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quarta-feira, 14 de maio de 2014

Dons ministeriais uma visão da unidade na diversidade


O conceito de dom, enquanto dádiva com fins de capacitação para o crente em vista do bem estar comum na comunidade, tem sido suficientemente desenvolvido nos posts anteriores (aqui). No presente post me deterei em fazer uma síntese dos dons ministeriais como um todo, e isto, com vistas a proporcionar o professor e aluno da escola bíblica dominical, bem como os demais estudiosos da matéria, subsídios que permitam o aprofundamento na temática.

I) UM APELO À UNIDADE

O texto em que Paulo fala dos dons espirituais começa com um apelo à unidade dos santos. Esta unidade é uma das formas de se responder dignamente ao chamado de Deus, bem como as benção que ele depositou sobre os crentes desde a eternidade (Ef 1. 2 - 6), que culminou com a união de judeus e gentios em um único povo (Ef 2. 11 - 18; 3 . 1- 6). Sob este aspecto, devemos crentes andar de forma digna (αξιος [axios]) da maneira com que foram chamados.
O curioso é que a salvação é inteiramente pela graça de Deus, o andar digno é uma resposta da comunidade à graça que Deus dá. Esta graça, conforme dito nos estudos anteriores se manifesta na salvação? Sim, afinal, está escrito: pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus (Ef 2. 8 ACF), mas também se manifesta no ministério, visto que do mesmo modo se pode ler que a graça foi dada a cada um de nós segundo a medida do dom de Cristo (Ef 4. 7 ACF). É esta mesma graça que se manifesta por meio de dons.
É neste contexto que se pode falar de um andar digno, que corresponda ao que Deus fez em nossas vidas. Esta andar digno se traduz em relacionamentos pautados por humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor, procurando guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz (Ef 4. 2, 3 ACF).
Tem sido cada vez mais comum o conceito de que unidade não é uniformidade. Viver em união é se relacionar pautado na humildade, na mansidão, longanimidade, no amor sofredor e paciente. E creio aqui que estes são os principais sinais que devem de ser vistos na vida do ministro. Maravilhas e sinais podem ocorrem por meio de falsos profetas (Dt 13. 1 - 4), daí que a vida e o fruto sejam os principais parâmetros para o correto discernimento (Mt 7. 15 - 21).

II) A QUESTÃO DA GRAÇA

Tanto no tocante aos dons de manifestação, quanto no que tange aos ministérios, o conceito de graça é de fundamental importância. Paulo afirma que a graça foi dada a cada um de nós segundo a medida do dom de Cristo (Ef 4.7ACF). o devido entendimento deste texto se dá mediante a percepção, por parte do leitor de que Cristo fez tudo pelos crentes, sim, ele mesmo subiu, e ele mesmo desceu. E Paulo explica que tal se deu para que em Cristo ινα πληρωση τα παντα (ina pleorsee ta panta), todas as coisas se cumprissem, ou fossem devidamente cheias (Ef 4. 10).
A graça coloca Cristo no centro dos ministérios, sejam apostólicos, pastorais, de ensino. Cristo é o centro do ministério cristão, não é sem razão que no Apocalipse ele mesmo aparece entre os castiçais, indicando com isto sua centralidade eclesiástica, e no meio das estrelas (que representam os pastores), representando a centralidade pastoral daquele que João frequentemente se refere como sendo o cordeiro que morreu (Ap 1. 12, 13, 20).
Nem pastores, nem profetas e muito menos os apóstolos atuais subiram aos céus, ou sequer desceram aos abismos. Possa ser que algum dia estes subam (por causa do arrebatamento), ou desçam (por causa da condenação), mas somente Cristo subiu e desceu. E somente ele enche todas as coisas, somente ele foi constituído como cabeça da Igreja, que com seus vários membros é o corpo de Cristo, sendo por este motivo, a plenitude daquele que cumpre tudo em todos (Ef 1. 23 ACF).
Não é sem razão que Paulo escrevendo aos irmãos de Corinto, tenha afirmado que há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo (I Co 12. 5). Por ministérios aqui, em grego διακονιων (diakonioon), entenda-se serviço. Este estabelece uma relação entre senhor e servo, e no caso do serviço Cristão, Cristo é o Senhor, e apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres, são servos.
Cristo é, ao mesmo tempo, o apostolo de nossa confissão celestial (Hb 3. 1), o profeta por excelência (Dt 18. 18; Lc 7. 16; Jo 4. 19; At 3. 22, 23), o evangelista que nos anunciou a paz (Ef 2. 17), o bom pastor (Jo 10. 11, 14) - a ninguém mais cabe esta titulo, visto pastor algum fez, ou fará um sacrifício similar ao de Cristo - ou o pastor e bispo de nossas almas (I Pe 2. 25), e sumo pastor (I Pe 5. 4), e por fim, o nosso mestre por excelência (Jo 3. 2; 13. 13 - 16). 
Deus dispôs assim, por haver sido do seu agrado que toda a plenitude nele habitasse (Cl 1. 19), e segundo João, nós recebemos também da sua plenitude, e graça por graça (Jo 1. 16). O que qualquer homem possa ter nesta terra é fruto da plenitude da graça de Deus, que esteve abundantemente em Cristo, e que foi repartida com o seu corpo, que é a Igreja, não cabendo ao homem, seja este apostolo, profeta, pastor e mestre se gloriar disto. Conforme exposto supra, este entendimento é necessário para que se compreenda a unidade na diversidade, e vice-versa.

III) UNIDADE NA DIVERSIDADE

Se Deus dispôs o corpo de forma que a uns, ele mesmo designou apóstolos (para mais a respeito desta discussão, ver aqui), profetas, evangelistas, pastores e mestres; como manter a unidade em tamanha diversidade? Primeiro, há de atentar para a observação paulina de que há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo (I Co 12. 5 ACF). Paulo retoma este mesmo conceito quando escreve aos Efésios e afirma: Um só Senhor, uma só fé, um só batismo (Ef 4. 5 ACF).
Destas afirmações pode-se extrair que o Senhorio de Cristo é o ponto de convergência da diversidade ministerial. Se existem apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres (Ef 4. 11), tal se dá, porque Cristo desceu as regiões mais inferiores da terra, e subiu às mais sublimes, visando dar dons aos homens (Ef 4. 10).
Em segundo lugar, a finalidade da existência destes ministérios é o que Paulo chama de aperfeiçoamento dos santos para a obra do ministério (Ef 4. 12). Esta εργον διακονιας (ergon diakonias) visa a edificação do corpo de Cristo, cuja marca principal é o conhecimento do Filho de Deus, por parte da comunidade, conhecimento este que se dá quando os crentes são conformados à imagem de Jesus Cristo (Ef 4. 13). Cristo é o ponto de partida e de chegada, sendo com isto a chave para a unidade na adversidade.
Terceiro, os dons são dados, a fim de que não mais sejamos enganados. Para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente (Ef 4. 14), o que me leva a crer que antes de qualquer coisa, apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres, são defensores da verdade e guardiões do povo de Deus.
Portanto, e por último, cabe a cada um destes obreiros e ministros a incumbência de promover o crescimento e a edificação dos corpo de Cristo, levando todos a seguirem a verdade em amor. Seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, do qual todo o corpo, bem ajustado, e ligado pelo auxílio de todas as juntas, segundo a justa operação de cada parte, faz o aumento do corpo, para sua edificação em amor (Ef 4. 15, 16 ACF).
Minha conclusão é a de que acima de quaisquer sinais, milagres, e indicadores humanos de sucesso, estes são os verdadeiros sinais de um ministério fundamentado em Cristo. Abraços pentecostais e reformados em Cristo Jesus.

Pr Marcelo Medeiros.

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