Pesquisar este blog

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

O Arrebatamento da Igreja



O termo arrebatamento indica a ação de arrebatar (no sentido de transportar, de levar para longe). Advém do termo rebate, indicando um assalto, uma incursão de caráter repentino. No Grego koiné este verbo equivale a αρπαζω (arpazoo), cujo sentido varia desde o saque à espoliação de guerra. Em referência ao Arrebatamento da Igreja, este é empregado somente em I Ts 4. 17.

É deste emprego singular que se formou a doutrina do arrebatamento pré-tribulacional. Neste Estudo não pretendo polemizar a respeito de tal doutrina, visto que o presente post tem como finalidade fornecer subsídio para professores de Escola Bíblica Dominical e demais alunos. Todavia, é mais que pertinente que se analise os textos que a referida lição aponta como sendo base para a referida corrente escatológica.

Para o presente estudo estarei me centrando nos textos de I Co 15 e I Ts 4. 13 - 18. Minha análise seguirá os cânones da Hermenêutica de cunho histórico gramatical, bem como as regras da Estudo da Bíblia. Um dos apoios é a própria conclusão do autor, ou comentarista, que admite serem estes textos respostas às controvérsias que as comunidades cristãs primitivas tinham em relação
à questão da ressurreição. Gostaria de começar com o texto de I Ts 4. 13 - 18.

O ARREBATAMENTO DA IGREJA EM I Ts 4. 13 - 18

A doutrina do arrebatamento da Igreja é fundamentada na ocorrência da expressão αρπαζω, cujo sentido pode ser o de roubar, ou de sequestrar, denotando com isto uma ação súbita. O problema é que o vocábulo aparece em um texto cuja mensagem transcende a idéia de uma retirada inopinada da Igreja da face da terra. Convido o leitor a ver o texto.
Não quero, porém, irmãos, que sejais ignorantes acerca dos que já dormem, para que não vos entristeçais, como os demais, que não têm esperança. Porque, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também aos que em Jesus dormem, Deus os tornará a trazer com ele. Dizemo-vos, pois, isto, pela palavra do Senhor: que nós, os que ficarmos vivos para a vinda do Senhor, não precederemos os que dormem. Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor. Portanto, consolai-vos uns aos outros com estas palavras (I Ts 4. 13 - 18 ACF). 
  1. Perceba que nos versos 13, 14, 15 a expressão dormem aparece repetidamente. Em significativa parcela do Novo Testamento κοιμαω [koimaoo] é empregado para se referir aos que morrem, ou seja, no lugar de simplesmente afirmar que os santos morreram, os escritores optam por κοιμαω para expressar que os mesmos adormeceram. 
  2. Para além das controvérsias a respeito da Escatologia Individual, é importante entender que a expressão κοιμαω remete a tendência de se comparar a morte física com um sono, algo que é possível identificar em Dn 12. 2, onde se lê: E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno. Os mortos são comparados aos que dormem. 
  3. Segundo Edward Robinson, este mesmo verbete é empregado no Novo Testamento, para o sono da morte em textos como o relato da morte dos santos da antiga dispensação (Mt 27. 52), de Lázaro (Jo 11. 12) e de Estevão (At 7. 60). Curiosamente o mesmo não aparece de forma tão detalhada na Bíblia de Estudo Palavra Chave. 
  4. No verso 16 Paulo abandona as variantes de κοιμαω [koimaoo], e emprega o termo νεκροι εν χριστω (nekroi en Christou), ou mortos em Cristo. Os que dormem são os mortos em Cristo. 
  5. Neste texto em particular os que dormem (κοιμαω [koimaoo], ou νεκροι εν χριστω [nekroi en Christou]) são contrastados com aqueles que permanecerão vivos. 
  6. O emprego na primeira pessoa do singular indica que Paulo, tal como a comunidade primitiva, entendiam que estariam vivos por ocasião da Vinda do Senhor. Esta expectativa é mantida em I Co 15, mas paulatinamente abandonada em II Co 5. 1 - 5 e Fp 1. 20 - 22, quando em face dos perigos pelos quais passou ele passou ele vê sua morte como realidade cada vez mais próxima. 
  7. Porque não queremos, irmãos, que ignoreis a tribulação que nos sobreveio na Ásia, pois que fomos sobremaneira agravados mais do que podíamos suportar, de modo tal que até da vida desesperamos. Mas já em nós mesmos tínha- mos a sentença de morte, para que não confiássemos em nós, mas em Deus, que ressuscita os mortos (II Co 1. 8 ACF). 
  8. Conforme dito aqui se percebe a lenta mudança de perspectiva da parte do apóstolo Paulo, o que se ratifica quando ele declara: Para conhecê-lo, e à virtude da sua ressurreição, e à comunicação de suas aflições, sendo feito conforme à sua morte; Para ver se de alguma maneira posso chegar à ressurreição dentre os mortos (Fp 3. 10, 11 ACF). 
  9. O sofrimento do tempo presente aponta para a glória futura da ressurreição e em Paulo, isto é conhecer a Cristo. 
  10. A morte é superada pela realidade da ressurreição. Este é o Ensino presente em todos os escritos de paulinos, sejam nos primeiros, sejam nos posteriores. E é a verdade que salta aos olhos do leitor quando se depara com o texto acima transcrito. 
  11. αποθνησκω [apotheneeskoo] é um verbo que pode ser empregado com alusão à morte de pessoas como  no caso da morte da filha de Jairo (Mt 9. 24, Mc 5. 35, 39), ou ao apodrecimento de um vegetal, tal como ocorre com o grão de trigo. Esta metáfora foi empregada por Cristo (Jo 12. 24). 
  12. Este termo aparece associado ao vocábulo άνίστημι (anísteeemi), cujo sentido é o de levantar, sendo equivalente à expressão αναστασεως (anastaseeoos). Embora seja uma realidade atestada pelos casos de ressurreição individual, e pela ressurreição do próprio Cristo, o emprego de uma terminologia cuja significação corresponde ao erguimento da posição denota ausência de uma categoria para ressurreição na cultura grega. 
  13. Todavia, a ressurreição de Cristo é a garantia de que os que dormem voltarão a viver. Aliás se dormem é porque serão despertados. 
  14. Após a ressurreição se dará o Arrebatamento. Aqui é preciso que se perceba, que a despeito da força que este termo possui, o texto não indica que tal se dê independente de uma sequência de eventos, pelo contrário, ele será precedido, pela a) descida do próprio Senhor; b) pela voz do Arcanjo e, c) pela trombeta de Deus. Após a sequência de evantos se dará a ressurreição dos mortos seguida do arrebatamento. 
  15. A presente exposição encerra-se com o encontro com o Senhor nos ares, e com a promessa de que estaremos para sempre com o mesmo, não situando tal encontro antes, ou depois da Grande Tribulação, ou sequer indicando a sequência de eventos posteriores a este encontro. 
É precisamente neste ponto que convém empreender uma análise ainda que breve do texto de I Co 15. 

O ARREBATAMENTO DA IGREJA EM I Co 15

Em I Co 15 há um texto análogo ao de I Ts 4. 13 - 18, com a exceção de que não há aqui a ocorrência do verbo αρπαζω (arpazoo). 
Também vos notifico, irmãos, o evangelho que já vos tenho anunciado; o qual também recebestes, e no qual também permaneceis. Pelo qual também sois salvos se o retiverdes tal como vo-lo tenho anunciado; se não é que crestes em vão. Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras, E que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras (I Co 15. 1 - 4 ACF). 
A ideia predominante aqui é que a morte e a ressurreição de Cristo são os fatos mais proeminentes do anuncio da Boa Nova. Estes são os acontecimentos da mais importantes da vida do Filho de Deus, O qual por nossos pecados foi entregue, e ressuscitou para nossa justificação (Rm 4. 25 ACF).
E que foi visto por Cefas, e depois pelos doze. Depois foi visto, uma vez, por mais de quinhentos irmãos, dos quais vive ainda a maior parte, mas alguns já dormem também. Depois foi visto por Tiago, depois por todos os apóstolos. E por derradeiro de todos me apareceu também a mim, como a um abortivo. Porque eu sou o menor dos apóstolos, que não sou digno de ser chamado apóstolo, pois que persegui a igreja de Deus. Mas pela graça de Deus sou o que sou; e a sua graça para comigo não foi vã, antes trabalhei muito mais do que todos eles; todavia não eu, mas a graça de Deus, que está comigo. Então, ou seja eu ou sejam eles, assim pregamos e assim haveis crido (I Co 15. 5 - 11 ACF).
  1. Tanto a morte quanto a ressureição de Cristo foram presenciadas por um considerável número de testemunhas, dentre as quais figuram os apóstolos Pedro, Tiago e mais de quinhetos irmãos. 
  2. O próprio Paulo se considera uma das testemunhas da ressurreição de Cristo em razão de sua experiência no caminho de Damasco. 
  3. Foi esta experiência com o ressuscitado que fez com o que apóstolo saísse da condição de perseguidor da Igreja para a de testemunha dos sofrimentos de Cristo e mais: alguém disposto a morrer por tal verdade. 
  4. Neste ponto em particular ocorre uma equiparação entre Paulo e os demais apóstolos. 
Ora, se se prega que Cristo ressuscitou dentre os mortos, como dizem alguns dentre vós que não há ressurreição de mortos? E, se não há ressurreição de mortos, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, logo é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé. E assim somos também considerados como falsas testemunhas de Deus, pois testificamos de Deus, que ressuscitou a Cristo, ao qual, porém, não ressuscitou, se, na verdade, os mortos não ressuscitam. Porque, se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados. E também os que dormiram em Cristo estão perdidos. Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens. Mas de fato Cristo ressuscitou dentre os mortos, e foi feito as primícias dos que dormem. Porque assim como a morte veio por um homem, também a ressurreição dos mortos veio por um homem (I Co 15. 12 - 21 ACF). 

  1. Conforme dito acima, o cerne da pregação cristã é o fato da ressurreição de Cristo, se o pressuposto grego de que não existe ressurreição é aceito, como fica a pregação cristã?
  2. Negar que Cristo ressuscitou equivale a negar o poder e eficácia da pregação cristã. Esta se torna vã. A expressão aqui é ματαια (mataia), que é sinônima de vazia. 
  3. A fé resulta da pregação. Uma pregação vazia produz uma fé vazia. Os pregadores são falsas testemunhas de Deus e de Cristo, uma vez que asseveram que ambos fizeram algo que não ocorreu.  
  4. O pior de tudo, se Cristo não ressuscitou ainda permanecemos em nossos pecados, e por este motivo sob o poder da morte. 
  5. Se Cristo é apenas um mestre de moral, como afirmado pelo liberalismo, e por outras vertentes que descreem da ressurreição, somos os mais miseráveis dos homens. 
  6. Todavia os apóstolos são testemunhas de que Cristo morreu e ressuscitou. Assim, a morte que veio por um único homem é derrotada pelo fato da ressurreição. 
Porque, assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo. Mas cada um por sua ordem: Cristo as primícias, depois os que são de Cristo, na sua vinda. Depois virá o fim, quando tiver entregado o reino a Deus, ao Pai, e quando houver aniquilado todo o império, e toda a potestade e força. Porque convém que reine até que haja posto a todos os inimigos debaixo de seus pés. Ora, o último inimigo que há de ser aniquilado é a morte. Porque todas as coisas sujeitou debaixo de seus pés. Mas, quando diz que todas as coisas lhe estão sujeitas, claro está que se excetua aquele que lhe sujeitou todas as coisas. E, quando todas as coisas lhe estiverem sujeitas, então também o mesmo Filho se sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos (I Co 15. 22 - 28 ACF). 

  1. A ressurreição de Cristo é prenúncio da reversão de um processo iniciado em Adão. 
  2. Cristo é tanto o primogênito dentre os mortos quanto as primícias. Com estas expressões Paulo quer dizer que ele é o primeiro a ressuscitar para uma vida imortal e incorruptível. 
  3. Em seguida a morte será derrotada e todo reino entregue ao Filho de Deus e Paulo entende que o último inimigo e ser derrotado é a morte. 
Doutra maneira, que farão os que se batizam pelos mortos, se absolutamente os mortos não ressuscitam? Por que se batizam eles então pelos mortos? Por que estamos nós também a toda a hora em perigo? Eu protesto que cada dia morro, gloriando-me em vós, irmãos, por Cristo Jesus nosso Senhor. Se, como homem, combati em Éfeso contra as bestas, que me aproveita isso, se os mortos não ressuscitam? Comamos e bebamos, que amanhã morreremos. Não vos enganeis: as más conversações corrompem os bons costumes. Vigiai justamente e não pequeis; porque alguns ainda não têm o conhecimento de Deus; digo-o para vergonha vossa (I Co 15. 29 - 34 ACF).

  1. Não há certeza do que seja este batismo pelos mortos. O fato me faz lembrar o sacrifício de Judas Macabeus fez pelos mortos, tendo em vista que na ressurreição os pecados dos mesmos fossem perdoados (II Mac 12. 38 - 45), mas é apenas uma associação nem de longe um processo exegético. Todavia eles perdem o valor sem a crença na ressurreição. 
  2. Assumir publicamente a fé em Cristo demanda perigo de vida. Citando Sl 44. 22; Paulo afirma: Por amor de ti somos entregues à morte todo o dia;Somos reputados como ovelhas para o matadouro (Rm 8. 36 ACF). 
  3. Esta afirmação ganha sentido somente na medida em que ao se ler o contexto do texto se percebe as seguintes afirmações: Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem é que condena? Pois é Cristo quem morreu, ou antes quem ressuscitou dentre os mortos, o qual está à direita de Deus, e também intercede por nós (Rm 8. 33, 34 ACF). 
  4. Sem esta perspectiva a vida se resume ao hedonismo pragmático "Comamos e bebamos, que amanhã morreremos". a perspectiva da morte como fim da vida reduz o homem a um sujeito de desejos. 
Mas alguém dirá: Como ressuscitarão os mortos? E com que corpo virão? Insensato! o que tu semeias não é vivificado, se primeiro não morrer. E, quando semeias, não semeias o corpo que há de nascer, mas o simples grão, como de trigo, ou de outra qualquer semente. Mas Deus dá-lhe o corpo como quer, e a cada semente o seu próprio corpo. Nem toda a carne é uma mesma carne, mas uma é a carne dos homens, e outra a carne dos animais, e outra a dos peixes e outra a das aves. E há corpos celestes e corpos terrestres, mas uma é a glória dos celestes e outra a dos terrestres. Uma é a glória do sol, e outra a glória da lua, e outra a glória das estrelas; porque uma estrela difere em glória de outra estrela. Assim também a ressurreição dentre os mortos. Semeia-se o corpo em corrupção; ressuscitará em incorrupção. Semeia-se em ignomínia, ressuscitará em glória. Semeia-se em fraqueza, ressuscitará com vigor. Semeia-se corpo natural, ressuscitará corpo espiritual. Se há corpo natural, há também corpo espiritual (I Co 15. 35 - 44 ACF). 

  1. A abordagem a respeito da ressurreição dos mortos trouxe a Paulo rejeição quando este pregou em Atenas. Creio que esta rejeição lhe trouxe sábias lições dentre as quais a elaboração de um argumento para a mesma.  
  2. Assim como o vegetal que como ato começa como uma simples semente, mas traz em si a potência de ser uma árvore, o ser humano enquanto ato é mortal, mas traz em si a potência da incorruptibilidade e da imortalidade. 
  3. Para que passe de potência (semente), para ato (árvore), o grão tem de morrer. Jesus mesmo disse: Na verdade, na verdade vos digo que, se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto (Jo 12. 24 ACF). αποθνησκω [apotheneeskoo] é o verbo presente neste texto, tal como nesta fala de Paulo: Insensato! o que tu semeias não é vivificado, se primeiro não morrer (I Co 15. 36 ACF).
  4. Na ressurreição se concretizará a glorificação dos crentes em Cristo. Aqui se tem a realização da Antropologia Bíblica, bem como da Eclesiologia. 
Mas não é primeiro o espiritual, senão o natural; depois o espiritual. O primeiro homem, da terra, é terreno; o segundo homem, o Senhor, é do céu. Qual o terreno, tais são também os terrestres; e, qual o celestial, tais também os celestiais. E, assim como trouxemos a imagem do terreno, assim traremos também a imagem do celestial (I Co 15. 45 - 49 ACF). 
A este texto se pode acrescentar as seguintes palavras de Paulo: Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos (Rm 8. 29 ACF). Estas podem ser complementadas pelas de João, que diz: Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifestado o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é o veremos (I Jo 3. 2 ACF). A promessa é bem simples: se somos como Adão foi, seremos tal como Cristo é. 
Eis aqui vos digo um mistério: Na verdade, nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados; Num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados. Porque convém que isto que é corruptível se revista da incorruptibilidade, e que isto que é mortal se revista da imortalidade. E, quando isto que é corruptível se revestir da incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir da imortalidade, então cumprir-se-á a palavra que está escrita: Tragada foi a morte na vitória. Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó inferno, a tua vitória? Ora, o aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei. Mas graças a Deus que nos dá a vitória por nosso Senhor Jesus Cristo. Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão no Senhor (I Co 15. 51 - 58 ACF).

  1. Nem todos os crentes irão morrer, é claro, mas a verdade é que em razão da necessidade de transformação e da realização da glorificação, todos serão transformados. 
  2. Esta transformação, tal como a ressurreição se dará em um instante, ou em um ατομω (atomoo). Deste termo vem a palavra átomo em nosso idioma. No clássico este significava algo indivisível e que segundo Robinson, possui similar significado no koiné.  
  3. Esta última trombeta tem sido alvo de controvérsia entre proponentes das mais variadas posições escatológicas. Os pré-tribulacionistas afirmam [sem justificativa bíblica aparente] que é uma série de trombetas que ressoarão antes do arrebatamento secreto, ao passo que pós-tribulacionistas e não tribulacionistas entendem esta última trombeta como sendo a mesma última trombeta de Apocalipse. 
  4. Neste Texto se lê: E o sétimo anjo tocou a sua trombeta, e houve no céu grandes vozes, que diziam: Os reinos do mundo vieram a ser de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará para todo o sempre (Ap 11. 15 ACF). 
  5. Ao meu ver esta perspectiva se alinha melhor com o texto ora analisado uma vez que o mesmo em seu contexto global fala que antes do Reino de Cristo a morte será submetida. "Mas cada um por sua ordem: Cristo as primícias, depois os que são de Cristo, na sua vinda. Depois virá o fim, quando tiver entregado o reino a Deus, ao Pai, e quando houver aniquilado todo o império, e toda a potestade e força" I Co 15. 22, 23.
  6. Perceba que após a παρουσια (parousia) virá o fim. esta afirmação não é minha, mas do autor do texto analisado. De acordo com este, o último inimigo que há de ser aniquilado é a morte. Porque todas as coisas sujeitou debaixo de seus pés (I Co 15. 26, 27a ACF). 
  7. As expressões: "convém que isto que é corruptível se revista da incorruptibilidade", "que é mortal se revista da imortalidade", bem como a repetição das mesmas demonstra que ele se detém na Glorificação dos Santos. 
  8. Esta mesma glorificação é vitória sobre a morte e estímulo para que os crentes sigam firmes, constantes a abundantes na obra do Senhor. 
CONCLUSÃO

Creio firmemente que o Arrebatamento é uma realidade escatológica. Todavia nos textos analisados a predominância é a doutrina da ressurreição e consequentemente da Glorificação dos Santos, e que ambas são o cerne do Evangelho. Estudar tais textos em um momento em que a ênfase é posta na realização pessoal, é grande fonte de consolo para os que amam a Vinda de Cristo. Em Cristo Jesus. 

Marcelo Medeiros, vosso conservo. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Agradeço o seu comentário!
Ele será moderado e postado assim que recebermos.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Créditos!

Por favor, respeite os direitos autorais e a propriedade intelectual (Lei nº 9.610/1998). Você pode copiar os textos para publicação/reprodução e outros, mas sempre que o fizer, façam constar no final de sua publicação, a minha autoria ou das pessoas que cito aqui.

Algumas postagens do "Paidéia" trazem imagens de fontes externas como o Google Imagens e de outros blog´s.

Se alguma for de sua autoria e não foram dados os devidos créditos, perdoe-me e me avise (blogdoprmedeiros@gmail.com) para que possa fazê-lo. E não se esqueça de, também, creditar ao meu blog as imagens que forem de minha autoria.