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terça-feira, 8 de outubro de 2013

Am 3. 3

 
Resolvi fazer uma breve postagem a respeito deste texto porque tenho percebido que o mesmo é alvo de serias distorções. Não quero com isto dizer que os que fazem uma leitura distorcida o façam por má fé, mas creio que seja justamente pela dificuldade de entender o pensamento do autor e transportar para o momento presente. De forma que o texto diz: Porventura andarão dois juntos, se não estiverem de acordo? (Am 3. 3 ARCF). O crente lê: "Congregar-se-ão em uma mesma Igreja se não concordarem", ou "se você quiser conviver comigo tem que concordar com tudo o que digo". Este tipo de leitura tem feito do texto uma máxima muito utilizada para aplacar discussões, ou discordâncias. Mas será isto que o texto quer dizer? Com certeza que não.
Em primeiro lugar precisamos ter em mente que há algo de errado quando as pessoas concordam em tudo, e com tudo que a gente diz. Mario Sérgio Cortella diz em sua sabedoria:
bom ter cuidado também com quem concorda com você o tempo todo, em tudo o que você faz. Gente que concorda com tudo o que você faz ou não gosta de você começou a se preparar para derrubá-lo. Porque gente que lhe respeita discorda de você quando tem que discordar. Do contrário, você não consegue crescer. Um concorrente burro te emburrece. Um adversário fraco o enfraquece, porque ele o deixa satisfeito e tranquilo em relação à situação. E essa é uma coisa muito séria.
E,
Cuidado com gente que concorda com tudo o que você faz. Gente assim:
a)      Não gosta de você;
b)      Começou a se preparar para lhe derrubar;
c)       Despreza-lhe;
d)      Não se importa com você;
e)      Todas as alternativas acima
Porque quando você tem verdadeira consideração com a outra pessoa, você a corrige discorda dela. Afinal de contas, nenhum de nos é imune a erro. (do texto a Renovação pelo outro).
O que fica claro aqui é que a discordância é uma forma de nos precaver contra o erro e a ignorância. Isto posto, voltemos ao texto bíblico, afinal de a discordância nos previne quanto ao erro, como ficam as palavras de Amós? A TEB traduz este mesmo texto assim: dois homens andam juntos sem se por de acordo? E a Bíblia de Jerusalém e a Bíblia do Peregrino traduzem respectivamente: caminham duas pessoas juntas sem que antes tenham combinado?, e caminham dois juntos sem ter combinado? A imagem que fica destes texto é a de uma caminhada de dois amigos, que para acontecer demanda acordo.
Acordo jamais deve ser entendido como sendo a concordância destituída de senso critico, algo que advém somente de relações nas quais as pessoas são indiferentes umas as outras. O acordo é a harmonia oriunda do ajuste, do pacto. Somente assim se pode ter e mesma opinião, tal como ocorre na caminhada, ou em qualquer atividade que se faça junto.
Merece o nosso destaque a expressão hebraica que aparece no texto ועָֽדוּ (Ya'adh), cujo significado é, dentre outros, o de uma reunião, ou de um encontro em um tempo estabelecido. Se as pessoas não cumprem os pontos do acordo não tem como se encontrarem, ou se reunirem, e muito menos caminharem juntas.
Mas onde está o erro professor? Agora, prepare-se! Quando lemos o contexto do presente texto, vemos Amós se valendo de uma série de afirmativas de forma a mostrar que nada acontece por acaso. Se duas pessoas não combinarem não se encontram. O leão não brama sem que tenha encontrado uma presa, a queda de uma ave, via de regra é consequência da armadilha que se fez para que a mesma caísse. Quando a trombeta é tocada na cidade as pessoas sabem que, ou é uma convocação, ou é alerta de perigo iminente. TODA AÇÃO TEM UMA REAÇÃO. Nada é por acaso!
Amós está empregando esta sequencia de imagens para dizer que sua ação profética não é obra do acaso, mas é consequência do bramido divino, e o povo rebelde é a presa. Deus está bramando contra o povo, por meio da profecia do boiadeiro e colhedor de sicômoros.
Certamente o Senhor DEUS não fará coisa alguma, sem ter revelado o seu segredo aos seus servos, os profetas. Rugiu o leão, quem não temerá? Falou o Senhor DEUS, quem não profetizará? (Am 3. 7, 8 ARCF). 
O profeta esteve no conselho divino. Amós emprega o termo segredo, cujo equivalente em Hebraico é סֹ֣וד (sôdh), indicando com isto que ele se encontrou com o Senhor, e é deste encontro que advém sua profecia. É a mesma palavra que o texto bíblico emprega para intimidade (Sl 25. 14) e para plano de guerra (Pv 15. 22). Este é o sentido do texto e a aplicação do mesmo deve de obedecer o sentido que o profeta tinha em mente.
 
Em Cristo, Pr Marcelo Medeiros.

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