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sexta-feira, 19 de junho de 2015

A Morte de Jesus



Neste post pretedo falar da morte de Cristo a partir do contexto lucano e em seguida analisar a mesma a partir de um prisma bíblico geral. Para tal necessário se faz que se considerem alguns textos do referido Evangelho. Deus abençoe o presente estudo de sua santa Palavra.

OS TEXTOS

Sobre a morte de Cristo no Evangelho de Lucas
Eis que este é posto para queda e elevação de muitos em Israel, e para sinal que é contraditado (E uma espada traspassará também a tua própria alma); para que se manifestem os pensamentos de muitos corações (Lc 2. 34, 25 ACF)
É necessário que o Filho do homem padeça muitas coisas, e seja rejeitado dos anciãos edos escribas, e seja morto, e ressuscite ao terceiro dia (Lc 9. 22 ACF).  
Os quais apareceram com glória, e falavam da sua morte, a qual havia de cumprir-se em Jerusalém (Lc 9. 30 ACF).
Ponde vós estas palavras em vossos ouvidos, porque o Filho do homem será entregue nas mãos dos homens (Lc 9. 44 ACF).  
E, tomando consigo os doze, disse-lhes: Eis que subimos a Jerusalém, e se cumprirá no Filho do homem tudo o que pelos profetas foi escrito; Pois há de ser entregue aos gentios, e escarnecido, injuriado e cuspido; E, havendo-o açoitado, o matarão; e ao terceiro dia ressuscitará (Lc 18. 31 - 33 ACF).
E, tomando o pão, e havendo dado graças, partiu-o, e deu-lho, dizendo: Isto é o meu corpo, que por vós é dado; fazei isto em memória de mim. Semelhantemente, tomou o cálice, depois da ceia, dizendo: Este cálice é o novo testamento no meu sangue, que é derramado por vós (Lc 22. 19, 20 ACF).  
E era já quase a hora sexta, e houve trevas em toda a terra até à hora nona, escurecendo-se o sol; E rasgou-se ao meio o véu do templo. E, clamando Jesus com grande voz, disse: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito. E, havendo dito isto, expirou. E o centurião, vendo o que tinha acontecido, deu glória a Deus, dizendo: Na verdade, este homem era justo. E toda a multidão que se ajuntara a este espetáculo, vendo o que havia acontecido, voltava batendo nos peitos. E todos os seus conhecidos, e as mulheres que juntamente o haviam seguido desde a Galiléia, estavam de longe vendo estas coisas. E eis que um homem por nome José, senador, homem de bem e justo, Que não tinha consentido no conselho e nos atos dos outros, de Arimatéia, cidade dos judeus, e que também esperava o reino de Deus; Esse, chegando a Pilatos, pediu o corpo de Jesus. E, havendo-o tirado, envolveu-o num lençol, e pô-lo num sepulcro escavado numa penha, onde ninguém ainda havia sido posto. E era o dia da preparação, e amanhecia o sábado. E as mulheres, que tinham vindo com ele da Galiléia, seguiram também e viram o sepulcro, e como foi posto o seu corpo (Lc 23. 44 - 55 ACF). 
Ó néscios, e tardos de coração para crer tudo o que os profetas disseram! Porventura não convinha que o Cristo padecesse estas coisas e entrasse na sua glória? E, começando por Moisés, e por todos os profetas, explicava-lhes o que dele se achava em todas as Escrituras (Lc 24. 25 - 27 ACF). 
E disse-lhes: São estas as palavras que vos disse estando ainda convosco: Que convinha que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na lei de Moisés, e nos profetas e nos Salmos. Então abriu-lhes o entendimento para compreenderem as Escrituras. E disse-lhes: Assim está escrito, e assim convinha que o Cristo padecesse, e ao terceiro dia ressuscitasse dentre os mortos, E em seu nome se pregasse o arrependimento e a remissão dos pecados, em todas as nações, começando por Jerusalém. E destas coisas sois vós testemunhas (Lc 24. 44 - 48  ACF). 
O SIGNIFICADO DOS TEXTOS

dos textos lucanos a respeito da morte de Cristo emergem as seguintes verdades:

  1. Cristo estava destinado a morrer pelos pecados do povo. Jesus, disse Pedro: "foi entregue pelo determinado conselho e presciência de Deus, prendestes, crucificastes e matastes pelas mãos de injustos" (At 2. 23 ACF).  
  2. A morte de Cristo foi necessária para a remissão dos pecados, uma vez que sem derramamento de sangue não há remissão (Hb 9. 22 ACF). O Texto de Lucas é claro em afirmar que Cristo, O Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido (Lc 19. 10 ACF). 
  3. A morte de Cristo era necessária para a remissão dos pecados. 
  4. A morte de Cristo é o cumprimento da profecia bíblica. 
O fato de Cristo estar destinado a morrer pode ser confirmado na pregação de Pedro no Pentecostes.
A Jesus Nazareno, homem aprovado por Deus entre vós com maravilhas, prodígios e sinais, que Deus por ele fez no meio de vós, como vós mesmos bem sabeis; A este que vos foi entregue pelo determinado conselho e presciência de Deus, prendestes, crucificastes e matastes pelas mãos de injustos (At 2. 22, 23 ACF). 
Convém observar que a morte de cruz era destinada a criminosos que antentavam contra o império. Jesus não se encaixa neste perfil, não era criminoso e sequer atentou contra Roma. O texto o descreve como varão aprovado por Deus, vem do verbo grego απδεικνυμέ (apodeikmyné), cujo sentido é o de alguém que é aprovado apontado, ou do qual se demonstrou ser aquilo que dizia ser. Estas provas, ou evidências foram expostas, apresentadas por meio de maravilhas, prodígios e sinais, que Deus por ele realizou.

Mas se Cristo foi inocente como explicar a sua morte? A explicação vem por meio das palavras do apóstolo τουτον τη ωρισμενη βουλη και προγνωσει του θεου (toyton oorisomenee boylee kai prognoosei), ou determinado conselho e presciência de Deus. O termo ωρισμενη vem do verbo Όρίζω (orizoo), cujo sentido é o de delinar fronteira, determinar. É com este sentido que Lucas emprega este mesmo verbo na fala de Cristo na última ceia, quando este disse: E, na verdade, o Filho do homem vai segundo o que está determinado; mas ai daquele homem por quem é traído! (Lc 22. 22 ACF). Percebe-se aqui que o fato da morte de Jesus estar predeterminada por Deus não isentou Judas de sua responsabilibade pessoal.

A morte de Jesus segue o conselho, a determinação, ou decreto de Deus. É o que se infere do termo βουλη (boulee). Este é empregado na oração que Pedro e a Igreja fazem após a primeira reprimenda que os apóstolos recebem face às ameaças do sinédrio, eles oram nestes termos:
unânimes levantaram a voz a Deus, e disseram: Senhor, tu és o Deus que fizeste o céu, e a terra, e o mar e tudo o que neles há; Que disseste pela boca de Davi, teu servo: Por que bramaram os gentios, e os povos pensaram coisas vãs? Levantaram-se os reis da terra,E os príncipes se ajuntaram à uma, Contra o Senhor e contra o seu Ungido. Porque verdadeiramente contra o teu santo Filho Jesus, que tu ungiste, se ajuntaram, não só Herodes, mas Pôncio Pilatos, com os gentios e os povos de Israel; Para fazerem tudo o que a tua mão e o teu conselho tinham anteriormente determinado que se havia de fazer (At 4. 24 - 28 ACF). 
A morte de Jesus foi uma empreitada humana? Foi. Repare que a culpa da morte de Cristo não recai somente sobre os judeus, mas é dito que se ajuntaram, não só Herodes, mas Pôncio Pilatos, com os gentios e os povos de Israel. Igualmente é dito (ainda que de forma implícita), que um Deus que criou os céus e a terra não poderia jamais perder o controle desta situação.

Assim, eles fizeram o que a mão e o conselho de Deus tinham anteriormente determinado. A vontade de Deus determinou que Cristo haveria de morrer. Todavia tal determinação não se dá no vácuo, mas em coorperação com os homens, e conforme pontuado acima, não os isenta de sua responsabilidade pessoal.

Por último, o termo προγνωσει remete à presciência de Deus, que no entendimento deste autor remete ao conhecimento prévio da natureza dos homens. Deus sabia que eles rejeitariam a Cristo, e se valeu de tal para consumar o seu projeto, conforme tudo o que dele estava escrito nas Escrituras Sagradas. Este é o cerne do ensino das Escrituras a respeito da morte de Jesus. 

Em ponto algum esta é apresentada como algo acidental, trágico; mas como a consumação do plano de Deus e das profecias, que afirmam a necessidade de uma morte vicária pelos pecados da humanidade. 
Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido. Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo seu caminho; mas o Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos (Is 53. 4 - 6 ACF). 
Daí Cristo ter afirmado a necessidade de subir para Jerusalém e la padecer nas mãos dos anciãos e demais príncipes do povo (Mt 16. 21; Lc 9. 22). A mensagem foi confirmada no Monte da Trasfiguração, por meio da visão de Moisés e Elias falando com Cristo a respeito de sua partida. Lucas emprega o termo εξοδον (exodon), para se referir à morte de Jesus, mas a despeito do quanto a mensagem tenha sido transmitida é fato que eles não entendiam esta palavra, que lhes era encoberta, para que a não compreendessem; e temiam interrogá-lo acerca desta palavra (Lc 9. 45). 

Após a ressurreição eles tiveram seus entendimentos abertos para a compreensão da palavra, bem como do desígnio de Deus a respeito da morte de Cristo, e do propósito da mesma. E isto, ao ponto de formular um credo do Evangelho. 
o evangelho que já vos tenho anunciado; o qual também recebestes, e no qual também permaneceis. Pelo qual também sois salvos se o retiverdes tal como vo-lo tenho anunciado; se não é que crestes em vão. Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras, E que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras (I Co 15. 1 - 4 ACF). 

Em Cristo, Marcelo Medeiros 



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