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sábado, 12 de abril de 2014

O propósito dos dons espirituais



No ultimo post sobre o assunto coloquei que dom é uma dádiva, que dentro da Teologia cristã não cabe a compreensão de dom como potencial inato, e que os dons de Deus abrangem tanto o chamado para a salvação quanto a capacitação do salvo para a obra de Deus.  Tanto χαρισμα quanto χαρισματα podem significar uma benção que Deus concede aos pecadores, quanto as ferramentas dadas aos salvos em Cristo para a realização da  obra do ministério (aqui). Hoje proponho, com base na revista da Escola Bíblica Dominical, das Casas Publicadoras das Assembleias de Deus, uma reflexão sobre o proposito dos mesmos, inclusive a salvação.

OS DONS ESPIRITUAIS

Wayne Grüden propõe em sua Teologia Sistemática a existência de vinte e dois dons, embora nem todos sejam espirituais, afetam a vida cristã.  Estes são os dons:

  1. palavra da Sabedoria
  2. palavra do conhecimento
  3. discernimento de espíritos
  4. interpretação de línguas (I Co 12. 8 - 10)
  5. apostolo
  6. profeta
  7. mestre
  8. milagres
  9. variedades de curas
  10. socorros
  11. administração
  12. línguas (I Co 12. 8 - 10, 28)
  13. Evangelista
  14. Pastor - mestre (Ef 4. 11)
  15. serviço
  16. encorajamento
  17. contribuição
  18. liderança
  19. misericórdia (Rm 12. 6 - 8)
  20. Casamento
  21. celibato (I Co 7. 7).
Estes são os dons segundo a perspectiva de Grüden, ao que poderíamos incluir a salvação que sucessivas vezes é chamada de dom de Deus (Jo 4. 10; Rm 6. 23; Ef 2. 8 - 10), o que elevaria a lista para vinte e três. Mas o que importa diante de tudo isto não é a quantidade, mas o propósito dos mesmos. Considerando o sentido de dom, enquanto dadiva graciosa, posso afirmar que o sentido primário dos mesmos consiste em revelar a graça de Deus. Paulo afirma que a graça foi dada a cada um de nós segundo a medida do dom de Cristo (Ef 4. 7 ACF).
Escrevendo aos irmãos de Corinto o mesmo diz: pela graça de Deus sou o que sou; e a sua graça para comigo não foi vã, antes trabalhei muito mais do que todos eles; todavia não eu, mas a graça de Deus, que está comigo (I Co 15. 10 ACF). É comum que se pense em produtividade a partir da ação humana, mas no Reino de Deus, o crente produz á partir da ação do próprio Deus na vida dele. Seguem abaixo alguns desdobramentos desta conclusão.

CONSIDERAÇOES NEGATIVAS A RESPEITO DOS DONS NA LIÇÃO DA EBD

Se o dom é dádiva, se é fruto da graça de Deus, não cabe a Igreja alguma criar uma elite espiritual. Um outro problema pertinente à Igreja de Corinto era o partidarismo, que conforme já foi falado neste espaço, não era de natureza doutrinaria apenas, mas personalista (aqui e aqui). Dons não são dados á Igreja visando a promoção pessoal de quem os possui. Com esta verdade em mente o apostolo Paulo argui os crentes de Corinto da seguinte forma: quem te faz diferente? E que tens tu que não tenhas recebido? E, se o recebeste, por que te glorias, como se não o houveras recebido? (I Co 4. 7 ACF).
Aqui é necessário recorrer mais uma vez ás palavras de Brennan Manning, para quem a graça anula a adulação por pregadores e evangelistas famosos, afinal, se alguém supostamente possui algo, não é seu, mas é dadiva da graça. Foi esta verdade que Paulo colocou para os crentes de Corinto em forma de pergunta retorica. A lição que fica, é que os dons não indicam espiritualidade, uma vez que mesmo admitindo que a igreja de Corinto era plena nos dons de Deus (I Co 1. 7), ele se refere aos crentes da mesma como carnais (I Co 3. 1).
Dom não é indicador de maturidade espiritual. Note o que Paulo diz: E eu, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como a meninos em Cristo (I Co 3. 1). Também não é sinal de superioridade espiritual, pelo contrário! No corpo não frases do tipo: ninguém é insubstituível! E em casos de dúvida, leia:
E o olho não pode dizer à mão: Não tenho necessidade de ti; nem ainda a cabeça aos pés: Não tenho necessidade de vós. Antes, os membros do corpo que parecem ser os mais fracos são necessários; E os que reputamos serem menos honrosos no corpo, a esses honramos muito mais; e aos que em nós são menos decorosos damos muito mais honra. Porque os que em nós são mais nobres não têm necessidade disso, mas Deus assim formou o corpo, dando muito mais honra ao que tinha falta dela;
Para que não haja divisão no corpo, mas antes tenham os membros igual cuidado uns dos outros (I Co 12. 21 - 25 ACF). 
  1. O dom espiritual aponta para a mutua necessidade que os crentes possuem uns dos, e em relação aos outros.
  2. Mesmo os crentes mais insignificantes podem e devem de serem honrados.
  3. Deus distribui os dons de uma forma tal que aqueles que aos olhos da comunidade são os menos honrados, e mais, carecem da mesma, sejam mais honrados.
  4. O dom estabelece a lógica da graça, a saber: nada é por mérito, mas pode favor divino.
  5. O dom manifesta o cuidado mútuo dos crentes.
Isto posto, passemos às considerações positivas a respeito do propósito dos dons espirituais na lição de Escola Bíblica Dominical.
 
CONSIDERAÇOES POSITIVAS A RESPEITO DOS DONS NA LIÇÃO DA EBD
 
Após uma abordagem negativa a respeito do proposito dos dons, o autor imediatamente passa para uma abordagem positiva, ao afirmar o proposito dos dons como instrumento de edificação. É o que Paulo dá a entender quando afirma: Que fareis pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação (I Co 14. 26ACF). O único propósito dos dons na vida da Igreja é a edificação.
A verdade é que Cristo mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, Querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo (Ef 4. 11, 12 ACF). Aqui é afirmado que a finalidade dos dons é a edificação do corpo de Cristo, e como s dá esta edificação? Por meio da obra do ministério que os santos exercem. Mas para que os santos estejam preparados para tal, necessário se faz com que os apóstolos, profetas, evangelistas e pastores mestres preparem os santos para a obra do ministério, conforme se lê no texto.
Para uma maior compreensão a respeito do que vem a ser a edificação, proponho uma reflexão a respeito das imagens que Paulo usa a imagem do edifício. Veja:
Assim que já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos santos, e da família de Deus; Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina; No qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para templo santo no Senhor. No qual também vós juntamente sois edificados para morada de Deus em Espírito (Ef 2. 19 - 22 ACF). 
Pedro vai empregar esta mesma imagem, ao afirmar: Vòs também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais /agradáveis a Deus por Jesus Cristo (I Pd 2. 5 ACF).  O propósito da edificação é a concretização da união dos povos que Deus resgatou em um único povo (Ef 2. 11 - 14). É neste ambiente comunitário que Deus habita.
Sim, pois, o proposito da edificação é que a comunidade dos fiéis seja o Templo do Senhor. É neste sentido que a Bíblia afirma: Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? (I Co 3. 16 ACF), e: vós sois o templo do Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei, e entre eles andarei; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo (II Co 6. 16 ACF).
Aqui se torna evidente uma outra finalidade dos dons, a de manifestar a presença de Deus no meio dos fieis.
Mas, se todos profetizarem, e algum indouto ou infiel entrar, de todos é convencido, de todos é julgado. E, portanto, os segredos do seu coração ficam manifestos, e assim, lançando-se sobre o seu rosto, adorará a   Deus, publicando que Deus está verdadeiramente entre vós (I Co 14. 24, 25 ACF). 

Este é o proposito dos dons espirituais.  

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