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sábado, 5 de abril de 2014

A Bíblia como materia em nossas escolas?



Há algum tempo venho fazendo reflexões a respeito de uma questão pontual, a do Ensino Religioso em nossa nação (abordo este assunto aqui , aqui e aqui). De cara afirmo que boa parte dos artigos que li refletem a posição de que a inclusão da matéria de ensino religioso em nossa grade curricular é um retrocesso face as conquistas em prol de laicização. Eu mesmo, como cristão já pensei da seguinte forma: escola e religião são instituições pertencentes á esferas diferentes, e precisam manter tal diferenciação, assim, o religioso cabe á família, ao passo que o temporal ao Estado e consequentemente á escola.
Foi assim até que me deparei com os Parâmetros Curriculares Nacionais, e ver que um dos objetivos gerias da educação é a formação do educando para a cidadania, que dentre outras coisas compreende a formação de sujeitos aptos para a convivência social respeitosa e valorizadora da cultura do outro, sendo inclusive capazes de dialogar e debater sobre suas diferenças. Foi quando me perguntei: como isto pode ser feita sem que se passe pela esfera religiosa? Até hoje estou pensado como elaborar um trabalho que traga algum tipo contribuição nesta esfera.
A razão de estar voltando a este assunto é a matéria publicada no site gospel mais a respeito da cidade de Itapema, interior de Santa Catarina, aprovou por unanimidade um projeto de lei que coloca a Bíblia como material de estudo nas aulas de história das escolas municipais e particulares da cidade. A lei, ao que parece, foi proposta por um presbítero da Assembleia de Deus, que é vereador no referido município pelo DEM. A primeira questão que se levanta refere-se ao estado laico, que reza uma total separação entre Igreja e Estado, cisão esta que se caracteriza pela ausência de apoio por parte o Estado a quaisquer seguimentos religiosos. Dentro deste contexto a medida abre caminho sim, para que adeptos de outras religiões reivindiquem a presença de seus respectivos livros sagrados na escola, ou à menção de suas culturas.
Em segundo lugar, creio sim que a Bíblia, ou a interpretação judaico-cristã que a mesma recebeu, por parte dos pensadores latinos da Idade Média é de suma importância na formação de nossa sociedade. Tal como o espectro religioso. Até August Comte reconheceu a importância do estado metafisico na formação e preparação da sociedade. Mas reconheço que ao admitir tal ideia abro precedentes para que mulçumanos, judeus e umbandistas reivindiquem o mesmo, o que me deixa em uma sinuca de bico.
Por último entendo ser estranho o tratamento da Bíblia como livro histórico, e por uma razão, a historia é um ramo da ciência e como tal não privilegia como objeto nem Deus, o principal personagem da Bíblia, nem os milagres, que pelo caráter extraordinário não podem ser objetivados, com isto escapando á esfera deste tipo de saber. A despeito das afirmações supra, filosoficamente, os milagres são vistos como improváveis, mas não impossíveis, visto que não está nos limites de nossa razão determinar o que é impossível, ou não. Face ao exposto, pergunto: qual professor irá explicar com esta isenção este fator para os seus alunos, sem criar um conflito entre leigos e religiosos?
Enquanto isto não se resolve em termos acadêmicos, gostaria de propor uma abordagem que permita a exposição da Bíblia, sem confrontos com a ciência. Este subsídio leva em consideração que a Bíblia foi escrita em ambiente pré-científico (e que o leitor entenda que com isto não quero afirmar que eles eram retrógrados e nós vanguardistas, mas é apenas uma questão de interesse), sim, os judeus não se preocupavam com a explicação e o domínio da natureza, mas com a sabedoria de cunho prático que lhes permitisse viver a vida da melhor forma possível.
Exponho este ponto porque tanto a filosofia existencialista quanto a atual discutem a temática de uma vida com qualidade, relevante. O leitor pode até indagar: tá e daí, por que não ir direto á fonte? A razão é bem simples, Cortella e Pondé, por exemplo, bebem diretamente de fontes bíblicas e deixam isto claro em muitos dos artigos que escrevem. Da minha perspectiva estes dois filósofos são de fundamental importância, visto que eles colocam o seu pensamento ao alcance de qualquer eu disse qualquer mesmo, qualquer pessoa. É neste aspecto que creio sim em valiosa contribuição da Bíblia em ambiente escolar. Afinal, não deve ser prerrogativa exclusiva de ninguém uma leitura laica e critica de um livro sagrado. Abraços.
 
Marcelo Medeiros.

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