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sábado, 27 de junho de 2015

A ressurreição de Jesus



A doutrina da ressurreição de Cristoé de vital importância para a fé cristã. É o traço distintivo de Jesus em relação aos demais líderes das grandes religiões mundiais, e o meio pelo qual a morte expiatória e vicária de Jesus se torna efetiva quanto ao seu propósito. Para Paulo se Cristo tão somente houvesse morrido, mas não ressuscitado, a fé cristã seria tão vã quanto qualquer outra expressão religiosa da época. É isto que faz com que o tema seja refletido, ainda que em linhas gerais.

A RESSURREIÇÃO NO ANTIGO TESTAMENTO

Em todo o Antigo Testamento somente duas referências são feitas à ressurreição dos mortos. (Não falo aqui das supostas referências às ressurreições nacionais conforme se vê em Ez 37. 1 - 14; Os 6. 2 - 6, mas da ressurreição escatológica). Os teus mortos e também o meu cadáver viverão e ressuscitarão; despertai e exultai, os que habitais no pó, porque o teu orvalho será como o orvalho das ervas, e a terra lançará de si os mortos (Is 29. 19 ACF). E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno (Dn 12. 2 ACF). 

Nestes dois últimos textos se pecebe uma clara menção á ressurreição escatológica (dos dias finais). Outros textos que possam sugerir uma ressurreição, caso o façam, fazem de forma implícita. Na verdade fico com a posição dos especialistas de que a visão dos judeus, no tocante à vida futura era bem embaçada, e pouco definida. Mas estes textos trazem a visão de uma ressurreição final, conforme expressa na crença de Maria, irmã de Lázaro (Jo 11. 24). 

A RESSURREIÇÃO NO NOVO TESTAMENTO

Ao que parece a doutrina da ressurreição procede do questonamento a respeito da retribuição. Afinal, como explicar a morte do justo que perece prematuramente? (Is 57. 1, 2). No período interbíblico duas respostas serão propostas a primeira da imortalidade da alma (por empréstimo dos gregos), e a segunda do mundo judaico, no caso, a ressurreição. Já no período dos macabeus a crença era firmada. 

Todavia a concepção de ressurreição dos judeus era estritamente escatológica. Em outras palavras: era algo que se daria quando o mundo fosse transformado, e uma nova ordem instaurada. Ressurreições isoladas, como no caso da filha de Jairo, do filho da viúva de Naim eram verdadeiros milagres, e no caso de Lázaro, morto já há quatro dias, pior ainda!

Estes fatos somados à notícia de que Cristo ressuscitou lançam luz e compreensão a respeito do fenômeno da ressurreição. A notícia era (in)crível no sentido estrito do termo. O Evangelho diz que um homem de nascimento (humanamente duvidoso), descendente de Davi, mas oriundo de uma família pobre, que viveu na Galiléia, morreu como criminoso e ressuscitou, sendo declarado Filho de Deus. 

São estes os elementos que, na ótica de Paul Wascher, tornam o Evangelho a notícia mais escandalosa de todos os tempos. De acordo com Timothy Keller a ressurreição era incrível no mundo grego, porque estes consideravam o corpo uma prisão da alma. A doutrina era igualmente desacreditada porque na perspectiva judaica ela não poderia ser dissociada dos fatos escatológicos. Face ao exposto cabe aqui a pergunta a respeito do que tenha motivado os discípulos a crerem na ressurreição, e pregar a mesma. 

A CRENÇA NA RESSURREIÇÃO DE JESUS

Os discípulos creram na ressurreição de Jesus por qual motivo então? Especialistas sugerem que tal crença decorra de delírios coletivos, ou da concepção de que os ensinos de Jesus reviveram na mente dos discípulos e eles passaram a pregar e ensinar. De minha parte, concordo com Willian Lane Craig, Norman L. Geisler e outros apologistas que sabiamente percebem que a mera lembrança dos ensinos de Cristo explique a ressurreição. 

Um fator a ser percebido é o de que os discípulos do caminho de Emaús, por exemplo, foram chamados de néscios, e tardos de coração para crer tudo o que os profetas disseram! (Lc 24. 25 ACF). Como um grupo que não entendeu as palavras de Cristo e o anúncio da ressurreição poderia rememorar os ensinos de Cristo sem ajuda extraordinária? 

A explicação judaica de que o corpo de Jesus foi roubado, pelos discípulos deixa de levar em conta que o túmulo foi guardado por guardas e que os discípulos estavam desanimados. Isto é perceptível mesmo no relato do caminho de Emaús, onde os discípulos se mostram frustrados por terem acreditado ser Jesus a redenção de Israel e que a despeito da crença este havia sido morto. 

Para Paulo, é a resurreição de Cristo que o torna singular, visto que ele é a totalidade do Evangelho, conforme se percebe no texto abaixo transcrito
Acerca de seu Filho, que nasceu da descendência de Davi segundo a carne, Declarado Filho de Deus em poder, segundo o Espírito de santificação, pela ressurreição dentre os mortos, Jesus Cristo, nosso Senhor (Rm 1. 3, 4 ACF). 
O que Paulo está sugerindo aqui é que o senhorio de Cristo, bem como sua filiação divina são autenticados por sua vitória sobre a morte. Para Paulo, Cristo por nossos pecados foi entregue, e ressuscitou para nossa justificação (Rm 4. 25 ACF).  Aos crentes de Cortinto, que ousaram flertar com a crença de que não existe ressurreição, ele Paulo disse:
se Cristo não ressuscitou, logo é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé. E assim somos também considerados como falsas testemunhas de Deus, pois testificamos de Deus, que ressuscitou a Cristo, ao qual, porém, não ressuscitou, se, na verdade, os mortos não ressuscitam. Porque, se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados (I Co 15. 14 - 17 ACF). 
Para Paulo a certeza da ressurreição estava ligada à experiência que ele tivera no caminho de Damasco. Para os demais discípulos estava atrelada ao período que eles passaram com Jesus, bem como as inúmeras provas que Cristo dera da mesma.  Para nós está ligada ao testemunho do Espírito Santo e mais do que isto, a ação santificadora do mesmo que é uma antecipação da nossa redenção final. 

Em Cristo, Marcelo Medeiros

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