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sábado, 13 de agosto de 2016

A Evangelização no Mundo Acadêmico e Político



Por Evangelização pode-se entender a ação de pregar o Evangelho. O Mundo Acadêmico engloba as Universidades com seus alunos de nível superior. A academia foi fundada na Grécia, por Platão, como um modelo de escola filosófica. O maior desafio de se pregar neste ambiente consiste no fato inegável de que a simplicidade do Evangelho pode vir a ser rejeitada dadas às vindicações do mesmo.

Já o mundo político tem a ver com a pólis. πολις (pólis) é a expressão grega, que dá origem à palavra πολιτευμα (politeyma), das quais procedem política. A política, de acordo com Mário Sérgio Cortella consiste na administração das questões da  πολις. Pregar o Evangelho no mundo político consiste em representatividade cristã sólida em todas as esferas do viver.

O autor da lição da EScola Bíblica Dominical optou pela abordagem a partir de Daniel. Optarei por outra, uma vez que em Babilônia não houve pregação do Evangelho em si, antes preservação da tradição judaica - devidamente representada em Daniel e em seus amigos. O reconhecimento de Nabucodonosor não se dá pela ação evangelística de Daniel e seus amigos, mas via ação divina. Em outras palavras Deus humilhou diretamente ao soberano babilonico a fim de que este reconhecesse que há um Deus nos céus.

Por último, a evangelização, tanto na esfera acadêmica, quanto na política, passam pela ação apologética. O sentido desta nada tem a ver com o embate intelectual, mas com a defesa do Evangelho. O termo απολογιας (apologias) significa defesa. A despeito da rejeição de alguns autores, a apologética confunde-se com a Evangelização e dois textos deixam isto bem claro.
Como tenho por justo sentir isto de vós todos, porque vos retenho em meu coração, pois todos vós fostes participantes da minha graça, tanto nas minhas prisões como na minha defesa e confirmação do evangelho. Mas outros, por amor, sabendo que fui posto para defesa do evangelho (Fp 1. 7, 17 ARCF). 
São estes os pressupostos para o desenvolvimento da presente temática.

A EVANGELIZAÇÃO EM AMBIENTE ACADÊMICO

O pressuposto bíblico para a Evangelização no mundo acadêmico e político é a pregação de Paulo no Areópago, em Atenas, cujo texto segue na íntegra abaixo. O leitor tem a liberdade de pular a citação, caso queira. Opto pela mesmo por ser imprescindível para a exposição da temática.
E, enquanto Paulo os esperava em Atenas, o seu espírito se comovia em si mesmo, vendo a cidade tão entregue à idolatria. De sorte que disputava na sinagoga com os judeus e religiosos, e todos os dias na praça com os que se apresentavam. E alguns dos filósofos epicureus e estóicos contendiam com ele; e uns diziam: Que quer dizer este paroleiro? E outros: Parece que é pregador de deuses estranhos; porque lhes anunciava a Jesus e a ressurreição. E tomando-o, o levaram ao Areópago, dizendo: Poderemos nós saber que nova doutrina é essa de que falas? Pois coisas estranhas nos trazes aos ouvidos; queremos pois saber o que vem a ser isto (Pois todos os atenienses e estrangeiros residentes, de nenhuma outra coisa se ocupavam, senão de dizer e ouvir alguma novidade). E, estando Paulo no meio do Areópago, disse: Homens atenienses, em tudo vos vejo um tanto supersticiosos; Porque, passando eu e vendo os vossos santuários, achei também um altar em que estava escrito: AO DEUS DESCONHECIDO. Esse, pois, que vós honrais, não o conhecendo, é o que eu vos anuncio. O Deus que fez o mundo e tudo que nele há, sendo Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mãos de homens; Nem tampouco é servido por mãos de homens, como que necessitando de alguma coisa; pois ele mesmo é quem dá a todos a vida, e a respiração, e todas as coisas; E de um só sangue fez toda a geração dos homens, para habitar sobre toda a face da terra, determinando os tempos já dantes ordenados, e os limites da sua habitação; Para que buscassem ao Senhor, se porventura, tateando, o pudessem achar; ainda que não está longe de cada um de nós; Porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos; como também alguns dos vossos poetas disseram: Pois somos também sua geração. Sendo nós, pois, geração de Deus, não havemos de cuidar que a divindade seja semelhante ao ouro, ou à prata, ou à pedra esculpida por artifício e imaginação dos homens. Mas Deus, não tendo em conta os tempos da ignorância, anuncia agora a todos os homens, e em todo o lugar, que se arrependam; Porquanto tem determinado um dia em que com justiça há de julgar o mundo, por meio do homem que destinou; e disso deu certeza a todos, ressuscitando-o dentre os mortos. E, como ouviram falar da ressurreição dos mortos, uns escarneciam, e outros diziam: Acerca disso te ouviremos outra vez. E assim Paulo saiu do meio deles. Todavia, chegando alguns homens a ele, creram; entre os quais foi Dionísio, areopagita, uma mulher por nome Dâmaris, e com eles outros (At 17. 16 - 34 ARCF).  
Da citação observo que:

  1. Evangelizar no mundo Acadêmico demanda uma correta motivação. No caso de Paulo a sua comoção em espírito pela idolatria ateniense, a despeito da intelectualidade demonstrada pelos mesmos. 
  2. Evangelizar no mundo acadêmico demanda abordagem correta. perceba que o texto diz que Paulo disputava. O termo aqui é διαλέγομαι (dialegomai), que para Robinson tanto pode ser discursar, arrazoar (expor direito uma causa, alegando razões), disputar (sustentar opiniões contrárias, debater, defender). A abordagem aqui remete à tarefa apologética. 
  3. Paulo é chamado de paroleiro, do grego σπερμολογος (spermalogos), ou apanhador de sementes, figurando alguém que transmite notícias fragmentadas. Talvez pelo fato de o apóstolo juntar diversos poetas e escritores em sua abordagem junto aos gregos. Evangelizar no mundo acadêmico demanda preparo para as críticas. 
  4. Evangelizar demanda que se parta de elementos comuns entre o Evangelho e a cultura. Quando falo de cultura quero me referir aos elementos que constituem as ciências, as artes, e tudo o mais. Atualmente esta abordagem se daria em torno das letras de músicas seculares, poesia e mesmo filosofia. 
  5. Pregar o Evangelho na academia demanda intransigência com os elementos mais básicos do Evangelho, tais como o nascimento, vida, morte e ressurreição de Cristo. É mais que sabido pelos trabalhos de Norman T. Wrigth que a ressurreição era uma doutrina nada recepcionada no mundo antigo. Para os gregos o corpo era uma prisão da alma, e a morte era uma forma de libertação. Logo, Paulo falou de elementos que não agradavam aos intelectuais da época. 
  6. A despeito de não haver partido das Escrituras, como fazia nas sinagogas, Paulo, foi ao cerne do Evangelho ao pregar o arrependimento, o juízo de Deus e a ressurreição dos mortos. 
  7. O resultado da pregação de paulo pode ser visto na fala de Lucas: chegando alguns homens a ele, creram; entre os quais foi Dionísio, areopagita, uma mulher por nome Dâmaris, e com eles outros. O resultado é óbvio, alguns crerão, outros não. 
Feitas as considerações supra, necessário se faz passar à questão do Evangelho na política. 

A EVANGELIZAÇÃO EM AMBIENTE POLÍTICO

A política é conceituada como sendo a arte ou ciência de governar. A política pode ser exercida por meio dos cargos eletivos, por meio da participação popular e no exercício da influencia. Tenho escrito vários artigos neste espaço a respeito da participação do crente na política. Neste artigo exponho o ambiente de hostilidade que cerca cristãos. Além do mais a política tem se tornando um ambiente hostil por conta do papel dos cristãos na oposição à votação de lei pertinentes a aborto, Casamento entre iguais e outras do tipo.

O parâmetro para a Evangelização está em Pedro.
Amados, peço-vos, como a peregrinos e forasteiros, que vos abstenhais das concupiscências carnais, que combatem contra a alma; Tendo o vosso viver honesto entre os gentios; para que, naquilo em que falam mal de vós, como de malfeitores, glorifiquem a Deus no dia da visitação, pelas boas obras que em vós observem. Sujeitai-vos, pois, a toda a ordenação humana por amor do Senhor; quer ao rei, como superior; Quer aos governadores, como por ele enviados para castigo dos malfeitores, e para louvor dos que fazem o bem. Porque assim é a vontade de Deus, que, fazendo bem, tapeis a boca à ignorância dos homens insensatos; Como livres, e não tendo a liberdade por cobertura da malícia, mas como servos de Deus. Honrai a todos. Amai a fraternidade. Temei a Deus. Honrai ao rei (I Pe 2. 11 - 17 ARCF). 
Em primeiro lugar: considero todo o ambiente em que ocorre convivência como politico. Conforme afirma Mário Sérgio Cortella a política se faz com vistas à preservação e conservação dos meios de convivência. O contrário da ação política é a idiotia, ou a busca pela satisfação dos próprios interesses.

Daí a importância de observação da fala de Pedro, que chama a atenção para os seguintes fatores:

  1. O Crente é cidadão, mas é igualmente peregrino e estrangeiro, e tem na carne seu maior adversário. 
  2. O viver do crente tem de ser honesto, a fim de que mesmo diante de duras críticas o crente seja motivo de glorificação pessoal ao nome de Deus. 
  3. As ordenações humanas devem ser obedecidas, visto que seu papel consiste na condenação das más obras e louvor das boas. 
  4. O crente atua politicamente e Evangeliza fazendo o bem, e com o bem que faz ele tapa a boca dos ignorantes. 
  5. Outro aspecto é o do exercício da liberdade que nunca é usada para cobrir a malícia, mas para a prática das boas obras. 
  6. O apreço à pessoa humana é de fundamental importância. Honrar a todos equivale a reconhecer o valor intrínseco do ser humano e das funções que o mesmo exerce. 
  7. Amar a fraternidade á ter apreço por lações fraternais. Uma das maiores bases de defesa da Igreja é a fraternidade, ou seja, quando a mesma se firma como espaço no qual ocorre a reconciliação entre as pessoas. 
  8. Temer a Deus consiste em odiar ao mal (dentre os quais destacam-se a soberba e a arrogância). Na vida social e política tal se expressa no repúdio a toda forma de injustiça. 
  9. Honrar ao Rei, consiste no reconhecimento das instituições. 
Este é o proceder que deve acompanhar a Evangelização no meio político. Do contrário de nada adiantarão as palavras. 

O EXERCÍCIO DA APOLOGÉTICA

A despeito da visão negativa quanto a apologética, esta nada mais é do que a defesa firme e segura do Evangelho. Este foi o entendimento na carta aos Felipénses e o de Pedro aos crentes da diáspora. Veja:
Porque Quem quer amar a vida, E ver os dias bons, Refreie a sua língua do mal, E os seus lábios não falem engano. Aparte-se do mal, e faça o bem; Busque a paz, e siga-a. Porque os olhos do Senhor estão sobre os justos, E os seus ouvidos atentos às suas orações; Mas o rosto do Senhor é contra os que fazem o mal. E qual é aquele que vos fará mal, se fordes seguidores do bem? Mas também, se padecerdes por amor da justiça, sois bem-aventurados. E não temais com medo deles, nem vos turbeis; Antes, santificai ao Senhor Deus em vossos corações; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós, Tendo uma boa consciência, para que, naquilo em que falam mal de vós, como de malfeitores, fiquem confundidos os que blasfemam do vosso bom porte em Cristo (I Pe 3. 10 - 15 ARCF).

  1. A primeira observação a ser feita é a de que a Apologética não abre mãos de um cabedal de conhecimentos, mas igualmente demanda um comportamento irrepreensível. 
  2. O apologeta sabe que tem de viver sua vida sob a consciência de que dará contas a Deus. A defesa intelectual tem de ser precedida por uma vida íntegra, cujas obras glorifiquem a Deus. 
  3. Vida intelectual tem de ser conjugada com piedade. É deste modo que o o crente estará preparado para responder com mansidão e tremor a quem pedir razão da esperança. 
Estes são os passos pára a Evangelização no mundo acadêmico e político. Em Cristo.
Marcelo Medeiros.

 

sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Rio 2016 e eu sem estômago



Confesso que tem sido extremamente difícil sobreviver aos dias de Olimpíada nas Cidade do Rio de Janeiro. Primeiro por uma questão pessoal. Detesto aglomeração, glamour e boa parte do que as pessoas amam de coração. Detesto ainda mais mentira, ilusão, falsidade. Coisas afins me dão verdadeira náusea. 

é horroroso e ilusório, para não dizer enganoso o retrato que a mídia tem feito da cidade e do próprio Brasil. De país em crise a nação - Gigante pela própria natureza - se Transformou no país das maravilhas. É como se a corrupção política, a crise econômica deixassem de existir. Milagre Olímpico é a palavra de ordem. 

Abomino o messianismo esportista. Vibro com as pobres moças do atletismo, com as meninas do futebol, do vôlei, do Handebol. Mas detesto a ideologia - velha, diga-se de passagem - que reafirma constantemente um poder que o esporte tem de mudar vidas. É verdade que muda, mas não dá para esquecer os inúmeros garotos talentosos que ficam nas peneiras das escolinhas, das garotas que sempre esbarram em países cuja tradição é maior. 

Moro em um país, cujo acesso à justiça, bem como o o exercício de direitos constitucionais é no mínimo sofrível. E daí? E daí que política publica desportiva nesta conjuntura social é um luxo. Estamos condenados a esperar uma raridade, um Airton Sena na fórmula 1, um Gustavo Kürten no tênis, uma Marta no futebol feminino e quem sabe um outro Pelé no masculino. 

Mas e o legado das Olimpíadas, você não acredita que está sendo negativo? De boa, alguém se lembra do legado do Governo Marcelo Alencar? Não e direi porquê. Os políticos da pátria amada desalmada não possuem a cultura de legados permanentes, e o povo também não. Projetos belíssimos como os CIEP's, as praças reformadas do governo Marcelo Alencar, a Biblioteca Estadual, tudo é alterado para que se apague a memória e os créditos sejam conferidos aos atuais governos. O restaurante popular é um exemplo. Caso a dúvida ainda persista informe-se a respeito dos estádios da copa, que voltaram a serem fraquentados por causa das olimpíadas, mas  nem por isto deixam de serem verdadeiros elefantes brancos. 

Minha percepção a partir da história é a de que ainda que os jogos olímpicos deixem alguma herança positiva (algo que duvido), ele será prontamente apagado, para que outro nome comece a brilhar. Legado mesmo, somente o peso da morte de um gari e um Engenheiro que tiveram o azar de estarem no lugar errado e na hora errada. 

Antes de me despedir não poderia deixar de falar sobre a abertura. É provável que ela tenha presença glamourosa de nossa Gisele Bünchen, mas por que Anita e Wesley Safadão? Deixa pra lá. Mas não me privo ao direito constitucional de dizer que discordo que sejam os melhores representantes de um país que nos deu gênios na música como Carlos Gomes, Heitor Villa-Lobos, Radamés Gnatalli, Celso Guerra - Peixe, Mário Tavares e tanta gente boa, que soube usar o som para expressar nossa cultura (para não falar de Hermeto Pascoal). 

Reforço que não tenho nada contra a música popular tão bem representada pelo nomes do Rock nacional, do Samba, Pagode e da Bossa. Também não tenho nada contra as pessoas cujos nomes citei. Mas não tenho estômago para a insistência em representar o Brasil através da região glútea. Há muito tempo o povo deixou de ter esta expressão facial. 

Engov, estomazil, sal de fruta? Não sei o que fazer durante e depois deste deslumbramento que a imprensa brasileira insiste em produzir. Talvez minha única saída seja a mesma de Habacuque, o profeta israelita que diante da constatação de que as coisas iam de mal à pior subiu à torre de vigia. Afirmar fé é fora de moda. O negócio é ter esperança. Mas quem tem o mínimo de dignidade moral precisa mesmo pe de FÉ, para poder viver sem que morra de náusea, gastrite, ou úlcera nervosa. 

Não dá para olhar para corrupção política e moral e aguardar o próximo evento esportivo. Não dá para ver o senado se articular para acabar com a delação premiada, com as prerrogativas trabalhistas e tantos outros direitos usando como argumento a necessidade do país crescer, quando eles é quem precisam crescer. Não dá para acreditar que tudo vai bem, quando tudo vai mal. Não dá para acreditar que os maus triunfem e que não existe um poder maior ao qual terão de prestar contas. 

Daí as palavras de Gilberto Gil: andar com fé eu vou, que a fé não, não pode faiar. Como cristão creio que o Deus em que lanço a minha fé não pode falhar. Por este motivo aguardo que a justiça daquele perante quem não cabem recursos, se realize em meu país. Um forte Abraço e boa abertura dos jogos olímpicos para quem tiver estômago. 

Marcelo Medeiros. 
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