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quarta-feira, 12 de junho de 2013

Ateísmo na Bíblia?


O motivo da pergunta no título deste post se dá em razão de algumas declarações que a Bíblia aparentemente faz a respeito do Ateísmo. Cabe lembrar que a maioria absoluta, se não todas as declarações possíveis que a Bíblia possa fazer sobre o tema, são extraídas do saltério (o livro dos Salmos). Minha proposta consiste em responder a seguinte pergunta: o ateísmo aparentemente descrito na Bíblia tem a ver com a postura filosófica, ou com a cosmovisão que leva este nome? É esta pergunta que iremos responder. Para Tal precisamos recorrer à Bíblia.

O ímpio é soberbo, jamais investiga: - Deus não existe! - é tudo o que pensa (Sl 10. 4 Bíblia de Jerusalém). Em outras palavras, neste texto a impiedade está sendo criticada, ela consiste na prática do mal, sem que se leve em consideração que há um Deus que julgue a causa do justo e do aflito, ou a quem terá de prestar contas pelas suas ações. Este é o sentido do texto.

O outro texto do saltério é este: diz o insensato em seu coração: Deus não existe! Suas ações são corrompidas e abomináveis (Sl 14. 1 Bíblia de Jerusalém). O restante do Salmo fala de uma depravação geral da humanidade. Do céu Iahweh se inclina sobre os filhos de Adão, para ver se há um sensato, alguém que busque a Deus (Sl 14. 2). Este texto descreve com linguagem antropomórfica que Deus é o maior interessado no homem, é ele quem busca o homem, e não o inverso. A seguir o salmista descreve o estado alienado de Deus, visto que estão todos desviados e obstinados também, de forma que ninguém age bem, não, nem um sequer (Sl 14. 3 Bíblia de Jerusalém). O homem descrito aqui é aquele que age como se Deus não existisse.

Na verdade o ateísmo descrito na Bíblia não é uma posição filosófica racionalmente concebida como vemos na filosofia marxista e no pensamento freudiano. A postura criticada pelos autores bíblicos se coaduna melhor com a crítica de Nietzsche ao niilismo europeu do século XIX. Em outras palavra o salmista não está  criticando alguém que entendeu que as ditas provas da existência de Deus, na verdade não são definitivas. [Esta crítica será feita pelos sábios do período inter bíblico, e por Paulo (Sb 13; Rm 1. 18 - 20).] Deus é um Deus que se esconde, e que se revela aos simples por meio de seu filho Jesus Cristo, exclusivamente. De modo que de acordo com Pascal e C. S. Lewis, Deus jamais pode ser conhecido pelas obras da natureza, mas exclusivamente em Cristo.

Retornando à Bíblia, a Deus e a Nietzsche, em sua obra Assim Falou Zaratustra, ele critica a Europa por que sustentar a crença epistemológica em Deus, mas eliminar o mesmo da cultura (este é o sentido da morte de Deus, visto que Nietzsche não se preocupa com metafísica, mas com axiologia). Tal se dá quando se constata incompatibilidade entre o que cremos e afirmamos intelectualmente e o que de fato vivemos. Para exemplificar, mais um texto do saltério.

O ímpio tem um oráculo de pecado dentro do seu coração; o temor de Deus não existe diante dos seus olhos. Ele se vê com u olho por demais enganador para descobrir e detestar o pecado. As palavras da sua boca são maldade e mentira, ele desistiu do bom senso de fazer o bem. Ele premedita a fraude no seu leito, obstina-se no caminho que não é bom e nunca reprova o mal (Sl 38. 2 - 5 Bíblia de Jerusalém).

É esta atitude de viver a vida como se não tivéssemos de prestar contas a ninguém, como se pudéssemos oprimir as pessoas sem considerá-las como imagem e semelhança de Deus, de extrema dedicação para com a prática do mal, de ausência de conflitos éticos (sejam de quais ordem forem), da glorificação e exaltação do que é vil aos olhos de qualquer pessoa que tenha uma mínima noção do que venha a ser a ética, que a Bíblia condena de fato. Logo, tais textos  não se aplicam aos que vivem algum tipo de incoerência, de dicotomia entre o que creem e afirmam intelectual e filosoficamente, e o que praticam. Sim, temos de considerar a possibilidade de que um ateu demonstre um comportamento mais ético do que um religioso, mas isto é outro assunto. 

Marcelo Medeiros, em Cristo. 

2 comentários:

  1. Kkkk... "... temos que considerar a POSSIBILIDADE..."... Religiões... ah, as religiões...

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