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quarta-feira, 31 de outubro de 2012

OS SÍMBOLOS DO ESPÍRITO SANTO.





Quando olhamos para o que as Escrituras nos dizem a respeito da pessoa do Espírito Santo podemos no enganar com extrema facilidade e pensar que o mesmo não se trate de um ser pessoal, visto que ele é freqüentemente comparado com figuras inanimadas, por exemplo: 

1. Uma vestimenta (Lc 24. 49)
2. Uma pomba (Mt 3. 16; Mc 1. 10; Lc 3. 22; Jo 1. 32)
3. Penhor (II Co 1. 22; 5. 5; Ef 4. 30)
4. Fogo (At 2. 3)
5. Óleo (Lc 4. 18; At 10. 38; II Co 1. 21; I Jo 2. 20, 27)
6. Selo (II Co 1. 22; Ef 1. 13; 4. 30)
7. Água (Jo 7. 38, 39)
8. Vento (Jo 3. 8; At 2. 1, 2)

Aqui precisamos observar que os textos nos quais vemos comparações entre o Espírito Santo e as figuras supracitadas, na verdade, não se constituem afirmações a respeito da natureza do Espírito Santo, mas em afirmações sobre a obra do mesmo1. Logo, ser revestido com o poder do Espírito Santo é estar preparado para a pregação do Evangelho, a despeito das tribulações que a mesma venha nos acarretar. 

O fato de termos uma manifestação do Espírito Santo em forma de pomba nada diz sobre sua natureza, mas sobre uma manifestação cujo propósito é o de tornar possível a João Batista e aos seus contemporâneos identificar Cristo como o cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo. Este mesmo afirma: “eu não o conhecia, mas aquele que me mandou batizar na água foi quem me disse: ‘aquele sobre o qual vires o Espírito descer e permanecer sobre ele, é ele que batiza com O Espírito Santo’” (Jo 1. 33 TEB). Foi a partir deste sinal que João pode afirmar: “e eu vi e atesto que ele é o Filho de Deus” (Jo 1. 34). 

Algo parecido pode-se afirmar dos textos que afirmam que Cristo foi ungido com o Espírito Santo. Não se quer com isto afirmar que o Espírito de Deus seja óleo, mas que um dos seus propósitos consiste em confirmar o ministério do Senhor Jesus aos olhos das pessoas que o viram (Lc 4. 18 – 24). Na pessoa de Cristo, a unção do Espírito de Deus confirma o ministério. Nos crentes esta mesma unção confirma e instrui a fim de que estes tenham acesso total a toda revelação da Palavra de Deus. É o que João afirma com as seguintes palavras: 

Mas vocês têm uma unção que procede do Santo, e todos vocês têm conhecimento. Não lhes escrevo porque não conhecem a verdade, mas porque vocês a conhecem e porque nenhuma mentira procede da verdade. Quanto a vocês, a unção que receberam dele permanece em vocês, e não precisam que alguém os ensine; mas, como a unção dele recebida, que é verdadeira e não falsa, os ensina acerca de todas as coisas, permaneçam nele como ele os ensinou (I Jo 2. 10, 27 Nova Versão Internacional). 

O fogo representa a ação purificadora do Espírito de Deus (Is 4. 4). De acordo com a lei, tudo o que pode resistir ao fogo, fá-lo-eis passar pelo fogo, e ficará limpo, todavia será purificado com a água de purificação; e tudo o que não pode resistir o fogo, fá-lo-eis passar pela água (Nm 31. 23 Versão britânica). No Novo Testamento, João, o Batista, afirma: Eu os batizo com água para arrependimento. Mas depois de mim vem alguém mais poderoso do que eu, tanto que não sou digno nem de levar as suas sandálias. Ele os batizará com o Espírito Santo e com fogo (Mt 3. 11 Nova Versão Internacional). 

Os termos penhor e selo indicam que a presença do Espírito Santo nos discípulos confirma a certeza de salvação, bem como as bênçãos decorrentes da mesma. Olhemos mais de perto para o texto no qual os símbolos supra são aplicados à pessoa do Espírito Santo. Nele, quando vocês ouviram e creram na palavra da verdade, o evangelho que os salvou, vocês foram selados com o Espírito Santo da promessa, que é a garantia da nossa herança até a redenção daqueles que pertencem a Deus, para o louvor da sua glória (Ef 1. 13, 14 Nova Versão Internacional). 

Ao olharmos para o referido texto que o Espírito Santo autentica a obra de Cristo, começada antes da fundação do mundo, em nossas vidas. De acordo com Rienecker e Rogeres2 (1995), os selos eram usados como garantia, indicando propriedade e correção do conteúdo. Ao passo que a expressão αρραβων (arraboon), indica o pagamento total de uma quantia. 

Jesus pagou a quantia. Aliás, Ele nos perdoou todas as transgressões, e cancelou a escrita de dívida, que consistia em ordenanças, e que nos era contrária. Ele a removeu, pregando-a na cruz, e, tendo despojado os poderes e as autoridades, fez deles um espetáculo público, triunfando sobre eles na cruz (Cl 2. 13c – 15 NVI). Após pagar nossa dívida ele deu-nos o Espírito Santo com vistas à redenção no dia final. 

Quanto à água, vemos que nas Escrituras estão são descritas como condutoras de vida. De acordo com a profecia do profeta Isaías, em decorrência do juízo de Deus a terra permanecerá um ermo, mas quando o Espírito for derramado, ocorrerá uma renovação, que é descrita com as seguintes palavras: “Até que do alto o Espírito seja derramado sobre nós. Então o deserto se tornará um vergel, e o vergel valerá uma floresta” (Is 32. 15 – 18 TEB). Quando esta renovação ocorrerá? Quando o Santo Espírito for derramado, pois, a palavra profética assim diz: “pois eu derramarei água sobre o sedento, torrentes sobre a dessecada; derramarei o meu Espírito sobre a tua descendência, e minha benção sobre os teus rebentos” (Is 44. 3, 4 TEB). 

No Novo Testamento temos uma declaração clara sobre a comparação do Espírito Santo e a ação da água. 
No último e mais importante dia da festa, Jesus levantou-se e disse em alta voz: "Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva". Ele estava se referindo ao Espírito, que mais tarde receberiam os que nele cressem. Até então o Espírito ainda não tinha sido dado, pois Jesus ainda não fora glorificado (Jo 7. 37 – 39NVI). 

Da mesma forma que o Fogo é associado à purificação, a água é associada com vida (Ez 47. 1 – 11). Daí o fato de compararem a salvação com fontes de água (Is 12. 3; Jo 4. 10, 14). 

Com relação ao vento, os termos rûah (דךח), e pneuma (πνηυμα) indicam o movimento do ar e conseqüentemente na energia manifesta por este movimento. Sabe-se que todas as criaturas dependem do ar para prolongarem suas respectivas vidas. O salmista declara: 

Todos esperam de ti que lhes dês de comer a seu tempo. Se lhes dás, eles o recolhem; se abres a mão eles se fartam de bens. Se ocultas o teu rosto, eles se perturbam; se lhes cortas a respiração, morrem e voltam ao pó. Envias o teu Espírito, eles são criados, e, assim, renovas a face da terra (Sl 104. 27 – 30 Almeida Revista e Atualizada). 

Este texto faz importantes afirmações para o presente estudo:
A manutenção e preservação de toda (seja humana, seja animal) depende do trabalho de Deus Espírito. 
Este trabalho é entendido com sendo parte da ministração da graça comum. O mesmo Deus que cria, também preserva a vida na terra, e o faz mediante a sua providencia. O Espírito Santo possui relevante e significante papel neste processo. 

Sem ação deste o que há na terra é perturbação, caos e morte. 
O ar é de extrema importância na preservação da vida, tanto que Eliú afirma: “Se Deus pensasse apenas em si mesmo e para si recolhesse o seu espírito e o seu sopro, toda carne juntamente expiraria, e o homem voltaria para o pó” (Jó 34. 15, 16 ARA). 

É mediante a ação do Espírito Santo de Deus que a vida humana é criada e preservada. O mesmo jovem Eliú diz: “o Espírito de Deus me fez, e o sopro do Todo – Poderoso me dá vida” (Jó 33. 4 ARA). Este fôlego não é da mesma qualidade da energia vital que alimenta os animais (Sl 104. 29, 30; Ec 3. 19). Uma vez que também se declara: “na verdade há um espírito no homem, e o sopro do Todo – Poderoso o faz sábio” (Jó 32. 8 ARA). Com esta última afirmação percebemos que ao contrário do que ocorre com os animais, o sopro de Deus nos seres humanos produz sabedoria e inteligência. 

Uma força vital não poderia fazer tais distinções entre seres humanos e animais. Percebemos que mesmo aplicando tantos símbolos inanimados ao Espírito de Deus, a Bíblia o mostra como um ser pessoal. 

UMA PALAVRA SOBRE PLÁGIO E ORIGINALIDADE.



Fui abordado recentemente por uma pessoa do meu convívio a respeito do hábito que tenho de citar e creditar todas as minhas fontes. A primeira razão deste hábito, que considero mais do que salutar, é que a obra citada pode servir de fonte de inspiração e incentivo para vários ouvintes. 

A segunda razão é que citar qualquer obra sem dar o devido crédito é plágio. A terceira razão é que mesmo acreditando que pregações como a de Spurgeron e Martin Llyodd Jonnes são inspiradas pelo Espírito de Deus, percebo que mesmo a Bíblia preserva o direito autoral. Um exemplo claro são os profetas. Todos foram inspirados pelo Espírito Santo, visto que a profecia não foi produzida pela vontade humana (II Pe 1. 19 – 21), mas quando citados pelos apóstolos a identidade do profeta é creditada. O exemplo de Cristo é um entre muitos que poderiam ser alistados aqui (Mt 15. 7; At 28. 25). 

A quinta razão de dar o crédito devido à pessoa do autor, é que uma das formas pelas quais formamos nossas convicções, nos permitimos ser convencidos é o chamado ARGUMENTO DE AUTORIDADE. Era isto, assim creio, que Jesus tinha em mente quando apelou à lei e ao profeta em questão, esfregar na cara dos fariseus uma autoridade que fundamentava suas ações e práticas, ao passo que refutava a dos seus oponentes. 

OBSERVAÇÃO 

O plágio é o ato de assinar ou apresentar uma obra intelectual de qualquer natureza (texto, música, obra pictórica, fotografia, obra audiovisual, etc) CONTENDO PARTES DE UMA OBRA QUE PERTENÇA A OUTRA PESSOA sem colocar os créditos para o autor original. No ato de plágio, o plagiador apropria-se indevidamente da obra intelectual de outra pessoa, assumindo a autoria da mesma. 

No Brasil o plágio é considerado crime e sua principal referência é a lei 9.610. Todavia, a lei 9.610 é voltada para a proteção de obras comerciais. Segundo essa lei seria possível copias "pequenos trechos", o que é inadmissível em um trabalho acadêmico. Para fins de trabalho acadêmico é mais adequado seguir-se as normas da ABNT, que não admitem exceções para textos copiados. 


Por sua vez a originalidade é a qualidade do que é original. Ou seja: 
1) É algo que é feito pela primeira vez, ou em primeiro lugar; que não é copiado nem reproduzido; 
2) Que não foi dito ou feito à imitação de outrem, 
3) Que tem caráter próprio; que não copia nem imita. 


PS: reparem que são dados os devidos créditos. 

AMÓS – A JUSTIÇA SOCIAL COMO FORMA DE ADORAÇÃO.





INTRODUÇÃO

Amós o profeta, natural de Técoa, aldeia situada há dezesseis quilômetros ao sul de Jerusalém. Este não deve ser confundido com o seu heterônimo Amoz, pai de Isaías. No hebraico são nomes distintos. A despeito de em nossa língua diferirem por uma única letra, a verdade é que o significado de ambos é distinto. No caso do nosso profeta, o sentido do nome é carregador de fardos, o que indica a sua origem humilde. 

A maioria dos autores concordam que este profeta é de extrema singularidade tanto pelo estilo quanto pela origem. Não é natural das escolas de profetas existentes na época (II Rs 2. 3, 5, 7, 15 etc..) e muito menos da nobreza como Isaías (COLEMAN, 2007; MACARTHUR, 2010). Ele afirma respeito de si mesmo: Eu não sou profeta nem pertenço a nenhum grupo de profetas, apenas cuido do gado e faço colheita de figos silvestres. Mas o SENHOR me tirou do serviço junto ao rebanho e me disse: Vá, profetize a Israel, o meu povo (Am 7. 14, 15 Nova Versão Internacional). 

Esta menção é de suma importância visto que Amós profetiza no Reino de Israel, mas é oriundo de Judá, reinos que viveram a maior parte do tempo em rivalidade. Outro fator que torna necessária, por parte de Amós, a revelação de sua origem humilde, é que em Israel era comum que profetas fossem contratados para agradar o rei que os contratava (I Rs 22. 13), e como a maioria dos profetas que se opuseram aos reis de Israel eram de Judá, sempre havia suspeita de que a mensagem destes não era isenta. 

ESTILO

Amós é profeta que mais faz uso de imagens campestres, deixando claro em seus escritos a sua origem. Para se referir ao dia do Senhor, por exemplo, ele faz menção a animais como: leão, urso e cobra. 

Ai de vocês que anseiam pelo dia do SENHOR! O que pensam vocês do dia do SENHOR? Será dia de trevas, não de luz. Será como se um homem fugisse de um leão, e encontrasse um urso; como alguém que entrasse em sua casa e, encostando a mão na parede, fosse picado por uma serpente (Am 5. 18, 19 NVI). 

É o livro no qual mais ocorrem os termos justiça (sadik – צֶדֶּק), e direito (mispat – םִשְפָט). O povo é constantemente acusado de perverter o juízo e a justiça (Am 2. 6, 7; 3. 10; 5. 7 – 24). É dentre os profetas o que mais recorre ao aspecto social da aliança. Tanto que, para os que advogam a Teologia Latino Americana ele é o mais estimado dos profetas. 

Mas convém entendermos algo que geralmente escapa a esta classe de teólogos. Os profetas Hebreus estavam longe de entender que o povo deveria assumir o poder. O que eles queriam era a fidelidade do povo à aliança. Era a aliança que determinava a justiça no trato com os pobres (Dt 15. 1 – 12). 

Daí o fato de tanto Amós quanto os demais profetas falarem a respeito da justiça aos pobres e oprimidos como sendo a verdadeira adoração requerida por Iahweh. Não há aqui um único traço de inovação, muito menos o projeto de construção de uma sociedade comunista, mas um grito por retorno aos termos do pacto celebrado no Sinai.

É no código do Sinai que vemos as primeiras recomendações a que se trate a viúva, o oprimido com justiça, ou seja, que se estabeleça o direito. É na lei que se encontra a Base para os protestos. John Stott acreditava que a mensagem dos profetas era original, ao passo que Douglas Sttuart e Gordon Fee acreditam que não. É com a opinião destes que eu fico. 

MENSAGEM

A mensagem de Amós tem na justiça social o seu foco vejamos: 

1. O profeta esbraveja contra a inversão valorativa do povo de Deus, perceptível no ódio que o povo manifesta contra quem defende a justiça e fala a verdade. 

Vocês estão transformando o direito em amargura e atirando a justiça ao chão, vocês odeiam aquele que defende a justiça no tribunal e detestam aquele que conta a verdade (Am 5. 7, 10 NVI). 

2. O profeta denuncia aqui a opressão, claramente vista nas altas taxas tributárias e no uso dos tributos para o luxo e ostentação de uma classe opressora. Tais discrepâncias aumentam as dores do justo. 

Vocês pisam no pobre e o forçam a dar-lhes o trigo. Por isso, embora vocês tenham construído mansões de pedra, nelas não morarão; embora tenham plantado vinhas verdejantes, não beberão do seu vinho. (....) Vocês oprimem o justo, recebem suborno e impedem que se faça justiça ao pobre nos tribunais (Am 5. 11, 12 NVI). 

3. Até o tempo de Amós, havia em Israel a firme expectativa de um dia no qual Deus julgaria as nações e as submeteria a Israel. Amós profetiza no intuito de esclarecer ao povo que tal não se dará assim. Para os que não atentarem para a mensagem do profeta, o dia do Senhor virá, e este será em forma de juízo que começará com o povo eleito. 

Ai de vocês que anseiam pelo dia do SENHOR! O que pensam vocês do dia do SENHOR? Será dia de trevas, não de luz. Será como se um homem fugisse de um leão, e encontrasse um urso; como alguém que entrasse em sua casa e, encostando a mão na parede, fosse picado por uma serpente. O dia do SENHOR será de trevas e não de luz. Uma escuridão total, sem um raio de claridade (Am 5. 18 – 20 NVI). 

4. É neste ponto que o profeta afirma que o culto terá aceitação única e exclusivamente se for acompanhado de justiça. 

Eu odeio e desprezo as suas festas religiosas; não suporto as suas assembleias solenes.
Mesmo que vocês me tragam holocaustos e ofertas de cereal, isso não me agradará. Mesmo que me tragam as melhores ofertas de comunhão, não darei a menor atenção a elas. Afastem de mim o som das suas canções e a música das suas liras. Em vez disso, corra a retidão como um rio, a justiça como um ribeiro perene! (Am 5. 21 – 24 NVI). 

5. Convém ressaltar que neste aspecto o profeta é acompanhado por Isaías (Is 1. 12 – 17); Miquéias (Mq 6. 8) entre outros profetas. 

A LIÇÃO

Uma das mais brilhantes percepções da teologia atual é a verdade de que Deus é justo e justificador. De acordo com Stott (1997), Deus, o Deus da Bíblia, é tanto o justificador do pecador, quanto o justo juiz que ama a justiça. Tendemos a ter o conhecimento de apenas um dos aspectos, ou de ignorá-los totalmente. Uma leitura integral da Santa Palavra de Deus no coloca em contato com um Deus que é "justo e justificador daquele que tem a fé em Jesus" (Rm 3. 26).

Se olharmos exclusivamente para o Deus justificador nos esquecemos da exigência de uma vida que manifeste a fé por meio de obras de auxílio mútuo (Tg 1. 25 – 27; 2. 14 – 26). Se nos esquecemos do Deus que justifica o que tem a fé em Jesus, corremos o risco de levar ao pé da letra e confundir evangelho com mais uma forma de assistencialismo.

Como Deus justo, a Bíblia o descreve assim: Ele defende a causa dos oprimidos e dá alimento aos famintos. O Senhor liberta os presos, o Senhor dá vista aos cegos, o Senhor levanta os abatidos, o Senhor ama os justos. O Senhor protege o estrangeiro e sustém o órfão e a viúva, mas frustra o propósito dos ímpios (Sl 146. 7 – 9 NVI). 

Como justificador ele nos alcança com a sua graça e nos fortalece para a realização das obras de justiça que de antemão preparou para que andássemos nelas. Para Kivtz (2006), a pergunta determinante que resume a experiência espiritual cristã é esta: tendo recebido a Jesus como salvador pessoal, e o perdão dos seus pecados, que tipo de gente você se tornou? (KIVTZ). 

OSÉIAS - A FIDELIDADE NO RELACIONAMENTO COM DEUS.



Pouco se sabe com exatidão a respeito do profeta Oséias. Para MacArthur, ele oriundo do Reino Norte, e para fundamentar a sua opinião, ela apela para elementos internos do texto que apontam para o conhecimento topográfico da geografia do Reino Norte (Os 4. 15, 5. 1, 13; 6. 8 - 9; 10. 5; 12. 11, 12; 14. 6). Os autores do Dicionário Bíblico Wycliffe o identificam como o único profeta do Reino Norte que deixou registro escrito de sua atividade profética.

Estes e outros elementos são discutidos com profundidade na nossa Revista da EBD. O que precisamos abordar aqui é a originalidade do profeta, não no que toca em comparar o relacionamento de Deus com Israel com um casamento, isto ocorre em outros profetas.

Isaías (Is 54. 5 – 7)
Jeremias, a meu ver o que tem a abordagem mais parecida com a de Oséias, e vale lembrar que cronologicamente o primeiro era anterior ao segundo (Jr 3. 1 – 20).
Ezequiel. Outro profeta posterior a Oséias que compara Israel com uma mulher que abandona o próprio lar para se prostituir, e isto, sem pagamento (Ez 16. 32 – 45).

A originalidade do profeta em apreço se dá pelo fato de que o mesmo vivenciou a sua profecia ao se casar com uma mulher de prostituição. Ao contrário das frescuras de muitos intérpretes, entendemos que de fato Oséias, se casou com Gômer, e teve filhos com a mesma. É vida de profeta não é nada fácil.

Tal ato deu a Israel a imagem mais vívida da misericórdia de Deus para com o seu povo, a despeito do quanto este viola a aliança que fora firmada no Sinai. É praticamente com esta abordagem que o profeta traça o quadro panorâmico de Israel do reinado de Jeroboão II (Os 1 – 3). Creio que o texto de Jr 3. 1 – 20, seja a grande chave interpretativa para a compreensão do contexto do profeta Oséias. O prfeta que expressa o quanto Deus luta pelo seu povo, a despeito da obstinação do mesmo.

O meu povo está decidido a desviar-se de mim. Embora sejam conclamados a servir ao Altíssimo, de modo algum o exaltam. "Como posso desistir de você, Efraim? Como posso entregar você nas mãos de outros, Israel? Como posso tratá-lo como tratei Admá? Como posso fazer com você o que fiz com Zeboim? O meu coração está enternecido, espertou-se toda a minha compaixão. Não executarei a minha ira impetuosa, não tornarei a destruir Efraim. Pois sou Deus, e não homem, o Santo no meio de vocês. Não virei com ira. Eles seguirão o Senhor; ele rugirá como leão. Quando ele rugir, os seus filhos virão tremendo desde o Ocidente. Virão voando do Egito como aves, da Assíria como pombas. Eu os estabelecerei em seus lares"; palavra do Senhor.Efraim me cercou de mentiras, a casa de Israel de enganos, e Judá é rebelde contra Deus, a saber, contra o Santo fiel. Os 11:7-12

Notemos que Deus diz claramente que não pode desistir do seu povo.  

JOEL - O PROFETA DO DERRAMAMENTO DO ESPÍRITO.




E, depois disso, derramarei do meu Espírito sobre todos os povos. Os seus filhos e as suas filhas profetizarão, os velhos terão sonhos, os jovens terão visões. Até sobre os servos e as servas derramarei do meu Espírito naqueles dias. Mostrarei maravilhas no céu e na terra, sangue, fogo e nuvens de fumaça. O sol se tornará em trevas, e a lua em sangue; antes que venha o grande e terrível dia do Senhor. E todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo, pois, conforme prometeu o Senhor, no monte Sião e em Jerusalém haverá livramento para os sobreviventes, para aqueles a quem o Senhor chamar Jl 2. 28-32. 

INTRODUÇÃO

É mais do que fato que este é o modo pelo qual conhecemos o profeta Joel. E isto, em função da citação que Pedro faz de sua profecia, bem como pela aplicação que o mesmo fez dos enunciados ao evento do pentecostes. Mas o fato é que se analisarmos, ou lermos atentamente o conteúdo de seus escritos veremos um teor muito mais abrangente do que profecias de derramamento de poder. 

O CONTEXTO

Pouco se sabe a respeito do profeta, ou mesmo do período de atuação ministerial do mesmo, e por um motivo bem simples, não há em seu livro uma única indicação de rei que nos permita situar o momento em que este exerceu seu ministério profético. A única indicação é uma praga de gafanhoto (Jl 1. 4 – 12). 
Porque subiu contra a minha terra uma nação poderosa e sem número; os seus dentes são dentes de leão, e têm queixadas de um leão velho Jl 1. 6. estas palavras extraídas em meio ao contexto acima descrito lançam sérias dúvidas e controvérsias, uma vez que existem elementos que nos induzem a pensar que NA VERDADE OS GAFANHOTOS, sejam uma alusão a um povo muito forte que invade o reino.

O fato tem por objetivo a conversão do povo, o que podemos ver nas palavras do próprio profeta. Cingi-vos e lamentai-vos, sacerdotes; gemei, ministros do altar; entrai e passai a noite vestidos de saco, ministros do meu Deus; porque a oferta de alimentos, e a libação, foram cortadas da casa de vosso Deus.Santificai um jejum, convocai uma assembléia solene, congregai os anciãos, e todos os moradores desta terra, na casa do SENHOR vosso Deus, e clamai ao SENHOR Jl 1. 13-14. 

O pedido de conversão, e de revisão das prioridades vem acompanhado de adesão interior e lágrimas acompanhadas de lamentação. As pessoas são convidadas à renúncia aos seus prazeres mais corriqueiros. 

Ainda assim, agora mesmo diz o SENHOR: Convertei-vos a mim de todo o vosso coração; e isso com jejuns, e com choro, e com pranto. E rasgai o vosso coração, e não as vossas vestes, e convertei-vos ao SENHOR vosso Deus; porque ele é misericordioso, e compassivo, e tardio em irar-se, e grande em benignidade, e se arrepende do mal.

Quem sabe se não se voltará e se arrependerá, e deixará após si uma bênção, em oferta de alimentos e libação para o SENHOR vosso Deus? Tocai a trombeta em Sião, santificai um jejum, convocai uma assembléia solene. Congregai o povo, santificai a congregação, ajuntai os anciãos, congregai as crianças, e os que mamam; saia o noivo da sua recâmara, e a noiva do seu aposento Jl 2.12-16. 

Se o povo atender ao apelo divino, Deus restituirá os anos que o devorador levou. É neste contexto que entram as promessas referentes ao derramamento do Espírito Santo sobre toda a carne. 

O DERRAMAMENTO DO ESPÍRITO SANTO

O derramamento do Espírito Santo foi predito já nos Escritos de Sabedoria. Salomão já dizia: A sabedoria clama lá fora; pelas ruas levanta a sua voz (....) Atentai para a minha repreensão; pois eis que vos derramarei abundantemente do meu espírito e vos farei saber as minhas palavras Pv 1. 20 – 23. Mas convêm-nos atentar para a promessa dentro do contexto da profecia de Joel. 

Depois disto

Após o arrependimento do povo e conseqüentemente após a restauração da sorte do mesmo. O derramar do Espírito Santo se dá após o ato de contrição do povo e em maio à restauração nacional do mesmo. Ao citar o mesmo texto, Pedro introduz a expressão “nos últimos dias”, dando a entender que o derramar do Espírito é um dom da era escatológica. Os últimos dias são inaugurados mediante a manifestação de Cristo, que se dá na plenitude dos tempos (Gl 4. 4, 5). Estamos vivendo nos últimos dias. 

O Espírito derramado sobre toda a carne

Nos tempos do Novo Testamento a presença do Espírito estava limitada a alguns poucos homens. Nestes Deus se manifestava exclusivamente com fins de emprego imediato, para uma função específica, e depois os deixava. Aqui o Espírito é prometido para todas as pessoas, das mais diferentes classes sociais e etnias. 

O sinal do profetismo ampliado ás demais pessoas

Atentemos que o profeta Joel afirma: os seus filhos e as suas filhas profetizarão, os velhos terão sonhos, os jovens terão visões. São meios de comunicação que Deus emprega para tornar conhecida a sua vontade aos homens. Deus falou a Arão e à Miriã: se entre vós houver profeta, eu, o SENHOR, em visão a ele me farei conhecer, ou em sonhos falarei com ele Nm 12. 6. Ele disse por meio do profeta Amós: Certamente o Senhor DEUS não fará coisa alguma, sem ter revelado o seu segredo aos seus servos, os profetas Am 3. 7. 

Os segredos de Deus, outrora revelados exclusivamente aos profetas, agora são revelados às pessoas sobre as quais o Espírito é enviado. É mediante este prisma que as palavras de Jeremias se tornam viáveis. E não ensinará mais cada um a seu próximo, nem cada um a seu irmão, dizendo: Conhecei ao SENHOR; porque todos me conhecerão, desde o menor até ao maior deles, diz o SENHOR (Jr 31. 34). 

Ao expor para os demais judeus, que a promessa era viável a todo quanto Deus chamasse, Pedro disse: Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos, e a todos os que estão longe, a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar (At 2. 39). 

Se a promessa também nos diz respeito, resta-nos apenas seguir o conselho de Pedro à multidão, que disse: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo (At 2. 38). 

EDB 2012 - 4º trimestre - Joel e o derramamento do Espírito Santo | Confira:http://ning.it/QDko2J




sábado, 20 de outubro de 2012

HUMILDADE




Toda vez que tive de lidar com este assunto na escola bíblica dominical, tive de enfrentar um problema sério, a falta de uma definição à contento. O Dicionário não ajuda muito. O Michaellis, por exemplo, define humildade como: 

1 Virtude com que manifestamos o sentimento de nossa fraqueza. 
2 Modéstia. 
3 Pobreza. 
4 Demonstração de respeito, de submissão (é tudo o que um autocrata deseja). 
5 Inferioridade (o que os preconceituosos desejam). 

Nenhuma destas definições se enquadram no que vemos na Bíblia a respeito do assunto. A leitura de Brennan Manning é mais compensadora. No capítulo dois do livro Convite à loucura, ele nos faz uma das mais loucas propostas, a de encararmos a humildade como a marca distintiva dos que são desprezados, daqueles em quem nada apostamos. 

É exclusivamente a partir desta ótica que podemos entender como um homem que entrou no templo e EXPULSOU OS CAMBISTAS À CHICOTADAS (Jo 2. 14 - 16), CONFRONTOU AS AUTORIDADES DA ÉPOCA (Mt 23), QUE SE DECLAROU COMO FILHO DE DEUS E ÚNICA AUTORIDADE PARA FAZER O PAI SER CONHECIDO (Mt 11. 25 - 27; Jo 14. 9), pode dizer: "aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração"
(Mt 11:29). 

É isto mesmo Jesus se fez desprezado. Isaías diz que Ele "Era desprezado, e o mais rejeitado entre os homens, homem de dores, e experimentado nos trabalhos; e, como um de quem os homens escondiam o rosto, era desprezado, e não fizemos dele caso algum" (Is 53. 3). Se vc consultar as referências marginais, ou de rodapé de sua Bíblia vai ver que este texto é uma referência a Jesus, a mais pura síntese da Humildade. 

O desafio de ser humildade hoje é que Jesus antes de ascender aos céus foi para a cruz. E a dor do homem VERDADEIRAMENTE HUMILDADE É SIMILAR À ANGÚSTIA QUE CRISTO EXPERIMENTOU NO GETSÊMANE, mas a promessa da PALAVRA É: 

Humilhem-se diante do Senhor, e ele os exaltará (Tg 4:10), e: Portanto, humilhem-se debaixo da poderosa mão de Deus, para que ele os exalte no tempo devido (IPe 5.6). 

Em Cristo. Pr Marcelo Medeiros
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