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terça-feira, 26 de março de 2013

Tragédia anunciada


 




Esta semana fui impactado pela notíca, estarrecedora, diga-se de passagem, a respeito de mais um ato religioso que somado a uma diversidade de fatores resultou em mais uma desgraça coletiva, e para meu espanto haviam crianças envolvidas na sandice. Em sua fanpage no facebook, Caio Fábio destacou a ignorância quanto ao Evangelho como principal fator na morte de duas irmãs, uma identificada como Missionária, e outra como familiar. Diante do exposo não faltarão ortodoxos para criticar o pentecostalismo, céticos para falar mal de todas as religiões, e creio que não faltarão blogueiros para comentar. Mas conforme indica acima a questão não pode ser vista de um único ângulo, vários fatores tem de serem considerados, dentre os quais o psicológico. Ao ler a notícia automaticamente me lembrei de um artigo de Ed René Kivitz.
Em um dos maiores momentos de lucidez e discernimento, Ed René Kivitz afirmou: Fico me perguntando por que existe gente disposta a ouvir bobagens travestidas de verdades divinamente reveladas. Cheguei a algumas conclusões, (prossegue o autor em apreço). Encontrei pelo menos quatro razões pelas quais os contadores de fábulas, estão levando vantagem sobre os profetas e mestres: ignorância, cobiça, culpa e desespero. As três últimas, na visão do autor, podem vitimar até pessoas esclarecidas. Isto porque em nossa trajetória, às vezes trágica, chega um momento em que deixamos de ouvir com a razão e passamos a ouvir com a emoção, e isto não é exclusividade dos religiosos, mas á algo da natureza corrompida, uma vez que o coração é mais enganoso que qualquer outra coisa e sua doença é incurável. Quem é capaz de compreendê-lo? (Jr 17. 9 NVI). Este mesmo coração, uma vez contaminado pela cobiça, culpa e desespero, nos molda a ter umouvido seletivo e a deprezar a verdade. Jejuar até que um ser celestial apareça é um ato de sandice. Acaso Jacó estava em jejum quando viu os anjos de Deus subindo e descendo pela escada, ou quando lutou com Deus no vau de Jaboc?  
Mas a julgar pelas contas atrasadas e pela radicalidade do sacrifício, creio que o fator preponderante aqui tenha sido a mistura de cobiça com desespero. Não se trata de uma ambição comedida, saudável, que nos ajuda a lidar com a existência, mas de um desejo desenfreado pelo que não é legítimo, ouna verdade pelo que é incompatível, e de acordo com a reportagem, ela queria uma casa na zona sul. Mas também é necessário que se leve em conta o desespero. E aí tenho de retornar às palavras de Ed René Kivitz para quem o desespeto é resultado da dor profunda, do sofrimento excessivo, da sensação de morte, da iminência da tragédia, pessoas nestas condições estão dispostas a quanquer coisa. Pagam qualquer preço.
Não consigo mais escrever, muito menos analisar a situação de forma racional. Algo em mim doe e muito com a situação de quem chegou a este extremo para obter uma resposta, com as crianças que de tanto jejuarem nem forças tinham para comer. É quando me lembro dos que muito sofrem e quando a alegria chegar, terão forças para se alegra? Solidariedade com o sofrimento desta família e dor pela miséria humana são as únicas coisas que me vêm à mente.
 



 
 
P.S. Não creio em um Deus indiferente ao sofrimento e à dor dos seres humanos, ainda creio em um Deus que usa a dor e o mal para os seus propósitos, é disto que Paulo fala em Romanos (8. 28), mas se o ser humano não se entende com chamado pelo eterno decreto do Pai, fica fácil ser dominado pela culpa, cobiça e pelo desespero.
 
Marcelo Medeiros.
 

Minha perspectiva sobre o ensino Religioso e uma sociedade laica

 
 
Escrevo este este breve artigo com a finalidade de dar a minha contribuição como Pedagogo, pós graduando em Ensino Religioso e líder evangélico; para uma questão que tem produzido notícias e mais notícias no ambiente virtual, que é a questão do Ensino Religioso nas Escolas públicas. O maior argumento contrário é o de que somos uma sociedade laica, e que com a revolução científica a religião deveria de estar confinada à esfera íntima, ou seja, questões religiosas não podem e nem devem de ser colocadas na esfera pública. Em matérias recentes uma das questões mais ressaltadas é a exclusão das minorias religiosas e o sentimento de mal estar gerado pela postura proselitista que alguns docentes tem adotado em suas respectivas práticas. gostaria de responder a estas duas questões.
Primeiro a religião tem de ser discutida na esfera pública pelos seguintes motivos:
  1. Vivemos em um estado que se afirma comprometido com a Educação para a Cidadania, como preconizado nos Parâmetros Curriculares Nacionais. Uma postura cidadã é muito mais do que o exercício ao direito do voto, ela engloba uma postura solidária face às injustiças cometidas em relação ao outro, um engajamento na luta pelo aquisição justa de direitos para nós e para os outros. Isto é claramente afirmado nos objetivos gerais dos PCN's, mas o que poucos se perguntam é: estou em acordo com estes objetivos, em alguma proporção eles coadunam com o projeto de sociedade com o qual estou comprometido? E mais, estou ciente de que uma vez tendo concordado com tais valores, tenho condições de admitir a possibilidade de que eles tenham uma natureza religiosa? Isto não significa dizer que somente cristãos podem adotar atitudes éticas e de respeito ao próximo, longe de fazer tal afirmação, quando na verdade vemos justamente o contrário, ainda que não de forma generalizada, mas de reconhecer juntamente com Max Weber, que a religião formou sim uma série de valores que norteiam nossa conduta neste mundo, e que tanto a solidariedade quanto a justiça podem ser incluídos nestes.
  2. É precisamente neste ponto que se faz necessária a discussão a respeito do relacionamento com as minorias religiosas. Um dos objetivos gerais dos Parâmetros Curriculares Nacionais é produzir nos alunos atitudes de respeito face à diversidade cultural (na qual a religião está inserida), mais do que respeitar, o alvo aqui é que o discente aprenda a valorizar o patrimônio cultural e a diversidade cultural.
  3. Por último acredito que a discussão religiosa mediada por um docente comprometido com semelhante diálogo pode ajudar na formação de futuros cidadãos que possuam habilidades para discutir de forma de maneira crítica, responsável e construtiva, e de usar o diálogo como forma de mediar conflitos e de tomar decisões coletivas.
É mais do que fato que cada vez mais se busca uma sociedade laica, mas que esta laicização seja unilateral. Por exemplo, nenhum religioso quer ver o Estado controlando sua fé, sua instituição, seus modos de crer. Por outro lado, cada vez mais vemos céticos se incomodando com a "invasão" que os espaço público tem sofrido com religiosos. Mas precisamos entender que a laicização, por si própria já é uma luta religiosa, uma vez que a mesma está ligada à Reforma Protestante, e que muitos valores que constituíram a filosofia humanista são de matriz religiosa, para não dizermos cristã. Mesmos os céticos precisam, a fim de poderem estabelecer futuro diálogo com religiosos e assumirem em relação aos mesmos uma postura de respeito, de solidariedade, reconhecer quais valores religiosos norteiam suas convicções e creio sim, que sob esta ótica o Ensino Religioso (não confessional) seja de extrema importância.
Outra questão o Ensino também poderia ser confessional desde que a postura dos "religiosos" que assumem os devidos cargos seja outra, mas qual? Uma postura de diálogo acima descrita fosse assumida, e creio que tal atitude possa sim ser assumida por qualquer religioso, a história está cheia deles. Eles tinham as suas respectivas convicções, mas ensaiaram uma conversação com sua geração e com gerações futuras por meio do que produziram.
Outro aspecto a ser ressaltado, aqui é que advogo uma postura diferente da que vem sendo adotada. No lugar do proselitismo, o ouvir tem de ser cultivado e os espaço do Ensino Religioso pode ser usado de tal forma. É esta postura que foi defendida por Jonh Stott e atualmente tem ganho adesão de alguns apologistas, dentre os quais Alister Macgraph e Timothy Keller, e tem de ser adotada sim por nós. Em Cristo.
 
links para sua consulta:

 
 
Marcelo Medeiros.
 

 

sábado, 23 de março de 2013

Santo lugar

 
 
 
Ainda estes dias vivi a experiência da "perda" de um amigo. Visitndo as páginas do facebook vejo várias pessoas exterando a saudade, por um irmão, um parente que partiu. Saudade, palavra para a qual não encontramos uma definição satisfatória. Sentimento que ainda nutro, que me assola quando me lembro da minha mãe, de minha avó, e de tantos homens cuja amizade foi crucial para mim, cujo exemplo trago comigo até hoje. Nesta hora somente a esperança abafa a saudade, então me lembro da letra da música que diz:
 
Há de ter um lugar, onde o tempo há de parar
Onde a paz se faz real, e o irreal amor não há, não
Sei que há, pois Deus o diz eu não posso duvidar
Mesmo que não possa imaginar, espero o dia... sim espero

Aleluia, aleluia, no céu eu vou morar
Aleluia, aleluia, pois Cristo vem me buscar.

Há de ter um lugar, onde lágrimas não rolarão
Fracassado os dias maus, da vida em caos
Jamais verei, pois no lugar, santo lugar
onde o inimigo ausente estará,
Face a face a Cristo verei
E muitos verão, por isso eu canto

Aleluia, aleluia, no céu eu vou morar
Aleluia, aleluia, pois Cristo vem me buscar.



São estas palavras que trazem consolo para nossa vida. Não sem razão que Paulo disse: Consolai-vos uns aos outros com estas palavras  (I Ts 4. 18).

Em Cristo, Pr Marcelo Medeiros.

terça-feira, 19 de março de 2013

VIDA DE CRENTE NA POLÍTICA NÃO É VIDA DE PROFETA NA CORTE

Neste breve artigo pretendo expor à luz da Bíblia minhas considerações a respeito dos últimos acontecimentos políticos em nosso país, dentre os quais: a Eleição do deputado Marco Feliciano para a comissão de direitos humanos da Câmara Federal, os sucessivos levantes de deputados contrários à eleição do mesmo, a ênfase midiática ao tema, e o papel nada ético da mída neste embate. Para tal convido o leitor a uma leitura do exegética de um pequeno texto do Evangelho de Mateus. Os textos em sua maioria serão citados a fim de facilitar aos leitor. Passemos à reflexão bíblica.

O Evangelho de Mateus registra o chamado dos discípulos de Cristo e seu prepara para uma missão. Nesta ocasião, ele mesmo advertiu aos seus discípulos a respeito do ambiente hostil que encontrariam no mundo, e o fez nas seguintes palavras: os estou enviando como ovelhas entre lobos (Mt 10. 16a NVI). No mesmo texto Jesus adverte a respeito do comportamento que os mesmos deveriam ter, e lhes diz: sejam prudentes como as serpentes e simples como as pombas (Mt 10. 16b NVI). Com estas palavras Jesus está dizendo: a) que a nossa identidade é a de ovelha, b) que estamos em terreno hostil (no meio dos lobos), c) que neste espaço hostil nossa vida tem de ser regida pela prudência e pela simplicidade. Nossa identidade, a reação do mundo à nossa pessoa e o comportamento que devemos ter para que possamos sobreviver são temas recorrentes na pregação de Jesus e vão marcar o ensino apostólico.

Ao falar de nossa identidade nos Evangelhos Jesus sempre fez questão de dizer que ela é marcada por uma diferença entre nós e o mundo. Deste modo o Evangelho nos identifica como sal e luz do mundo (Mt 5.13 - 16), como uma comunidade marcada pelo serviço humilde ao próximo (Mt 20. 26 - 28) e como ovelhas (Mt 10. 16). Neste ponto Jesus este seguindo a tradição bíblica que identifica o povo de Deus como rebanho espiritual. O salmista exclama: Reconheçam que ele é o nosso Deus. Ele nos fez e somos dele: somos o seu povo, e rebanho do seu pastoreio (Sl 100. 3 NVI). Em outro momento os salmistas afirmam: Cheguem à tua presença os gemidos dos prisioneiros. Pela força do teu braço preserva os condenados à morte. Retribui sete vezes mais aos nossos vizinhos as afrontas com que te insultaram, Senhor! Então nós, o teu povo, as ovelhas das tuas pastagens, para sempre te louvaremos; de geração em geração cantaremos os teus louvores (Sl 79.11 - 13 NVI). Somos ovelhas e como tais estamos sob os cuidados de nosso pastor que é Cristo.

Mas o ambiente mundano é hostil. Aqui temos outra verdade falada por Cristo. Ele disse que seus discípulos seriam expulsos da sinagoga e que quem os matasse julgaria estar prestando um serviço a Deus (Jo 16. 1, 2), que eles seriam traídos pelos seus próprios familiares (Mt 10. 21), de forma que citanto o profeta Miquéias, Jesus afirmou: os inimigos do homem serão os da sua própria família (Mt 10. 36 NVI). Ainda a respeito da reação do mundo à nossa pessoa necessário se faz antentar para o que Jesus disse aos seus discípulos e indiretamente se aplica ao tempo presente. Se o mundo os odeia, tenham em mente que antes odiou a mim. Se vocês pertencessem ao mundo, ele os amaria como se fossem dele. Todavia, vocês não são do mundo, mas eu os escolhi, tirando-os do mundo; por isso o mundo os odeia. Lembrem-se das palavras que eu lhes disse: nenhum escravo é maior do que o seu senhor. Se me perseguiram, também perseguirão vocês. Se obedeceram à minha palavra, também obedecerão à de vocês (Jo 15. 18 - 20 NVI). Aqui, necessário se faz atentar para o fato que a simples relação com Cristo traz para a vida do crente uma antipatia do atual sistema, não se trata de algo pessoal, mas de algo sistemático, de uma controvérsia entre luz e trevas.

Diante de tais constatações, o que nos resta é refletir a respeito do nosso comportamento na condição de ovelhas em ambiente de lobos. Jesus recomendou aos seus discípulos que fossem simples e prudentes. A primeira está ligada á despretensão, desafetação, modéstia. O termo grego ακεραιοι (akeraioi), indica pureza, ou a falta de malícia, de intenção secreta ou dissimulada. Tal postura é mais do que necessária no embate entre o cristão e o mundo. Daí Paulo recomendar: Façam tudo sem queixas nem discussões, para que venham a tornar-se puros e irrepreensíveis, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração corrompida e depravada, na qual vocês brilham como estrelas no universo (Fp 2.14, 15 NVI).

Com relação á prudência, esta é definida em nossos dicionários como: virtude que nos faz prever e evitar as faltas e os perigos e que nos leva a conhecer e praticar o que nos convém. Cautela, precaução. O cuidado para não transgredir engloba o uso da língua e no nosso caso das redes sociais, visto que Jesus advertiu aos seus discípulos: como guardaram a minha palavra, também guardarão a vossa (Jo 15.20 ARCF). Ou seja, neste ambiente adverso até as nossas palavras podem vir a ser usadas como armas contra nós. Daí a necessidade de prudência, ou φρονιμοι (phronimoi). Que lições práticas podemos tirar destas reflexão bíblica?

Todos sabemos que o deputado federal Marco Feliciano foi eleito para a comissão de direito humanos na Câmara Federal. A eleição do mesmo trouxe um clima ruim fora e dentro do cenário gospel. Não faltou crentes a se manifestarem nas redes sociais a respeito das posições teológicas e do comportamento do mesmo, etc.... Mas o que aconteceu com o mesmo é um caso de reflexão para nós. Primeiro, a respeito do jogo sujo da política. Enquanto um monte de crente se preocupa em criticá-lo, José Genuíno, Paulo Maluf e João Paulo Cunha assumem a comissão de constiuição e justiça e ninguém da imprensa dá o mesmo peso midiático a tal incoerência. Aqui falta o que conhecemos como φρονιμοι, tanto dos que criticam Feliciano quando da parte do mesmo. Sim, o deputado acabou sendo jogueta nas mãos do governo para que o foco fosse colocado sobre ele e tal como ovelha para o matadouro, ele foi conduzido, e vários crentes estão achando que a eleição do mesmo é uma vitória, visto que a tão ambicionada comissão veio para as mãos do partido social cristão (PSC).

Uma outra questão que exige de nós o necessário discernimento é a postura do Governo em relação à "partilha" de "comissões" entre os partidos que formam a base do governo. Este é um outro ponto que ninguém questiona, nem Feliciano. Somente Silas Malafaia ressaltou o fato em seu programa Fala Malafaia. Maquiavel em seu O Príncipe apontou os rumos que a política deveria tomar nos séculos vindouros e o fato é que ele emplacou. Diante do Maquiavelismo associado ao cinismo e a corrupção política reinante em nosso meio o crente precisa ao menos entender que se ele tiver a chance de se eleger (algo que a constituição permite), ele tem de saber que ele é uma ovelha em meio á lobos, e que para andar ali terá de ter φρονιμοι, prudência para discernir o momento de agir como serpente, ou como pomba, e manter a identidade de ovelha. VIDA DE CRENTE NA POLÍTICA NÃO É VIDA DE PROFETA NA CORTE.
Pr Marcelo Medeiros, em Cristo.

quarta-feira, 13 de março de 2013

Os milagres de Eliseu


Gostaria de começar este estudo propondo uma leve mudança no título do mesmo. No lugar de falarmos em milagres de Eliseu, por que não milagres de Deus na vida de Eliseu? O motivo é bastante simples, em momento algum a Bíblia atribui poderes de fato à pessoa de Eliseu, ou á pessoa de Elias, os fatos miraculosos ocorridos na vida destes é na verdade uma intervenção da parte de Deus, ao menos é deste modo, que ao meu ver, temos de ler e interpretar.
No contexto do livro dos Reis, particularmente no registro da ação profética no Reino Norte, os milagres estão ligados à ação e palavra de Deus na boca dos profetas. Assim, tudo o que ocorre de extraordinário é um modo de Deus mostrar ao povo que ele, é o Senhor da história, ao invés de Ba'al. Daí as constantes intervenções por meio de sinais espantosos no meio do povo. Por milagres aqui, não entendo os atos poderosos dos homens de Deus, mas a ação de Deus em manifestar, e confirmar a sua santa Palavra por meio dos profetas.

A Definição de milagres.

Neste estudo não recorrerei a definição de termos técnicos, por este mtivo lançarei mão exclusivamente dos nossos léxicos. De acordo com os nossos dicionários milagres são:
1 Fato que se atribui a uma causa sobrenatural.
2 Teol Algo de difícil e insólito, que ultrapassa o poder da natureza e a previsão dos espectadores (Santo Tomás).
3 Coisa admirável pela sua grandeza ou perfeição; maravilha. 
4 Fato que, pela raridade, causa grande admiração.
5 Intervenção sobrenatural.  
 
O que entendemos desta conceituação dicionarizada?
 
  1. Que milagres não podem jamais serem explicados mediante causas naturais. Tomemos como exemplo o fenômeno da sarça ardente. É comum que sarças peguem fogo no deserto, o que é incomum é a sarça queimar e não se consumir (Ex 3. 1 - 8ss). O mesmo pode ser dito da ocasião em que Eliseu profetiza a provisão de água para o exército de Israel, Edom, e Judá (II Rs 3. 16ss). Se a água fosse encontrada mediante o cavar de poços, a provisão não seria milagrosa, do mesmo modo, se viesse por meio de uma chuva no deserto, mas a água simplesmente veio pelo caminho do deserto a o povo matou a sede.
  2. Milagres não são previstos. Apesar de alguns milagres serem anunciados antecipadamente, como é o caso de um relato de providência, ou seja, a fuga dos sírios e a abundância em Israel, o fato é que a marca do milagre é o caráter de imprevisibilidade, ou seja, milagres não são fenômenos que possam ser calculados e conjecurados com antecedência. Quando a viúva de um dos discípulos dos profetas foi a Eliseu, nem ela, nem o homem de Deus sabiam o que iria ocorrer, ou que o azeite seria multiplicado. Mesmo diante da palavra do homem de Deus não havia ainda a previsão, de que de um pequeno frasco, muitos vasos seriam cheios, de que da venda destes vasos a dívida seria paga, e que do que sobrasse ela poderia viver com os seus filhos. DEUS MULTIPLICOU O AZEITE E AINDA MANIFESTOU SUA PROVIDÊNCIA.
  3. Milagres provocam admiração, ou espanto. Foi diante da ressurreição do filho que a viúva de Serepta afirmou que Elias era um homem de Deus, e que a PALAVRA DO SENHOR NA SUA BOCA ERA VERDADE. Os milagres apostólicos tiveram tamanho efeito. Lemos no Relato de Lucas que todos estavam cheios de temor, e muitas maravilhas e sinais eram feitos pelos apóstolos (At 2. 42 NVI). Quando da morte de Ananias e Safira, é dito que grande temor apoderou-se de todos os que ouviram o que tinha acontecido (At 5. 5 NVI), e que grande temor apoderou-se de toda a igreja e de todos os que ouviram falar desses acontecimentos (At 5. 11 NVI).
  4. Milagres são provocados por um intervenção divina na realidade. Não é sem razão que o salmista canta: Senhor, quero dar-te graças de todo o coração e falar de todas as tuas maravilhas (Sl 9. 1 NVI). Também canta: Bendito seja o Senhor Deus, o Deus de Israel, o único que realiza feitos maravilhosos (Sl 72. 18 NVI). Elifaz afirma que Ele realiza maravilhas insondáveis, milagres que não se pode contar (Jó 5. 9 NVI).
 
Esta é a essência do milagre.

Os milages de Deus na vida de Eliseu

Para entendermos os milagres div inos na vida do profeta que sucedeu Elias, temos de ver os mesmos em consonância com o pedido feito por Eliseu quando aquele estava para ser arrebatado. Momentos antes do evento Elias disse a Eliseu: "O que posso fazer por você antes que eu seja levado para longe de você? " Respondeu Eliseu: "Faze de mim o principal herdeiro de teu espírito profético" (II Rs 2. 9 NVI).
Eliseu fez tal pedido cônscio da sua missão que era levar adiante o legado de Elias. Para tal ele entendia que não bastava ser como seu antecessor, mas que diante da árdua missão que teria, ele deveria ter maior poder profético do que Elias. Este enfrentou a fúria de Acabe (I Rs 18. 17, 18), ao passo que Eliseu enfrentou a fúria do rei de Israel (II Rs 6. 31, 32) e do rei da Síria (II Rs 6. 11 - 14). Isto esclarecido, passemos aos milagres em si.
 
  1. Divisão das águas do Jordão (II Rs 2.14). Neste aspecto temos uma repetição do último milagre realizado por Elias (II Rs 2. 8).
  2. As águas de uma cidade próxima a Jericó são sanadas na fonte (II Rs 2. 19 - 21). É um ato no qual o sal é usado de forma simbólica e Eliseu profere o seguinte oráculo: Assim diz o Senhor: ‘Purifiquei esta água. Não causará mais mortes nem deixará a terra improdutiva’ (II Rs 2. 21 NVI).
  3. Amaldiçoa e proclama a morte de quarenta e dois rapazes (II Rs 2. 24). Isto é o que C. S. Lewis chama de milagre de destruição, ainda que este autor, em sua obra Milagres se atenha exclusivamente aos milagrs do Novo Testamento.
  4. Anuncia a chegada de água em pleno deserto para três exércitos (II Rs 3. 16ss).
  5.  Multiplica o azeite de uma viúva de um dos discípulos dos profetas (II Rs 4. 5). Este mlagre se assemelha ao realizado por Elias na casa de uma viúva de Serepta (I Rs 17. 14, 15).
  6. Elimina o veneno da comida (II Rs 4. 41). Algo sem precedentes em todo o antigo Testamento.
  7. Multiplica pães (II Rs 4. 43). Bem pareccido com o ocorrido na casa da viúva de Serepta, sendo que agora se dá na escola de profetas.
  8. Ressuscita o filho da Sunamita (II Rs 4. 35). Algo similar ocorreu com seu antecessor quando esteve em Sidom (II Rs 4. 17 - 24).
  9. Sara a lepra de Naamã (II Rs 5. 10). Este milagre é importante, visto que por meio do mesmo o general sírio se converte e afirma que teu servo nunca mais fará holocaustos e sacrifícios a nenhum outro deus senão ao Senhor. Mas que o Senhor me perdoe por uma única coisa: quando meu senhor vai adorar no templo de Rimom, eu também tenho que me ajoelhar ali pois ele se apóia em meu braço. Que o Senhor perdoe o teu servo por isso (II Rs 5. 17, 18 NVI).
  10. Fere Geazi de lepra (II Rs 5. 27). Mais um milagre de destruição.
  11. Faz flutuar um machado  (II Rs 6. 6). Aqui temos um milagre de providência, um machado foi tomado emprestado para ampliar o espaço na escola dos profetas (II Rs 6. 1 - 5).
  12. Fere os sírios de cegueira (II Rs 6. 18). Somente no relato da visita dos anjos a Sodoma, que teremos algo semelhante em todo o Antigo Testamento (Gn 19. 11). No Novo Testamento, Paulo faz um milagre semelhante (At 13. 11).
  13. Abre a visão espiritual de um dos seus servos (II Rs 6. 17).
  14. Abriu os olhos físicos do exército sírio (II Rs 6. 20). Este sinal é importante porque Eliseu usa de misericórdia com aqueles que quiseram leh fazer algum mal (II Rs 6. 22, 23).

Em todas estas maravilhas o que fica de exemplo é o compromisso de Deus com a sua Palavra e com a aliança que Ele tem com o seu povo. Que possamos atentar para estas coisas.

Em Cristo, Pr Marcelo Medeiros.

Habemus papam


O novo papa eleito, creio eu, foi uma frustração para muitos brasileiros anônimos como eu que estavam esperando a van e acompanhavam pelo aparelho televisor do bar o momento em que o nome do novo Pontífice de Roma seria anunciado. Eu mesmo esperava que fosse um brasileiro, que a Igreja (digo, o colegiado dos Bispos), não cometesse o mesmo erro de eleger um reacionário, que após alguns meses, ou anos, viesse a sucumbir diante das pressões que o mundo moderno impõe a esta instituição histórica e extremamente importante.

Na minha humilde percepção, ninguém melhor que um brasileiro para poder levar adiante a missão de conduzir a cúria romana em um mundo que carece de líderes que reúnam as qualidades de teólogo, líder, administrador, apologeta; que faça o diálogo inter religioso etc... E como brasileiro que sou, não vejo ninguém melhor do que um compatriota para tal encargo. Honestamente pensei até em uma piada quando soube que o novo papa era argentino. Sim a Jornada Mundial da Juventude em solo brasileiro, em meio a uma copa das confederações, com a Argentina como um dos maiores rivais do Brasil, sei não. Mas quando vi as primeiras palavras do atual pontífice todas estas impressões se desfizeram.

Sou novo neste negócio de acompanhar conclaves, mas sei que ele é o primeiro oriundo da América latina, o que por si só já indica uma quebra no euro centrismo. Também não me lembro de um papa que tenha pedido a oração do povo antes do discurso de ordenação. Antes de abençoar ao povo ele pediu a oração dos fiéis e transpareceu (note bem as palavras que estou usando), sinceridade e humildade. Outro ponto que tem a seu favor é a reunião de capacidade intelectual, típica de um jesuíta, com o carisma. Ele foi descrito pelo Padre Juarez de Castro como uma pessoa extremamente carismática, com excepcional saúde e vigor físico. Em outras palavras, tem tudo para dar certo do ponto de vista humano, é claro. E oro a Deus para que tudo ocorra bem.

O faço porque entendo que o meu papel como cristão é orar pelo colegiado e por esta instituição uma vez que o próprio Paulo recomendou: que se façam súplicas, orações, intercessões e ação de graças por todos os homens; pelos reis e por todos os que exercem autoridade, para que tenhamos uma vida tranqüila e pacífica, com toda a piedade e dignidade (I Tm 2. 1, 2 NVI) e disse mais: Isso é bom e agradável perante Deus, nosso Salvador, que deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade (I Tm 2. 3, 4 NVI).

Duas observações precisam ser feitas. A primeira, é que a oração tem de ser feita por todos os homens, o que INCLUI O PAPA. Esta postura pode produzir uma vida pacífica para nós que temos na Igreja Romana um aliado contra a promulgação de leis que atentam contra a nossa fé. A segunda, Deus se agrada de tal postura e pode por instrumento das nossas orações manifestar sim salvação até entre eles. Que Deus nos abençoe a todos.
Em Cristo, Pr Marcelo Medeiros.

sexta-feira, 8 de março de 2013

Marco Feliciano eleito para comissão de direitos humanos

 

Depois de sucessivos tumultos, interrupções , tentativas de obstrução por parte do outrora presidente da comissão dos direitos humanos, o deputado Marcos Feliciano é eleito para a presidência da referida comissão. Sua eleição seria uma ótima oportunidade para que como cristãos mediante o nosso bom exemplo pudéssemos calar a boca dos que falam contra nós. SERIA, MAS NÃO É. Meus senões com o referido deputado se devam ás declarações de péssimo tom que o mesmo deu a respeito dos negros e homossexuais dando a entender que era racista e homofóbico. De acordo com o site G1, ele chegou a publicar em seu twitter que "sobre o continente africano repousa a maldição do paganismo, ocultismo, misérias, doenças oriundas de lá: ebola, Aids, fome... Etc". A infelicidade é que se tais critérios de fato fossem seguidos países como Estados Unidos, entre outros, cujo número de satanistas cresce cada vez mais, seriam assolados em igual proporção. Com esta mesma declaração ele demonstrou extrema falta de percepção e despreparo teológico. Não estou usando este espaço para brincar de malhar o judas com o deputado e pastor, e quem lê meus posts sabe da minha antipatia com a agenda do politicamente correto. Também preciso falar que não tenho, nem posso ter problemas com a pessoa do pastor, apenas com suas idéias.
Associar as intempéries naturais que assolam a África com maldição é ignorância bíblica e histórica. Pior do que isto é associar o homossexualismo à criminalidade, quando a ligação não é nem de longe evidente. Assim minha critica se dirige às idéias do referido pastor, e sinto o quanto nossas igrejas carecem de discernimento por abrirem espaço a este tipo de ministro para falar. Sem contar que a palavra por ele ministrada em Camburiú é no mínimo vergonhosa, pedir oferta daquela forma, e tem sido a maior arma nas mãos dos nada simpáticos ao evangelho. HONESTAMENTE, TENHO MEDO.
 
Pr Marcelo Medeiros

Dia oito de Março, uma reflexão

 
Dia oito de Março de dois mil e treze
 
Esta é uma data profundamente significativa. É o dia em que comemoramos o dia internacional das mulheres. Não se sabe ao certo qual evento deu origem a este dia. Alguns o ligam aos protestos feitos, no século dezenove, em fábricas americanas por melhores condições de trabalho. Na verdade o dia internacional da mulher é fruto de uma série de movimentos sociais, ocorridos tanto na América, quanto na Europa, inclusive na Rússia, em prol de direitos femininos. Lutas quem em muitos aspectos coadunam com os movimentos trabalhistas iniciados durante o mesmo período e pelos mesmos motivos.
A Revolução Industrial colocou homens, mulheres e crianças em condições nunca vistas. Famílias inteiras passaram a trabalhar em fábricas, em uma jornada de até dezesseis horas diárias, sem folgas aos finais de semana, e em condições insalubres. A situação da mulher se agrava mais ainda durante a primeira guerra mundial, quando a mão de obra delas é incorporada com vistas à substituir os homens que estão indo para a guerra. A Europa e a Rússia foram os campos nos quais se deram estas revoluções mais significativas. Neste contexto, o dia internacional da mulher começa a ser comemorado à título de propaganda política do partido comunista, mas aos poucos a data vai sendo mudada em seu sentido político e ideológico e passa a ser uma ocasião para os homens manifestarem apreço e estima pela mulher. Algo parecido com o que acontece em nosso país.
As comemorações do dia da mulher se tornam oficiais a partir da década de setenta do século passado, em razão do fortalecimento do movimento feminista. Este ganhou corpo, e em 1975 comemorou-se oficialmente o Ano Internacional da Mulher, este foi o primeiro passo mais significativo rumo a uma data. E finalmente, em 1977 o "8 de março" foi reconhecido oficialmente pelas Nações Unidas. Em nossa cultura o dia tem sido interpretado como uma data em que homenageamos as mulheres e demonstramos nosso apreço e estima pelas mesmas. Mas a tendência atual é de resgate do conteúdo político e ideológico do dia, e o mesmo seja visto como um data para maior conscientização da sociedade como um todo, de forma a impedir que posturas reacionárias  ameacem o que já foi alcançado em diversos países.
Como cristãos que somos jamais devemos aceitar quaisquer forma de opressão e exploração, de quem quer que seja, principalmente de mulheres. Elas são fundamentais para a nossa vida e existência, por meio delas somos gerados, concebidos, e eu, particularmente fui criado por uma, e sem a presença, ou ajuda de uma figura masculina, o que me fez entender cedo, cedo o valor da mulher. Como cidadãos que somos precisamos a aprender a nos posicionar contra qualquer forma de exploração e injustiça. Que este dia não se encerre apenas com comemorações, palavras carregadas de afago e afeto, mas que ele se encerre com o compromisso de cada de nós em lutar por um mundo melhor para as mulheres, e assim, creio eu, nós homens também teremos um mundo melhor. Falo isto porque da minha vaga percepção vejo que nem tudo são flores.
É verdade que a mulher tem alcançado e conquistado espaços cada vez melhores na nossa sociedade; que além da inserção das mesmas no mercado de trabalho, estas tem sido cada vez mais valorizadas, que cada vez mais elas acessam o poder. Mas em meio a estas conquistas a qualidade de vida também tem de ser considerada, e creio ser justamente esta a maior luta de todas. Um último aspecto, nada do que falei aqui trata de igualdade entre homens e mulheres, mas do respeito que as mesmas merecem, por serem, na minha opinião, imagem de Deus, e do direito que as mesma tem de serem quem, e o que são, mulheres. FELIZ DIA INTERNACIONAL DA MULHER.
 
Em Cristo, Marcelo Medeiros.
 
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quarta-feira, 6 de março de 2013

Morre Hugo Chavez

 
A morte de Hugo Chávez foi outra notícia surpreendente, a despeito das desonfianças de alguns conspiracionistas que já supeitavam que o "revolucionário" já estivesse muerto hace algun tiempo. Um político que mudou a cara da Venezuela, é assim que Chávez é descrito na mídia http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/03/130103_obituario_chavez_cj.shtml. A despeito de toda poêmica em torno de sua pessoa, das estatizações, da suposta "censura" imposta aos opositores, ele deixa um legado de redistribuição de renda, combate real à pobreza e polarização contra a hegemonia neo liberal, algo que de fato faz falta em nossos dias. 
Aos que compraram a imagem midiática de um Chávez ditador, precisamos lembrar que o Estado de bem estar social de países como Suécia chegaram ao auge quando o Capitalismo tinha no Socialismo Real um concorrente. Fato ainda maior é que para os pobres os direitos, outrora exclusivos dos ricos, foram ampliados. A morte de Chávez deixa uma crise, um impasse na Venezuela, e uma incerteza para todos nós. O que resta diante de tudo isto é adiquirir cada vez mais uma consciência crítica, apurar o nosso discernimento e orar por este país e pelo nosso.
 
Em Cristo, Pr Marcelo Medeiros.

Nova Guerra no cenário gospel

 

Ontem, dia cinco de Março de dois mil e treze, publiquei um resumo da matéria de Juan Arias, ex sacerdote católico e correspondente do periódico El Pais. No artigo o dantes padre alega motivos pelos quais Jesus jamais seria um papa, na verdade sequer ele e os seus ensinos se enquadrariam nos moldes doutrinários do catolicismo. Com exceção de algumas bobeirinhas, concordei com o Santo jornalista e sugeri que Jesus não seria Pastor, nem membro de nenhuma Igreja Evangélica. Sai para trabalhar, e, ao chegar em casa não tive como acessar o computador. Hoje pela manhã o fiz, e para minha nada surpreendente surpresa me deparo com o mais novo barraco do mundo gospel, a briga entre o Pr $ila$ Malafaia e Wilson Acosta, tudo pelo twuiter.
Bom Jesus brigou com os fariseus, pensei eu. Mas o motivo da briga foi por algo que jamais veremos Jesus fazendo. Nunca vi uma única linha do Evangelho Jesus brigando por espaço na mídia, por exemplo. Pelo contrário, quem leu o Evangelho e, principalmente o de Marcos sabe que Jesus várias vezes pediu para que as pessoas beneficiadas pelos seus sinais não contassem nada a ninguém (Mc 1. 44; 9. 9). O mais curioso é que as mesmas figuras envolvidas na briga protagonizaram uma reunião com a direção de uma das maiores emissoras em nosso país. Mais asquerosas ainda são as palavras de $ila$ Malafaia, cujo teor dá a entender que a luta é pela fatia maior do bolo.
Em  momento algum veremos Jesus brigando pelo poder, mas vemos pastores afirmando que somente os "presidentes" podem fazer isto, ou aquilo. Um discurso que mais se parece com o das autoridades religiosas da época de Cristo, do que com o que Cristo falou. O pior em toda esta situação é que o poder pelos qual estes pretensos ministros do Evangelho brigam nem de longe é aquele poder que habilitou Pedro a mandar o paralítico levantar e andar, ou o que acompanhou os discípulos e fez a Igreja de Jerusalém, da Judéia do primeiro século crescer em meio à provação. Não! É um poder mesquinho, que ao invés de produzir fé produz um pragmatismo nojento.
Nosso mundo não precisa de ver pastores brigando na mídia, por espaço de poder. Não precisamos ver "homens de Deus" lançando mãos de estratagemas e de patifarias ideológicas para demonizar e diabolizar o concorrente. Onde está o princípio do quem não é contra nós é por nós, e quem não ajunta espalha? É mais do que fato, nestes moldes Jesus jamais seria pastor!
 
Em Cristo, Pr Marcelo Medeiros

terça-feira, 5 de março de 2013

Jesus seria papa? E pastor?


Acabo de tomar ciência de um artigo escrito por Juan Arias correspondente do jornal El País, no qual o escritor em apreço aponta alguns motivos sérios pelos quais o fundador da fé cristã seria considerado inapto para o cargo de papa. A julgar pelas informações contidas no site Wikipédia, ele parece ser a pessoa indicada para tal crítica. Não! Não se trata de mais um evangélico, ou neo pentecostal criticando o catolicismo, mas de alguém que pertenceu às fileiras da igreja, e como tal fez seus estudos em Filosofia, Psicologia, línguas semíticas, Teologia, e Filologia. Possui impecável currículo como escritor de temas religiosos. E acertou em uma grande verdade, a de que o nazareno, ou como Nietzsche gostava de falar, o crucificado não se enquadraria no perfil para ser um papa moderno.
A julgar pela reposta malcriada que deu a  Herodes, Jesus não tinha o menor traquejo diplomático. Diante do aviso dos fariseus, a respeito dos interesses do governador o nazareno o chama de raposa. Diga-se que ele não fez a mínima questão de ser cortês com Pilatos, mesmo quando este achava que sua sobrevivência dependia de um ato de benevolência sua.
A postura de Jesus quanto aos impostos, expressa na famosa frase dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus, feriu o senso patriótico dos fariseus e de igual modo poderia ferir os interesses de uma igreja que ao invés de noiva do cordeiro é noiva de Mamon. Como um galileu, que sequer possuía a instrução formal que o habilitava a ser um fariseu e ainda assim foi reconhecido como mestre pelo povo (Mc 6. 2, 3) se imporia como cardeal, ou como padre, ou pastor nos dias atuais?
Como harmonizar o posicionamento contrário da Igreja em relação ao casamento com a prática de Cristo que compareceu a um e ainda abençoou? E o posicionamento da Jesus quanto ao casamento e celibato, que deveria ser algo parecido com a vida de um eunuco, ao invés de uma posição de faixada como em muitos casos?
Mas que nós evangélicos não nos contentemos com as palavras de Juan Arias, afinal temos o nosso telhado de vidro. De tanto combater o catolicismo, acabamos por imitar suas más práticas como que por osmose. Nos tornamos hierárquicos, nepotistas, corporativistas, sectaristas, tradicionalistas. Quantos de nós não colocamos a denominação e a doutrina da mesma acima do sacrifício de Cristo e da autoridade da Bíblia.
Jesus seria pastor? Suspeito que não. E Assembleiano, batista, cristão histórico, protestante? De forma alguma. A despeito de realizar sinais que nem o Valdomiro Santiago conseguiu, de saber mais Teologia que quaisquer autoridades teológicas, de ter protestado contra o abuso dos fariseus, a verdade é que o denominacionalismo existe tão somente por causa de nossas necessidades psicológicas.Cada  um de nós precisa de um Cristo que se amolde à nossa psiquê. Mas a reflexão de Juan Arias nos convida a olhar para o Cristo segundo as Escrituras. Que possamos atentar mais e mais para as palavras de Paulo,aquele que cuida estar em pé olhe para que não caia.
 
Em Cristo, Pr Marcelo Medeiros.

Há um milagre em sua casa

 
 
As lições de Escola Bíblica Dominical que abordam o ciclo de Eliseu começam com o milagre que ele operou a fim de ajudar uma das viúvas dos profetas. Tal como ocorreu com Elias, Eliseu foi um instrumento para a provisão divina sobre a vida de uma viúva. A diferença consiste em que no caso de Elias uma gentia foi socorrida, ao passo que no caso do segundo, uma israelita é socorrida. Minha abordagem ao assunto será mais textual, para o que convido ao leitor que juntos reexaminemos o texto.
 
Certo dia, a mulher de um dos discípulos dos profetas foi falar a Eliseu: Teu servo, meu marido, morreu, e tu sabes que ele temia o Senhor. Mas agora veio um credor que está querendo levar meus dois filhos como escravos (II Rs 4. 1 NVI).
 
  1. A expressão discípulos dos profetas, no original בְנֵֽי־הַ֠נְּבִיאִים (ben nebiuim), é traduzida por filhos dos profetas na Almeida Revista e Corrigida, é usada para deseignar o grupo de discípulos que se reuniam em torno de alguns profetas influentes. Ao que tudo indica, Samuel, Elias e Eliseu foram profetas que contavam com um considerável número de seguidores (I Sm 10. 5, 6; I Rs 20. 35; II Rs 4. 1).
  2. A mulher se refere ao marido, pelo termo servo. A palavra hebraica é עַבְדְּךָ֤ (tsebed), uma variante de ebed, cujo sentido é o mesmo de servo, mas que pode ser usada para referência a um escravo doméstico (Lv 25. 6, 44), ou para um servo de Deus (Nm 11. 11).
  3. Uma coisa impotantíssima para a nossa compreensão do texto é a foma como a muher descreve o seu marido. O falecido é descrito como alguém que temia ao Senhor. Anos antes Salomão já havia afirmado que no temor do SENHOR há firme confiança e ele será um refúgio para seus filhos (Pv 14. 26 ARCF). A expressão יִרְאַ֣ת יְ֭הוָה (yir'ah YHWH), ou em nossa língua temor do Senhor aponta tanto para a vida moral e piedosa, quanto para o espanto diante da grandeza de Deus. Este temor é produzido pela ministração contínua da Palavra de Deus (Sl 119. 38; Pv 2. 5), e o fato do marido da mulher ser descrito nestes termos indica que ele era um discípulo zeloso.
  4. A despeito do zelo, o texto também dá indícios de que o marido contraíra dívidas e que não possuía recursos para quitar as mesmas. Diante da impossibilidade de cumprir com os compromissos deixados pelo marido, a mulher se vê frente a possibilidade de vir a ser escrava dos credores. Nossa imagem da escravidão é a da que foi produzida na Era moderna com o Mercantilismo. Nos tempos bíblicos esta era bem diferente. Diante de apertos financeiros, uma pessoa poderia vender a si mesma como escrava. Isto era regulamentado pela lei de Moisés (Ex 21. 2 - 4; Dt 15. 12 - 18). Neste caso o tempo máximo de serviço era de seis anos, no sétimo ano era o ano da remissão, e o escravo tinha de sair forro. Mas o texto indica que a mulher, e provavelmente seus filhos não queriam estar sob esta condição.
 
Eliseu perguntou-lhe: "Como posso ajudá-la? Diga-me, o que você tem em casa? " E ela respondeu: "Tua serva não tem nada além de uma vasilha de azeite (II Rs 4. 2 NVI).
 
  1. A primeira observação nossa a respeito deste texto é que ao clamar ao servo de Deus a mulher obteve uma resposta do mesmo. Sua fala não ficou no vazio. Houve interesse por parte do homem de Deus para a situação dela.
  2. Há milagres cuja realização dependem, muito daquilo que possuímos. Deus perguntou para Moisés: o que tens nas mãos (Ex 4. 2). No caso da mulher ela tinha um frasco de azeite. Este talvez fosse uma pequena vasilha de perfume que os israelitas tinham para a higiene pessoal. Este elemento era uma tremenda de uma riqueza, mas provavelmente a mulher o tivesse em parca quantidade.
 
Então disse Eliseu: "Vá pedir emprestadas vasilhas a todos os vizinhos. Mas, peça muitas. Depois entre em casa com seus filhos e feche a porta. Derrame daquele azeite em cada vasilha e vá separando as que você for enchendo" (II Rs 4. 3, 4 NVI). 
 
  1. A ordem do profeta para que a mulher pedisse o maior número possível de vasilhas emprestadas é indicador de que o milagre da  multiplicação estava sendo anunciado.
  2. todavia a provisão se daria em caráter privado. Foi dito à mulher que pedisse vasilhas emprestadas, mas não foi dito que ela anunciasse para toda a vizinhança o que Deus iria fazer.
 Depois disso, ela foi embora, fechou-se em casa com seus filhos e começou a encher as vasilhas que eles lhe traziam. Quando todas as vasilhas estavam cheias, ela disse a um dos filhos: "Traga-me mais uma". Mas ele respondeu: "Já acabaram". Então o azeite parou de correr. Ela foi e contou tudo ao homem de Deus, que lhe disse: "Vá, venda o azeite e pague suas dívidas. E você e seus filhos ainda poderão viver do que sobrar" (II Rs 4. 5 - 7 NVI).
 
Há milagres que demandam ação por parte do homem, ou da mulher. Note a ocorrência dos verbos que indicam ação. Ela foi falar a Eliseu, ao ser questionada a respeito do que tinha em sua casa, ela respondeu, diante a ordem do homem de Deus a mulher obedeceu ela foi embora, fechou-se em casa com seus filhos e começou a encher as vasilhas. Para ocorrer milagre na vida da mulher, houve muita ação.
A mulher teve a cooperação de Deus em multiplicar o azeite, a dos vizinhos que emprestaram as vasilhas, a dos filhos ajudando a encher as vasilhas emprestadas, do homem de Deus que a orientou em relação ao que fazer com as vasilhas cheias de azeite. Cooperação é imprescindível para vermos o agir de Deus em nossa casa.
Note que depois que os vasos acabaram, o azeite parou de correr. A provisão de Deus se manifesta em nossa vida na medida em que nos preparamos para ela.
Mediante a palavra profética podemos entender que a provisão foi o suficiente para que a mulher saldasse as dívidas e vivesse do que sobrou.
 
Em Cristo, Pr Marcelo Medeiros.
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