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quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Elias o Tisbita (lição nº 2)


 
 
O nome Elias cuja forma hebraica é אֵלִיָּ֛ה, e a forma grega é ηλιας. É um dos mais renomados profetas da história hebraica. Não é sem razão que ele é mencionado ao lado de Moisés no monte da transfiguração. Seu nome em Hebraico é a junção de duas partículas hebraicas אֵלִ (El= Deus) e יָּ֛ה(YáH= Jeová). O mais interessante é que em Lc 1. 17, seu nome é transliterado de uma forma tal a se confundir com o nome de um importante astro, o sol . O texto grego versa: E irá adiante do Senhor, no espírito e no poder de Elias(ηλιου), para fazer voltar o coração dos pais a seus filhos e os desobedientes à sabedoria dos justos, para deixar um povo preparado para o Senhor. No lugar de no espírito e no poder de Elias, o texto deveria traduzir no espírito e no poder do Sol. Em mais uma passagem Lucas traduz Elias por ηλιου. Teria sido erro de um redator posterior? Para todos os efeitos Elias é um profeta, que à semelhança de Moisés terá o seu nome marcado tanto no Antigo, quanto no Novo Testamento.
O nome deste profeta está ligado sim ao seu ministério, o de confrontação entre Baal, e Deus. Baal, cuja forma hebraica é: בַּ֥עַל (Ba'al) é um termo que pode ser traduzido como donoO dono (בַּ֥עַל) da cisterna terá que pagar o prejuízo indenizando o dono do animal, e ficará com o animal morto (Ex 21. 34 NVI). Também pode ser traduzido como marido. Olhemos para o texto: A mulher exemplar é a coroa do seu marido (בַּ֥עַל), mas a de comportamento vergonhoso é como câncer em seus ossos (Pv 12. 4 NVI). Tanto o título de dono, quanto o de marido vieram a serem vindicados por Iahweh, no profetismo tardio, ou literário. Pois o seu Criador é o seu marido, o Senhor dos Exércitos é o seu nome, o Santo de Israel é seu Redentor; ele é chamado o Deus de toda a terra (Is 54. 5 NVI).
Por meio da simples menção do nome Elias (אֵלִיָּ֛ה), Deus já está dizendo ao seu povo, que ele é o Deus Verdadeiro, que não há outro. Este conceito será defendido com maior clareza durante o ministério dos profetas literários, mas já podemos ver traços desta defesa no ministério profético de Elias, uma vez que sua apresentação diante de Acabe, afirmando que nem chuva, nem orvalho em Israel, por si só, já era um desafio ao que era considerado pelos Cananeus como sendo a divindade responsável pela chuva e pela fertilidade.
O culto a Baal (בַּ֥עַל) não é nenhuma novidade em Israel (Jz 2. 11, 13; 3. 7; 10. 6, 10).Tanto que ainda no período pré monárquico, Samuel relembrara ao povo a sua história marcada pela idolatria. Seus antepassados, porém, se esqueceram do Senhor seu Deus; então ele os vendeu à Sísera, o comandante do exército de Hazor, e aos filisteus e ao rei de Moabe, que lutaram contra eles. Eles clamaram ao Senhor, dizendo: ‘Pecamos, abandonando o Senhor e prestando culto aos baalins e aos postes sagrados. Agora, porém, liberta-nos das mãos dos nossos inimigos, e nós prestaremos culto a ti’. Então o Senhor enviou Jerubaal, Baraque, Jefté e Samuel, e os libertou das mãos dos inimigos que os rodeavam, de modo que vocês viveram em segurança (I Sm 12. 9 - 11 NVI). 
Estes textos são indicadores de que o culto a Baal não é novidade em Israel, e de que o povo, conforme dito no primeiro estudo desta série é um povo de dura cerviz. A dureza de coração dos mesmos tornava o pecado cada vez mais rotineira.
A respeito do chamamento do profeta, cabe-nos dizer que nos livros históricos que cobrem o período da monarquia, poucos são os profetas que têm registro de sua vocação. Não há menções ao chamado de Aías, por exemplo (I Rs 11. 29; 14. 2 - 8), ao profeta Jeú (I Rs 16. 1 - 8; II Cr 19. 2), nem de Micaías (I Rs 22. 9 - 28). O chamado destes profetas em particular, é comprovado mediante o cumprimento da Palavra do Senhor na boca dos mesmos (I Rs 14. 17; 15. 29; 16. 12, 34; 22. 38). Notemos que à luz dos textos, o prórpio Josué, filho de Num é chamado de profeta, visto que a Palavra do Senhor, por seu intermédio se cumpre.
No Deuteronômio lemos: Mas o profeta que ousar falar em meu nome alguma coisa que não lhe ordenei, ou que falar em nome de outros deuses, terá que ser morto. Mas vocês perguntem a si mesmos: "Como saberemos se uma mensagem não vem do Senhor? Se o que o profeta proclamar em nome do Senhor não acontecer nem se cumprir, essa mensagem não vem do Senhor. Aquele profeta falou com presunção. Não tenham medo dele (Dt 18. 20 - 22 NVI). De acordo com o texto, a palavra que procede de Deus se cumpre. É isto que acontece com os profetas do livro de Reis, inclusive Elias.
  1. Ele prediz a seca, e assim ocorre (I Rs 17. 1)
  2. Ele prediz que o azeite e a farinha da viúva vão perdurar, e assim se faz (I Rs 17. 13 - 15).
  3. Ele profetiza a morte de Acazias, e assim sucede (II Rs 1. 2 - 7, 17).
Neste caso, embora não haja relato claro do chamado de Deus, na vida de Elias, tal se evidencia pelo cumprimento da boa palavra de Deus na boca do mesmo.
Ainda precisamos falar de Elias na literatura posterior. Tal como ocorre com a figura de Davi (Ez 34. 23, 24; 37. 24, 25), os profetas predizem a volta de Elias. Malaquias mesmo profetiza: Vejam, eu enviarei a vocês o profeta Elias antes do grande e terrível dia do Senhor (Ml 4. 5 NVI). A associação desta profecia com as afirmações do Novo Testamento de que João Batista era o Elias que havia de vir (Mt 11. 14; Mc 9. 13; Lc 1. 17), fez com que muitas pessoas entendessem ser João Batista a reecarnação de Elias, algo incompatível com a Antropologia Bíblica. A Bíblia afirma: o homem está destinado a morrer uma só vez e depois disso enfrentar o juízo (Hb 9. 27 NVI).
Neste ponto o texto de Lucas é de vital importância, visto que traduz: E irá adiante do Senhor, no espírito e no poder de Elias(ηλιου), para fazer voltar o coração dos pais a seus filhos e os desobedientes à sabedoria dos justos, para deixar um povo preparado para o Senhor (Lc 1. 17 NVI). O texto em seu contexto indica que a missão de João Batista é chamar o povo ao arrependimento a fim de que o mesmo esteja preparado e disposto para o Senhor. Deste modo, ele termina por cumprir a profecia de Malaquias (4. 1 - 5).
As lições que ficam da vida deste profeta são as seguintes:
  1. Que o nosso nome, o modo como somos conhecidos sejam um indicador de que Deus é o Deus de nossas vidas.
  2. Que falemos os oráculos de Deus com máxima fidelidade, a fim de que a Palavra de Deus seja glorificada em nossas vidas.

Em Cristo, Pr Marcelo Medeiros.
 

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