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sábado, 19 de outubro de 2013

As lições dos Incríveis


Quando me tornei pai passei por uma das experiências mais inusitadas que um genitor possa passar, a de ter de ver com o meu filho um mesmo filme mais de sessenta vezes. G. K. Chesterton afirma que as crianças possuem uma força vital e que esta mesma os faz repetir incessantemente aquilo que lhes dá prazer. Deixando tais especulações de lado, voltemos para um dos filmes mais assistidos pelos meus dois filhos: Os Incríveis.
A historia narra a trajetória de dois super-heróis que decidem constituir família, o S.r. Incrível e a Mulher elástica. O mais curioso é que ne entrevista inicial, e na fala ente ouvidos de ambos os personagens durante o momento do casamento, ambos deixam claro que não pretendiam encerrar tão cedo a carreira como heróis. Até que um fato inusitado faz com que o casal heroico e vários outros heróis encerrem temporariamente as suas atividades.
O resultado é um homem estressado, frustrado e gordo, além de uma família com sensacionais habilidades, mas que vive tendo de esconder as mesmas, a fim de não serem identificados com heróis em uma sociedade que esquecida de tudo que estes valorosos agentes fizeram por eles. Beto, como é chamado o S.r. Incrível na intimidade do lar, e no convívio com os amigos é o retrato de um homem trabalhador dos dias atuais. Envolvido com um trabalho no qual não sente o mínimo de prazer em estar, e ainda quando age da forma correta se vê assediado moralmente por chefe que está interessando em lucros, independente da ética. Conforme podemos ver a situação do S.r. Incrível é bem diferente da demonstrada no inicio do filme. Mas o problemas não se restringem à pessoa do S.r. Incrível, afinal, ele tem família, e não há problema com chefes de família que não afetem aos demais componentes da mesma.
Diante deste quadro, o filho mais novo assume uma postura rebelde, ele usa sua velocidade para colocar tachinhas na cadeira do professor e driblar o sistema de filmagem. Violeta, é uma adolescente belíssima, mas com profunda insegurança, tanto que usa seus poderes de invisibilidade para se esconder do garoto por quem sente admiração, e quando o Flecha Pera expõe sua paixão pelo rapaz, uma guerra se inicia junto á mesa. De um lado, um homem saudoso pelo passado de glória, do outro uma família precisando de ajuda terapêutica.
O mais curioso é que a obsessão de Beto coloca a ele a toda a sua família em perigo, mas o perigo em que são colocados une e integra o grupo, e ajuda a comunidade de heróis a ser bem vista novamente. Nossa obsessão por trabalho, por liberdade, pelo desenvolvimento dos nossos potenciais, quando na verdade o chefe de família tem de pensar na família, ao invés de em si mesmo, tem colocado nossa família em perigo. Precisamos urgentemente buscar meios de integrar nossas mulheres e filhos em nossos projetos a ajuda-los a ver que são parte de nossa vida, e que sem eles não vivemos, mais do que isto, eles são a razão de trabalharmos mais, de continuarmos na luta, e tudo mais.
Enquanto escrevo este artigo, algo inusitado aconteceu, meu filho, de oito anos, que está sendo alfabetizado agora, se aproximou do computador e leu o que eu havia escrito. Aproveitei, e expliquei a ele que esta é a função da escrita, nos fazer escritores, para que possamos ampliar a nossa voz para além do nosso tempo e espaço (não com estas palavras, é claro, mas com o mesmo sentido). Meu alerta acendeu quando percebi, que posso não ter a mesma sorte do Beto, e como muitos outros Betos que existem por aí afora, perceber tarde demais que joguei fora momentos esplendorosos com a família em troca de dias de glória.
Nosso maior ato de heroísmo é treinar filhos para que sejam eles mesmos em um mundo no qual a liberdade de ser está cada vez mais comprometida. É cada vez mais flagrante a tentativa de igualar as pessoas. Não há espaço para o diferente. Sei o que é isto, afinal, sou pai de um filho especial (leia-se portador de necessidades especiais). Normal, é que segue a norma, logo, normal é o sujeito que devido aos enquadramentos nas normas socialmente estabelecidas, não tem em si o espaço para a criatividade, para o ser, para a autenticidade, e por este motivo é alienado de si mesmo e tende a ser um futuro frequentador de divãs. Existe ajuda psicológica para ajudar a evitar isto também, mas nossa parte como pai é passar para os nossos filhos a coragem que nós tivemos e os caminhos que seguimos para superar as dificuldades que eles terão de passar e se afirmarem em suas potencialidades e individualidades. Estas são as lições que o filme imprimiu em mim.
 
Em Cristo, Pr Marcelo Medeiros.

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