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quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Lição da EBD n° 1: O valor de um bom conselho


Conselho nada mais é do que uma opinião, um parecer sobre o que convém fazer; aviso, advertência, podendo também ser entendido como uma assembleia de pessoas que deliberam sobre certos assuntos, é neste último sentido que se fala em conselho estadual, ou municipal de   educação. A ideia que permeia tais conselhos é a de que cada pensamento se confirma com conselho e com bons conselhos se faz a guerra (Pv 20. 18). O livro de Provérbios, constitui-se como uma literatura voltada para aquisição da sabedoria, e por este motivo, afirma incessantemente o valor dos bons conselhos.
 
I) A sabedoria de Provérbios.
 
Os provérbios são máximas expressas em poucas palavras e que por este motivo se tornaram populares. Rifão, anexim, adágios são palavras sinônimas para provérbios. O Dicionário Aurélio na versão virtual traz ainda as seguintes informações:
O rifão tem estilo vulgar, às vezes com termos baixos; o anexim, sentencioso, contém ironia ou chiste. O adágio, o rifão e o anexim são chamados pelo povo de ditados. Todas as línguas têm seus provérbios. Com frequência os mesmos provérbios com formas diferentes ocorrem entre muitos povos e cm épocas diferentes. Às vezes, provérbios semelhantes têm a mesma origem. Em outros casos não têm provavelmente nenhuma conexão. A Bíblia contém um livro inteiro de provérbios. Estes provérbios são até hoje de uso comum, especialmente em países de maioria protestante.
Na Bíblia há um livro feito apenas de tais sentenças. Ele recebe em nossa língua o nome de Provérbios (hb mashal [מִ֭שְׁלֵי]). A finalidade do mesmo consiste justamente em transmitir lições de modo fácil e que as mesmas permaneçam na mente do ouvinte. Seguindo Gordon Fee e Douglas Stuartt, um grande erro que se pode cometer com os provérbios da Bíblia consiste em deixar de perceber o seu caráter pedagógico e interpretar os mesmos como se fossem leis. Este erro é cometido principalmente pelos que seguem a moral de causa e efeito.
Dois provérbios deixam claro que se não forem acompanhados pela sabedoria, as máximas de nada adiantam. Como as pernas do coxo, que pendem flácidas, assim é o provérbio [וּ֝מָשָׁ֗ל] na boca dos tolos (Pv 26. 7 ARCF). Entenda que no caso do coxo, as pernas perdem a sua principal função, de igual modo o proverbio na boca do tolo, visto que este não possui o sendo para aplicar as lições ali contidas. Como o espinho que entra na mão do bêbado, assim é o provérbio [וּ֝מָשָׁ֗ל] na boca dos tolos (Pv 26. 9 ARCF). Entenda que o bêbado, é por definição alguém cujo o cérebro perturbado pela ação do álcool, de modo que ele não pode socorrer a si mesmo quando um espinho entra em sua pele.
 
II) O propósito, ou finalidade de Provérbios
 
Provérbios é uma coletânea de adágios cujo propósito final é o de transmitir a sabedoria (hokmã [חָכְמָ֣ה]), aqui entendida não como saber, mas como habilidade para aplicar o conhecimento de forma prática. Para maiores informações, ver neste blog, o estudo Sabedoria de Deus para uma vida vitoriosa. Ao lado da sabedoria temos a instrução (mushar [מוּסַ֣ר]), esta mesma palavra é utilizada em Jó 12. 18 para atadura, mas os autores bíblicos a usam para castigo (Pv 1. 8; 13. 1, 24), correção (Pv 3. 11).
Para se receber a instrução do entendimento, a justiça, o juízo e a equidade (Pv 1. 3 ARCF), o final da disciplina aqui é a pratica da justiça, juízo e equidade. O objetivo principal aqui é que o homem de Deus, de posse das sagradas letras que podem nos tornar sábios para a salvação que há em Cristo, se torne plenamente instruído em toda a boa obra (II Tm 3. 14 - 17).
Para dar aos simples, prudência, e aos moços, conhecimento e bom siso (Pv 1. 4 ARCF). A aquisição da prudência (ormãh [עָרְמָ֑ה])é uma das finalidades do ensino dos provérbios. Não é sem razão que a sabedoria clama: Entendei, ó simples, a prudência; e vós, insensatos, entendei de coração (Pv 8. 5 ARCF). Uma vez personificada a sabedoria afirma: eu a sabedoria, habito com a prudência, e acho o conhecimento dos conselhos (Pv 8. 12 ARCF). Em todos estes casos, tem a ver com a capacidade de prever e evitar as inconveniências e os perigos; cautela, precaução.
Mediante leitura dos provérbios, os sábios ouvem a sabedoria dos antigos e adquirem mais e mais conhecimento, ou לֶ֑קַח (leqãh), cujo sentido real é o de um aprendizado recebido por meio da ação de um mestre. O sábio ouvirá e crescerá em conhecimento, e o entendido adquirirá sábios conselhos (Pv 1. 5 ARCF).
Sem este trabalho anterior, a verdade expressa nos provérbios não pode ser plenamente entendida, afinal, a vida não é feita de regras inflexíveis, do tipo pode, ou não pode. Pelo contrário! O temor, este sim, é o caminho para a sabedoria (Pv 1. 7). Com isto os escritores bíblicos estão nos dizendo que: pela misericórdia e verdade a iniquidade é perdoada, e pelo temor do Senhor os homens se desviam do pecado (Pv 16. 6 ARCF).
O sábios judeus tem toda a razão em afirmar: No temor do Senhor há firme confiança e ele será um refúgio para seus filhos. O temor do Senhor é fonte de vida, para desviar dos laços da morte (Pv 14. 26, 27 ARCF). Mas o que é o temor do Senhor? A sabedoria responde: O temor do Senhor é odiar o mal; a soberba e a arrogância, o mau caminho e a boca perversa, eu odeio (Pv 8. 13 ARCF). Não se trata de regras, mas de temer a Deus a fim de que o mal seja evitado, daí o entendimento mais do que comum que o temor do Senhor é o principio da Sabedoria.
 
III) O valor do bom conselho
 
Via de regra a expressão לְעֵצָ֣ה (eshah) é empregada nos livros sapienciais de forma positiva para o conselho oriundo da sabedoria. Mas pode também ser entendido como urdidura, trama, e é estritamente neste sentido que o sábio afirma: Não há sabedoria, nem inteligência, nem conselho [עֵ֝צָ֗ה] contra o Senhor (Pv 21. 30 ARCF). Creio firmemente que a razão de ser de tal afirmativa seja o fato de que ninguém pode surpreender a Deus, pelo contrário! É Ele que aniquila as imaginações dos astutos, para que as suas mãos não possam levar coisa alguma a efeito. Ele apanha os sábios na sua própria astúcia; e o conselho [ לְעֵצָ֣ה] dos perversos se precipita (Jó 5. 12, 13 ARCF). 
Mas o caso de Roboão, mostra que para ouvir o bom conselho é necessário um coração sábio (I Rs 12. 8, 13, 14). E o caso de Absalão, que preferiu o conselho de Husai ao de Aitofel, nos mostra que mesmo quando o conselheiro é astuto, é Deus quem detém o poder de confirmar, ou derrotar o conselho (II Sm 17. 7, 14, 23). Aqui se confirmar as palavras que Elifaz proferiu para Jó: Ele apanha os sábios na sua própria astúcia; e o conselho [ לְעֵצָ֣ה] dos perversos se precipita (Jó 5. 12, 13 ARCF). E, Muitos propósitos há no coração do homem, porém o conselho do Senhor permanecerá (Pv 19. 21 ARCF).
Salomão ainda afirma que Quando não há conselhos os planos se dispersam, mas havendo muitos conselheiros eles se firmam (Pv 15. 22 ARCF). Aqui cabe a observação de que a palavra para planos é סֹ֣וד (sôdh), que pode ser compreendida como intimidade (Sl 25. 14), ou planejamento secreto (Pv 15. 22). Em dois casos, o uso do termo indica que por ter intimidade com os seus, Deus lhes revela seus propósitos e segredos íntimos (Sl 25. 14; Pv 3. 32). Para todos os efeitos a sabedoria é mais do necessária para que possamos discernir entre o bom e o mau conselho, entre o conselho que vem de Deus, e o que não vem d'Ele.
O salmista afirma: Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho [ לְעֵצָ֣ה] dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores (Sl 1. 1 ARCF). Jó discorda do conceito de que com os idosos está a sabedoria. Para este a sabedoria está em adquirir os conselhos de Deus. Afinal
Na sua mão está a alma de tudo quanto vive, e o espírito de toda a carne humana.  Porventura o ouvido não provará as palavras, como o paladar prova as comidas? Com os idosos está a sabedoria, e na longevidade o entendimento.  Com ele está a sabedoria e a força; conselho e entendimento tem.  Eis que ele derruba, e ninguém há que edifique; prende um homem, e ninguém há que o solte (Jó 12. 10 - 14 ARCF). 
O bom conselho é muito valioso. Daí o conselho do sábio: Ouve o conselho, e recebe a correção, para que no fim sejas sábio (Pv 19. 20 ARCF). Cada pensamento se confirma com conselho e com bons conselhos se faz a guerra (PV 20. 8 ARCF). Mas os que não ouvem e nem aceitam o conselho da sabedoria comerão dos frutos das suas ações (Pv 1. 25 - 32). Que Deus nos dê mais e mais de sua sabedoria para que possamos filtrar os conselhos, ouvir e colocar em prática os bons conselhos.
 
Em Cristo, Pr Marcelo Medeiros.
                                                                                                                                                           

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