração que em virtude das raízes pentecostais mais clássicas, do sentimento de ascese e das origens sociais, não aprendeu a prover para si mesmo formação que desse maior autonomia face ao mundo, e tempo para conciliar trabalho e dedicação ao reino de Deus. 

Em outras palavras, minha geração não foi ensinada a ganhar dinheiro, a desenvolver e seguir uma vocação, seja ela política, profissional, ou acadêmica. Fomos ensinados que tínhamos de nos casar, mas sequer nos foram dado os instrumentais necessários para que escolhêssemos uma auxiliadora que estivesse à nossa altura. Quando ministro a respeito da temática vejo o quanto sou feliz. Ainda que minha família não seja aquela de comercial de margarina, posso dizer que tenho uma companheira e me satisfaço de não estar em jugo desigual. 

Como jovem que fez o Ensino Médio à distância, graduação e pós-graduação depois de casado senti e sinto muito não ter aproveitado melhor o meu tempo de mocidade para me qualificar melhor. E ser dividido entre casamento, paternidade e ministério não é nada fácil. Mas tudo dentro da normalidade, afinal o ser humano é assim, sempre gostaríamos de fazer melhor, ou o que não foi feito. Minha adolescência foi dedicada à leitura bíblica, aos estudos de música, evangelização, oração etc.... Hoje, em razão das atividades como pai, marido, músico miliar e pastor, sinto a dificuldade de fazer todas aquelas atividades com a mesma liberdade que tive e as fiz em minha adolescência. 

Qual o motivo deste meu relato? Se a primavera da vida não são entregues a Deus, dificilmente o Outono e o Inverno o serão, e é aqui que me preocupo com esta geração. Não se trata de cobrar o mesmo ativismo verificado em minha geração, mas a mesma paixão, o mesmo fogo. Não é dito a eles para darem o melhor de suas vidas a Deus, e com isto estão sendo privados do maior de todos os bens. Temo que ao orientar a presente geração a seguir no extremo oposto ao de minha geração, estejamos privando os mesmos daquilo que tivemos. Me pergunto o que será dos mesmos quando se virem com os compromissos que tenho hoje, que tempo darão, ao Senhor e o que de significativo farão para o Reino? 

Creio que o caminho para um possível conserto da situação seja a integração da vida. Precisamos consertar os erros cometidos com a minha geração e os com esta geração. O primeiro passo consiste na integração da vida. Nesta a vida profissional seria vista como o exercício de uma vocação, ou seja, o trabalho tem na melhoria da vida e da sociedade a sua razão de ser. A educação seria o preparo para o exercício da vocação. Sem esta percepção a vida perde o sentido, a espiritualidade viria para preencher a vida como um todo de sentido. Este, ao meu ver seria o caminho. 

Que este texto provoque as reflexões necessárias. Em Cristo, Marcelo Medeiros. 

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