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quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Um homem de Deus em depressão





O tema mais do que nunca é atual e necessário, visto que no nosso meio, o evangélico, as doenças de cunho emocional (psicológico), não são levadas à sério. Assim, graças a Deus que a lição de EBD, comentada por José Gonçalves traz o assunto á tona. O exemplo não é de qualquer homem, mas simplesmente daquele que veio, ao lado de Moisés, a ser um grande marco do profetismo, Elias. Elqe é descrito pelas Escrituras Sagradas como um homem possuidor das mesmas paixões que nós e cuja vida se distinguiu de tantos do seu tempo em razão da seriedade na oração e dos sinais que acompanharam o seu ministério.

O contexto

Recapitulando o que temos aprendido até o momento percebemos que:

  1. Elias se apresenta a Acabe, e com ousadia pecualiar desafia o grande Deus do trovão, uma divindade cujo nome era Ba'al (בַּ֖עַל). A despeito do poder que lhe atribuem, ele afirma diante do rei: Juro pelo nome do Senhor, o Deus de Israel, a quem sirvo, que não cairá orvalho nem chuva nos anos seguintes, exceto mediante a minha palavra (I Rs 17. 1 NVI).
  2. Ele é orientado por Deus a ir até o ribeiro de Querite, para ai ser sustentado. Saia daqui, vá para o leste e esconda-se perto do riacho de Querite, a leste do Jordão. Você beberá do riacho, e dei ordens aos corvos para o alimentarem lá (I Rs 17. 3, 4 NVI).
  3. Quando o ribeiro se seca, por falta de chuva, ele é orientado a ir até a casa de uma  viúva, que mora em Serepta. Vá imediatamente para a cidade de Sarepta de Sidom e fique por lá. Ordenei a uma viúva daquele lugar que lhe forneça comida (I Rs 17. 9 NVI).
  4. De acordo com MacArthur, a cidade de Serepta é uma cidade litoral. A mesma faz margens com o mar Medterrâneo, ou o Grande Mar, e está situada a onze quilômetros ao sul de Sidom. Deus enviou Elias ao território controlado por Et' Ba'al (אֶת־הַבַּ֔עַל), a fim de mostrar lá a sua provisão para esta viúva, e que Ba'al não tinha sequer o poder sobre sua casa.
  5. Por útimo Deus envia Elias de volta a Israel, para que este confronte Acabe e os profetas de Ba'al, saindo vitorioso no embate com os falsos profetas.
 
A pergunta que não quer calar é: como um homem tão poderoso, em palavras e em obras, pode ter se amedrontado diante das ameaças de uma mulher como Jezabel. Minha sincera opinião, e pretendo mostrá-la, é a de que Elias estava, já há um bom tempo, sob fortes tenções, e que a ameaça da esposa de Acabe apenas foi o gatilho que colocou à mostra tal tenção. Por favor não se escandalize comigo, leia o texto até o fim.
 
Elias não era normal
 
O que é ser normal? Existe alguém que seja realmente normal? Etimologicamente normal, seria aquele que segue as regras, que é regular, comum (Maria Luíza Silveira Teles; O que é neurose). 
Este é o problema com relação a Elias, ele não seguia a norma enquanto todo o Israel, ou parte significativa do mesmo seguia aos costumes da casa real, o nosso profeta era um homem de identidade.  De acordo com o dicionário Michaellis, a identidade é o conjunto dos caracteres próprios de uma pessoa, tais como nome, profissão, sexo, impressões digitais, defeitos físicos etc., o qual é considerado exclusivo dela e, conseqüentemente, considerado, quando ela precisa ser reconhecida.
  1. Conforme temos visto ao longo desta série de estudos Elias trazia em seu nome o nome do verdadeiro Deus (YHWH - יהוה), o Deus que se revelou a Moisés na sarça ardente (Ex 3. 14, 15). Seu nome Elias אֵלִיָּ֨הוּ traz a verdade de que Jeová, ou Iahweh é Deus. E ele vive esta verdade em cada momento de sua vida.
  2. Não possui uma profissão anterior ao exercício profético, mas ele foi reconhecido em situação mais diversas como ish elohim (אִ֥ישׁ אֱלֹהִ֖ים), ou como trduzem as nossas Bíblias, homem de Deus. Elias desde cedo foi reconhecido como alguém cuja palavra de Deus, na sua boca era verdade. Aqui aparece o termo 'emet (אֱמֶֽת), cujo sentido tanto pode ser o de verdade quanto o de fidelidade (Sl 85. 11; 111. 8), quanto o de verdade (Sl 119. 142). Apenas estes fatores são o suficiente para tirar qualquer pessoa da dita normalidade. E mais, é uma loucura parecida com esta que Deus espera de nós. Não que tenhamos que realizar as mesmas proezas de Elias, mas nossa identidade tem de ser tão sólida quanto a dele.
  3. As vestimentas de Elias eram: roupas de pêlos e usava um cinto de couro  (II Rs 1. 8 NVI), o que fez com que o rei logo concluísse quem era, o portador da mensagem que seus embaixadores enviaram. Suas vestimentas, ainda que não fossem o termômetro de sua espirituailidade, eram de sua personalidade, e de seu modo de vida austero.
Com isto, provamos que em instância alguma de sua vida elias seguia a norma, daí a nossa expressão inicial neste tópico. Não, de forma alguma Elias era uma pessoa normal. Quando todo o povo estava dividido em dois pensamentos, em razão do culto a Ba'al, ele mantinha uma firma convicção de que Iahweh era o Deus verdadeiro. Isto o colocou em rota de colisão com toda a cultura de sua época.

O quadro da depressão em si

Nossos dicionários definem a depressão da seguinte forma: abatimento físico, ou moral. Por sua vez o abatimento é um estado caracterizado por desânimo, acabrunhamento, fraqueza, rebaixamento. É um períod de forte baixa. De acordo com Jeremy Holmes, uma pessoa deprimida é:
  1. Uma pessoa que oscila entre a agitação e a letargia. Esta última pode manifestar-se por meio de uma sonolência mórbida, ou, um estado de inércia ou indiferença; apatia.
  2. Falta de aceitação de si mesmo, associada a uma visão sombria do futuro.
  3. Ânsia e desejo frequene de morte.

E isto podemos ver em Elias uma vez que nos capítulos 17 e 18 de I Rs não vemos registros da rotina de sono do profeta, raramente ele é encontrado dormindo. Mas ao ouvir de Jezabel as intenções que esta tinha para a vida dele, Elias teve medo e fugiu para salvar a vida. Em Berseba de Judá ele deixou o seu servo e entrou no deserto, caminhando um dia (I Rs 19. 3, 4 NVI). Aqui temos o momento de agitação.
O momento de sonolência se dá quando este persiste em dormir, mesmo quando alimento lhe é oferecido. Depois se deitou debaixo da árvore e dormiu. De repente um anjo tocou nele e disse: Levante-se e coma. Elias olhou ao redor e ali, junto à sua cabeça, havia um pão assado sobre brasas quentes e um jarro de água. Ele comeu, bebeu e deitou-se de novo (I Rs 19. 5, 6 NVI).
Elias não apresenta um mínimo traço de rejeição, ou de falta de aceitação de suas fraquezas. Mas há indícios no texto de que ele tenha apresentado, uma visão pessimista de sua carreira. Ele alega que foi zeloso, mas que a despeito de seu zelo, não é melhor do que seus pais (I Rs 19. 4). Outro aspecto a ser notado é que Obadias, servo de Acabe tinha escondido cem profetas de Deus e mantido os mesmo à pão e água (I Rs 18. 4), e Elias tomou ciência de tal fato (I Rs 18. 8 - 16). A pergunta a ser feita é: como ele argumentou diante de Deus ser o único que ficou de todos os profetas? A resposta é simples: depressão.
Daí, o passo seguinte é o desejo pela morte. Ele mesmo diz ao Senhor: Já tive o bastante, Senhor. Tira a minha vida; não sou melhor do que os meus antepassados (I Rs 19. 4). A saída do quadro, se é que possamos dizer que Elias tenha mesmo saído deste quadro de imediato, se dá quando Deus aponta novas perspectivas para o profeta.
Uma coisa temos de admitir, não foi fácil para o homem de Deus, conduzir todo este processo de reforma e não ver resposta, nem da casa real, nem por parte do po vo. O Ba'al, conforme dissemos, só foi erradicado de Israel nos dias Jeú (II Rs 10. 28). Em outras palavras Elias não viu o resultado de toda a sua campanha. Mas Deus o conduz a ver sob um novo prisma.

Novas perpectivas

O Senhor lhe disse: Volte pelo caminho por onde veio, e vá para o deserto de Damasco. Chegando lá, unja Hazael como rei da Síria. Unja também Jeú, filho de Ninsi, como rei de Israel, e unja Eliseu, filho de Safate, de Abel-Meolá, para suceder a você como profeta. Jeú matará todo aquele que escapar da espada de Hazael, e Eliseu matará todo aquele que escapar da espada de Jeú. No entanto, fiz sobrar sete mil em Israel, todos aqueles cujos joelhos não se inclinaram diante de Baal e todos aqueles cujas bocas não o beijaram (I Rs 19. 15 - 18 NVI).

Deus sinaliza para Elias, que a reforma começada por ele não terá o seu fim nos seus dias. Mas que prosseguirá para as gerações que virão. Assim uma nova  missão é apontada para Elias, a de fazer sucessão profética, e real. Cabe ao homem de Deus ungir um profeta que o suceda e mais  dois instrumentos de juízo para castigar os adoradores de Ba'al. O remédio maior para a depressão é a compreensão de que ainda temos um papel relevante a cumprir. Foi assim com o homem de Deus, é assim conosco.

Em Cristo, Pr Marcelo Medeiros.
 
 
 
 
 

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