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terça-feira, 8 de outubro de 2013

lição da EBD n° 2: Advertências contra o adultério


Um dos motivos pelos quais os Provérbios (מִ֭שְׁלֵי [mashal[) foram escritos é descrito com as seguintes palavras: Para se conhecer a sabedoria e a instrução; para se entenderem, as palavras da prudência. Para dar aos simples, prudência, e aos moços, conhecimento e bom siso (Pv 1. 2, 4 ARCF). Ou seja, a despeito do seu caráter superficial os provérbios são uma fonte de sabedoria. Também temos dito que o proposito da sabedoria (hokmã [חָכְמָ֣ה]) consiste em dar ao que a possui uma capacidade de aplicar os dados do conhecimento para uma vida melhor. Uma das consequências naturais da sabedoria é justamente a aquisição da prudência (ormãh [עָרְמָ֑ה]). E conforme dito, o efeito final da prudência consiste em prever e evitar as inconveniências e os perigos; cautela, precaução. Ao lado da sabedoria e da prudência aparece o temor do Senhor (Yir'ah Yahweh [יְ֭הוָה יִרְאַ֣ת]), que consiste em aborrecer o mal. Mas porque tamanha volta para se falar em advertências contra o adultério? Simples, houve época em nossa sociedade em que adultério era visto como crime, em nossos dias é a prova suprema de masculinidade, ou do poder sedutor das mulheres. O que não falta hoje são pessoas esclarecidas a verem na promiscuidade a expressão máxima da liberdade sexual. Em uma sociedade assim, a pura e simples normatividade não dá contas de responder satisfatoriamente pelas razoes de nós cristãos permanecermos apegados ao preceito não adulterarás.
I) A normatividade da lei
 No decálogo nos deparamos com a seguinte ordem legal: Não adulterarás (Ex 20. 14 ARCF), aqui percebemos o emprego do verbo hebraico na'aph (נְאָֽ֑ף), cujo sentido varia entre o ato do adultério e a apostasia. Este mesmo mandamento é visto ainda na lei da seguinte forma: Nem te deitarás com a mulher de teu próximo para cópula, para te contaminares com ela (Lv 18. 20 ARCF). A sanção da lei era a morte para quem cometesse tal pecado. Também o homem que adulterar com a mulher de outro, havendo adulterado com a mulher do seu próximo, certamente morrerá o adúltero e a adúltera (Lv 20. 10 ARCF). Neste texto vemos novamente o verbo hebraico na'aph (נְאָֽ֑ף). Até o procedimento para os ciúmes do marido, que não tinha provas quanto à infidelidade de sua mulher é normatizado pela lei (Nm 5. 12 - 31).
Mas bem antes que houvesse lei, o adultério [ na'aph (נְאָֽ֑ף)] já era entendido como sendo pecado. É isto que o texto narrativo da passagem de Jose na casa de Potifar da a entender. Quando a mulher de seu senhor tentou seduzir o jovem hebreu, este respondeu: Eis que o meu senhor não sabe do que há em casa comigo, e entregou em minha mão tudo o que tem; Ninguém há maior do que eu nesta casa, e nenhuma coisa me vedou, senão a ti, porquanto tu és sua mulher; como pois faria eu tamanha maldade, e pecaria contra Deus? (Gn 39. 8, 9 ARCF).  O adultério não é apenas um pecado contra o próximo, é um pecado contra Deus. Mas por quê? Para respondermos a este questionamento temos de fazer uma exegese de Lv 18. 20.
O texto diz que o homem que se deita com a mulher do próximo se contamina com ela. Aqui vemos o emprego de um verbo hebraico (tãmé [טָמְאָ]), cujo sentido é o de profanar, contaminar, ou corromper, e neste caso, aos olhos de Deus. Podemos entender que tal ato consiste em tratar com irreverência as coisas sagradas; desrespeitar a santidade de. Ofender; manchar; macular. Para que o leitor não pense que estamos nos atendo exclusivamente ao Antigo Testamento, lançaremos mãos de um texto do Novo em que fica claro que esta ideia de que o adultério macula algo que é sagrado permanece mesmo ali. Venerado seja entre todos o matrimônio e o leito sem mácula; porém, aos que se dão à prostituição, e aos adúlteros, Deus os julgará (Hb 13. 4 ARCF).
O termo venerado, ou digno de honra, ou respeitável, é a tradução do grego τιμιος (Timios), que de acordo com Rienecker e Rogers, indica aquilo que é respeitável. O texto deixa claro que o adultério é um ato de banalização da relação sexual, que no texto é aludida pela palavra leito (do gr κοιτη [koitee]). κοιτη é exatamente a mesma palavra para coito em nosso idioma. Coito é o mesmo que cópula carnal. E o mais curioso é que uma das definições que o nosso dicionário dá para a expressão é: ligação, união. Em cartas de um diabo a seu aprendiz, C. S. Lewis afirma que todo ato sexual cria uma ligação entre o homem e a mulher, Através de uma sátira, o autor deixa claro que o alvo do diabo é fazer com que este aspecto do sexo seja cada vez mais banalizado.
II) A radicalidade da sabedoria
Convém ressaltar que a despeito de tudo quanto afirmamos acima, vivemos em uma sociedade em que o prazer está acima da ética e da moral. Quando o prazer é tudo o que importa, Deus é deixado de lado, e uma vez abandonado, as suas leis perdem efeito e força nos corações humanos. É neste ponto que o temor do Senhor se faz importante. Daí que provérbios comece com o ensino da sabedoria, avance para o temor do Senhor (Yir'ah Yahweh [ יִרְאַ֣ת יְ֭הוָה]), como o princípio da mesma. Existem regras que somente são obedecidas quando uma moral, ou uma ética é internalizada, a internalização dos valores e dos preceitos divinos fazem com que o homem se desvie do pecado. Não é sem razão que Salomão exorta ao seu filho nas seguintes palavras: Não sejas sábio a teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal (Pv 3. 7 ARVF). E, Pela misericórdia e verdade a iniquidade é perdoada, e pelo temor do Senhor os homens se desviam do pecado (Pv 16. 6 ARCF). 
Para que a sabedoria esteja internalizada no íntimo dos homens, é necessário que aquele que a busca atente para as palavras do sábio e se disponha a viver a lei do Senhor. Provérbios tem quatro capítulos nos quais vemos uma advertência contra o adultério (Pv 2. 16 - 19; 5. 1ss; 6. 24 - 35; 7. 5 - 27). Em todos estes textos o ato de evitar o adultério é produto não de uma norma, mas da internalização de um mandamento.
Filho meu, se aceitares as minhas palavras, e esconderes contigo os meus mandamentos,
Para fazeres o teu ouvido atento à sabedoria; e inclinares o teu coração ao entendimento;
Se clamares por conhecimento, e por inteligência alçares a tua voz, Se como a prata a buscares e como a tesouros escondidos a procurares, Então entenderás o temor do Senhor, e acharás o conhecimento de Deus. Pois quando a sabedoria entrar no teu coração, e o conhecimento for agradável à tua alma, bom siso te guardará e a inteligência te conservará; Para te afastar da mulher estranha, sim da estranha que lisonjeia com suas palavras (Pv 2. 1 - 5, 10, 11, 16 ARCF). 
Digno de destaque neste texto é que a sabedoria torna agradável o conhecimento para a alma, e em decorrência de tal junção, o bom siso (me'ezimah [מְ֭זִמָּה]) guarda o homem. O mais curioso é que na maior parte das vezes, esta mesma palavra é empregada com a ideia de urdidura, plano, estratagema. E a despeito do emprego da mesma em Provérbios com este sentido, o texto em apreço indica que me'ezimah [מְ֭זִמָּה] aqui tem o sentido de prudência, descrição e bom senso (Pv 1. 4; 5. 2).  Daí o apelo: Filho meu, atende à minha sabedoria; à minha inteligência inclina o teu ouvido; Para que guardes os meus conselhos e os teus lábios observem o conhecimento (Pv 5. 1, 2 ARCF). Aqui o termo conselho é me'ezimah [מְ֭זִמָּה].
Filho meu, guarda o mandamento de teu pai, e não deixes a lei da tua mãe; Ata-os perpetuamente ao teu coração, e pendura-os ao teu pescoço. Quando caminhares, te guiará; quando te deitares, te guardará; quando acordares, falará contigo. Porque o mandamento é lâmpada, e a lei é luz; e as repreensões da correção são o caminho da vida, Para te guardarem da mulher vil, e das lisonjas da estranha (Pv 6. 20 - 24 ARCF)
Note, que particularmente neste caso, a intenção é que o mandamento seja um tipo de voz interior que fala ao individuo. Todavia para que o mandamento fale, este tem de estar atado ao coração. É deste que procedem as fontes da vida (Pv 4. 23). Somente assim o pecado em geral pode ser evitado. Na proporção em que o mandamento é luz e vida, o leito da mulher estranha é morte (Pv 2. 18; 6. 33, 34; 7. 27).
Filho meu, guarda as minhas palavras, e esconde dentro de ti os meus mandamentos.  Guarda os meus mandamentos e vive; e a minha lei, como a menina dos teus olhos. Ata-os aos teus dedos, escreve-os na tábua do teu coração.  Dize à sabedoria: Tu és minha irmã; e à prudência chama de tua parenta, Para que elas te guardem da mulher alheia, da estranha que lisonjeia com as suas palavras (Pv 7. 1 - 5 ARCF)
Em todos estes textos o livramento da mulher estranha, ou da adultera advém da aceitação da doutrina que o sábio tem para transmitir. A sabedoria (hokmã [חָכְמָ֣ה]), e a prudência (ormãh [עָרְמָ֑ה]), são as principais responsáveis pela vida impoluta do jovem. Estes são os segredos para se vencer o adultério.
Em Cristo, Pr Marcelo Medeiros.

Um comentário:

  1. Ótimo esclarecimento ! Realmente só através da renúncia ao prazer absoluto e tendo prazer em cumprir a lei do senhor , prescisamos mais do que nunca temos o temor é a prudência como nossa amiga!

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