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quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

O Arrebatamento da Igreja



O termo arrebatamento indica a ação de arrebatar (no sentido de transportar, de levar para longe). Advém do termo rebate, indicando um assalto, uma incursão de caráter repentino. No Grego koiné este verbo equivale a αρπαζω (arpazoo), cujo sentido varia desde o saque à espoliação de guerra. Em referência ao Arrebatamento da Igreja, este é empregado somente em I Ts 4. 17.

É deste emprego singular que se formou a doutrina do arrebatamento pré-tribulacional. Neste Estudo não pretendo polemizar a respeito de tal doutrina, visto que o presente post tem como finalidade fornecer subsídio para professores de Escola Bíblica Dominical e demais alunos. Todavia, é mais que pertinente que se analise os textos que a referida lição aponta como sendo base para a referida corrente escatológica.

Para o presente estudo estarei me centrando nos textos de I Co 15 e I Ts 4. 13 - 18. Minha análise seguirá os cânones da Hermenêutica de cunho histórico gramatical, bem como as regras da Estudo da Bíblia. Um dos apoios é a própria conclusão do autor, ou comentarista, que admite serem estes textos respostas às controvérsias que as comunidades cristãs primitivas tinham em relação
à questão da ressurreição. Gostaria de começar com o texto de I Ts 4. 13 - 18.

O ARREBATAMENTO DA IGREJA EM I Ts 4. 13 - 18

A doutrina do arrebatamento da Igreja é fundamentada na ocorrência da expressão αρπαζω, cujo sentido pode ser o de roubar, ou de sequestrar, denotando com isto uma ação súbita. O problema é que o vocábulo aparece em um texto cuja mensagem transcende a idéia de uma retirada inopinada da Igreja da face da terra. Convido o leitor a ver o texto.
Não quero, porém, irmãos, que sejais ignorantes acerca dos que já dormem, para que não vos entristeçais, como os demais, que não têm esperança. Porque, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também aos que em Jesus dormem, Deus os tornará a trazer com ele. Dizemo-vos, pois, isto, pela palavra do Senhor: que nós, os que ficarmos vivos para a vinda do Senhor, não precederemos os que dormem. Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor. Portanto, consolai-vos uns aos outros com estas palavras (I Ts 4. 13 - 18 ACF). 
  1. Perceba que nos versos 13, 14, 15 a expressão dormem aparece repetidamente. Em significativa parcela do Novo Testamento κοιμαω [koimaoo] é empregado para se referir aos que morrem, ou seja, no lugar de simplesmente afirmar que os santos morreram, os escritores optam por κοιμαω para expressar que os mesmos adormeceram. 
  2. Para além das controvérsias a respeito da Escatologia Individual, é importante entender que a expressão κοιμαω remete a tendência de se comparar a morte física com um sono, algo que é possível identificar em Dn 12. 2, onde se lê: E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno. Os mortos são comparados aos que dormem. 
  3. Segundo Edward Robinson, este mesmo verbete é empregado no Novo Testamento, para o sono da morte em textos como o relato da morte dos santos da antiga dispensação (Mt 27. 52), de Lázaro (Jo 11. 12) e de Estevão (At 7. 60). Curiosamente o mesmo não aparece de forma tão detalhada na Bíblia de Estudo Palavra Chave. 
  4. No verso 16 Paulo abandona as variantes de κοιμαω [koimaoo], e emprega o termo νεκροι εν χριστω (nekroi en Christou), ou mortos em Cristo. Os que dormem são os mortos em Cristo. 
  5. Neste texto em particular os que dormem (κοιμαω [koimaoo], ou νεκροι εν χριστω [nekroi en Christou]) são contrastados com aqueles que permanecerão vivos. 
  6. O emprego na primeira pessoa do singular indica que Paulo, tal como a comunidade primitiva, entendiam que estariam vivos por ocasião da Vinda do Senhor. Esta expectativa é mantida em I Co 15, mas paulatinamente abandonada em II Co 5. 1 - 5 e Fp 1. 20 - 22, quando em face dos perigos pelos quais passou ele passou ele vê sua morte como realidade cada vez mais próxima. 
  7. Porque não queremos, irmãos, que ignoreis a tribulação que nos sobreveio na Ásia, pois que fomos sobremaneira agravados mais do que podíamos suportar, de modo tal que até da vida desesperamos. Mas já em nós mesmos tínha- mos a sentença de morte, para que não confiássemos em nós, mas em Deus, que ressuscita os mortos (II Co 1. 8 ACF). 
  8. Conforme dito aqui se percebe a lenta mudança de perspectiva da parte do apóstolo Paulo, o que se ratifica quando ele declara: Para conhecê-lo, e à virtude da sua ressurreição, e à comunicação de suas aflições, sendo feito conforme à sua morte; Para ver se de alguma maneira posso chegar à ressurreição dentre os mortos (Fp 3. 10, 11 ACF). 
  9. O sofrimento do tempo presente aponta para a glória futura da ressurreição e em Paulo, isto é conhecer a Cristo. 
  10. A morte é superada pela realidade da ressurreição. Este é o Ensino presente em todos os escritos de paulinos, sejam nos primeiros, sejam nos posteriores. E é a verdade que salta aos olhos do leitor quando se depara com o texto acima transcrito. 
  11. αποθνησκω [apotheneeskoo] é um verbo que pode ser empregado com alusão à morte de pessoas como  no caso da morte da filha de Jairo (Mt 9. 24, Mc 5. 35, 39), ou ao apodrecimento de um vegetal, tal como ocorre com o grão de trigo. Esta metáfora foi empregada por Cristo (Jo 12. 24). 
  12. Este termo aparece associado ao vocábulo άνίστημι (anísteeemi), cujo sentido é o de levantar, sendo equivalente à expressão αναστασεως (anastaseeoos). Embora seja uma realidade atestada pelos casos de ressurreição individual, e pela ressurreição do próprio Cristo, o emprego de uma terminologia cuja significação corresponde ao erguimento da posição denota ausência de uma categoria para ressurreição na cultura grega. 
  13. Todavia, a ressurreição de Cristo é a garantia de que os que dormem voltarão a viver. Aliás se dormem é porque serão despertados. 
  14. Após a ressurreição se dará o Arrebatamento. Aqui é preciso que se perceba, que a despeito da força que este termo possui, o texto não indica que tal se dê independente de uma sequência de eventos, pelo contrário, ele será precedido, pela a) descida do próprio Senhor; b) pela voz do Arcanjo e, c) pela trombeta de Deus. Após a sequência de evantos se dará a ressurreição dos mortos seguida do arrebatamento. 
  15. A presente exposição encerra-se com o encontro com o Senhor nos ares, e com a promessa de que estaremos para sempre com o mesmo, não situando tal encontro antes, ou depois da Grande Tribulação, ou sequer indicando a sequência de eventos posteriores a este encontro. 
É precisamente neste ponto que convém empreender uma análise ainda que breve do texto de I Co 15. 

O ARREBATAMENTO DA IGREJA EM I Co 15

Em I Co 15 há um texto análogo ao de I Ts 4. 13 - 18, com a exceção de que não há aqui a ocorrência do verbo αρπαζω (arpazoo). 
Também vos notifico, irmãos, o evangelho que já vos tenho anunciado; o qual também recebestes, e no qual também permaneceis. Pelo qual também sois salvos se o retiverdes tal como vo-lo tenho anunciado; se não é que crestes em vão. Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras, E que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras (I Co 15. 1 - 4 ACF). 
A ideia predominante aqui é que a morte e a ressurreição de Cristo são os fatos mais proeminentes do anuncio da Boa Nova. Estes são os acontecimentos da mais importantes da vida do Filho de Deus, O qual por nossos pecados foi entregue, e ressuscitou para nossa justificação (Rm 4. 25 ACF).
E que foi visto por Cefas, e depois pelos doze. Depois foi visto, uma vez, por mais de quinhentos irmãos, dos quais vive ainda a maior parte, mas alguns já dormem também. Depois foi visto por Tiago, depois por todos os apóstolos. E por derradeiro de todos me apareceu também a mim, como a um abortivo. Porque eu sou o menor dos apóstolos, que não sou digno de ser chamado apóstolo, pois que persegui a igreja de Deus. Mas pela graça de Deus sou o que sou; e a sua graça para comigo não foi vã, antes trabalhei muito mais do que todos eles; todavia não eu, mas a graça de Deus, que está comigo. Então, ou seja eu ou sejam eles, assim pregamos e assim haveis crido (I Co 15. 5 - 11 ACF).
  1. Tanto a morte quanto a ressureição de Cristo foram presenciadas por um considerável número de testemunhas, dentre as quais figuram os apóstolos Pedro, Tiago e mais de quinhetos irmãos. 
  2. O próprio Paulo se considera uma das testemunhas da ressurreição de Cristo em razão de sua experiência no caminho de Damasco. 
  3. Foi esta experiência com o ressuscitado que fez com o que apóstolo saísse da condição de perseguidor da Igreja para a de testemunha dos sofrimentos de Cristo e mais: alguém disposto a morrer por tal verdade. 
  4. Neste ponto em particular ocorre uma equiparação entre Paulo e os demais apóstolos. 
Ora, se se prega que Cristo ressuscitou dentre os mortos, como dizem alguns dentre vós que não há ressurreição de mortos? E, se não há ressurreição de mortos, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, logo é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé. E assim somos também considerados como falsas testemunhas de Deus, pois testificamos de Deus, que ressuscitou a Cristo, ao qual, porém, não ressuscitou, se, na verdade, os mortos não ressuscitam. Porque, se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados. E também os que dormiram em Cristo estão perdidos. Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens. Mas de fato Cristo ressuscitou dentre os mortos, e foi feito as primícias dos que dormem. Porque assim como a morte veio por um homem, também a ressurreição dos mortos veio por um homem (I Co 15. 12 - 21 ACF). 

  1. Conforme dito acima, o cerne da pregação cristã é o fato da ressurreição de Cristo, se o pressuposto grego de que não existe ressurreição é aceito, como fica a pregação cristã?
  2. Negar que Cristo ressuscitou equivale a negar o poder e eficácia da pregação cristã. Esta se torna vã. A expressão aqui é ματαια (mataia), que é sinônima de vazia. 
  3. A fé resulta da pregação. Uma pregação vazia produz uma fé vazia. Os pregadores são falsas testemunhas de Deus e de Cristo, uma vez que asseveram que ambos fizeram algo que não ocorreu.  
  4. O pior de tudo, se Cristo não ressuscitou ainda permanecemos em nossos pecados, e por este motivo sob o poder da morte. 
  5. Se Cristo é apenas um mestre de moral, como afirmado pelo liberalismo, e por outras vertentes que descreem da ressurreição, somos os mais miseráveis dos homens. 
  6. Todavia os apóstolos são testemunhas de que Cristo morreu e ressuscitou. Assim, a morte que veio por um único homem é derrotada pelo fato da ressurreição. 
Porque, assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo. Mas cada um por sua ordem: Cristo as primícias, depois os que são de Cristo, na sua vinda. Depois virá o fim, quando tiver entregado o reino a Deus, ao Pai, e quando houver aniquilado todo o império, e toda a potestade e força. Porque convém que reine até que haja posto a todos os inimigos debaixo de seus pés. Ora, o último inimigo que há de ser aniquilado é a morte. Porque todas as coisas sujeitou debaixo de seus pés. Mas, quando diz que todas as coisas lhe estão sujeitas, claro está que se excetua aquele que lhe sujeitou todas as coisas. E, quando todas as coisas lhe estiverem sujeitas, então também o mesmo Filho se sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos (I Co 15. 22 - 28 ACF). 

  1. A ressurreição de Cristo é prenúncio da reversão de um processo iniciado em Adão. 
  2. Cristo é tanto o primogênito dentre os mortos quanto as primícias. Com estas expressões Paulo quer dizer que ele é o primeiro a ressuscitar para uma vida imortal e incorruptível. 
  3. Em seguida a morte será derrotada e todo reino entregue ao Filho de Deus e Paulo entende que o último inimigo e ser derrotado é a morte. 
Doutra maneira, que farão os que se batizam pelos mortos, se absolutamente os mortos não ressuscitam? Por que se batizam eles então pelos mortos? Por que estamos nós também a toda a hora em perigo? Eu protesto que cada dia morro, gloriando-me em vós, irmãos, por Cristo Jesus nosso Senhor. Se, como homem, combati em Éfeso contra as bestas, que me aproveita isso, se os mortos não ressuscitam? Comamos e bebamos, que amanhã morreremos. Não vos enganeis: as más conversações corrompem os bons costumes. Vigiai justamente e não pequeis; porque alguns ainda não têm o conhecimento de Deus; digo-o para vergonha vossa (I Co 15. 29 - 34 ACF).

  1. Não há certeza do que seja este batismo pelos mortos. O fato me faz lembrar o sacrifício de Judas Macabeus fez pelos mortos, tendo em vista que na ressurreição os pecados dos mesmos fossem perdoados (II Mac 12. 38 - 45), mas é apenas uma associação nem de longe um processo exegético. Todavia eles perdem o valor sem a crença na ressurreição. 
  2. Assumir publicamente a fé em Cristo demanda perigo de vida. Citando Sl 44. 22; Paulo afirma: Por amor de ti somos entregues à morte todo o dia;Somos reputados como ovelhas para o matadouro (Rm 8. 36 ACF). 
  3. Esta afirmação ganha sentido somente na medida em que ao se ler o contexto do texto se percebe as seguintes afirmações: Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem é que condena? Pois é Cristo quem morreu, ou antes quem ressuscitou dentre os mortos, o qual está à direita de Deus, e também intercede por nós (Rm 8. 33, 34 ACF). 
  4. Sem esta perspectiva a vida se resume ao hedonismo pragmático "Comamos e bebamos, que amanhã morreremos". a perspectiva da morte como fim da vida reduz o homem a um sujeito de desejos. 
Mas alguém dirá: Como ressuscitarão os mortos? E com que corpo virão? Insensato! o que tu semeias não é vivificado, se primeiro não morrer. E, quando semeias, não semeias o corpo que há de nascer, mas o simples grão, como de trigo, ou de outra qualquer semente. Mas Deus dá-lhe o corpo como quer, e a cada semente o seu próprio corpo. Nem toda a carne é uma mesma carne, mas uma é a carne dos homens, e outra a carne dos animais, e outra a dos peixes e outra a das aves. E há corpos celestes e corpos terrestres, mas uma é a glória dos celestes e outra a dos terrestres. Uma é a glória do sol, e outra a glória da lua, e outra a glória das estrelas; porque uma estrela difere em glória de outra estrela. Assim também a ressurreição dentre os mortos. Semeia-se o corpo em corrupção; ressuscitará em incorrupção. Semeia-se em ignomínia, ressuscitará em glória. Semeia-se em fraqueza, ressuscitará com vigor. Semeia-se corpo natural, ressuscitará corpo espiritual. Se há corpo natural, há também corpo espiritual (I Co 15. 35 - 44 ACF). 

  1. A abordagem a respeito da ressurreição dos mortos trouxe a Paulo rejeição quando este pregou em Atenas. Creio que esta rejeição lhe trouxe sábias lições dentre as quais a elaboração de um argumento para a mesma.  
  2. Assim como o vegetal que como ato começa como uma simples semente, mas traz em si a potência de ser uma árvore, o ser humano enquanto ato é mortal, mas traz em si a potência da incorruptibilidade e da imortalidade. 
  3. Para que passe de potência (semente), para ato (árvore), o grão tem de morrer. Jesus mesmo disse: Na verdade, na verdade vos digo que, se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto (Jo 12. 24 ACF). αποθνησκω [apotheneeskoo] é o verbo presente neste texto, tal como nesta fala de Paulo: Insensato! o que tu semeias não é vivificado, se primeiro não morrer (I Co 15. 36 ACF).
  4. Na ressurreição se concretizará a glorificação dos crentes em Cristo. Aqui se tem a realização da Antropologia Bíblica, bem como da Eclesiologia. 
Mas não é primeiro o espiritual, senão o natural; depois o espiritual. O primeiro homem, da terra, é terreno; o segundo homem, o Senhor, é do céu. Qual o terreno, tais são também os terrestres; e, qual o celestial, tais também os celestiais. E, assim como trouxemos a imagem do terreno, assim traremos também a imagem do celestial (I Co 15. 45 - 49 ACF). 
A este texto se pode acrescentar as seguintes palavras de Paulo: Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos (Rm 8. 29 ACF). Estas podem ser complementadas pelas de João, que diz: Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifestado o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é o veremos (I Jo 3. 2 ACF). A promessa é bem simples: se somos como Adão foi, seremos tal como Cristo é. 
Eis aqui vos digo um mistério: Na verdade, nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados; Num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados. Porque convém que isto que é corruptível se revista da incorruptibilidade, e que isto que é mortal se revista da imortalidade. E, quando isto que é corruptível se revestir da incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir da imortalidade, então cumprir-se-á a palavra que está escrita: Tragada foi a morte na vitória. Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó inferno, a tua vitória? Ora, o aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei. Mas graças a Deus que nos dá a vitória por nosso Senhor Jesus Cristo. Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão no Senhor (I Co 15. 51 - 58 ACF).

  1. Nem todos os crentes irão morrer, é claro, mas a verdade é que em razão da necessidade de transformação e da realização da glorificação, todos serão transformados. 
  2. Esta transformação, tal como a ressurreição se dará em um instante, ou em um ατομω (atomoo). Deste termo vem a palavra átomo em nosso idioma. No clássico este significava algo indivisível e que segundo Robinson, possui similar significado no koiné.  
  3. Esta última trombeta tem sido alvo de controvérsia entre proponentes das mais variadas posições escatológicas. Os pré-tribulacionistas afirmam [sem justificativa bíblica aparente] que é uma série de trombetas que ressoarão antes do arrebatamento secreto, ao passo que pós-tribulacionistas e não tribulacionistas entendem esta última trombeta como sendo a mesma última trombeta de Apocalipse. 
  4. Neste Texto se lê: E o sétimo anjo tocou a sua trombeta, e houve no céu grandes vozes, que diziam: Os reinos do mundo vieram a ser de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará para todo o sempre (Ap 11. 15 ACF). 
  5. Ao meu ver esta perspectiva se alinha melhor com o texto ora analisado uma vez que o mesmo em seu contexto global fala que antes do Reino de Cristo a morte será submetida. "Mas cada um por sua ordem: Cristo as primícias, depois os que são de Cristo, na sua vinda. Depois virá o fim, quando tiver entregado o reino a Deus, ao Pai, e quando houver aniquilado todo o império, e toda a potestade e força" I Co 15. 22, 23.
  6. Perceba que após a παρουσια (parousia) virá o fim. esta afirmação não é minha, mas do autor do texto analisado. De acordo com este, o último inimigo que há de ser aniquilado é a morte. Porque todas as coisas sujeitou debaixo de seus pés (I Co 15. 26, 27a ACF). 
  7. As expressões: "convém que isto que é corruptível se revista da incorruptibilidade", "que é mortal se revista da imortalidade", bem como a repetição das mesmas demonstra que ele se detém na Glorificação dos Santos. 
  8. Esta mesma glorificação é vitória sobre a morte e estímulo para que os crentes sigam firmes, constantes a abundantes na obra do Senhor. 
CONCLUSÃO

Creio firmemente que o Arrebatamento é uma realidade escatológica. Todavia nos textos analisados a predominância é a doutrina da ressurreição e consequentemente da Glorificação dos Santos, e que ambas são o cerne do Evangelho. Estudar tais textos em um momento em que a ênfase é posta na realização pessoal, é grande fonte de consolo para os que amam a Vinda de Cristo. Em Cristo Jesus. 

Marcelo Medeiros, vosso conservo. 

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Esteja alerta e Vigilante, Jesus Voltará



O termo alerta diz respeito ao estado de atenção necessário em decorrência de algum evento esperado. Sinais foram dados para a vinda de Cristo, ao crente cabe a ponderação a respeito dos mesmos a fim de não ser pego de surpresa na manifestação de Cristo. Vigiar é literalmente estar de vigília e de sentinela. Neste texto pretendo abordar brevemente a necessidade de manter a máxima atenção aos sinais da Vinda de Cristo com vistas a não sermos pegos de surpresa na mesma.

A NECESSIDADE DE VIGILÂNCIA
Vigiai, pois, porque não sabeis a que hora há de vir o vosso Senhor. Mas considerai isto: se o pai de família soubesse a que vigília da noite havia de vir o ladrão, vigiaria e não deixaria minar a sua casa. Por isso, estai vós apercebidos também; porque o Filho do homem há de vir à hora em que não penseis (Mt 24. 42 - 44 ACF). 
O texto aponta claramente que a vigilância deve se dar em razão do total desconhecimento da ocasião em que Cristo há de vir. É com este intuito que se evoca a figura do ladrão, cuja missão se realiza em função do elemento surpresa. O texto termina com a afirmação de que o Filho do homem Virá em uma hora em que ninguém pensa.

A parábola das Dez Virgens é uma mensagem que visa reforçar esta fala. As virgens saem em cortejo ao noivo e este chega apenas na terceira vigília da noite. Vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a hora em que o Filho do homem há de vir (Mt 25. 13 ACF), esta é a lição da parábola contada pelo Senhor. Esta mesma vigilância pode ser expressa nas palavras:
Estejam cingidos os vossos lombos, e acesas as vossas candeias. E sede vós semelhantes aos homens que esperam o seu senhor, quando houver de voltar das bodas, para que, quando vier, e bater, logo possam abrir-lhe. Bem-aventurados aqueles servos, os quais, quando o Senhor vier, achar vigiando! Em verdade vos digo que se cingirá, e os fará assentar à mesa e, chegando-se, os servirá. E, se vier na segunda vigília, e se vier na terceira vigília, e os achar assim, bem-aventurados são os tais servos (Lc 12. 35 - 38 ACF). 
  1. Lombos cingidos podem ser indidcadores de prontidão para uma partida. Neste caso é estar adequadamente vestido para receber o Senhor quando este voltar. 
  2. As candeias devem de estar acesas, uma vez que a chegada do mesmo poderá se dar em quaisquer das vigílias da noite. 
  3. A atitude que Ele, o Senhor espera dos seus serviçais é que estes o recebam tão logo Ele chegar, para tal, devem estar acordados (vigiando). 
  4. A referência Às sucessivas vigílias é um indicador de que a parousia vai demorar a ocorrer. A parábola das virgens já indicava tal. 
  5. Os servos que estiverem vigilantes serão honrados. 
Mais um texto a ser visto é este abaixo transcrito:
Mas daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos que estão no céu, nem o Filho, senão o Pai. Olhai, vigiai e orai; porque não sabeis quando chegará o tempo. É como se um homem, partindo para fora da terra, deixasse a sua casa, e desse autoridade aos seus servos, e a cada um a sua obra, e mandasse ao porteiro que vigiasse. Vigiai, pois, porque não sabeis quando virá o senhor da casa; se à tarde, se à meia-noite, se ao cantar do galo, se pela manhã, Para que, vindo de improviso, não vos ache dormindo. E as coisas que vos digo, digo-as a todos: Vigiai (Mc 13. 32 - 37 ACF).   
  1. Cristo trata eventos futuros como assunto exclusivo do Pai (At 1. 7), daí o fato dele vedar aos seus discípulos o conhecimento da data de sua Vinda. 
  2. A despeito de negar aos seus o conhecimento de uma possível data da Vinda de Cristo, ele mesmo pede aos seus que olhem para os sinais. O verbo βλεπω (blepoo) vai desde a percepção com a faculdade da visão até a percepção, ou discernimento. 
  3. Ao partir Jesus deu autoridade aos seus servos para pregar o Evangelho, explusar demônios, curar enfermos, etc.... (Mc 16. 15 - 19). Ele determinou vigilância. 
  4. Todavia, tal como o chefe da casa a Vinda de Cristo se dará de improviso. 
  5. A palavra de Cristo teve aplicação para a geração de discípulos que o ouviu, e ainda tem para os que o ouvem na atualidade, o que se percebe na palavra: E as coisas que vos digo, digo-as a todos: Vigiai. 
VIGILÂNCIA EM TERMOS PRÁTICOS
E isto digo, conhecendo o tempo, que já é hora de despertarmos do sono; porque a nossa salvação está agora mais perto de nós do que quando aceitamos a fé. A noite é passada, e o dia é chegado. Rejeitemos, pois, as obras das trevas, e vistamo-nos das armas da luz. Andemos honestamente, como de dia; não em glutonarias, nem em bebedeiras, nem em desonestidades, nem em dissoluções, nem em contendas e inveja. Mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo, e não tenhais cuidado da carne em suas concupiscências (Rm 13. 11 - 14 ACF). 
  1. A parábola das Virgens mostra que "todas" dormiram, e "todas" foram despertadas com o brado anunciando a chegada do noivo. Este é o indicador de que é tempo de acordar. Por isso diz: Desperta, tu que dormes, e levanta-te dentre os mortos, e Cristo te esclarecerá. Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, mas como sábios, Remindo o tempo; porquanto os dias são maus (Ef 5. 14 - 16 ACF). 
  2. Para Paulo já estamos vivendo nos fim dos séculos. Ora, tudo isto lhes sobreveio como figuras, e estão escritas para aviso nosso, para quem já são chegados os fins dos séculos (I Co 10. 11 ACF). 
  3. Uma das metáforas para a Vinda de Cristo é o nascer do sol. Mas para vós, os que temeis o meu nome, nascerá o sol da justiça, e cura trará nas suas asas; e saireis e saltareis como bezerros da estrebaria (Ml 4. 2 ACF). 
  4. Em razão da proximidade da Vinda de Cristo, as obras das Trevas têm de ser rejeitadas e o comportamento condizente com a luz adotado. E olhai por vós, não aconteça que os vossos corações se carreguem de glutonaria, de embriaguez, e dos cuidados da vida, e venha sobre vós de improviso aquele dia (Lc 21. 34 ACF). 
Que este alerta fique gravado em nossos corações. Em Cristo, 

Marcelo Medeiros. 

sábado, 16 de janeiro de 2016

Esperando a Volta de Jesus




Aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do grande Deus e nosso Senhor Jesus Cristo (Tt 2. 13 ACF). Este texto indica que a esperança cristã tem na volta de Jesus o seu cerne. Neste mesmo texto a epifanéia, nome dado à vinda de Cristo, é classificada como bem-aventurada. Aguardar o retorno glorioso de Cristo já é estar em estado de ventura. No presente post pretendo abordar esta Esperança.


A ESPERANÇA

É bem mais do que mera expectativa. É o grande e execelente motivo de Glória do Cristão. Paulo diz: e nos gloriamos na esperança da glória de Deus (Rm 5. 2 ACF). Mesmo em meio Às maiores tribulações, os cristãos podem fazer das mesmas apredizado porque a "esperança não traz confusão" (Rm 5. 5 ACF), pois a base da mesma é o amor de Deus revelado em Cristo Jesus. em outras palavras, 
Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada. Porque a ardente expectação da criatura espera a manifestação dos filhos de Deus. Porque a criação ficou sujeita à vaidade, não por sua vontade, mas por causa do que a sujeitou, Na esperança de que também a mesma criatura será libertada da servidão da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus (Rm 8. 18 - 21 ACF). 
Este texto é de suma importância para uma reflexão a respeito da Esperança, uma vez que o mesmo aponta para os objetos da Esperança Cristã. Quais?

  1. Uma Glória que em nós há de ser revelada. A mesma da qual Paulo fala em Rm 5. 2. O pecado privou o homem desta glória, mas a libertação do corpo do pecado (Rm 7. 7 - 24). 
  2. A libertação da servidão da corrupção. Esta se dará quando o que for mortal e corruptível não mais o for. Na perspectiva paulina: convém que isto que é corruptível se revista da incorruptibilidade, e que isto que é mortal se revista da imortalidade (I Co 15. 53 ACF).  
  3. A liberdade da Glória dos filhos de Deus. Será a liberdade dos grilhões e aguilões do pecado. Ora, o aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei (I Co 15. 56 ACF). libertos do poder do pecado os salvos em Cristo experimentarão a liberdade da glória dos filhos de Deus. 
  4. Esta libertação inclui a natureza, que tal como o homem também foi sujeita à vaidade (Gn 3. 19; Rm 8. 22 - 26). 
Todavia, o texto igualmente aponta para a essência da nossa Esperança. 
  1. A Esperança é αποκαραδοκια (apokaradokia), ou ardente expectativa. Aos crente de Felipo Paulo escreve que segundo a intensa expectação [αποκαραδοκια (apokaradokia)] que o mesmo tinha, Cristo seria glorificado tanto em sua vida como em sua morte. 
  2. Tanto a ardente expectativa quando a espera suave eliminam quaisquer possibilidades de confusão por parte de quem espera, visto que todas as promessas tem o sim e o amém de Deus, inclusive as pertinentes à Vinda de seu Filho Jesus Cristo (II Co 1. 20). 
  3. Tanto em Fp 1. 20, quanto em Rm 8. 19, 20 o termo αποκαραδοκια (apokaradokia) vem acompanhado de um outro que igualmente denota a esperança Cristã, ελπιδι ou ελπις (elpidi, ou elpis). Consiste na espera, ou expectativa prazerosa que se mantém em relação a algo. Daí a força da exortação paulina que recomenda: Alegrai-vos na esperança (Rm 12. 12a ACF). 
  4. Um último verbete a ser visto no tocante à Esperança é προσδεχομαι [prosdechomai], esperar, ou ter expectativa. 
  5. Em todos estes casos a Esperança nasce da libertação que o crente experimenta em relação ao poder do pecado, por meio da justificação e da santificação, e aponta para a rendenção final, a saber: a glorificação (Tt 2. 11 - 14). 
  6. A essência da fé cristã está ligada com a ardente expectativa, e ao mesmo tempo com o desejo agradável de que Cristo venha buscar a sua Igreja. 
Mas qual é a base da Esperança no tocante à volta do Senhor? Simples, a Esperança é a firme confiança do crente nas promessas de Deus. Segue-se então que a base da Esperança de que Cristo vierá são as promessas de seu Glorioso Retorno. 

A PROMESSA DA VINDA DE CRISTO

Em tempos em que qualquer sonho, desejo, ou aspiração pessoal tem sido elevado à categoria de promessa de Deus, ainda que a mesma não tenha o mínimo de fundamentação bíblica, convém examinar a mais frequante das promessas da Bíblia, a Vinda de Cristo. E uma considerável quantidade de textos referendam à mesma. Veja:
Porque o Filho do homem virá na glória de seu Pai, com os seus anjos; e então dará a cada um segundo as suas obras (Mt 16. 27 ACF). 
E, estando assentado no Monte das Oliveiras, chegaram-se a ele os seus discípulos em particular, dizendo: Dize-nos, quando serão essas coisas, e que sinal haverá da tua vinda e do fim do mundo? Porque, assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até ao ocidente, assim será também a vinda do Filho do homem. E, como foi nos dias de Noé, assim será também a vinda do Filho do homem. E não o perceberam, até que veio o dilúvio, e os levou a todos, assim será também a vinda do Filho do homem (Mt 24. 3, 27, 37, 39 ACF).  
Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar. E quando eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também (Jo 14. 1 - 3 ACF).
E, quando dizia isto, vendo-o eles, foi elevado às alturas, e uma nuvem o recebeu, ocultando-o a seus olhos. E, estando com os olhos fitos no céu, enquanto ele subia, eis que junto deles se puseram dois homens vestidos de branco. Os quais lhes disseram: Homens galileus, por que estais olhando para o céu? Esse Jesus, que dentre vós foi recebido em cima no céu, há de vir assim como para o céu o vistes ir (At 1. 9 - 11 ACF). 
De maneira que nenhum dom vos falta, esperando a manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo (I Co 1. 7 ACF).
E esperar dos céus o seu Filho, a quem ressuscitou dentre os mortos, a saber, Jesus, que nos livra da ira futura (I Ts 1. 10 ACF).
Porque, qual é a nossa esperança, ou gozo, ou coroa de glória? Porventura não o sois vós também diante de nosso Senhor Jesus Cristo em sua vinda? (I Ts 2. 19 ACF). 
Estas promessas são a base da Esperança do Cristão.  

COMO ESPERAR A VINDA DE CRISTO?

Como Cristo espera que estejamos para o seu retono glorioso? Esta pergunta precisa ser feita, principalmente se for considerado que a cada nova tragédia uma febre escatológica é deflagrada, todavia ao invés de alimentar a curiosidade de seus discípulos Jesus deixou aos mesmos um norte a respeito de como deveriam agir. 

A) Com Vigilância
Vigiai, pois, porque não sabeis a que hora há de vir o vosso Senhor. Mas considerai isto: se o pai de família soubesse a que vigília da noite havia de vir o ladrão, vigiaria e não deixaria minar a sua casa (Mt 24. 42, 43 ACF). 
Vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a hora em que o Filho do homem há de vir (Mt 25. 13 ACF).
Em ambos os textos é erceptível a presença do verbo γρηγορευω [gregoreuoo], cujo sentido é o de manter-se acordado, não dormir. Daí a recomendação de Paulo: Não durmamos, pois, como os demais, mas vigiemos, e sejamos sóbrios (I Ts 5. 6 ACF). O sono aqui é uma metáfora, que é explicada pela parábola em que mordomo aguarda o retorno de seu Senhor. 

B) Mordomia
Quem é, pois, o servo fiel e prudente, que o seu senhor constituiu sobre a sua casa, para dar o sustento a seu tempo? Bem-aventurado aquele servo que o seu senhor, quando vier, achar servindo assim. Em verdade vos digo que o porá sobre todos os seus bens (Mt 24. 45 - 47 ACF). 
Estejam cingidos os vossos lombos, e acesas as vossas candeias. E sede vós semelhantes aos homens que esperam o seu senhor, quando houver de voltar das bodas, para que, quando vier, e bater, logo possam abrir-lhe. Bem-aventurados aqueles servos, os quais, quando o Senhor vier, achar vigiando! Em verdade vos digo que se cingirá, e os fará assentar à mesa e, chegando-se, os servirá. E, se vier na segunda vigília, e se vier na terceira vigília, e os achar assim, bem-aventurados são os tais servos (Lc 12. 35 - 38 ACF).
A vinda de Cristo é descrita como um momento de alegria? Sim, as igualmente o é como uma prestação de contas, daí a necessidade de mordomia. 

C) Santidade

E o Senhor vos aumente, e faça crescer em amor uns para com os outros, e para com todos, como também o fazemos para convosco; Para confirmar os vossos corações, para que sejais irrepreensíveis em santidade diante de nosso Deus e Pai, na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo com todos os seus santos (I Ts 3. 12, 13 ACF).
E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. Fiel é o que vos chama, o qual também o fará (I Ts 5. 23, 24 ACF).  

  1. A vida descrita aqui transcende a superficialidade, é uma vida de plenitude.  A base da mesma é o amor. 
  2. Na medida em que o amor cristão cresce, os crentes igualmente crescem em santidade diante de Deus. 
  3. Este crescimento tem de ser contínuo até a Vinda de Cristo. 
  4. É Deus quem mediante o seu Espírito, santifica o crente e o faz irrpreensível, até a Vinda de Cristo Jesus. 
  5. A santidade realizada pelo mesmo tem sua progressão em todas as áreas da vida do cristão, aqui representadas pelo Espírito, alma e corpo. 
Em Cristo, Marcelo Medeiros

 

sábado, 2 de janeiro de 2016

Escatologia o Estudo das Últimas Coisas


Escatologia é um ramo da Teologia Sistemática cujo material é constituído pela interpretação da profecia bíblica, apocalíptica e das demais matérias da Sistemática [aqui leia-se Sistemática como Dogmática]. O que pretendo dizer aqui é que descreio de uma Escatologia saudável, que não reúna e equilibre estes elementos. Sem os tais o que se tem é uma interminável especulação a respeito de eventos futuros que se resumem a tentativas de ver em clérigos romanos a besta, ou de acomodar evantos às passagens da Bíblia. 

De acordo com a revista do primeiro trimestre do corrente ano das Casas Publicadoras das Assembleias de Deus, o estudo da escatologia traz ao coração dos salvos a esperança de um dia estarem para sempre com o SenhorJesus Cristo. A título de consideração inicial posso afirmar que a Esperança é a matéria por excelência da Escatologia. 

A presente introdução já deu o tom do corrente post. Qual? 1) Definir o que é Escatologia. 2) Esclarecer as fontes bíblicas e teológicas da mesma. 3) Ressaltar o elemento da Esperança contido na mesma. Não é tarefa fácil, visto que o ser humano tem um profundo interesse no futuro e os estudos escatológicos tem sido profundamentes influenciados por este caráter especulativo. Feitas as colocações convido o leitor a aventura no estudo da escatologia. 

O QUE É ESCATOLOGIA?

A pergunta a respeito da natureza da Escatologia bíblia imediatamente nos remete ao que não é escatologia. E a resposta a esta primeira indagação remete ao leitor bíblico às seguintes questões:
  1. Não é a entrega a especulações a respeito do futuro, uma vez que o próprio Cristo disse aos seus discípulos: Não vos pertence saber os tempos ou as estações que o Pai estabeleceu pelo seu próprio poder (At 1. 7 ACF). 
  2. Não consiste em intermináveis tentativas de marcações de datas para a Vinda de Cristo, uma vez que o mesmo disse: Mas daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos do céu, mas unicamente meu Pai (Mt 24. 36 ACF). 
  3. A afirmação de Jesus acima, não é uma negação de sua autoridade e divindade, mas o indicador de um padrão, uma vez que o próprio Deus quando faz anunciados aos seus profetas não trabalha com datas. 
  4. Não é a acomodação de eventos atuais às profecias bíblicas [algo que ocorre principalmente no caso dos programas de implantação de chips e eventos catastróficos como a derrubadas das torres gêmeas, do World Trade Center, ao atentado terrorista ocorrido na França ano passado, ou ao desastre ambiental de Mariana MG (ver aqui)]. 
  5. Não consiste na acomodação de textos bíblicos às ideias pré concebidas no campo da dogmática [este é o caso do pré-tribulacionismo, posição teimosamente defendida pelos líderes evangélicos no Brasil, mas incosistente do ponto de vista bíblico, conforme será demonstrado mais afrente]. 
  6. Não pode ser confundida com a série Deixados para Trás de Tim LaHaye, cujo teor é puramente especulativo e contém elementos mais lendários e mitologicos do que bíblicos. Os filmes são interessantes, mas poderiam ser colocados numa categoria inferior a Inimigo de Estado, Controle Absoluto, Vingador do Futuro, O Pagamento e tantos outros que se entregam a especulações a respeito de temas como o Fim do Mundo, Crise política, ambos presente na Escatologia atual. 
  7. Aqui observa-se que a Escatologia não é algo delimitado ao povo evangélico. Franquias cenematográficas como o Exterminador do Futuro possuem seu viés escatológico, o mesmo se pode dizer de obras como o livro e o filme feito com base no mesmo A Máquina do Tempo de H. G. Wells. 
Uma vez percebidas as verdades acima convém perguntar: o que de fato é a escatologia?
  1. Etimologicamente falando é a junção dos termos gregos εσχατη (eschatee) com λογος, o primeiro tem a ver com último, o segundo com estudo, tratado, saber. 
  2. Escatologia seria assim o saber a respeito das últimas coisas. Mas o que precisamente poderiam ser estas últimas coisas?
  3. Biblicamente falando as últimas coisas são os evantos que transcorrem entre a ascensão de Cristo e o seu retorno. Com este sentido o termo εσχατων των ημερων [eschaton ton heemeron, ou últimos dias] é empregado em Hb 1. 1, 2. 
  4. De igual modo o termo εσχατων των χρονων [eschaton ton chronon] é empregadopara se referir aos eventos pertinentes ao primeiro advento de Cristo, que culminou com sua morte e ressurreição e sucessivamente com a redenção dos crentes (I Pe 1. 20). 
  5. O mesmo se pode dizer de termos como συντελεια του αιωνος [synteleia ton aioonos], cujo emprego pode ser feito em alusão a eventos futuros (Mt 13. 49; 28. 20), como para os que ocorreram no momento histórico em que Cristo morreu (Hb 9. 26). 
  6. Perceba a partir deste último texto bíblico que a consumação dos séculos, na mentalidade do autor da Carta aos Hebreus é o momento em que o mesmo está vivendo. 
  7. Algo similar ocorre na mente de Pedro quando este associa o derramamento do Espírito no Pentecostes com a profecia de Joel (Jl 2. 28 - 31) e acrescenta a expressão εσχατων των ημερων [eschaton ton heemeron, ou últimos dias]. Os eventos ligados a morte, ressurreição e ascenção de Cristo inauguram a era Final. 
  8. Conforme sugerido acima, em relação à expressão συντελεια του αιωνοςεσχατων των ημερων pode ser empregado para eventos futuros, coforme visto nos textos que fazem alusão à apostasia (I Tm 4. 1), à corrupção generalizada (II Tm 3. 1ss), e ao descrédito com relação à Vinda de Cristo (II Pe 3. 3). 
  9. Gordon Fee e Douglas Stuartt afirmam que o Novo Testamento é um documento eminentemente escatológico, visto que seus contemporâenos acreditavam que a qualquer momento o Reino de Deus irromperria na Era presente
  10. Conclui-se assim que a escatologia não se limita a eventos futuros, antes abrange eventos pertinentes ao momento em que os discípulos, e demais membros da comunidade primitiva viveram. O ensino de Cristo, bem como sua pregação são eminentemente escatológicos [ver aqui]
Este é o momento em que se pode passar para as fontes bíblicas da Escatologia. 

FONTES BÍBLICAS DA ESCATOLOGIA

Falar a respeito das fontes bíblicas da Escatologia, demanda, por parte de quem se propõe a realizar tal feito, séria consideração a respeito das profecias bíblicas e da apocalíptica. Em geral estes dois movimentos são confundidos no imaginário cristão. A prova cabal de similar confusão é o fato de Daniel ser tido, ou considerado como profeta, quando na verdade ele é um חָזֹ֖ון (hazon) visionário. 

Biblicamente falando o movimento profético é um movimento que tem seu começo na monarquia. Não se trata um movimento literário desde o início, tanto que Elias, Eliseu, Aías de Silo e tantos outros não deixaram escritos. É a partir do ministério de Isaías, e Jeremias que o movimento assume forma literária, mediante ordem divina de que os oráculos sejam escritos. 

Disse-me também o SENHOR: Toma um grande rolo, e escreve nele com caneta de homem: Apressando-se ao despojo, apressurou-se à presa (Is 8. 1 ACF). A ordem visa a perpetuação das palavras oraculares para o dia do final: Vai, pois, agora, escreve isto numa tábua perante eles e registra-o num livro; para que fique até ao último dia, para sempre e perpetuamente (Is 30. 8 ACF). 

Deus ordenou a Jeremias que escrevesse a profecia a fim de que quando esta se cumprisse, o cumprimento fosse testemunho de que Deus havia mandado o profeta falar tantos os oráculos de juízo quanto os de consolação, é o que concluo deste texto abaixo:
Assim diz o Senhor Deus de Israel: Escreve num livro todas as palavras que te tenho falado. Porque eis que vêm dias, diz o Senhor, em que farei voltar do cativeiro o meu povo Israel, e de Judá, diz o Senhor; e tornarei a trazê-los à terra que dei a seus pais, e a possuirão (Jr 30. 2, 3 ACF). 
O profeta é um homem que começa o seu oráculo com a expressão veio a palavra do Senhor (Is 38. 4; 39. 5; Jr 2. 1; 30. 1; 32. 26; 33. 23). Já o apocalipsista é um homem de visão. Daniel é um claro exemplo. Discordo de que este último seja uma produção do período interbíblico, quando, de acordo com a maioria dos eruditos se desenvolveu a apocalítica, mas seu estilo é eminetemente assim, devido ao emprego de visões simbólicas (Dn 7; 8), do uso histórico das profecias (Dn 9. 1ss) e das visões frequentes. Tais detalhes podem ser aferidos neste breve estudo que fiz.

Do profetismo a escatologia dogmática herdou:

  1. As profecias que dizem respeito a Jesus Cristo, tanto em seu primeiro advento, quanto no seu segundo. Na verdade ambos sestão profundamente misturados, conforme se pode ver nos seguintes textos (Gn 49. 9 - 12; II Sm 7. 12 ss; Mq 5. 2). 
  2. O primeiro texto mistura cenas de nascimento de um descendente de Judá com as de execução de um juízo e o estabelecimento de uma paz sem fim. 
  3. Esta percepção messiânica permanece mesmo no ministério profético de João Batista, para quem a Vinda do Messias tem como objetivo único a execução de um juízo sobre os que não se arrependem e não ouvem a pregação de Batista e do Messias (Mt 3. 10 - 12). 
  4. Foi Cristo quem fez a distinção entre o período da salvação e o do juízo (Mt 11. 5ss; 16. 27). 
  5. As profecias pertinentes a Israel. Isaías, Jeremias, e Miquéias, por exemplo descrevem um quadro cujo cumprimento não é pleno. Nestas o Monte de Sião será um referencial de ensino e sabedoria para todas as nações da terra e os povos para lá correrão (Is 2. 2 - 4). 
  6. Em razão do conhecimento do Senhor, não se fará mal nem dano algum no santo monte do Senhor (Is 11. 9). 
  7. Isaías chega a descrever o seguinte quadro: E a lua se envergonhará, e o sol se confundirá quando o Senhor dos Exércitos reinar no monte Sião e em Jerusalém, e perante os seus anciãos gloriosamente (Is 24. 23 ACF). 
  8. Um quadro similar a este será retratado por João em sua descrição da Cidade Santa. E ali não haverá mais noite, e não necessitarão de lâmpada nem de luz do sol, porque o Senhor Deus os ilumina; e reinarão para todo o sempre (Ap 22. 5 ACF). 
  9. Este mesmo monte é um local em que as estruturas dos céus serão abaladas e a morte aniquilada para sempre (Is 25. 6 - 9). 
  10. Estas profecias formam o cerne de duas categorias apocalípticas e escatológicas: a do Milênio e a do Estado Eterno e servem como exemplo da influência do profetismo na formação do pensamento escatológico. 
  11. Há também as profecias condizentes aos gentios. Elas indicam que o plano de Deus não se restringe exclusivamente aos filhos de Israel, antes abrangem as gentes, ou as demais nações (Gn 12. 3; 18. 18; 22. 18). 
  12. A lei do senhor emanará de Sião, para todos os povos (Is 2. 3). 
  13. Por mim mesmo tenho jurado, já saiu da minha boca a palavra de justiça, e não tornará atrás; que diante de mim se dobrará todo o joelho, e por mim jurará toda a língua (Is 45. 23 ACF). 
  14. Naquele tempo chamarão a Jerusalém o trono do Senhor, e todas as nações se ajuntarão a ela, em nome do Senhor, em Jerusalém; e nunca mais andarão segundo o propósito do seu coração maligno (Jr 3. 17 ACF). 
  15. Há também as profecias bíblicas pertinentes à Igreja. Elas decorrem de uma compreensão de que os gentios estão incluídos na etapa da salvação e que tal como os judeus fazem parte das promessas feitas a Abraão, Isaque e Jacó.
  16. Tais profecias são mais perceptíveis mediante leitura apurada da Carta aos Efésios. Nesta Paulo demonstra como judeus e cristãos foram inidos em um único povo (Ef 2. 11 - 18; 3. 4 - 6). 
Da apocalíptica judaica a Escatologia herdou: 
  1. As imagens cataclísmicas dos evantos finais tais como: a destruição da terra, da natureza, das potências do céu, etc...
  2. Uma visão simbólica e teleológica da história (Dn 2; 7; 8). O advento dos reinos mundiais é descrito por meio da ascenção de bestas, ou de ujma estátua constituída de vários metais em que a mesma é destruída (Dn 2). 
  3. Quadros eminentes da volta do Senhor. São aquelas imagens em que no lugar da restauração da monarquia judaica o próprio Deus é descrito Aquele que vem para Reinar (Dn 7. 13, 14). 
  4. Ele é Aquele que Vem com as nuvens do céu [símbolo de glória]. Esta imagem será constante no Novo Testamento para descrever a Vinda de Cristo (Dn 7. 13; Mt 16. 27; 24. 30; 26. 64). 
Feitas as considerações supra passemos às conclusões sa dogmática na Escatologia. 

RESULTADOS NA DOGMÁTICA E NA ESPERANÇA



No tocante à dogmática pode-se dizer que: 

  1. A Escatologia é a consumação da Teontologia [doutrina do Ser de Deus], visto que a mesma descreve a Glorificação final de Deus em tudo e em todas as coisas (Ap 4. 8, 11; 19. 6, 7). 
  2. É igualmente a consumação da Antropologia, visto que nesta os homens são descritos cumprindo o eterno propósito para o qual foram criados, a saber: o de glorificar a Deus por meio de suas palavras e obras. De uma forma, ou de outra, na condição de salvos ou na de perdidos os homens redenrão glórias a Deus, visto que Deus mesmo jurou toda língua confessará e todo o joelho se dobrará (Is 45. 23; Rm 14. 11; Fp 2. 10, 11). 
  3. A Escatologia é a consumação da Hamartialogia, visto que proclama a aniquilação de toda forma de mal, conforme se pode ver na letra da música de Nelson Cavaquinho [Juízo final], neste dia do mal será queimada a semente, o amor será eterno novamente. Conforme se vê nas observações supra, as profecias afirmam categoricamente: não se fará mal nem dano algum no santo monte do Senhor (Is 11. 9). 
  4. Na Soteriologia se verá a conclusão da obra definitiva de Cristo. No passado cada crente foi salvo da ira de Deus ao ser justificado em e com sua graça (Rm 5. 1 - 11). No presente o crente experimenta libertação do poder do pecado mediante a aplicação da graça na vida diária. Este processo é denominado de santificação (Rm 6. 14 - 22). No futuro não estaremos mais sob risco de pecar, uma vez que seremos salvos do poder do pecado. O nome deste processo é glorificação (Rm 8. 29, 30), cuja consumação definitiva se dará na Vinda de Cristo. 
  5. Cristologicamente falando o próprio Jesus deu a entender que sua encarnação não revelava tudo a respeito de sua natureza (Is 53. 1; Jo 12. 38), daí o fato de que Ele mesmo tenha falado em um dia em que o Filho do Homem haveria de se revelar (Lc 17. 30). O autor aos Hebreus afirma: Vemos, porém, coroado de glória e de honra aquele Jesus que fora feito um pouco menor do que os anjos, por causa da paixão da morte, para que, pela graça de Deus, provasse a morte por todos (Hb 2. 9 ACF). 
  6. A Eclesiologia tem sua resolução na Escatologia, visto que nesta se descreve a união final entre Cristo e sua Igreja (Jo 14. 3; I Ts 4. 17). 
  7. A Esperança Cristã é a Glória de Deus (Rm 5. 2; 8. 18) a manifestação de Nosso Grande Deus e Salvador Jesus Cristo (Tt 2. 13, 14), uma herança incorruptível (I Pe 1. 4, 5), novos céus e nova Terra (II Pe 3. 13) etc...
CONCLUSÃO

Em tempos tão marcados pelo materialismo e pelo hedonismo a função da esperança é fazer com que o crente olhe para além do tempo presente, para além daquilo que se vê, e recobre sua identidade a se comporte neste presente tempo como se não estivesse mais sob este aéon. 

Em Cristo, Marcelo Medeiros. 
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