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segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Zacarias e o Reinando Messiânico


 


 
Zacarias ( זְכַרְיָ֖ה), cujo nome significa  Deus se lembra, é, ao lado de Ageu e Malaquias, um dos profetas pós exílicos, a palavra do Senhor דְבַר־ יְהוָ֗ה (YHWH dabar) se manifestou ao profeta em 520 a. C. Ele é chamado de profeta נָּבִ֖יא (heb nabî), duas vezes no primeiro capítulo (Zc 1. 1, 7), e seus oráculos iniciais são datados, o que permite extrema precisão. Estas informações são de suma importância uma vez que o livro em apreço é alvo de disputas a primeira quanto ao estilo, a segunda, quanto à autoria dos capítulos da segunda metade (9 - 14).
Apesar do texto dizer claramente a palavra do Senhor veio ao profeta Zacarias, o que mais vemos em seus escritos são visões (Zc 1. 7 - 6. 8), e a julgar pela unidade do texto foram recebidas em apenas uma noite. Outro fator é o anjo sucessivamente interpretando estas mesmas visões (Zc 1. 9, 13, 14, 19; 2. 3; 4. 1, 4, 5; 5. 5, 10). O diálogo entre seres angelicais não é característico da literatura profética, mas da apocalíptica, conforme podemos ver nos livros de Daniel e do Apocalipse. Em ambos as mensagens de Deus são manifestas por meio de visões enigmáticas e interpretadas por anjos.
A julgar pelo número de visões, e pela ocorrência do verbo ver תִרְא֔וּ (roeh e suas variantes) no livro, podemos arriscar que este seja mais um vidente. Mas Zacarias é chamado de profeta, e o texto diz que a palavra do Senhor veio a ele. Assim, não seria nenhum absurdo propor que as visões de seu livro sejam de caráter didático, uma forma de aguçar a atenção e a curiosidade do ouvinte e com isso introduzir a mensagem.
Mas e os problemas de autoria da segunda parte do livro? Temos de assumir que de fato existam tais problemas. Algumas partes do livro parecem ser de autoria pré exílica. Exemplo de tais observações podem ser vistos na menção de um rei em Gaza (Zc 9. 5), ou as alusões à Assíria e ao Egito como potenciais ameaças ao povo de Deus. Neste ponto temos de considerar as alusões apocalípticas encontradas no livro, assim as referências ao suposto rei de Gaza, e às nações inimigas seriem simbólicas.
Mais marcante ainda são as referências aos pastores (Zc 11. 4 - 17), onde os pastores expulsos seriam Simão, Lisímaco e Menelau. Aceita esta teoria, os oráculos desta perte seriam do período dos Macabeus, conforme podemos ver (II Mc 4). Aqui temos um caso idêntico ao de Daniel, livro que na Bíblia hebraica figura entre os escritos, não entre os profetas. Mas precisamos lembrar que ainda que Zacarias não esteja entre os apocalípticos, pelas razões acima abordadas, ele é, ao lado de Daniel, um precursor deste estilo.
Quanto à autoria da segunda parte do livro, concordamos com Dillard e Longman III, quando estes estudiosos assumem a autoria única do livro. Primeiro, nenhuma das propostas feitas até o momento é consistente. Isto porque a mensagem é a mesma em ambas as partes. Exemplo:
  1. A importância de Jerusalém é visível em ambas as partes (Zc 1. 12 - 16; 2. 1 - 13; 9. 8 - 10; 12. 1 - 13; 14. 1 - 21). Estes oráculos serão fundamentais na constituição do Apocalipse de João, que colocará a sede do Reino do Messias em Jerusalém (Ap 20. 1 - 6), e chamará o Estado Eterno de Jerusalém celestial (Ap 21 - 22).
  2. A purificação da cidade santa (Zc 3. 1 - 9; 5. 1 - 11; 10. 9; 12. 10; 13. 1, 2; 14. 20, 21). Os temas da purificação do sacerdócio, e da fonte, por exemplo, apontam para uma dependência em relação ao profeta Ezequiel (Ez 44. 15 - 23; [6. 6; 36. 25]).
  3. O lugar dos gentios no Reino de Deus (Zc 2. 11; 8. 20 - 23; 9. 7 - 10; 14. 16 - 19). As nações se unirão ao Senhor, e estarão subordinadas ao povo santo. Os judeus serão referencial da presença de Deus entre os povos.
  4. A Reunião dos exilados (Zc 2. 6; 10. 9, 10).
Ainda que o texto fosse de diferentes autores, temos uma fantástica unidade no todo do livro.
A respeito das profecias messiânicas, o que podemos dizer é que:
  1. Josué é um tipo de Cristo. Primeiro, seu nome, tal como o de Jesus, significa o Senhor é a Salvação. em uma das menções a este sacerdote, Deus promete trazer o seu servo, o Renovo. Há igualmente uma menção à vinda de uma pedra, e que a iniquidade da terra será removida em um único dia. Ouçam bem, sumo sacerdote Josué e seus companheiros sentados diante de você, homens que prefiguram coisas que virão: Vou trazer o meu servo, o Renovo. Vejam a pedra que coloquei na frente de Josué! Ela tem sete pares de olhos, e eu gravarei nela uma inscrição, declara o Senhor dos Exércitos, e removerei o pecado desta terra num único dia (Zc 3. 8, 9 NVI).
  2. Ele profetiza um feito, que de acordo com o Evangelistas cumpriu-se quando Cristo entrou em Jerusalém (Zc 9. 9; Mt 21. 1 - 11). Alegre-se muito, cidade de Sião! Exulte, Jerusalém! Eis que o seu rei vem a você, justo e vitorioso, humilde e montado num jumento, um jumentinho, cria de jumenta (Zc 9. 9 NVI).
  3. Nos Salmos, Deus, o próprio יְ֭הוָה (YHWH), é descrito como sendo o Rei de Israel, ou o rei da Glória מֶ֣לֶךְ הַכָּבֹֽוד (malak kabod). Aqui, o rei é alguem humilde, pobre, e justo, que vem montado em jumentinho. Este é Jesus Cristo.
  4. Note que embora fale de algo que os intérpretes do Novo Testamento julgaram ser a traição, e concordo com eles, Zacarias atrela a vinda do Messias humilde com sua vitória sobre todas as demais nações (Zc 9.10 - 17).
  5. Se acharem melhor assim, paguem-me; se não, não me paguem. Então eles me pagaram trinta moedas de prata. E o Senhor me disse: "Lance isto ao oleiro", o ótimo preço pelo qual me avaliaram! Por isso tomei as trinta moedas de prata e as atirei no templo do Senhor para o oleiro (Zc 11. 12, 13 NVI). Mais uma vez os escritores do Novo Testamento interpretaram o texto de forma cristológica. Na percepção dos Evangelistas, o texto aborda o preço cobrado pela traição de Cristo (Mt 26. 15), o ato desesperado de Judas em devolver o dinheiro (Mt 27. 9, 10), e o destino que deram ao comprarem um campo de um oleiro. O mais curioso é que mateus liga a profecia ao profeta Jeremias, e de fato há uma menção de semelhante ato em Jeremias,  mas ela é claramente uma citação de Zacarias.
  6. De igual modo, a noite da traição, veja como Zacarias a descreve. espada, desperta-te contra o meu pastor, e contra o homem que é o meu companheiro, diz o SENHOR dos Exércitos. Fere ao pastor, e espalhar-se-ão as ovelhas; mas volverei a minha mão sobre os pequenos (Zc 13. 7 ARCF). Jesus disse aos seus discípulos na noite da traição: todos vós esta noite vos escandalizareis em mim; porque está escrito: Ferirei o pastor, e as ovelhas do rebanho se dispersarão (Mt 26. 31 ARCF).
  7. Tal como ocorre no Apocalipse, o Reino Messiânico se dará após uma sangrenta batalha entre Deus e os adversários do seu povo (Zc 14. 1 - 7). Somente após esta batalha, o reino do Senhor será instaurado.
 
As marcas do Reinno Messiânico são:
 
Deus habitará novamente no meio do seu povo (Zc 8. 2, 3).
A cidade será povoada de velhos e crianças (Zc 8. 4, 5).
Deus chamará o seu povo de todas as nações (Zc 8. 6 - 9).
A miséria dos dias posteriores ao exílio, não será mais vista (Zc 8. 10 - 12).
Diversas nações virão para Jerusalém a fim de buscar ao Senhor (Zc 8. 21 - 23).
 
O reino deste mundo pertence a Deus, e a Cristo (Sl 24. 1, 2, 7 - 10), que estejamos nas condições requeridas por ele para fazermos parte do seu Reino.
 
Pr Marcelo Medeiros, em Cristo Jesus.
 
 
 

Um comentário:

  1. Deus o abençoe pastor para este maravilhoso ministério, a unção do Espírito Santo fluindo sobre você em abundância para a sua base ministério através de muitas almas serão salvas. você vai fazer a diferença no Brasil.
    QUE DEUS TE ABENÇOE. O MISSIÓNARIO KOSSI DO TOGO-AFRICA

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