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segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa

 

O Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa

Foi instituído em nosso país mediante a lei nº 11.635, de 27 de dezembro de 2007, sancionada pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva, e aos olhos de muitos que militam em prol da diversidade esta representou um avanço face ao reconhecimento do próprio Estado da existência do problema. De acordo com o site Wikipédia, a intolerância religiosa pode se manifestar como perseguições, aos grupos diversos e como uma atitude político ideológica. E aqui reside um problema que pretendemos abordar nas linhas abaixo.

Uma breve consulta na Wikipédia, ou mesmo a leitura superficial da história, nos mostra que momentos históricos específicos grupos religiosos mais distintos passaram por este tipo de situação. Daí todos os esforços empreendidos para que tal quadro histórico não se repita em nossos dias. O problema é que, o discurso em prol da tolerância se apresenta como ameaçador ao Cristianismo em razão do seu caráter "exclusivista". Em outras palavras: para todo cristão Jesus é o caminho a verdade e a vida, portanto, quaisquer alternativas, que não Cristo estão descartadas, Daí a nossa necessidade de refletir sobre o assunto.

A primeira reflexão a ser feita é que a "Tolerância Religiosa", bem como a "laicização do Estado" são bençãos para nós cristãos. De forma alguma podemos nos valer do Estado, bem como de leis que imponham a nossa religiosidade para aumentar nosso número de adeptos. Até porque, na própria Bíblia encontramos o relato de uma reforma empreendida por Zorobabel, e no decorrer da mesma Deus usou o profeta Zacarias para dizer: Não por força nem por violência, mas pelo meu Espírito’, diz o Senhor dos Exércitos (Zc 4. 6 NVI). O Cristianismo não é uma religião baseada em força, mesmo que em determinados períodos da história, tal expediente tenha sido usado.

A segunda reflexão é de natureza filosófica e aborda a natureza da verdade. Ela é possível dentro do campo religioso? Creio que sim. E na verdade todo religioso crê desta forma. Mas como esta questão aparece no debate? Por meio da afirmação de que todas as religiões são verdadeiras. Neste aspecto me satisfaço com a afirmação de Geisler: "se a verdade não existe como posso afirmar qualquer coisa sobre ela, mesmo que seja para negá-la?". Na verdade, exigimos a verdade de nossos políticos, de nosso cônjuge, e no entanto a negamos na teoria, e nos discursos. Creio que esta é uma atitude que Paul Tournier chamaria de neurótica. Mas o problema não para por aqui.

Em um dos comentários a respeito do assunto no facebook alguém postou a seguinte pérola: não existe religião verdadeira, nem falsa [...]. Leia aqui.  Confesso que este superou todos os demais inclusivistas, visto que estes advogam a veracidade de todas as religiões. Este conseguiu criar uma categoria para além da verdade e do erro, e a pergunta a ser feita é: o que existe para além da verdade e do erro.

Via de regra, o que se faz é afirmar a veracidade e a validade de todas as religiões. E aqui temos um problema, detectado por Geisler e Pondé. As crenças religiosas fazem afirmações diversas e excludentes a respeito da realidade. Se observarmos as três religiões monoteístas por exemplo, veremos que a  despeito de possuírem uma matriz comum, o judaísmo entende que tá na onda certa, por este motivo alguns, ainda aguardam o messias, enquanto outros defendem uma interpretação de que Israel é este Messias. Para o Cristianismo, Jesus, o Cristo, ou χριστος, forma grega da palavra messias מְשִׁיחִֽי (ou massiah), é , como o próprio nome o sugere, este Messias, ao passo que para o islamismo tanto judeus, quanto cristãos estão no bonde errado.

Para os judeus o profeta por excelência é Moisés. A confissão de fé mulçumana afirma que há um só Deus e Maomé é o seu profeta. Para os cristãos toda figura humana, inclusive a de Moisés, foi superada por Jesus Cristo. Não há como dizer que todas estão certas, nem como dizer que todas estão erradas, ou que não são nem certas e nem erradas. Alguém pegou o bonde errado. E aí começa o conflito, e como diz Pondé, passados os vinte minutos, é preciso ir aos croquetes (paráfrase). Acho que é na boca que começa toda tolerância com o outro.

Nossa terceira reflexão tem a ver com o significado que as palavras: tolerância e intolerância, tem assumido em nossos dias. Intolerância é definida no michaellis como: Falta de tolerância, sendo a qualidade de intolerante, a pobreza quanto a definição me levou a recorrer ao signifcado antônimo do termo, que é: ato, ou efeito de tolerar, de admitir, de aquiescer. Neste aspecto sou forçado a dizer que o crente em Cristo,convicto de que a Bíblia é a Palavra de Deus e como tal é verdade NÃO PODE SER TOLERANTE.

O verbo aquiescer é definido como anuir, ceder, condescender, consentir. Ou seja, ser tolerante aqui é o mesmo que crer que todas as religiões são verdadeiras, que as afirmativas dos mambros dos demais grupos religiosos é verdadeira. Para que tal coisa acontecesse, necessário seria que sequer tivéssemos opinião, ou que reconhecêssemos que nossa posição é falsa.

Por outro lado, o termo também pode ser comprendido como sendo: o direito que se reconhece aos outros de terem opiniões diferentes ou até diametralmente opostas às nossas. Aqui temos a tolerância no sentido legal dos termos, uma vez que nossa constituição nos garante o direito à liberdade de opinião. Também encontramos no léxico em apreço a seguinte definição: pequenas diferenças para mais ou para menos, legalmente permitidas no peso ou no título das moedas. Eu gostaria de usar esta definição de forma analógica e afirmar que em todo grupo social isto ocorre. A unidade é muito diferente da homogeneidade, e para ser mantida, pequenas diferenças tem de serem preservadas, e até mesmo respeitadas. Isto ocorre no interior de grupos cristãos com posicionamentos a respeito desta, ou daquela doutrina. Por último, tolerância é a boa disposição dos que ouvem com paciência opiniões opostas às suas. Esta, por razões que esclarecerei nas linhas abaixo, é a mais importante para nós cristãos.

Dentro destes termos, e exclusivamente dentro dos limites acima expostos, sou forçado a afirmar que a tolerância deve de ser cultivada por nós cristãos. 1) Um Cristão o tem dever de obedecer leis justas, que não se oponham aos princípios da Palavra de Deus, por este motivo tem de aceitar e lutar pelos direitos à diversidade de opiniões. 2) Para convivermos precisaos de tolerância. Isto se dá com nossas relações familiares, sociais, trabalhistas etc... . 3) Precisamos de tolerância para o exercício de nossa missão.

Stott afirma que parte da missão da Igreja consiste exatamente em "ouvir o mundo", para dialogar com o mesmo. Se não ouvirmos: não entederemos os anseios mais profundos das pessoas, não estabelceremos pontos de contato, e não seremos ouvidos. Mesmos nas opiniões opostas às nossas podemos estabelecer pontos que nos permitam ver em quais perspectivas os anseios das pessoas de religiões diferentes podem ser satisfeitos por meio do Evangelho.

Enquanto os donos do poder sonham com um mundo onde todas as pessoas consideram as religiões como igualmente verdadeiras, sonho com uma Igreja TOLERANTE, não no sentido da aquiescência com toda e qualquer idéia, mesmo as que contradigam os pricípios básicos de nossa fé, mas que pacientemante ouça e perceba o anseio de nosso mundo por transcedência, por significado e relevância. ESTA É A ÚNICA TOLERÂNCIA QUE DEUS QUER DE NÓS.
Em Cristo, Pr Marcelo Medeiros

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