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domingo, 28 de junho de 2015

Sobre Eliminação do Brasil na Copa América



Ainda bem que fui a um maravilhoso jantar de obreiros e não fiquei para ver mais um vexame do Brasil. Graças a Deus perdi os comentários de Galvão e Ronaldo Lazário, embora a saudade do Casa Grande aperte toda ver que ouço aquela voz lenta e fanha do camisa nove das copas de 1998. 2002, e 2006. 

Já tá ficando manjado. O Neymar sai, geralmente em unm jogo contra a Colômbia, e assim evita a participação em mais uma vergonha. Aos torcedores resta ouvir Dunga dizer que a Copa foi "ótima". eu diria excepcional, afinal. não é sempre que se perde para a Colômbia (principalmente com a atuação pífia de James Rodriguez e Falcão Garcia) e se vence Venezuela e Perú no sufoco. Ótimo mesmo foi saber que qando o Neymar sai é vexação na certa. Não porque a seleção não saiba jogar sem ele (ela mostrou que sabe e bem), mas porque o futebol está virando uma caixinha de surpresa nada surpreendente. 

Marcelo Medeiros. 

sábado, 27 de junho de 2015

A ressurreição de Jesus



A doutrina da ressurreição de Cristoé de vital importância para a fé cristã. É o traço distintivo de Jesus em relação aos demais líderes das grandes religiões mundiais, e o meio pelo qual a morte expiatória e vicária de Jesus se torna efetiva quanto ao seu propósito. Para Paulo se Cristo tão somente houvesse morrido, mas não ressuscitado, a fé cristã seria tão vã quanto qualquer outra expressão religiosa da época. É isto que faz com que o tema seja refletido, ainda que em linhas gerais.

A RESSURREIÇÃO NO ANTIGO TESTAMENTO

Em todo o Antigo Testamento somente duas referências são feitas à ressurreição dos mortos. (Não falo aqui das supostas referências às ressurreições nacionais conforme se vê em Ez 37. 1 - 14; Os 6. 2 - 6, mas da ressurreição escatológica). Os teus mortos e também o meu cadáver viverão e ressuscitarão; despertai e exultai, os que habitais no pó, porque o teu orvalho será como o orvalho das ervas, e a terra lançará de si os mortos (Is 29. 19 ACF). E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno (Dn 12. 2 ACF). 

Nestes dois últimos textos se pecebe uma clara menção á ressurreição escatológica (dos dias finais). Outros textos que possam sugerir uma ressurreição, caso o façam, fazem de forma implícita. Na verdade fico com a posição dos especialistas de que a visão dos judeus, no tocante à vida futura era bem embaçada, e pouco definida. Mas estes textos trazem a visão de uma ressurreição final, conforme expressa na crença de Maria, irmã de Lázaro (Jo 11. 24). 

A RESSURREIÇÃO NO NOVO TESTAMENTO

Ao que parece a doutrina da ressurreição procede do questonamento a respeito da retribuição. Afinal, como explicar a morte do justo que perece prematuramente? (Is 57. 1, 2). No período interbíblico duas respostas serão propostas a primeira da imortalidade da alma (por empréstimo dos gregos), e a segunda do mundo judaico, no caso, a ressurreição. Já no período dos macabeus a crença era firmada. 

Todavia a concepção de ressurreição dos judeus era estritamente escatológica. Em outras palavras: era algo que se daria quando o mundo fosse transformado, e uma nova ordem instaurada. Ressurreições isoladas, como no caso da filha de Jairo, do filho da viúva de Naim eram verdadeiros milagres, e no caso de Lázaro, morto já há quatro dias, pior ainda!

Estes fatos somados à notícia de que Cristo ressuscitou lançam luz e compreensão a respeito do fenômeno da ressurreição. A notícia era (in)crível no sentido estrito do termo. O Evangelho diz que um homem de nascimento (humanamente duvidoso), descendente de Davi, mas oriundo de uma família pobre, que viveu na Galiléia, morreu como criminoso e ressuscitou, sendo declarado Filho de Deus. 

São estes os elementos que, na ótica de Paul Wascher, tornam o Evangelho a notícia mais escandalosa de todos os tempos. De acordo com Timothy Keller a ressurreição era incrível no mundo grego, porque estes consideravam o corpo uma prisão da alma. A doutrina era igualmente desacreditada porque na perspectiva judaica ela não poderia ser dissociada dos fatos escatológicos. Face ao exposto cabe aqui a pergunta a respeito do que tenha motivado os discípulos a crerem na ressurreição, e pregar a mesma. 

A CRENÇA NA RESSURREIÇÃO DE JESUS

Os discípulos creram na ressurreição de Jesus por qual motivo então? Especialistas sugerem que tal crença decorra de delírios coletivos, ou da concepção de que os ensinos de Jesus reviveram na mente dos discípulos e eles passaram a pregar e ensinar. De minha parte, concordo com Willian Lane Craig, Norman L. Geisler e outros apologistas que sabiamente percebem que a mera lembrança dos ensinos de Cristo explique a ressurreição. 

Um fator a ser percebido é o de que os discípulos do caminho de Emaús, por exemplo, foram chamados de néscios, e tardos de coração para crer tudo o que os profetas disseram! (Lc 24. 25 ACF). Como um grupo que não entendeu as palavras de Cristo e o anúncio da ressurreição poderia rememorar os ensinos de Cristo sem ajuda extraordinária? 

A explicação judaica de que o corpo de Jesus foi roubado, pelos discípulos deixa de levar em conta que o túmulo foi guardado por guardas e que os discípulos estavam desanimados. Isto é perceptível mesmo no relato do caminho de Emaús, onde os discípulos se mostram frustrados por terem acreditado ser Jesus a redenção de Israel e que a despeito da crença este havia sido morto. 

Para Paulo, é a resurreição de Cristo que o torna singular, visto que ele é a totalidade do Evangelho, conforme se percebe no texto abaixo transcrito
Acerca de seu Filho, que nasceu da descendência de Davi segundo a carne, Declarado Filho de Deus em poder, segundo o Espírito de santificação, pela ressurreição dentre os mortos, Jesus Cristo, nosso Senhor (Rm 1. 3, 4 ACF). 
O que Paulo está sugerindo aqui é que o senhorio de Cristo, bem como sua filiação divina são autenticados por sua vitória sobre a morte. Para Paulo, Cristo por nossos pecados foi entregue, e ressuscitou para nossa justificação (Rm 4. 25 ACF).  Aos crentes de Cortinto, que ousaram flertar com a crença de que não existe ressurreição, ele Paulo disse:
se Cristo não ressuscitou, logo é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé. E assim somos também considerados como falsas testemunhas de Deus, pois testificamos de Deus, que ressuscitou a Cristo, ao qual, porém, não ressuscitou, se, na verdade, os mortos não ressuscitam. Porque, se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados (I Co 15. 14 - 17 ACF). 
Para Paulo a certeza da ressurreição estava ligada à experiência que ele tivera no caminho de Damasco. Para os demais discípulos estava atrelada ao período que eles passaram com Jesus, bem como as inúmeras provas que Cristo dera da mesma.  Para nós está ligada ao testemunho do Espírito Santo e mais do que isto, a ação santificadora do mesmo que é uma antecipação da nossa redenção final. 

Em Cristo, Marcelo Medeiros

A Igreja em um Mundo Novo



Há alguns anos Jonh Stott escreveu um livro cujo título é: Ouça o Espírito, Ouça o Mundo. Nele o autor, um dos maiores expositores das Escrituras defendia a idéia de que para que evangélicos fossem ouvidos, deveriam ouvir o mundo. Este ouvir consiste na percepção dos anseios do homem moderno, ao passo que a percepção da vontade do Espírito equivale à audição da Palavra. É neste ponto que se pode perceber o desafio que a Igreja tem diante de si.

A dificuldade em ouvir o mundo está no fato de que por meio da cultura e da arte uma nova lógica surgiu e os evangélicos não perceberam, e pior, perderam o bonde. No tocante ao ouvir o Espírito, o desafio está no fato inconteste de que o Espírito fala por meio das Escrituras, que por sua vez impõem um desafio ao cristão: o de transpor o abismo cultural, filosófico, histórico e linguístico.

De minha parte, vejo o lançamento da lição de Escola Bíblica Dominical de jovens da CPAD como uma oportunidade para que professores e leigos discutam tais questões em meio às aulas, e mais, estendam as discussões para além das classes, para os departamentos, redes sociais, e querendo Deus isto farei neste erspaço.

A TRANSIÇÃO DO MUNDO VÉTERO TESTAMENTÁRIO

Com vistas ao entendimento do mundo do Novo Testamento, ncessário se faz um recuo ao perído exílico. Antes do exílio na Babilônia o mundo judaico tinha no templo o seu centro. Este dado fica claro na profecia de Jeremias.
A palavra que da parte do SENHOR, veio a Jeremias, dizendo: Põe-te à porta da casa do Senhor, e proclama ali esta palavra, e dize: Ouvi a palavra do Senhor, todos de Judá, os que entrais por estas portas, para adorardes ao Senhor. Assim diz o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel: Melhorai os vossos caminhos e as vossas obras, e vos farei habitar neste lugar. Não vos fieis em palavras falsas, dizendo: Templo do Senhor, templo do Senhor, templo do Senhor é este. Mas, se deveras melhorardes os vossos caminhos e as vossas obras; se deveras praticardes o juízo entre um homem e o seu próximo; Se não oprimirdes o estrangeiro, e o órfão, e a viúva, nem derramardes sangue inocente neste lugar, nem andardes após outros deuses para vosso próprio mal, Eu vos farei habitar neste lugar, na terra que dei a vossos pais, desde os tempos antigos e para sempre (Jr 7. 1 - 7 ACF). 
Perceba que a segurança no templo era tamanha que o povo compreendeu que enquanto o templo estivesse entre eles teriam a segurança. A profecia de Jeremias vai na contramão ao afirmar que a fidelidade de Deus ao povo e à aliança está ligada ao comportamento do povo, ao invés do templo em si.

Com a vinda do exército caldeu e sucessivamente do exílio, o povo sente a necessidade de uma outra forma de contato com a aliança. A partir daí a instrução torna-se o centro do viver judaico. Alguns autores, dentre os quais, R. K. Harrison afirmam que daí surgem as primeiras escolas que serão protótipos das futuras sinagogas. Este é um exemplo da adaptação.

Do exílio, nasce o fenômeno da diáspora (διασπορας), ou dispersão judaica, o que reforça ainda mais a necessidade de um processo de afirmação de identidade. O judaísmo palestino viveu isto no exílio na Babilônia e na época da dispersão no império persa, culminando com a perseguição imposta por Antíoco Epifâneo, registrada nas visões de Daniel (8), e no livro dos Macabeus.

Consulte o artigo Macabeus no dicionário Wycliffie, e perceberás que ocorreu um conflito entre judeus e helênicos em razão da política de helenização adotada por Antíoco Epifâneo IV.  O conflito chegou ao ponto de que a adoração e os sacrfícios judaicos foram proibidos, a idolatria foi oficializada e as cópias da lei queimadas.

A ação dos macabeus foi de resistência iniciada na cidade de Modin, a Noroeste de Jerusalém, quando o sacerdote Matatias se recusou a adorar aos ídolos. Após um massacre ocorrido em dia de sábado, e isto, porque os judeus se recusaram a lutar neste dia, os sobreviventes adotaram a tática de guerra santa (I Mac 2. 29 - 48).

Na diáspora de cunho helenista, o moviento se deu por outros meios. O livro de Sabedoria de Salomão (tido como apócrifo em contexto evangélico e por deutero canônico por eruditos de variadas confissões), é paraticamente uma apologia do judaísmo sobre as formas de religiosidade cananéia, egípcia e grega.

A menção que faço deste livro no presente espaço se dá pelo fato de ver o mesmo como uma tentativa de diálogo com a cultura grega. Primeiro pela equiparação do λογος com a Sabedoria judaica conforme de se pode ver no capítulo 7, depois pela assimilação de conceitos dantes obscuros no judaísmo, como o de imortalidade.

É deste modo que o judaísmo aparece como um fenômeno plural já na época de Jesus. O que se pode verificar nas duas pricipais seitas que compunham o sinédrio: Fariseus e Saduceus. Os primeiros criam em ressurreição, na vida futura, e na tanak. Os últimos não criam em ressurreição, vida futura, e aceitaval apenas a Torah. Foi neste ambiente plural, sincrético que apareceram doi homens cuja singularidade não pode deixar de ser destacada no presente estudo João Batista e Jesus.

O JUDAÍSMO E O MUNDO DO NOVO TESTAMENTO

O judaísmo palestino era o mais sincrético e pluralizado. Sincrético pela absorção de conceitos e categorias oriundas de outras culturas, conforme exposto linhas acima. Plural pelo fato de ser dividido internamente em seitas. Essênios, Fariseus, Saduceus, Zelotas, são exemplos de algumas destas seitas políticas que se faziam presentes no cotidiano do judeu.

Os essênios poderiam facilmente serem considerados os precursores do movimento eremita, ou monástico. Era uma seita que tinha sua habitação nas proximidades do mar morto. Julga-se que João Batista tenha sido criado por eles. A hipótese tem sua confirmação no ato do batismo, um tipo de ablução praticada pelos essênios. 

Eles se consideravam o remanescente do verdadeiro Israel. Não são mencionados no Novo Testamento, e possivelmente tal ausência se deva justamente pelo isolamento dos partidários desta seita. Caso seja verdadeira e algum dia a hipótese de João ter sido criado por esta seita se confirme, um questionamento a ser respondido será: como este emergiu do isolamento para a convivência? Ele e Jesus atingiram o mesmíssimo público: prostitutas, publicanos e alguns dos fariseus. 

Outro grupo pontual é o dos fariseus. a hipótese mais provável da origem dos mesmos é que sustenta que eles apareceram no período dos Macabeus. Mesmo quando se recorre às demais hipóteses, percebe-se que o movimento farisaico é estritamente ligado à questão do zêlo. No início eles tiveram o apoio das massas populares e foi assim que foram sendo fortalecidos politicamente. 

Inicialmente adotaram uma política de resistência aos governos estrangeiros, mas que foi sendo mudada. A primeira mudança veio quando "após fazerem parte do movimento dos macabeus), eles concquistaram breve autonomia política. Esta fracassou quando veio a dominação romana. A partir daí deixaram de ser opositores e adotaram uma política neutra. 

No período de Jesus eram mais casuístas, legalistas e sempre são descritos no evangelhos de forma negativa. Na verdade eles aprenderam a amar mais a glória dos homens do que a glória de Deus. Exatamente por este motivo eles se colocavam nas praças e faziam longas orações, jejuavam com os rostos desfigurados, e davam esmolas; tudo para serem vistos pelos homens. Mas foram estes mesmos fariseus que reestruturaram o judaísmo após a destruição de Jerusalém e iniciaram a tradição rabínica. 

Os saduceus poderiam ser comparados aos céticos da atualidade. Eles não aceitavam nada que fosse pertinente à tradição oral. Para os mesmos somente a toráh, ou o pentateuco eram válidos. Não criam em anjos, ressurreição. Mas se aliaram aos fariseus para condenar a Jesus, e juntos com o grupo rival compunham o sinédrio.

Os zelotas eram um grupo de judeus zelosos que ao contrário dos fariseus fugiam da neutralidade política. Especula-se que este mesmo grupo tenha obitido a aprovação de Cristo, que por sua vez foi um revolucionário de esquerda. Tal hipótese baseia-se no fato de que Jesus tenha recebido em seu colegiado apostólico um Simão Zelota. Mas o comportamento de Jesus nos Evangelhos é totalmente contrário a ação dos zelotas, uma vez que estes apelavam para a violência em seu zelo.

Os herodianos eram partidários de Herodes, contudo sem significativa organização partidária. Eram simplesmente pessoas leais a Herodes e são mencionados no Evangelho em duas ocasiões, ambas de forma negativa. Representam os que possuem fidelidade partidária e ideológica a qualquer custo, ainda que seja o do bom senso. Foi neste mundo plural e ao mesmo tempo sincrético que João Batista e Jesus atuaram e deixaram para nós exemplo de práxis do Reino.

JOÃO BATISTA, JESUS E A PRÁXIS DO REINO

O isolamento de João Batista e o seu batismo são interpretados como indicadores de sua herança essênia, e de fato o são. Mas a abrangência de sua pregação não tem nada a ver com este grupo sectário cuja vivência sequer é registrada nos Evangelhos e chegou a nós por meio da descoberta dos escritos que a seita produziu.

Contudo a pregação de João tinhe o seu foco no arrependimento (metanóian [μετανοιαν]) em razão da proximidade do Reino de Deus e do juízo revelado na Vinda do mesmo (Mt 3. 1- 12). A mensagem teve plena adesão do grupo mais improvável da época.
Em verdade vos digo que os publicanos e as meretrizes entram adiante de vós no reino de Deus. Porque João veio a vós no caminho da justiça, e não o crestes, mas os publicanos e as meretrizes o creram; vós, porém, vendo isto, nem depois vos arrependestes para o crer (Mt 21. 31, 32ACF)
João não precisou ser descoladão, ou malucão para conquistar as prostitutas e os publicanos. Ele tão somente pregou uma mensagem de arrependimento. A despeito de seus hábitos ascéticos sua mensagem penetrou ouvidos e corações. O segredo? Ele teve a Palavra do Senhor sobre sua vida.
E no ano quinze do império de Tibério César, sendo Pôncio Pilatos presidente da Judéia, e Herodes tetrarca da Galiléia, e seu irmão Filipe tetrarca da Ituréia e da província de Traconites, e Lisânias tetrarca de Abilene, Sendo Anás e Caifás sumos sacerdotes, veio no deserto a palavra de Deus a João, filho de Zacarias. E percorreu toda a terra ao redor do Jordão, pregando o batismo de arrependimento, para o perdão dos pecados; Segundo o que está escrito no livro das palavras do profeta Isaías, que diz: Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor; Endireitai as suas veredas. Todo o vale se encherá, E se abaixará todo o monte e outeiro; E o que é tortuoso se endireitará, E os caminhos escabrosos se aplanarão; E toda a carne verá a salvação de Deus (Lc 3. 1 - 6 ACF). 
com uma pregação inflamada pelo Espírito de Deus ele atraiu a si fariseus, prostitutas, publicanos, soldados, lhes ordenou arrependimento, anunciou o juízo que estava por vir aos que não se arrependessem de seus pecados, e indicou de forma mais prática e lúcida possível como a metanóian [μετανοιαν] se manifesta em termos práticos.
Dizia, pois, João à multidão que saía para ser batizada por ele: Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira que está para vir? Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento, e não comeceis a dizer em vós mesmos: Temos Abraão por pai; porque eu vos digo que até destas pedras pode Deus suscitar filhos a Abraão. E também já está posto o machado à raiz das árvores; toda a árvore, pois, que não dá bom fruto, corta-se e lança-se no fogo. E a multidão o interrogava, dizendo: Que faremos, pois? E, respondendo ele, disse-lhes: Quem tiver duas túnicas, reparta com o que não tem, e quem tiver alimentos, faça da mesma maneira. E chegaram também uns publicanos, para serem batizados, e disseram-lhe: Mestre, que devemos fazer? E ele lhes disse: Não peçais mais do que o que vos está ordenado. E uns soldados o interrogaram também, dizendo: E nós que faremos? E ele lhes disse: A ninguém trateis mal nem defraudeis, e contentai-vos com o vosso soldo (Lc 3. 7 - 14 ACF). 
Sem nanhum traço de deslumbramento João desfez as expectativas do povo quanto à sua identidade messiânica, e anunciou o batismo do Espírito e o de juízo aos que não se convertessem
E, estando o povo em expectação, e pensando todos de João, em seus corações, se porventura seria o Cristo, Respondeu João a todos, dizendo: Eu, na verdade, batizo-vos com água, mas eis que vem aquele que é mais poderoso do que eu, do qual não sou digno de desatar a correia das alparcas; esse vos batizará com o Espírito Santo e com fogo. Ele tem a pá na sua mão; e limpará a sua eira, e ajuntará o trigo no seu celeiro, mas queimará a palha com fogo que nunca se apaga (Lc 3. 15 -17 ACF).
O saldo final da vida de João pode ser visto no temor que este inspirou em ímpios como Herodes (Mt 14. 5) e nos saduceus (Mt 21. 24 - 26). Mas também foi dado pelo próprio Cristo, para quem aquele era mais do que um profeta, um mensageiro que fora mandado como prenúncio da obra messiânica.
 E, partindo eles, começou Jesus a dizer às turbas, a respeito de João: Que fostes ver no deserto? uma cana agitada pelo vento? Sim, que fostes ver? um homem ricamente vestido? Os que trajam ricamente estão nas casas dos reis. Mas, então que fostes ver? um profeta? Sim, vos digo eu, e muito mais do que profeta; Porque é este de quem está escrito:Eis que diante da tua face envio o meu anjo,que preparará diante de ti o teu caminho. Em verdade vos digo que, entre os que de mulher têm nascido, não apareceu alguém maior do que João o Batista; mas aquele que é o menor no reino dos céus é maior do que ele (Mt 11. 7 - 11 ACF). 
Contrariando as regras atuais de marketing João alça a uma escala jamais alçada por nenhum dos pregadores marketeiros da atualidade. Dele Jesus diz: entre os que de mulher têm nascido, não apareceu alguém maior do que João o Batista. E só tem um caminho para superar João Batista SER O MENOS NO REINO DOS CÉUS.

Nem a vida ascética, nem a vida imersa na comunidade são garantia de aceitação. Se há uma verdade a ser absorvida por nós cristãos e evangélicos é que o estilo de vida cristão é ofensivo aos que não são da luz, de modo que tanto Jesus quanto João Batista foram rejeitados por sua geração.
Mas, a quem assemelharei esta geração? É semelhante aos meninos que se assentam nas praças, e clamam aos seus companheiros, E dizem: Tocamo-vos flauta, e não dançastes; cantamo-vos lamentações, e não chorastes. Porquanto veio João, não comendo nem bebendo, e dizem: Tem demônio. Veio o Filho do homem, comendo e bebendo, e dizem: Eis aí um homem comilão e beberrão, amigo dos publicanos e pecadores. Mas a sabedoria é justificada por seus filhos (Mt 11. 16 - 19 ACF). 
Repara que Cristo não pede atenção aos seu estilo de vida, mas às suas obras, e pronuncia um juízo contra os que a despeito dos sinais não creram. Este é o maior desafio que teremos pela frente

Continua........


Marcelo Medeiros. Em Cristo.
 


quarta-feira, 24 de junho de 2015

O Jesus à Gregório Duvivier



Comercial "polêmico" da boticário, campanha de boicote (ao meu ver um tiro no pé da militância evangélica [aqui]), parada gay com paródia da cruz [aqui], reações dos evangélicos[aqui], artigo esclarecedor de Augustus Nicodemus Lopes [aqui], reações ao artigo de Nicodemus, agressões à pequena Kailane, comentários genéricos de Boechat, resposta de Silas Malafaia, Ofensas de Boechat, adesão da opinião pública ao gesto do jornalista da Band [aqui]. Assim foi a semana e as últimas postagens deste blog tem focado a dinâmica dos assuntos. 

Após a sugestão indelicada de Boechat para Silas Malafaia, este virou alvo de piadas nas redes sociais. A última uma carta de Jesus para ele em que Gregório Duvivier aponta as inconsistências entre a vida de Jesus, supostamente pregado pelo líder da ADVEC,  e a vida deste líder em apreço. Esta é a grande sacada do artigo, mas para por aí. Sim. Na medida em que se avança na leitura do texto [aqui e aqui], se percebe um Jesus fabricado. 

Na canção Nada Melhor de autoria de Ralph Charmichel já se percebe que a despeito de um único Jesus que tenha existido ele possui a sua versão filosófica, poética, comunista e até mesmo hipie. contudo sem a percepção de Cristo como filho de Deus a leitura de Jesus se torna reducionista como no caso da versão apresentada por Gregório Duvivier. 

A iniciativa de criar um Cristo não é nova. Vários "jesuses" históricos foram criados, e quando Albert Shweitizer apontou as inconsistências e declarou que a única forma de se conhecer Jesus era por meio de seu Espírito, entrou em moda um novo tipo de "jesus", o Cristo da fé de Bulltmann. Mas o Jesus histórico ganha força novamente em sua versão latino-americana na obra Jesus Cristo libertador de Leonardo Boff. Creio que o Jesus de Gregório Duvivier se inspira nesta matiz teológica. 

Mas o Jesus da Bíblia além de abraçar leproso, os curou e cobrou a gratidão dos que não voltaram. Não era alguém que odiava gratuitamente os ricos. Como conhecedor da natureza humana, ele sabia da dependência que o homem tinha e tem da segurança proporcionada por recursos. Daí que Cristo tenha se sentido livre para receber recusos das mulheres ricas em seu ministério, e ao mesmo tempo livre para dizer que as riquezas deveriam ser usadas para o bem estar alheio. 

Deste modo, Cristo foi inteiramente livre para se convidar a entrar na casa de Zaqueu (um rico), e anunciar a salvação a este, que no seu entendimento era mais um dos perdidos que ele veio buscar. A pobreza da qual Cristo é amante não tem nada a ver com o ideal franciscano, nem com o marxista. Jesus ama os que sabem que dependem unica e exclusivamente de Deus. 

Desconfio que se Cristo tivesse sido contemporâneo de Marx, Bakunin e cia, ele não teria comprado a ideologia nem de direita, nem de esquerda. Leia mais atentamente os Evangelhos e veja que Jesus não se associa nem aos zelotas (os revolucionários da época), nem aos da situação, no caso, os herodianos. 

Quando o suposto zelote Judas Iscariotes, propõe a Jesus que o perfume derramado por Maria fosse revertido para os pobres, ele disse os pobres sempre os tende convosco. Mas de forma alguma Jesus impediu a Zaqueu de dar metade dos seus bens aos pobres. Pelo contrário, ele reconheceu nesta liberalidade um sinal de salvação. Mas este mesmo Jesus não titubeou em chamar Herodes de raposa velha. 

A respeito dos ladrões, já falei aqui. Creio que eles fossem revolucionários. Mas o perdão foi concedido exclusivamente ao que reconheceu a inocência do filho de Deus e suplicou que este se lembrasse dele em seu reino. Ali o recado está dado a situação de opressão, por si só não salva a ninguém. É necessário reconhecer o Cristo na figura de Jesus. 

Por último, haverá um dia em que Cristo voltará mesmo, não como oprimido, ou como pessoa em situação de opressão, mas com poder e glória para julgar os que não exerceram misericórdia para com os pequeninos dele, e mais creio como cristão é com o reinado dele que a situação de opressão será realmente superada. Afinal Cristo viveu esta situação ainda em vida. Seu nascimento e morte são pontuais. 

Se creio que o mal possa ser vencido, o creio por causa da ressurreição, não por causa de ideologias falidas que nada podem contra a natureza humana. É isto que me faz permanecer firme no Evangelho a despeito daqueles que dizendo-se seus defensores são na verdade seus maiores inimigos, e tem o seu ventre como o seu deus. Paulo já cantou a pedra dizendo que o fim deles é a perdição. 

Marcelo Medeiros, em Cristo, não o do Gregório Duvivier, nem o de significativa parte da liderança evangélica, mas o da Bíblia mesmo. 

sábado, 20 de junho de 2015

Boechat Responde Silas Malafaia ao Vivo



Em seu programa ao vivo na Band o jornalista Boechat respondeu ao vivo uma twittada de Silas Malafaia. Este desafiou o jornalista para um debate. O desafio, ao que parece se deu por causa de uma generalização feita pelo jornalista, ao supostamente colocar todos os evangélicos como preconceituosos. A resposta foi carregada de acusações e palavras de baixo calão. A este fato gostaria de fazer algumas observações.

Primeiro: Silas Malafaia não é referencial doutrinário para mim. Neste espaço mesmo fiz duas críticas ao mesmo. A primeira pertinente ao arcabouço doutrinário do referido pastor. Não fiz outras do mesmo teor, por entender ser inviável construir um ministério saudável com base na crítica ao que ele fala e diz.

Segundo: mesmo não vendo o mesmo como referencial ministerial, teológico e doutrinário; reconheço a importância do mesmo no debate atual sobre a questão dos direitos dos homoafetivos. (Não que não reconheça os direitos civis dos homoafetivos, mas pelo fato de perceber os argumentos empregados na luta pelos direitos do público acima descrito eram conduzidos por uma estranha lógica de consenso, algo do tipo: quem não pensa assim é homofóbico). Infelizmente ele foi a única voz audível na mídia, face à polêmica causada por alguns artigos do PLC/ 122, reconhecidamente inconstitucional, por ambos os lados da causa.

Terceiro: mesmo reconhecendo o papel dele, meu discernimento não se fecha aos atos quixotesco do mesmo, tal como na campanha do comercial da Boticário. Por mais ideológico que o mesmo tenha sido, e a despeito do papel ideológico de uma mídia cada vez mais compromissada com a formação e legitimação de novos comportamentos, o mundo é o mundo e campanhas policialescas não são a melhor forma de cristãos influenciar positiva e beneficamente a sociedade.

Por último a despeito de tudo o que foi afirmado supra, não é por meio da ofensa pessoal que um jornalista se faz ouvir em público, como fez o Boechat. Faltou argumento, elegância, ética e todo um conjunto de valores que devem estar presentes em toda e qualquer pessoa pública e quiçá em um jornalista com a projeção que ele tem.

Rola por aí um vídeo em que Caio Fábio, durante uma refeição, fez uma defesa ao Boechat (alguém poderia ver isto como algo inopinado?). Razões à parte apresentadas pelo ex pastor presbiteriano, o fato é que a elegância com que ele ofende e ridiculariza o Malafaia expõe ainda mais o destempero na resposta do jornalista ao pastor. Mesmo assim, incorre em erro brutal, o de idiotizar o oponente (um outro vício em moda atualmente).

O mais interessante em tudo isto é que a aprovação que a atitude de Boechat em relação ao pastor da ADVEC, demonstra claramente que a insanidade está tomando conta de ambos os lados da questão. Por maior que seja o desafeto ao Silas Malafaia, ou a aversão que se tem à pessoa dele, quando atitudes como a de Boechat são aprovadas há um claro sintoma de que o ódio, ao invés do discernimento está se tornando o mediador neste conflito.

Pior na Pragmatismo Político, a fala de Boechat foi interpretada como defesa, ao passo que a de Malafaia foi vista como provocação. Malafaia não é santo, mas vilão?! Para que eu quero descer! Um dos erros do Boechat foi afirmar que Silas Malafaia ganha dinheiro vendendo salvação (o assunto mais ausente nas pregações de Silas, que fala de prosperidade, sucesso e outros assuntos). 

Salvação não é algo vendável. Acredito que cada vez menos se vende este produto. Daí minha resistência pessoal em associar a figura de Malafaia à de um pregador do Evangelho. Qualquer leitor de Bíblia sabe que a despeito das citações que ele faz do vulgo livro da capa preta, a grande maioria é do Antigo Testamento, e de uma época em que a religião judaica era voltada a dar respostas às questões do cotidiano, ao invés de focar em vida futura. 

Espero que o bom senso volte a ser o mediador de conflitos, o caminho, tenho indicado em alguns textos por aqui. 

Marcelo Medeiros. 

sexta-feira, 19 de junho de 2015

Visto Todas as Cores e Sigo a Paz



A notícia da semana fica por conta de um ataque de um grupo de "supostos evangélicos" a um grupo de candomblecistas ocorrido aqui no Rio, especificamente na Vila da Penha. De minha parte, a solidariedade às mulheres que foram agredidas, a indignação com os que mancharam o nome dos "evangélicos" e uma preocupação em razão do ocorrido. 

Solidariedade porque sei que a despeito de morar em um país supostamente tolerante, conheço a situação de perseguição passada por muitos cristãos em países mulçumanos e marcados por ditaduras "comunistas". Conheço o silêncio da mídia em relação aos massacres que estes estão sofrendo em toda a parte do mundo. Daí que a despeito do quanto queiram dizer que não, posso sim ser solidário a estas vítimas de agressão. 

Minha indignação se dirige às pessoas que fizeram este ato enquanto seguravam uma Bíblia (isto por si só não se constitui prova de que as mesmas fossem evangélicas, católicas, ou que fossem), mas não vai demorar a surgir gente para associar o crescimento do pentecostalismo com o crescimento da intolerância religiosa. 

Em tempo gostaria de que as pessoas atentassem que o nome de evangélico cai bem com a pessoa que incorpora os ensinos do Evangelho. Em parte alguma do Evangelho Jesus orientou seus discípulos a entrarem em terreiros de culto afro, quebrar imagens, ofender os participantes do culto etc... Quem assim procede pode ser chamando de tudo, menos de evangélico. 

As minhas palavras acima não são parte de um discurso politicamente correto. Elas brotam de uma história e uma memória viva de quem soube na prática conviver com a diferença. Minha mãe foi umbandista e eu crente, evangélico, assembleiano, pentecostal clássico. E vivemos bem com as nossas diferenças respeitando um ao outro, nossos debates eram pacíficos e me deram a base e o fundamento para discutir na atualidade. 

Lógico que como crente e evangélico entendi e entendo que o melhor caminho, na verdade o único, é Cristo. Sei que tudo o que eu e qualquer cristão precisamos fazer é trazer a boa notícia à tona. O trabalho de convesão não me pertence, nem a crente algum, mas a Deus que age por meio de sua palavra, e ao Espírito que convence o homem. Por este motivo, não preciso lançar mãos da violência, da ofensa para tal. Minhas palavras não se perdem em discursos vazios, mas que tenham toda uma prática de vida como fundamento. 

Minha preocupação se dirige à imagem que lentamente estão conseguindo construir dos evangélicos, como "homofóbicos", "intolerantes", "fundamentalistas" e até como "terroristas". Até podem pensar isto de nós, mas não é este o comportamento recomendado pela Bíblia, veja os textos que seguem ipsis litteris:
Amados, peço-vos, como a peregrinos e forasteiros, que vos abstenhais das concupiscências carnais, que combatem contra a alma; Tendo o vosso viver honesto entre os gentios; para que, naquilo em que falam mal de vós, como de malfeitores, glorifiquem a Deus no dia da visitação, pelas boas obras que em vós observem (I Pe 2. 11, 12 ACF). 
Outro texto importante é este: 
E qual é aquele que vos fará mal, se fordes seguidores do bem? Mas também, se padecerdes por amor da justiça, sois bemaventurados. E não temais com medo deles, nem vos turbeis; Antes, santificai ao Senhor Deus em vossos corações; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós, Tendo uma boa consciência, para que, naquilo em que falam mal de vós, como de malfeitores, fiquem confundidos os que blasfemam do vosso bom porte em Cristo. Porque melhor é que padeçais fazendo bem (se a vontade de Deus assim o quer), do que fazendo mal (I Pe 3. 13 - 17 ACF). 
Este último texto deixa claro que no afã de evitar uma perseguição evangélicos correm o risco de com um comportamento contrário ao recomendado pela Bíblia virem a ser perseguidos, e isto não é ser perseguido por causa da justiça. Me despeço pedindo a Deus para que dispense dua graça comum a ambos os lados da questão para que o impasse seja resolvido da melhor forma possível, e que as vítimas superem o ocorrido e a má impressão deixada. 

Na paz de Cristo, Marcelo Medeiros. 

A Morte de Jesus



Neste post pretedo falar da morte de Cristo a partir do contexto lucano e em seguida analisar a mesma a partir de um prisma bíblico geral. Para tal necessário se faz que se considerem alguns textos do referido Evangelho. Deus abençoe o presente estudo de sua santa Palavra.

OS TEXTOS

Sobre a morte de Cristo no Evangelho de Lucas
Eis que este é posto para queda e elevação de muitos em Israel, e para sinal que é contraditado (E uma espada traspassará também a tua própria alma); para que se manifestem os pensamentos de muitos corações (Lc 2. 34, 25 ACF)
É necessário que o Filho do homem padeça muitas coisas, e seja rejeitado dos anciãos edos escribas, e seja morto, e ressuscite ao terceiro dia (Lc 9. 22 ACF).  
Os quais apareceram com glória, e falavam da sua morte, a qual havia de cumprir-se em Jerusalém (Lc 9. 30 ACF).
Ponde vós estas palavras em vossos ouvidos, porque o Filho do homem será entregue nas mãos dos homens (Lc 9. 44 ACF).  
E, tomando consigo os doze, disse-lhes: Eis que subimos a Jerusalém, e se cumprirá no Filho do homem tudo o que pelos profetas foi escrito; Pois há de ser entregue aos gentios, e escarnecido, injuriado e cuspido; E, havendo-o açoitado, o matarão; e ao terceiro dia ressuscitará (Lc 18. 31 - 33 ACF).
E, tomando o pão, e havendo dado graças, partiu-o, e deu-lho, dizendo: Isto é o meu corpo, que por vós é dado; fazei isto em memória de mim. Semelhantemente, tomou o cálice, depois da ceia, dizendo: Este cálice é o novo testamento no meu sangue, que é derramado por vós (Lc 22. 19, 20 ACF).  
E era já quase a hora sexta, e houve trevas em toda a terra até à hora nona, escurecendo-se o sol; E rasgou-se ao meio o véu do templo. E, clamando Jesus com grande voz, disse: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito. E, havendo dito isto, expirou. E o centurião, vendo o que tinha acontecido, deu glória a Deus, dizendo: Na verdade, este homem era justo. E toda a multidão que se ajuntara a este espetáculo, vendo o que havia acontecido, voltava batendo nos peitos. E todos os seus conhecidos, e as mulheres que juntamente o haviam seguido desde a Galiléia, estavam de longe vendo estas coisas. E eis que um homem por nome José, senador, homem de bem e justo, Que não tinha consentido no conselho e nos atos dos outros, de Arimatéia, cidade dos judeus, e que também esperava o reino de Deus; Esse, chegando a Pilatos, pediu o corpo de Jesus. E, havendo-o tirado, envolveu-o num lençol, e pô-lo num sepulcro escavado numa penha, onde ninguém ainda havia sido posto. E era o dia da preparação, e amanhecia o sábado. E as mulheres, que tinham vindo com ele da Galiléia, seguiram também e viram o sepulcro, e como foi posto o seu corpo (Lc 23. 44 - 55 ACF). 
Ó néscios, e tardos de coração para crer tudo o que os profetas disseram! Porventura não convinha que o Cristo padecesse estas coisas e entrasse na sua glória? E, começando por Moisés, e por todos os profetas, explicava-lhes o que dele se achava em todas as Escrituras (Lc 24. 25 - 27 ACF). 
E disse-lhes: São estas as palavras que vos disse estando ainda convosco: Que convinha que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na lei de Moisés, e nos profetas e nos Salmos. Então abriu-lhes o entendimento para compreenderem as Escrituras. E disse-lhes: Assim está escrito, e assim convinha que o Cristo padecesse, e ao terceiro dia ressuscitasse dentre os mortos, E em seu nome se pregasse o arrependimento e a remissão dos pecados, em todas as nações, começando por Jerusalém. E destas coisas sois vós testemunhas (Lc 24. 44 - 48  ACF). 
O SIGNIFICADO DOS TEXTOS

dos textos lucanos a respeito da morte de Cristo emergem as seguintes verdades:

  1. Cristo estava destinado a morrer pelos pecados do povo. Jesus, disse Pedro: "foi entregue pelo determinado conselho e presciência de Deus, prendestes, crucificastes e matastes pelas mãos de injustos" (At 2. 23 ACF).  
  2. A morte de Cristo foi necessária para a remissão dos pecados, uma vez que sem derramamento de sangue não há remissão (Hb 9. 22 ACF). O Texto de Lucas é claro em afirmar que Cristo, O Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido (Lc 19. 10 ACF). 
  3. A morte de Cristo era necessária para a remissão dos pecados. 
  4. A morte de Cristo é o cumprimento da profecia bíblica. 
O fato de Cristo estar destinado a morrer pode ser confirmado na pregação de Pedro no Pentecostes.
A Jesus Nazareno, homem aprovado por Deus entre vós com maravilhas, prodígios e sinais, que Deus por ele fez no meio de vós, como vós mesmos bem sabeis; A este que vos foi entregue pelo determinado conselho e presciência de Deus, prendestes, crucificastes e matastes pelas mãos de injustos (At 2. 22, 23 ACF). 
Convém observar que a morte de cruz era destinada a criminosos que antentavam contra o império. Jesus não se encaixa neste perfil, não era criminoso e sequer atentou contra Roma. O texto o descreve como varão aprovado por Deus, vem do verbo grego απδεικνυμέ (apodeikmyné), cujo sentido é o de alguém que é aprovado apontado, ou do qual se demonstrou ser aquilo que dizia ser. Estas provas, ou evidências foram expostas, apresentadas por meio de maravilhas, prodígios e sinais, que Deus por ele realizou.

Mas se Cristo foi inocente como explicar a sua morte? A explicação vem por meio das palavras do apóstolo τουτον τη ωρισμενη βουλη και προγνωσει του θεου (toyton oorisomenee boylee kai prognoosei), ou determinado conselho e presciência de Deus. O termo ωρισμενη vem do verbo Όρίζω (orizoo), cujo sentido é o de delinar fronteira, determinar. É com este sentido que Lucas emprega este mesmo verbo na fala de Cristo na última ceia, quando este disse: E, na verdade, o Filho do homem vai segundo o que está determinado; mas ai daquele homem por quem é traído! (Lc 22. 22 ACF). Percebe-se aqui que o fato da morte de Jesus estar predeterminada por Deus não isentou Judas de sua responsabilibade pessoal.

A morte de Jesus segue o conselho, a determinação, ou decreto de Deus. É o que se infere do termo βουλη (boulee). Este é empregado na oração que Pedro e a Igreja fazem após a primeira reprimenda que os apóstolos recebem face às ameaças do sinédrio, eles oram nestes termos:
unânimes levantaram a voz a Deus, e disseram: Senhor, tu és o Deus que fizeste o céu, e a terra, e o mar e tudo o que neles há; Que disseste pela boca de Davi, teu servo: Por que bramaram os gentios, e os povos pensaram coisas vãs? Levantaram-se os reis da terra,E os príncipes se ajuntaram à uma, Contra o Senhor e contra o seu Ungido. Porque verdadeiramente contra o teu santo Filho Jesus, que tu ungiste, se ajuntaram, não só Herodes, mas Pôncio Pilatos, com os gentios e os povos de Israel; Para fazerem tudo o que a tua mão e o teu conselho tinham anteriormente determinado que se havia de fazer (At 4. 24 - 28 ACF). 
A morte de Jesus foi uma empreitada humana? Foi. Repare que a culpa da morte de Cristo não recai somente sobre os judeus, mas é dito que se ajuntaram, não só Herodes, mas Pôncio Pilatos, com os gentios e os povos de Israel. Igualmente é dito (ainda que de forma implícita), que um Deus que criou os céus e a terra não poderia jamais perder o controle desta situação.

Assim, eles fizeram o que a mão e o conselho de Deus tinham anteriormente determinado. A vontade de Deus determinou que Cristo haveria de morrer. Todavia tal determinação não se dá no vácuo, mas em coorperação com os homens, e conforme pontuado acima, não os isenta de sua responsabilidade pessoal.

Por último, o termo προγνωσει remete à presciência de Deus, que no entendimento deste autor remete ao conhecimento prévio da natureza dos homens. Deus sabia que eles rejeitariam a Cristo, e se valeu de tal para consumar o seu projeto, conforme tudo o que dele estava escrito nas Escrituras Sagradas. Este é o cerne do ensino das Escrituras a respeito da morte de Jesus. 

Em ponto algum esta é apresentada como algo acidental, trágico; mas como a consumação do plano de Deus e das profecias, que afirmam a necessidade de uma morte vicária pelos pecados da humanidade. 
Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido. Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo seu caminho; mas o Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos (Is 53. 4 - 6 ACF). 
Daí Cristo ter afirmado a necessidade de subir para Jerusalém e la padecer nas mãos dos anciãos e demais príncipes do povo (Mt 16. 21; Lc 9. 22). A mensagem foi confirmada no Monte da Trasfiguração, por meio da visão de Moisés e Elias falando com Cristo a respeito de sua partida. Lucas emprega o termo εξοδον (exodon), para se referir à morte de Jesus, mas a despeito do quanto a mensagem tenha sido transmitida é fato que eles não entendiam esta palavra, que lhes era encoberta, para que a não compreendessem; e temiam interrogá-lo acerca desta palavra (Lc 9. 45). 

Após a ressurreição eles tiveram seus entendimentos abertos para a compreensão da palavra, bem como do desígnio de Deus a respeito da morte de Cristo, e do propósito da mesma. E isto, ao ponto de formular um credo do Evangelho. 
o evangelho que já vos tenho anunciado; o qual também recebestes, e no qual também permaneceis. Pelo qual também sois salvos se o retiverdes tal como vo-lo tenho anunciado; se não é que crestes em vão. Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras, E que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras (I Co 15. 1 - 4 ACF). 

Em Cristo, Marcelo Medeiros 



segunda-feira, 15 de junho de 2015

Eu também não fui ofendido




Comercial da boticário em tons inclusivos, campanha "evangélica" de boicote à empresa aludida, parada gay com direito à paródia da crucificação (falo paródia porque não se trata de uma representação, nem de uma busca de associação entre a injustiça sofrida por Cristo e os transsexs, mas de um deboche explícito mesmo), crentes aceitando a provocação, mídia embalando a guerra inexistente, Magno Malta e cia verberando contra, discurso de Jean Wyllys, etc... E foi assim que a semana foi se desencadenado. 

Não posso deixar de pontuar aqui que na discussão provocada pelo PLC/122, a questão foi mal conduzida pela mídia (que no lugar de esclarecer explorou o conflito inicial, ao ponto deste vir a ser uma guerra de conceitos). Os gays, em tese queriam ter os seus direitos garantidos pelo Estado, e os cristãos que não fossem subtraídos no seu direito de expressar sua opinião e exercerem sua fé. Não seria tão difícil resolver a questão, não fosse má vontade de ambos os lados e um deslumbramento midiático que foi tomando conta das vozes de ambos os movimentos. 

Mas nem tudo está perdido. No meio de tanta barbárie conceitual surgem vozes com lucidez, dentre as quais Otoni de Paulo Jr, Augustus Nicodemus Lopes. No caso da Boticário por exemplo, Otoni de Paula com extrema lucidez se posicionou como cristão e analisou a situação. A lição surpreendente em um vídeo simples, mas profundo. Não cabe ao estado definir, conceituar o que é casamento, mas cabe ao mesmo a garantia dos direitos fundamentais destes cidadãos. 

O mais chocante de todos o post de Augustus Nicodemus Lopes, Não estou ofendido [aqui]. Mas ao contrário do que se esperava o post causou problemas sérios. Deconfio que tais problemas sejam de ordem filosófica, comportamental e doutrinária. No aspecto filosófico Nicodemus deu um soco na boca do estômago de crentes com cosmovisão católica (nos que veem a cruz como um objeto sagrado, por exemplo). No campo doutrinário por defender uma cristologia mais bíblica. No comportamental, por atingir em cheio a excessiva afetação e a reação desequilibrada dos mesmos. 

Um outro acerto de Nicodemus consiste no fato de que esta análise deveria partir daqueles que alegam representar o povo evangélico, quando na verdade se valeram do ânimo inflamado e da repercusão midiática para alimentarem ainda mais o sensacionalismo em torno da questão. Não defendo aqui que eles tenham feito isto propositadamente, mas que é isto que está aconetecendo. 

Em um segundo post nicodemus afirma que vai fazer parte de uma reunião com lideranças políticas a fim de apresentarem um projeto de lei que criminalize o uso de símbolos religiosos de forma profana, tal como ocorrido na aludida manifestação, mas que suas motivações não se restringem à afetação, mas pelo senso do que é correto [aqui]. É este senso que deve marcar as atitudes cristãs. 

Abraços fraternos em Cristo, Marcelo Medeiros. 

sábado, 13 de junho de 2015

A Última Ceia



A páscoa é uma des três principais festas judaicas ordenadas na lei mosaica, o fato de a mesma ter sido celebrada por Cristo momentos antes de sua prisão conferiu novo significado à mesma. Daí em diante esta passa a ser uma ordenança visando "trazer à memmória dos fiel a pessoa, obra, e vida de Cristo". 

Mas que Cristão algum caia na tentação de ver a Ceia do Senhor como uma mera ordenança. Existe todo um contexto cultural, teológico em que semelhante ordenança foi dada, e assim, necessário se faz com que o mesmo seja devidamente considerado a fim de que o propósito da ceia do Senhor seja devidamente cumprido. Este é o tema do presente estudo. 

A PÁSCOA

Existem sérias dúvidas a respeito do vocábulo que dá origem ao termo páscoa. alguns autores propõem que este termo seja derivado de paschu, que indica a paz e segurança resultante da instituição de um pocto entre duas partes. Neste caso o pacto de Deus com Israel seria o de preservação dos efeitos da passagem do destruidor pelo Egito. 

O termo egípcio p'shc também entra na disputa, sendo que neste caso como golpe, e seria uma alusão ao duro golpe dado pelo Senhor na terra do Egito ao ferir os primogênitos do povo opressor. 
O que feriu o Egito nos seus primogênitos; porque a sua benignidade dura para sempre; E tirou a Israel do meio deles; porque a sua benignidade dura para sempre; Com mão forte, e com braço estendido; porque a sua benignidade dura para sempre (Sl 136. 10 - 12 ACF).
Pasha é o termo usualmente aceito por fazer menção à passagem do destruidor pela terra do Egito e ao livramente que os primogênitos de Israel receberam nesta ocasião. 
E eu passarei pela terra do Egito esta noite, e ferirei todo o primogênito na terra do Egito, desde os homens até aos animais; e em todos os deuses do Egito farei juízos. Eu sou o Senhor. E aquele sangue vos será por sinal nas casas em que estiverdes; vendo eu sangue, passarei por cima de vós, e não haverá entre vós praga de mortandade, quando eu ferir a terra do Egito (Ex 12. 12, 13 ACF). 
Usualmente uma celebração judaica comemorativa em razão do livramento dos primogênitos na noite em que o destruidor passou pelo Egito e pela libertação do povo de Israel. Inicialmente ele foi comemorada de acordo com a descrição feita no texto de Ex 12, e conforme explicitado pelo autor na própria revista. 

Contudo com o passar do tempo a cerimônia se desenvolveu. De uma festa familiar ela passou a ser uma festa de peregrinação até o local do templo, conforme visto no Deuteronômio. 
Não poderás sacrificar a páscoa em nenhuma das tuas portas que te dá o Senhor teu Deus; Senão no lugar que escolher o Senhor teu Deus, para fazer habitar o seu nome, ali sacrificarás a páscoa à tarde, ao pôr do sol, ao tempo determinado da tua saída do Egito. Então a cozerás, e comerás no lugar que escolher o Senhor teu Deus; depois voltarás pela manhã, e irás às tuas tendas. Seis dias comerás pães ázimos e no sétimo dia é solenidade ao Senhor teu Deus; nenhum trabalho farás (Dt 16. 5 - 8 ACF). 
Em todas as cerimônias litúrgicas era feita uma refeição, com a memória dos feitos do Senhor na terra do Egito, porções de vinho eram tomadas entre as refeições. A diferença subistancial, conforme ressaltado neste estudo era que quando o povo era nômade a festa tinha o caráter de uma refeição mais familiar. Tão logo o povo passa a ser sedentário, a festa adquire caráter mais instittucional, com celebrações de sacrifícios (por parte dos sacerdotes). 

Durante a celebração era cantada a primeira parte do Hallel (Sl 113 - 114), após a refeição era cantada a segunda parte do Hallel (Sl 115 - 118). É provável que este tenha sido o hino que os Evangelhos afirmam ter sido cantado por Cristo após a celebração da páscoa. Partindo da última páscoa celebrada com Cristo, é instiuída a ceia do Senhor, ou Eucaristia. 

O SENTIDO DE CEIA
E disse-lhes: Desejei muito comer convosco esta páscoa, antes que padeça; Porque vos digo que não a comerei mais até que ela se cumpra no reino de Deus. E, tomando o cálice, e havendo dado graças, disse: Tomai-o, e reparti-o entre vós; Porque vos digo que já não beberei do fruto da vide, até que venha o reino de Deus. E, tomando o pão, e havendo dado graças, partiu-o, e deu-lho, dizendo: Isto é o meu corpo, que por vós é dado; fazei isto em memória de mim. Semelhantemente, tomou o cálice, depois da ceia, dizendo: Este cálice é o novo testamento no meu sangue, que é derramado por vós (Lc 22. 15 - 22 ACF). 
A ceia é literalemente uma refeição, geralmente a última realizada durante à noite. Mas dentro do contexto cultural bíblico fazer uma refeição com outra pessoa era um sinal de que ambos gozavam de paz, intimidade e comunhão. Um exemplo clássico, tanto do selo de uma aliança, quando do estabeleciento de paz entre duas partes é o caso de Abimeleque e Isaque, que selaram a paz em um banquete. 
E Abimeleque veio a ele de Gerar, com Auzate seu amigo, e Ficol, príncipe do seu exército. E disse-lhes Isaque: Por que viestes a mim, pois que vós me odiais e me repelistes de vós? E eles disseram: Havemos visto, na verdade, que o Senhor é contigo, por isso dissemos: Haja agora juramento entre nós, entre nós e ti; e façamos aliança contigo. Que não nos faças mal, como nós te não temos tocado, e como te fizemos somente bem, e te deixamos ir em paz. Agora tu és o bendito do Senhor. Então lhes fez um banquete, e comeram e beberam; E levantaram-se de madrugada e juraram um ao outro; depois os despediu Isaque, e despediram-se dele em paz (Gn 26. 26 - 31 ACF). 
Há que se observar neste texto que: 

  1. Em razão do crescimento de Isaque Abimeleque o repeliu de si. 
  2. Após a decisão tomada, este voltou atrás por haver percebido que o Senhor era com ele. Logo, a presença de Deus é fator determinante no estabelecimento da paz. 
  3. Diante da contatação de que Deus era presente na vida de Isaque, é proposto um juramento אָלָ֛ה ('ãlãh), cujo sentido pode ser de maldição, ou de juramento, pacto, concerto. 
  4. O emprego de אָלָ֛ה ('ãlãh) com este sentido é reforçado pelo uso da terminologia בְרִ֖ית (b'rith), que denota, uma aliança, ou acordo entre duas pessoas
  5.  Os termos do acordo entre Isaque e Abimeleque foram estes: que não nos faças mal, como nós te não temos tocado, e como te fizemos somente bem, e te deixamos ir em paz
  6. A aliança foi selada com um banquete entre as partes contratantes. 
  7. Foi isto que deus fez por nós através de Cristo Jesus. Ele estabeleceu a paz (Rm 5. 1; Ef 2. 14, 17; Cl 1. 20), firmou conosco uma aliança (Jr 31. 31 - 35). 
Os Evangelhos sugerem que Cristo de fato comeu sucessivas vezes com os seus discípulos, indicando com isto a comunhão que possuía com os mesmos. A parceria foi selada em meio a uma aliança ratificada na última páscoa que celebraram juntos. Deste ato nasce aquilo que o Critão conhece como "ceia do Senhor", ou 'Eucaristia" (ações de graças). Para o evangélico, um memorial, para católicos um sacramento (meio de se conferir graça). 

Mesmo vendo a ceia sob o prisma memorial, esta não pode de forma alguma ser desconctada de seu nascituro cultural. A ceia tem de ser mais que uma expressão litúrgica, ela tem de ser a expressão de aliança, paz e comunhão de Deus com o seu povo e dos membros deste uns com os outros. Afinal, a páscoa e a ceia dos cristãos primitivos era uma refeição carregada com estes significados, que não podem ser esvaziados pelas formalidades litúrgicas. 

Em Cristo, Marcelo Medeiros. 

quarta-feira, 10 de junho de 2015

A segunda parte de uma querela que promete



Após o comercial da boticário, a campanha de boicote promovida por Silas Malafaia, a respostas do movimento LGBT, em plena parada gay, a marcha para Jesus, O império contra ataca. Senadores "evangélicos" se reúnem para manifestar repúdio contra o uso do símbolo da cruz [aqui]. Não bastasse, isto alguns querem que expressões de deboche a quaisquer símbolos religiosos seja considerados crime hediondo. É a proposta do Deputado Federal Rogério Rosso (DF) e que o leitor pode conferir aqui.

Em primeiro lugar vai aqui uma observação filosófica. Falo assim, porque foi aventada por Pondé em seu Guia Politicamente Incorreto da Filosofia. A questão dos gays no tocante às ofensas não é uma questão de Estado somente, mas de educação doméstica, Nisto incluo as formas de protestos empregadas pelos mesmos e acrescento a educação escolar.

Segundo (falo agora aos cristãos) a Bíblia diz que o mundo é do maligno e que cristãos não devem em hipótese alguma se maravilhar, ou espantar diante do ódio e oposição do mesmo (Jo 15. 19ss; I Jo 3. 1; 5. 19). Daí que é natural que eles achem estranha nossa forma de pensar, e nos chamem de homofóbicos e tudo mais. 

Por último, o que como cristãos não podems fazer é dar ares de guerra pessoal a esta discussão, uma vez que as armas de nossa militância não são carnais, mas poderosas em Deus para a demolição das fortalezas, anualando sofismas e toda altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, levando cativo todo o pensamento à obediência de Cristo (II Co 10. 3 - 5).

Em outras palavras, creio no investimento no diálogo, independente da disposição dos interlocutores do outro lado. Mover a máquina do Estado contra as ações dos militantes da causa LGBT pode ser mais um tiro no pé. E a mídia e políticos interesseiros irão explorar ao máximo o clima, mas sem trazer contribuição efetiva alguma. 

O diálogo tem de ser orientado para a anulação de sofismas tipo: "evangélicos são homofóbicos", "querem voltar á Idade Média", "querem transformar o Estado laico em um república fndamentalista", "a raiz do ódio aos gays é a pregação evangélica", "vocês não podem provar cientificamente que nós estamos errados", "minha condição homossexual é inata, ou genética!". Esta sim é a missão da Igreja. 

Forte Abraço em Cristo. 

Marcelo Medeiros. 

terça-feira, 9 de junho de 2015

O Tiro no Pé da Militância Evangélica


A razão de ser deste post não é protestar contra o comercial da Boticário, que faz alusão a uniões homoafetivas. Minha percepção é a de que o protesto contra este tipo de propaganda só faz divulgar mais. Mas aqui vai uma crítica aos Evangélicos. A militância contra a ideologia homoafetiva à la Jean Wyllys não pode ser confundida com ódio à classe. De forma alguma!

Silas Malafaia com seus erros e acertos ainda é um expoente na discussão da temática. Seu papel foi preponderante para a não implementação da ideologia de consenso (que não é nem esquerda, nem direitista, mas uma especificidade da nova ordem mudial). Mas é tempo de acordar. Falo porque da minha percepção a mídia já bolou uma forma de lidar com Malafaia e cia, de forma que protestar da maneira caricata que este faz já não se constitui serviço ao Evangelho. 

A mídia tem explorado bastante o debate transformando o mesmo em uma verdadeira guerra. Protagonistas de ambos os lados tem abordado a questão de forma extremamente superficial e genérica. A ênfase está na polarização Wyllys versus Malafaia, ou Wyllys versus Bolsonaro, constituindo um espetáculo bizarro, mas que paradoxalmente vende. 

É justamente este o caminho a ser evitado por cristãos. Evangélicos precisam entender que não estão em guerra contrra gays e homossexuais, e que mesmo do lado da verdade, esta tem de ser arvorada com e em amor. Me despeço rogando a Deus para que ele ilumine os corações de ambos os lados a fim de que a situação seja resolvida da forma mais pacífica possível. 

Quanto à propaganda da Boticário, a questão está para além da adequação de uma empresa aos tempos atuais. A propaganda alcançou o seu objetivo e infelizmente com a ajuda preciosa dos evangélicos que fizeram aquele estardalhaço. 

Em Cristo, 


Marcelo Medeiros. 

Vamos com calma Wesleyanos!!!



Viu a imagem? Agora prepare-se:

  1. A parábola das dez virgens é um ensino sobre a vigilância necessária nos dias da vinda do Filho do homem, não sobre perseverança dos santos. Ela tem de ser lida em contexto com a parábola do mordomo fiel, a dos talentos e a das ovelhas e bodes. Repare que com extrema dificuldade as loucas podem ser consideradas como salvas, falta reserva de azeite, e o mais importante, elas ouvem do noivo: não vos conheço
  2. A parábola do semeador não fala de perseverança dos santos, e se o fizesse, seria uma decepção para Wesley, uma vez que de fato o texto diz: o que foi semeado em boa terra é o que ouve e compreende a palavra; e dá fruto, e um produz cem, outro sessenta, e outro trinta (Mt 13. 22 ACF). Veja como Lucas traduz este mesmo texto: Mas as que caíram em boa terra são os que, com coração bom e generoso, ouvem a palavra, a retêm e dão fruto, com perseverança (Lc 8. 15 NVI). 
  3. Os ramos que estão genuinamente em Cristo produzem fruto, isto é afirmado e reafirmado sucessivas vezes no texto bíblico Jo 15. 1 - 5. Os que estão em Cristo, mas são estéreis são imediatamente cortados, o texto e o contexto o dizem. 
  4. receber a graça de Deus em vão, tem de ser lido e interpretado à luz do contexto (II Co 5. 18 - 6. 3). 
  5. O servo que enterrou os talentos foi chamado de mau e negligente servo (Mt 25. 26 ACF), ou πονηρε δουλε και οκνηρε (ponere doulee kai okneere), o que equivale a chamar o escravo (perceba, alguém que não é livre), de mau e preguiçoso. O mínimo que se pode dizer deste servo é que é alguém ainda inclinad o ao mau, e possuidor de uma natureza que não se encaixa com a de um convertido. 
  6. Este servo mau e negligente é similar ao mordomo da parábola do capítulo anterior, que em razão do atraso do seu Senhor começa a espancar os seus servos (Mt 24. 48), sendo um κακος δουλος (kakos doylos). a expressão κακος é empregada para se referir a alguém desprezível, de má qualidade, malvado e perverso (Richardson). O Calvninismo não visa negar que tais pessoas existam, mas que as mesmas alguma vez tenham sido salvas. 
  7. Olhar para trás não é a atitude de um discípulo visto que no contexto Jesus convida a sentar a fazer os cálculos a fim de ver a possibilidade de arcar com os custos do Evangelho. 
  8. O Espírito é entristecido na medida em que o corpo de Cristo se faz marcado por ira, amargura, gritaria, e outras questões que quebram a unidade do Espírito (Ef 4. 31 - 5. 2). Crentes regenrados não apresentam tais atitudes como padrão, uma vez que foram aproxiamdos uns dos outros pelo sangue de Cristo. 
  9. Negar ao Senhor que os resgatou, ou trzaer sobre si repentina destruição é um padrão do comportamento dos falsos mestres (II Pe 2. 1), os quais já de largo tempo não será tardia a sentença, e a sua perdição não dormita (II Pe 2. 3). O mesmo pode ser dito dos que novamente se entregaram à corrupção do mundo. 
  10. A mornidão espiritual era a condição, ao que parece generalizada da Igreja de Laodicéia, verdade, mas Jesus a repreendeu para que a mesma não ficasse nesta condição, e lhe fez promessas (Ap 3. 19 - 21). Nada há no texto que permita especular a respeito do resultado final desta Igreja. 
Minha conclusão é que o tempo de Wesley tem de ser entendido para que o posicionamento deste também o seja. O contexto hstórico tem de ser a chave para que a Teologia deste não seja jogada no lixo. Todavia a dogmatização do pensamento wesleyano, e a aquiparação da mesma ao caráter de Escirturas Sagradas é um perigo que tem de ser evitado. 

Forte abraço. 

Marcelo Medeiros. 

O Poder de Jesus Sobre a Natureza e os Demônios



No início do capítulo quatro do Evangelho de Lucas o leitor se depara com o relato da tentação. Neste curioso episódio o tentador desafia sua filiação divina, a experiência de Cristo no Jordão e o amor marcante na sua relação com o Pai. A sequência traz um quadro diferente, no qual os demônios além de conhecerem a identidade de Cristo, ainda confessam o poder do mesmo. Este passa a ser o padrão comum nos encontros de Cristo com as pessoas oprimidas por espíritos malignos.

Quanto ao poder de Cristo sobre a natureza em Lucas ele é perceptível por meio da pesca maravilhosa (Lc 5). A despeito da explicações que possam ser elaboradas para o respectivo fato, a verdade é que tudo o que os discípulos possuem é a Palavra de Cristo para por meio da autoridade da mesma se orientarem a respeito de onde lançariam as redes. Embora o fato a ser observado hoje seja o controle do Cristo sobre a tempestade.

PODER SOBRE OS DEMÔNIOS


Aqui se faz necessário atenção para o seguinte texto:

E estava na sinagoga um homem que tinha o espírito de um demônio imundo, e exclamou em alta voz, Dizendo: Ah! que temos nós contigo, Jesus Nazareno? Vieste a destruir-nos? Bem sei quem és: O Santo de Deus. E Jesus o repreendeu, dizendo: Cala-te, e sai dele. E o demônio, lançando-o por terra no meio do povo, saiu dele sem lhe fazer mal. E veio espanto sobre todos, e falavam uns com os outros, dizendo: Que palavra é esta, que até aos espíritos imundos manda com autoridade e poder, e eles saem? E a sua fama divulgava-se por todos os lugares, em redor daquela comarca (Lc 4. 33 - 37 ACF). 
algumas questões terãode serem observadas neste texto:

  1. O fato se dá em uma sinagoga. Este é uma instituição de ensino dos judeus. A mesma se popularizou após o exílio babilônico, e funcionava como um escola cujo fim era a educação dos meninos judeus na torah. 
  2. Jesus entrou nesta sinagoga, leu uma porção do profeta que versava a respeito de sua missão, que cinsisitia em pregar liberdade aos cativos (Lc 4. 19  ACF). 
  3. Uma pessoa possuída por espíritos malignos se manifestou em plena sinagoga. Em sua manifestação o demônio assumiu uma postura diferenciada em relação ao momento da tentação. Nesta ocasião o espírito maligno confessa que Cristo é o Filho de Deus a quem foi dado o poder para os condenar e atormentar. 
  4. Jesus não aceita o testemunho dos espíritos imundos, e os manda calar e saírem das pessoas, evitando assim quaisquer associações entre ele e os espíritos. 
  5. A despeito de sua clara oposição aos espíritos malignos na mentalidade dos fariseus ele era um associado de Belzebú, o príncipe dos demônios. 
  6. A despeito da oposição dos fariseus e demais autoridades políticas e religiosas da época, Jesus era estimado pelo povo, que reconhecia o seu poder em relação aos demônios. 
  7. Seu poder sobre os demônios foi um dos fatores que associados aos milagres mais diversos contribuíram para que sua fama se espalhasse divulgando-se por todos os lugares, em redor daquela comarca. 
Face às colocações supra cabe acrescentar que o ministério de Jesus não se centrava somente em exorcismos. Estes ocorriam dentro de um espectro maior, o ensino de Jesus. É a este que os espíritos malignos reagem a verdade ensinada por Cristo marca a proximidade do Reino. em decorrência do seu poder o espanto tomou conta dos que estavam na sinagoga a ponto de dizerem: Que palavra é esta, que até aos espíritos imundos manda com autoridade e poder, e eles saem? E a sua fama divulgava-se por todos os lugares, em redor daquela comarca (Lc 4. 37 ACF). 

De acordo com Vincent, este é um dos raros textos em que Lucas emprega o termo ακαθαρτοις πνευμασιν (akathartois penumasin), ou espírito impuro como as versões em lígua portuguesa. O poder de Cristo sobre os demônios é descrito por meio de dois termos εξουσια (exousia) e δυναμει (dinamei). A primeira expressão engloba o pleno poder que é confiado a alguém no exercício de uma missão. E Cristo se manifestou para destruir as obras do diabo, ou como disse João: Para isto o Filho de Deus se manifestou: para desfazer as obras do diabo (I Jo 3. 8 ACF).

O poder de Cristo sobre os demônios evidenciava-se também por meio da obediência dos demônios à pessoa de Cristo. Perceba a pergunta das testemunhas: Que palavra é esta, que até aos espíritos imundos manda com autoridade e poder, e eles saem? Mais do que isto, os espíritos malignos, além de submissos ao poder de Jesus ainda reconheciam a autoridade e missão messiânica do mesmo.

E também de muitos saíam demônios, clamando e dizendo: Tu és o Cristo, o Filho de Deus. E ele, repreendendo-os, não os deixava falar, pois sabiam que ele era o Cristo (Lc 4. 41 ACF). Este é um quadro bem oposto ao da tentação no deserto. Na referida ocasião o diabo tentou Jesus no sentido de induzir o mesmo à dúvida quanto à sua filiação. Agora eles reconhecem sua missão messiânica. A expressão grega ο χριστος (o Cristo), equivale à expressão מָשִׁ֣יחַ (mashiah), o Ungido.

Em algumas das ocasiões, estas expulsões de demônios eram chamadas de curas. Como também os atormentados dos espíritos imundos; e eram curados (Lc 6. 18 ACF). Aqui Lucas emprega um termo usualmente traduzido por cura, mas cujo sentido nos escritos clássicos é o de prestar cuidados médicos, θεραπευω (therapeuoo). Sendo que frequentemente os evangelistas a empregam no sentido de curar mesmo. Em alguns momentos Lucas reforçava com a expressão ιατο (iato), para demonstrar que a ação de Jesus não se limitava aos cuidados, mas que se efetivava em cura mesmo (Lc 9. 11).

Um caso do notável poder de Cristo sobre o demônios foi o episódio do gadareno possuído por uma legião de espíritos malignos, conforme pode ser visto nas linhas abaixo
E, quando desceu para terra, saiu-lhe ao encontro, vindo da cidade, um homem que desde muito tempo estava possesso de demônios, e não andava vestido, nem habitava em qualquer casa, mas nos sepulcros. E, quando viu a Jesus, prostrou-se diante dele, exclamando, e dizendo com grande voz: Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Peço-te que não me atormentes. Porque tinha ordenado ao espírito imundo que saísse daquele homem; pois já havia muito tempo que o arrebatava. E guardavamno preso, com grilhões e cadeias; mas, quebrando as prisões, era impelido pelo demônio para os desertos. E perguntou-lhe Jesus, dizendo: Qual é o teu nome? E ele disse: Legião; porque tinham entrado nele muitos demônios. E rogavam-lhe que os não mandasse para o abismo. E andava ali pastando no monte uma vara de muitos porcos; e rogaram-lhe que lhes concedesse entrar neles; e concedeu-lho. E, tendo saído os demônios do homem, entraram nos porcos, e a manada precipitou-se de um despenhadeiro no lago, e afogou-se (Lc 8. 27 - 33 ACF). 
perceba que:

  1. Os espíritos malignos privaram o homem de sua razão, ao ponto de que este sequer andava vestido, ou tinha vida social. 
  2. A primeira ação dos espíritos que possuíam aquele homem foi a de manifestar o seu temor diante de Cristo. O verbo empregado aqui é προσεπεσεν (prosepesen), que segundo Vincent é uma prostração motivada pelo senso de terror. 
  3. A primeira fala do demônio na boca deste homem é: Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Peço-te que não me atormentes. É declarado aqui que tanto Cristo quando o demônio não se coadunam, e que os espíritos malignos, por maiores males que causem aos homens, sabem que serão julgados por Cristo. 
  4. Os espíritos pedem a permissão para permanecerem naquela região, indo para a manada de porcos, e somente mediante a autoridade de Cristo são atendidos. 

Este é o poder de Cristo sobre os demônios.

O PODER DE JESUS SOBRE A NATUREZA

E aconteceu que, num daqueles dias, entrou num barco com seus discípulos, e disse-lhes: Passemos para o outro lado do lago. E partiram. E, navegando eles, adormeceu; e sobreveio uma tempestade de vento no lago, e enchiam-se de água, estando em perigo. E, chegando-se a ele, o despertaram, dizendo: Mestre, Mestre, perecemos. E ele, levantando-se, repreendeu o vento e a fúria da água; e cessaram, e fez-se bonança. E disse-lhes: Onde está a vossa fé? E eles, temendo, maravilharam-se, dizendo uns aos outros: Quem é este, que até aos ventos e à água manda, e lhe obedecem? (Lc 8. 22  - 25 ACF). 
Como explicar a tranquilidade de um homem diante da fúria de uma tempestade? Aqui cabe a observação de que o fato se dáem um Lago com o qual os discípulos de Cristo tinham profunda intimidade, visto que a maioria dos mesmos exercia a sua profissão como pescador no Lago da Galiléia. Contudo, o contraste é gritante. Jesus está dormindo enquanto os seus discípulos estão se desesperando.

Um olhar mais atento para as Sagradas Escrituras revela ao leitor um Deus que tem o seu caminho na tormenta e na tempestade, e as nuvens são o pó dos seus pés (Na 1. 3b ACF). Eliú é ainda mais detalhista que Naum em seu hino de louvor às maravilhas de Deus na natureza.
Da recâmara do sul sai o tufão, e do norte o frio. Pelo sopro de Deus se dá a geada, e as largas águas se congelam. Também de umidade carrega as grossas nuvens, e esparge as nuvens com a sua luz. Então elas, segundo o seu prudente conselho, se espalham em redor, para que façam tudo quanto lhes ordena sobre a superfície do mundo na terra. Seja que por vara, ou para a sua terra, ou por misericórdia as faz vir. A isto, ó Jó, inclina os teus ouvidos; para, e considera as maravilhas de Deus (Jó 37. 9 -14 ACF). 
Os ventos, o frio, a geada, as nuvens, o relâmapago têm sua origem em Deus. Daí a intimidade de Cristo para com os mesmos. Tudo o que o Senhor quis, fez, nos céus e na terra, nos mares e em todos os abismos. Faz subir os vapores das extremidades da terra; faz os relâmpagos para a chuva; tira os ventos dos seus tesouros (Sl 135. 6, 7 ACF).  

Estes textos respondem a pergunta a respeito de Jesus: E eles, temendo, maravilharam-se, dizendo uns aos outros: Quem é este, que até aos ventos e à água manda, e lhe obedecem? Perceba que a atitude dos discípulos foi de espanto φοβω (phoboo), de onde vem o termo fobia. Mas para aquele que criou os céus e a terra nada são. 

Em Cristo.


Marcelo Medeiros. 
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