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sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Restitui quero de volta o que é meu.




Temos direitos diante de Deus?
Antes de responder a pergunta que motivou este post, precisamos conceituar a palavra. Para tal nos valeremos da ajuda do dicionário. De acordo com o vulgo "pai dos burros",o termo em apreço pode ser conceituado como: ciência das normas obrigatórias que disciplinam as relações dos homens numa sociedade; jurisprudência. Esta é a visão da sociologia do conhecimento.

Também podemos definir o direito como: aquilo que é justo e conforme com a lei e a justiça, ou,  faculdade legal de praticar ou não praticar um ato. Esta é a visão do próprio direito a respeito do direito. Ou seja, direito, nada tem a ver com o que é correto, mas com aquilo que a lei faculta ao indivíduo. Émais doque lógico que de acordo com o dicionário que estamos usando como referência, os termos não são definidos assim, aqui houve uma intervenção pessoal.

O conceito que nos interessa aqui é o de prerrogativa, privilégio, uma vez que ambos os termos aparecem como definições para direito no dicionário Michaellis. E entendo que seja isto que os teólogos da prosperidade querem expressar quando dizem que têm direitos diante de Deus. Quando voltamos ao léxico a fim de vermos o sentidos destas palavras, que definições encontramos? 1) Direito, inerente a um ofício ou posição, de usufruir um certo privilégio ou exercer certa função. 2) Direito ou privilégio especial pertencente a uma pessoa, grupo ou classe de indivíduos. É neste ponto que encnontramos um grande nó teológico. Por quê? Simples, a Bíblia diz, implicitamente, que temos privilégios, mas não diz que temos direitos. Para entendermos isto melhor retornemos às definições do léxico.

O sociólogo Max Weber, via o direito como uma ramificação da evolução científica. As ciências das naturezas foram elaboradas como meio de controlar e prever a natureza e trabalhar com a mesma de forma a tornar a vida humana mais fácil. Dentro deste contexto surge o direito como forma de controlar as relações humanas e torná-las mais racionais. É o meu entendimento da leitura deste artigo.

Dei esta volta para reforçar a idéia de que, seja em qual contexto for, o direito foi criado para regular as relações humanas. A Teologia Sistemática de Löuis Berkoff, no capítulo sobre Graça Comum, o autor em apreço afirma que as leis justas que os seres humanos criaram, ao lado das artes, e de toda demonstraçaõ de bondade humana, de beleza; são claras manifestações desta graça comum. É exclusivamente neste contexto que podemos entender o direito: Instrumento regulador das ações humanas na era moderna. Deus não se regula pela direito humano. Da mesma forma que não se submete às desvrições da natureza feitas pelos cientistas.

Quando entendemos o direito como sendo aquilo que é justo e conforme com a lei e a justiça, ou, faculdade legal de praticar ou não praticar um ato, que, conforme dissemos é o direito sob a ótica do próprio direito, lidamos com dois problemas de natureza teológica, um a respeito de Deus, e outro sobre a raça humana.

Com relação a Deus, Paulo afirma que ele é justo e justificador daquele que tem fé em Jesus (Rm 3. 26 NVI). O Deus justo diz Stott, é aquele que faz justiça e defende a causa dos oprimidos (Sl 103. 6). Ele defende a causa dos oprimidos e dá alimento aos famintos. O Senhor liberta os presos, o Senhor protege o estrangeiro e sustém o órfão e a viúva, mas frustra o propósito dos ímpios (Sl 146. 7, 9 NVI). Ou seja, Deus enquanto justo é preocupado também com a causa da viúva. O interesse do eterno não se resume à satisfação dos caprichos dos "seus filhos". Por favor atentem bem para as aspas!

Stott nos chama a atenção para a dimensão da justiça social. Ao olharmos detidamente o texto percebemos que uma das palavras que aparece aqui é מִשְׁפָּטִ֗ (mispath), cujo sentido pode ser o de direito. Este mesmo termo, מִשְׁפָּטִ֗ (mispath), como mandamentos (Ex 21. 1), aquilo que é previsto (Lv 9. 16), uma causa apresentada diante de Deus (Nm 27. 5), e mesmo justiça (Jó 34. 5). Este último texto nos mostra quem nem sempre o agir de Deus em nós é entendido como algo justo.

Todavia, este mesmo Deus é justificador daquele que tem a fé em Jesus. E esta  justiça não tem nada a ver com o direito tal como o entendemos. Ela é fruto de graça de Deus. O homem é isento de suas dívidas diante de Deus (II Co 5. 21; Cl 2. 14). Todavia isto não quer dizer que Deus se tornou devedor do homem, de forma alguma! E aqui temos o primeiro erro dos teólogos da prosperidade.

Com relação ao problema da humanidade anunciado neste post, aos olhos de Deus Não há nenhum justo, nem um sequer, Todos se desviaram, tornaram-se juntamente inúteis; não há ninguém que faça o bem, não há nem um sequer (Rm 3. 10, 12 NVI). Quando Paulo afirma que fomos justificados gratuitamente por sua graça, por meio da redenção que há em Cristo Jesus (Rm 3. 24 NVI), ele emprega o termo grego δωρεαν (dorean), cujo sentido é o de um presente sem pagamento. Ou seja, a relação que Deus estabelece com cada um de nós é mediada pela graça (do grego χαριτι [cháris]), jamais pelo direito. E, Graças a Deus por seu dom indescritível! (II Co 9. 15 NVI).

É quando entendemos as coisas sob este prisma, que a Teologia da Prosperidade com suas revindicações, seus decretos, suas profecias, cai por terra. A graça nulifica toda relação que o homem pretenda ter com Deus na base do direito. Uma coisa que poucas pessoas atentam, e de certa forma insinuo neste post, é que o direito implica uma relação de troca. Isto é manifesto pela sabedoria do senso comum, que diz: o nosso direito termina quando começa o do vizinho.

Este tipo de relação pode ser estabelecida entre cafetões e prostitutas, talvez entre pais e filhos, mas jamais o será, entre um Deus soberano e o homem. Por uma simples razão: não há nada que possamos dar a Deus, que ele já não nos tenha dado. Ninguém em sã consciência revindica direitos em uma~relação amorosa. Usamos uma linguagem similar, é bem verdade, mas não falamos de direito falamos de como o amor se manifesta e de como desejamos ser amados.

A relação que Deus estabelece conosco é a de Pai amoroso e filhos. Não se baseia em direito, mas em graça. No Evangelho João emprega o termo, ao afirmar que os que recebem e creem em Cristo, Deus, assim suposmos, deu-lhes o direito de se tornarem filhos de Deus (Jo 1. 12 NVI), coisas da revelação progressiva. Cabe notar que o termo εξουσιαν (exousian), traduzido como poder pela Almeida Revista e Corrigida, aqui é traduzido como direito.

O que nos importa é que o João mais amadurecido não fala de direito, mas de amor. Vejam como é grande o amor que o Pai nos concedeu: que fôssemos chamados filhos de Deus, o que de fato somos! (I Jo 3. 1 NVI). O mais curioso é que este seria, ao meu ver o momento de se falar nos nossos direitos e prerrogativas, mas João se atém à graça amorosa do Pai, e fala de nossa resposta a esta graça, mas este é assunto para outo post. Aqui convém afirmar que a graça de Deus nulifica as ideologias da Teologia moral de causa e efeito, dos teólogos triunfalistas, bem como a filosofia dos amigos de Jó do tempo presente.
Em Cristo, Pr Marcelo Medeiros.

3 comentários:

  1. Amém! Que bom que temos sentinelas de prontidão em nossas abençoadas igrejas, zelando pela sã doutrina. Glória a Deus pelos inefáveis dons que Ele nos concede por meio exclusivamente da sua imensurável graça. No Reino de Deus o mérito é do Abençoador (ele nos amou primeiro), e o nosso acesso à bênção é mediante a fé, como também a salvação não vem de obras, mas é dom de Deus. Que alegria sabermos que somos privilegiados por compartilharmos com o Pai de uma relação tão amorosa. Não precisamos impor ou reivindicar nada. Tudo ele nos dá a seu tempo. Ele é o nosso Pastor e nada nos faltará! Ainda assim, alguns irmãos amados (porém equivocados) acham que Deus está obrigado a fazer o que algum mortal (ou filho mimado) resolve "determinar". Só a graça! Tem misericórdia de nós, Senhor, Deus SOBERANO. Venha a nós o TEU Reino, seja feita a TUA Vontade, assim na Terra como no Céu! Amém!

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  2. É isto aí mesmo Gilberto, grato pel seu comentário.

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