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terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Elias e os profetas de Baal


Já foi afirmado nesta série de estudos sobre a vida de Elias e Eliseu, que o primeiro é um profeta, cujo significado do nome אֵלִיָּ֨הוּ é Jeová, ou Iahweh é Deus. Seu nome se compõe da partícula El (אֵלִ), que é o diminutivo Deus אֱלֹהִ֑ים (elohim), com a partícula Yah (יָּ֨ה), que é diminutivo de יְהוָ֥ה ou  יהוה (YHWH). O motivo do retorno a este assunto se dá pelo fato de que durante muitos anos Ba'al (ַבַּ֖עַל ou הבעל ) rivalizou com יהוה (Iahweh), e o nome do profeta é um lembrete de que o povo deveria para com a atitude sincrética de conciliar o culto de Iahweh (יְהוָ֥ה ) com Ba'al (בַּ֖עַל). Neste estudo veremos uma  desafio no monte Carmelo.
 
O contexto
 
observando o contexto no qual e dão os fatos podemos entender que:
 
  1. Após três anos de seca em Israel, um período de provisão na casa de uma viúva em Serepta, Elias retorna a Israel, e por orientação divina se apresenta a Acabe com a promessa de que virá chuva sobre a terra (I Rs 18. 1). Mas antes que tal aconteça, tem de ficar claro a Acabe, quem de fato controla o clima, se Iahweh, Deus de Israel, ou Ba'al.
  2. Daí o motivo de por mais uma orientação divina, Elias mandar Acabe reunir os profetas (ְבִיאֵ֤י [nebihuim]) de Ba'al, e de Aserá (הָֽאֲשֵׁרָה֙). Diante de todo o povo, o profeta irá propor um desafio. O Deus que responder com fogo, este sim, é o verdadeiro Deus (I Rs 18. 19, 24).
  3. Sendo Ba'al (ַבַּ֖עַל ou הבעל ), o senhor dos raios e das chuvas, é mais do que esperado que ele ao menos mande um pequeno relâmpago sobre o sacrifício.
  4. Mas a maior razão do desafio de Elias é que quando este indaga ao povo a respeito de quem servirão, eles permanecem indecisos. Elias dirigiu-se ao povo e disse: "Até quando vocês vão oscilar entre duas opiniões? Se o Senhor é Deus, sigam-no; mas, se Baal é Deus, sigam-no". O povo, porém, nada respondeu (I Rs 18. 21 NVI).
  5. A cultura da idolatria, começada com Jeroboão (I Rs 12. 26 - 31), estava profundamente arraigada no coração do povo. E esta talvez seja a provável causa de indecisão face ao desafio, ao apelo do profeta Elias.
 
É neste contexto que acontece uma das mais belas histórias das narrativas do Velho Testamento.
 
No monte Carmelo
 
Quando o profeta Elias diz ao povo: vocês abandonaram os mandamentos do Senhor e seguiram os baalins. Agora convoque todo o povo de Israel para encontrar-se comigo no monte Carmelo (I Rs 18. 18b, 19a, NVI), a primeira imagem que vem à nossa mente é a de uma reunião em monte específico, e de fato tal se deu. O problema é que ao contrário do que ocorre com nossa geografia, o Carmelo não é um único monte, mas uma cadeia montanhosa.
De acordo com o docionário Wycliffe de um único pico este nome passou a ser atribuído a um conjunto de colinas que a ele estava associado, designando assim, a cordilheira montanhosa de mais de 30quilômetros de extensão, com uma largura de 5 á 12 quilômetros para o Oeste e para o Noroeste de Esdraelon, com uma altitude de 572 metros acima do nível do mar no seu cume (pág 378).
No mesmo dicionário, obtemos a informação de que o local era bem irrigado, por causa de sua exposição aos ventos do mar. E este dado é de fundamental importância para que seja respondido o questionamento a respeito da origem da água que Elias usou para irrigar o seu sacrifício, a ponto de encher as valas que o mesmo havia cavado em torno do altar (I Rs 18. 33 - 35). É bem provável que dadas às peculiardades geográficas ali tenha se acumulado água para tal, mas que ao mesmo tempo era inacessível ao povo pela dificuldade de acesso.
Neste mesmo lugar foram construídos promotório antigos às divindades que regiam o tempo. Estes fatos reunidos tornamo Carmelo o local indicado para o desafio proposto por Elias. O nome Carmelo (כַּרְמֶ֑ל[Karmel]), significa jardim. Ao que tudo nos indica, ele aparece com esta conotação em Is 32. 17, onde o Senhor promete: até que sobre nós o Espírito seja derramado do alto, e o deserto se transforme em campo fértil, e o campo fértil pareça uma floresta (NVI). Até os dias de hoje a copa do mesmo impressiona os visitantes. Na imagem abaixo, que capturamos de um blog de arqueologia, vemos esta imagem impressionante.
 
 
Resposta pelo fogo
 
A esta altura, talvez a única pergunta a ser respondida é: por que o fogo? Em primeiro lugar, já foi dito neste estudo que Ba'al (ַבַּ֖עַל ou הבעל ) é o deus dos raios, na cultura  cananéia, é claro. Aqui está sendo proposto que o rival de  יהוה (Iahweh) responda com pelo menos um dos seus raios. Fato que não ocorre.
Em segundo lugar, sucessivas vezes  יהוה (Iahweh) revindica, por meio dos profetas o poder de controlar o clima. É ele, e jamais os ídolos, o verdadeiro controlador do clima (Lv 26. 4; Dt 11. 14, 17; 28. 12, 24; I Sm 12. 17, 18; Is 30. 23; Am 4. 7). Um dos mais contundentes textos que aborda a questão é este:
Peça ao Senhor a chuva de primavera, pois, é o Senhor quem faz o trovão, quem manda a chuva e lhes dá as plantas do campo. Porque os ídolos falam mentiras, os adivinhadores têm falsas visões, e contam sonhos enganadores; o consolo que trazem é vão. Por isso o povo vagueia como ovelhas, aflitas pela falta de um pastor (Zc 10. 1, 2 NVI).
Digno de nota é a ocorrência dos termos מְטַר (mored) e גֶּ֙שֶׁם֙ (geshem), respectivamente para chuva e aguaceiro. O Deus que controla o clima tem de ter a habilidade, o poder para responder com fogo.
Por último, a história de Israel é marcada por tais respostas por meio do fogo.

  • Isto se deu na vocação de Moisés

Moisés pastoreava o rebanho de seu sogro Jetro, que era sacerdote de Midiã. Um dia levou o rebanho para o outro lado do deserto e chegou a Horebe, o monte de Deus. Ali o Anjo do Senhor lhe apareceu numa chama de fogo que saía do meio de uma sarça. Moisés viu que, embora a sarça estivesse em chamas, esta não era consumida pelo fogo. "Que impressionante! ", pensou. "Por que a sarça não se queima? Vou ver isso de perto. " O Senhor viu que ele se aproximava para observar. E então, do meio da sarça Deus o chamou: "Moisés, Moisés! " "Eis-me aqui", respondeu ele. Então disse Deus: "Não se aproxime. Tire as sandálias dos pés, pois o lugar em que você está é terra santa (Ex 3. 1 - 5 NVI).

  • Na inauguração do tabernáculo

Assim Moisés e Arão entraram na Tenda do Encontro. Quando saíram, abençoaram o povo; e a glória do Senhor apareceu a todo o povo. Saiu fogo da presença do Senhor e consumiu o holocausto e as porções de gordura sobre o altar. E, quando todo o povo viu isso, gritou de alegria e prostrou-se rosto em terra (Lv 9. 23, 24 NVI).

  • Na  vocação de Gideão

E o Anjo de Deus lhe disse: "Apanhe a carne e os pães sem fermento, ponha-os sobre esta rocha e derrame o caldo". Gideão assim o fez. Com a ponta do cajado que estava em sua mão, o Anjo do Senhor tocou a carne e os pães sem fermento. Fogo subiu da rocha, consumindo a carne e os pães. E o Anjo do Senhor desapareceu. Quando Gideão viu que era o Anjo do Senhor, exclamou: "Ah, Senhor Soberano! Vi o Anjo do Senhor face a face! (Jz 6. 20 - 22 NVI).

  • Na inauguração do templo do Senhor

Assim que Salomão acabou de orar, desceu fogo do céu e consumiu o holocausto e os sacrifícios, e a glória do Senhor encheu o templo (II Cr 7. 1 NVI).

  • No desafio de Elias

À hora do sacrifício, o profeta Elias colocou-se à frente e orou: "Ó Senhor, Deus de Abraão, de Isaque e de Israel, que hoje fique conhecido que tu és Deus em Israel e que sou o teu servo e que fiz todas estas coisas por ordem tua. Responde-me, ó Senhor, responde-me, para que este povo saiba que tu, ó Senhor, és Deus, e que fazes o coração deles voltar para ti". Então o fogo do Senhor caiu e queimou completamente o holocausto, a lenha, as pedras e o chão, e também secou totalmente a água na valeta (I Rs 18. 36 - 38 NVI). 

Diante da ousadia de Elias, do claro sinal da parte de Deus, o povo, que dantes havia se mostrado indeciso, exclamou יְהוָ֖ה ה֥וּא הָאֱלֹהִֽים׃ יְהוָ֖ה ה֥וּא הָאֱלֹהִֽים׃ (Iahweh elohim, Iahweh elohim[Adonai Elohim, Adonai elohim]), o Senhor é Deus, o Senhor é Deus. O sinal serviu de motivação para a decisão do povo. Mas o culto a Ba'al só foi erradicado em Israel no reinado de Jeú (II Rs 10. 28). MacArthur observa, em sua Bíblia de Estudo, que tal iniciativa não fora motivada pelo zelo espiritual, mas por motivações políticas, ou seja, por acreditar que exterminando o culto a Ba'al ele estava enfrequecendo o partido de Acabe em Israel.

Em Cristo, Pr Marcelo Medeiros

 

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