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terça-feira, 5 de março de 2013

Há um milagre em sua casa

 
 
As lições de Escola Bíblica Dominical que abordam o ciclo de Eliseu começam com o milagre que ele operou a fim de ajudar uma das viúvas dos profetas. Tal como ocorreu com Elias, Eliseu foi um instrumento para a provisão divina sobre a vida de uma viúva. A diferença consiste em que no caso de Elias uma gentia foi socorrida, ao passo que no caso do segundo, uma israelita é socorrida. Minha abordagem ao assunto será mais textual, para o que convido ao leitor que juntos reexaminemos o texto.
 
Certo dia, a mulher de um dos discípulos dos profetas foi falar a Eliseu: Teu servo, meu marido, morreu, e tu sabes que ele temia o Senhor. Mas agora veio um credor que está querendo levar meus dois filhos como escravos (II Rs 4. 1 NVI).
 
  1. A expressão discípulos dos profetas, no original בְנֵֽי־הַ֠נְּבִיאִים (ben nebiuim), é traduzida por filhos dos profetas na Almeida Revista e Corrigida, é usada para deseignar o grupo de discípulos que se reuniam em torno de alguns profetas influentes. Ao que tudo indica, Samuel, Elias e Eliseu foram profetas que contavam com um considerável número de seguidores (I Sm 10. 5, 6; I Rs 20. 35; II Rs 4. 1).
  2. A mulher se refere ao marido, pelo termo servo. A palavra hebraica é עַבְדְּךָ֤ (tsebed), uma variante de ebed, cujo sentido é o mesmo de servo, mas que pode ser usada para referência a um escravo doméstico (Lv 25. 6, 44), ou para um servo de Deus (Nm 11. 11).
  3. Uma coisa impotantíssima para a nossa compreensão do texto é a foma como a muher descreve o seu marido. O falecido é descrito como alguém que temia ao Senhor. Anos antes Salomão já havia afirmado que no temor do SENHOR há firme confiança e ele será um refúgio para seus filhos (Pv 14. 26 ARCF). A expressão יִרְאַ֣ת יְ֭הוָה (yir'ah YHWH), ou em nossa língua temor do Senhor aponta tanto para a vida moral e piedosa, quanto para o espanto diante da grandeza de Deus. Este temor é produzido pela ministração contínua da Palavra de Deus (Sl 119. 38; Pv 2. 5), e o fato do marido da mulher ser descrito nestes termos indica que ele era um discípulo zeloso.
  4. A despeito do zelo, o texto também dá indícios de que o marido contraíra dívidas e que não possuía recursos para quitar as mesmas. Diante da impossibilidade de cumprir com os compromissos deixados pelo marido, a mulher se vê frente a possibilidade de vir a ser escrava dos credores. Nossa imagem da escravidão é a da que foi produzida na Era moderna com o Mercantilismo. Nos tempos bíblicos esta era bem diferente. Diante de apertos financeiros, uma pessoa poderia vender a si mesma como escrava. Isto era regulamentado pela lei de Moisés (Ex 21. 2 - 4; Dt 15. 12 - 18). Neste caso o tempo máximo de serviço era de seis anos, no sétimo ano era o ano da remissão, e o escravo tinha de sair forro. Mas o texto indica que a mulher, e provavelmente seus filhos não queriam estar sob esta condição.
 
Eliseu perguntou-lhe: "Como posso ajudá-la? Diga-me, o que você tem em casa? " E ela respondeu: "Tua serva não tem nada além de uma vasilha de azeite (II Rs 4. 2 NVI).
 
  1. A primeira observação nossa a respeito deste texto é que ao clamar ao servo de Deus a mulher obteve uma resposta do mesmo. Sua fala não ficou no vazio. Houve interesse por parte do homem de Deus para a situação dela.
  2. Há milagres cuja realização dependem, muito daquilo que possuímos. Deus perguntou para Moisés: o que tens nas mãos (Ex 4. 2). No caso da mulher ela tinha um frasco de azeite. Este talvez fosse uma pequena vasilha de perfume que os israelitas tinham para a higiene pessoal. Este elemento era uma tremenda de uma riqueza, mas provavelmente a mulher o tivesse em parca quantidade.
 
Então disse Eliseu: "Vá pedir emprestadas vasilhas a todos os vizinhos. Mas, peça muitas. Depois entre em casa com seus filhos e feche a porta. Derrame daquele azeite em cada vasilha e vá separando as que você for enchendo" (II Rs 4. 3, 4 NVI). 
 
  1. A ordem do profeta para que a mulher pedisse o maior número possível de vasilhas emprestadas é indicador de que o milagre da  multiplicação estava sendo anunciado.
  2. todavia a provisão se daria em caráter privado. Foi dito à mulher que pedisse vasilhas emprestadas, mas não foi dito que ela anunciasse para toda a vizinhança o que Deus iria fazer.
 Depois disso, ela foi embora, fechou-se em casa com seus filhos e começou a encher as vasilhas que eles lhe traziam. Quando todas as vasilhas estavam cheias, ela disse a um dos filhos: "Traga-me mais uma". Mas ele respondeu: "Já acabaram". Então o azeite parou de correr. Ela foi e contou tudo ao homem de Deus, que lhe disse: "Vá, venda o azeite e pague suas dívidas. E você e seus filhos ainda poderão viver do que sobrar" (II Rs 4. 5 - 7 NVI).
 
Há milagres que demandam ação por parte do homem, ou da mulher. Note a ocorrência dos verbos que indicam ação. Ela foi falar a Eliseu, ao ser questionada a respeito do que tinha em sua casa, ela respondeu, diante a ordem do homem de Deus a mulher obedeceu ela foi embora, fechou-se em casa com seus filhos e começou a encher as vasilhas. Para ocorrer milagre na vida da mulher, houve muita ação.
A mulher teve a cooperação de Deus em multiplicar o azeite, a dos vizinhos que emprestaram as vasilhas, a dos filhos ajudando a encher as vasilhas emprestadas, do homem de Deus que a orientou em relação ao que fazer com as vasilhas cheias de azeite. Cooperação é imprescindível para vermos o agir de Deus em nossa casa.
Note que depois que os vasos acabaram, o azeite parou de correr. A provisão de Deus se manifesta em nossa vida na medida em que nos preparamos para ela.
Mediante a palavra profética podemos entender que a provisão foi o suficiente para que a mulher saldasse as dívidas e vivesse do que sobrou.
 
Em Cristo, Pr Marcelo Medeiros.

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