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quinta-feira, 31 de outubro de 2013

O Cuidado com Aquilo que Falamos

Uma pesquisa bíblica a respeito do assunto língua pode produzir a seguinte conclusão: aquele que não peca no falar é realmente homem perfeito, capaz de refrear todo o corpo (Tg 3. 2 Bíblia de Jerusalém) . Salomão afirma: nas muitas palavras não falta ofensa, quem retém os lábios é prudente (Pv 10. 19 Bíblia de Jerusalém). Estes textos demandam sim que tenhamos cuidado com aquilo que falamos, afinal, Jesus disse: toda palavra sem fundamento que os homens disserem, darão contas no dia do Julgamento. Pois, por tuas palavras serás justificado e por tuas palavras serás condenado (Mt 12. 36, 37). Neste estudo pretendo abordar a necessidade de cuidado com a língua, bem como os cuidados que devemos ter com a língua.

I) A necessidade de cuidados com a língua
 
Por quais motivos precisamos ter tantos cuidados com o nosso falar? As Escrituras prontamente respondem: nas muitas palavras não falta ofensa, quem retém os lábios é prudente (Pv 10. 19 Bíblia de Jerusalém). A palavra hebraica para ofensa, é פָּ֑שַׁע (pescha), a mesma palavra para transgressão, mal, maldade. Tanto que a Almeida Revista e Corrigida fiel traduz פָּ֑שַׁע (pescha) como pecado literalmente. Este mesmo termo é traduzido pela Bíblia de Jerusalém como falsidade neste texto: Na falsidade dos lábios há armadilha funesta, mas o justo escapa da penúria (Pv 12. 13). A versão Almeida Revista e Corrigida Fiel, traduz este mesmo texto assim: O ímpio se enlaça na transgressão dos lábios, mas o justo sairá da angústia (Pv 12. 13).
O mais importante é que esta palavra é usualmente empregada para a transgressão da lei, tanto que na maioria dos casos em que a LXX traduz פָּ֑שַׁע, o faz por meio do termo ανομια (anomia). O ensino do Novo Testamento é de que:
os que vivem segundo a carne desejam as coisas da carne, e os que vivem segundo o Espírito, as coisas que são do Espírito. De fato, o desejo da carne é morte, ao passo que o desejo do Espírito é vida e paz, uma vez que o desejo carne é inimigo de Deus, pois ele não se submete à lei de Deus, e nem o pode, pois os que estão na carne não podem agradar a Deus (Rm 8. 5 - 8 Bíblia De Jerusalém).
O que fica explicito neste ensino é a verdade de que os problemas oriundos do falar são reflexo de nossa natureza pecaminosa. Em outras palavras pecamos com a língua porque em nosso ser somos essencialmente pecadores. Em um sentido estrito, podemos afirmar que a maioria dos males advindos da língua se dão em razão daquilo que o dono da língua é. Isto pode ser visto em alguns provérbios bíblicos.
Os lábios do insensato provocam querela, sua boca provoca golpes. A boca do insensato, é a sua ruína, e seus lábios armadilha para a sua vida (Pv 18. 6, 7 Bíblia de Jerusalém).  Por sua vez: Nos lábios do prudente há a sabedoria, [...] mas a boca do estulto é perigo iminente (Pv 10. 14, 15 Bíblia de Jerusalém). Seguindo a trilha do pensamento do velho Salomão, percebemos o quanto esta verdade está impressa na mente dos sábios de Israel, ainda que nem tanto formulada, mas latente, de modo que o mesmo afirma: a boca do justo é prata escolhida, o coração dos ímpios vale pouco. Os lábios do justo apascentam a muitos, os estultos morrem por falta de juízo (Pv 10. 20, 21 Bíblia de Jerusalém).
Além das razoes expostas, necessitamos de cuidado com a língua, visto que o que falamos inevitavelmente nos trará consequências. Do fruto da sua boca o homem sacia-se do que é bom, e cada qual receberá a recompensa por suas obras (Pv 12. 14 Bíblia de Jerusalém). E mais: pelo fruto da sua boca o homem se nutre do bem, mas a vida dos traidores é apenas violência (Pv 13. 2 Bíblia de Jerusalém). De modo que: quem vigia a própria boca guarda a sua vida, mas se perde quem escancara os lábios (Pv 13. 3 Bíblia de Jerusalém). Para todos os efeitos, quem guarda a boca e a língua, guarda-se da angústia (Pv 21. 23 Bíblia de Jerusalém).

II) Cuidados a serem tomados

Expressão usualmente definida como: atenção, aplicação a alguma coisa, cuidado, precaução, cautela, diligência, desvelo. Estas são qualidades exigidas quando se usa a língua. E isto se pode verificar tanto na literatura canônica quando na deuterocanônica (segundo cânon). Considerando que o tema de nosso trimestre é a sabedoria de Deus para uma vida vitoriosa, gostaria de propor ao leitor a leitura de um texto de autoria de um sábio do período interbíblico, Jesus Ben Sirac
Não joeires a todos os ventos, nem te metas em qualquer trilha (assim faz o pecador de palavra dúplice). Sê firme em teu sentimento e seja uma a tua palavra. Sê pronto para escutar, mas lento para dar a resposta. Se sabes algo responde ao teu próximo; se não põe a tua mão sobre a boca. Honra e confusão acompanham o loquaz, e a língua do homem é a sua ruina. Não te faças chamar de caluniador, não armes uma emboscada com a tua língua; porque se para o ladrão existe a vergonha, para o fingido existe uma sentença pior (Eclo 5. 9 - 14 Bíblia de Jerusalém).
Dentre os cuidados recomendados pelo pregador destacamos os seguintes:
  1. A palavra do homem, ou da mulher tem de ser uma só. Afinal, este é o sentido de seja o vosso "sim", sim, e o vosso "não", não. O que passa disso vem do maligno (Mt 5. 37 Bíblia de Jerusalém).
  2. A fim de evitar ao máximo a transgressão por meio do falar, o homem tem de ser mais inclinado à arte do ouvir do que à arte do falar. Que cada um esteja pronto para ouvir, mas lento para falar e lento para encolerizar-se (Tg 1. 19 Bíblia de Jerusalém).
  3. A pessoa que muito fala corre o risco de se ver de uma hora para outra em uma situação de desgraça. Quando acerta com relação ao que fala, tal pessoa é elogiada, mas quando erra pode vir a ser execrada. Daí a recomendação de Sirácida: faze paras as tuas palavras balança e peso; para a tua boca porta e ferrolho. Vela para não dares passo em falso com a língua, cairias diante daquele que te espreita (Eclo 28. 29, 30 Bíblia de Jerusalém).
  4. No dia em que a verdade é descoberta, o caluniador sofrerá vergonha. Língua distinta não combina com o estúpido, menos ainda, com o notável língua mentirosa (Pv 17. 7 Bíblia de Jerusalém). Na Almeida, versa: Não convém ao tolo a fala excelente; quanto menos ao príncipe, o lábio mentiroso. Nosso falar tem de revelar aquilo que somos em nossa essência. Aqui cabe destacar o verbete יֶ֑תֶר (yether), cujo sentido é o de superioridade, sobressalente, nobre, distinto, etc...
As recomendações de Ben Sirac encontram eco na totalidade das Escrituras Sagradas, e por este motivo tem de ser observadas por nós. No ensino de Provérbios a língua e consequência do que somos. O ímpio possui palavras tão suaves como a manteiga, mas no interior há guerra (Sl 55. 21), suas palavras são malicia e engano (Sl 36. 1 - 3). Daí que Davi, em dado momento de sua vida tenha proposto calar-se na presença do ímpio (Sl 39. 1). Que Deus nos dê este discernimento.
 
Em Cristo, Pr Marcelo Medeiros.

 

5 comentários:

  1. Como todos os artigos que posta são sempre ''deliciosos " de ser ler e extrair palavras para serem vivenciadas no dia a dia. Essa é a primeira vez que comento em seu blog, apesar de sempre ler seus artigos, que por sinal são bem explicados e vivos !
    A prudência deve ser o diferencial na vida dos servos de Deus e infelizmente muitos não tem esse zelo. ESTE TEXTO FOI DE GRANDE REFLEXÃO PRA MIM NESSE DIA .Obrigado por ter me enviado.

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    1. Agradecido à Deus por me ter dado graça para concluir este post e a você pelo comentário. É uma grande alegria saber que posso influenciar positivamente a vida das pessoas. Abraços e fique na paz.

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  2. Gostaria de agradecer pela postagem tão importante para reflexão pessoal e observação social. Obrigada!

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  3. excelente texto sobre os cuidados com a Língua , é como muitas pessoas dizem , " a minha língua coçou " e na verdade esta uma tendência pecaminosa a utilizarmos a mesma como uma espada , principalmente quando descobrimos palavras pontiagudas capazes de destroçar o mais rígido coração , Estudo Maravilhoso !!!

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  4. Edificante a mensagem, Deus continue abençoando sua vida, ministério e família!

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