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quinta-feira, 8 de maio de 2014

A sabedoria da ternura versus a loucura da brutalidade moderna


Resolvi começar minha leitura de mais um livro de Brennan Manning, o seu maravilhoso sabedoria da ternura. Antes de tecer qualquer comentário a respeito, preciso declarar aqui o quanto é terapêutico ler as palavras deste autor, que ao contrario de tantos em nossos dias não se vende como um super homem, super crente, super pregador, decididamente, ainda que o autor em apreço cite, ele não é seguidor de Nietzsche.
Me identifico com o vaso trincado, do confiança cega, com os maltrapilhos de Jesus, do evangelho maltrapilho, com a sabedoria pascalina impregnada no Impostor que vive em mim. Neste post gostaria compartilhar com os amados algo que li nas paginas iniciais do Sabedoria da Ternura. O texto é este:
Estou ansioso e feliz por registrar que não somente encontrei incontáveis indivíduos que estão preservando as Boas Novas do Cristianismo das armadilhas da religião organizada e das garras da piedade convencional, como também tenho visitado vários bastiões evangélicos - comunidades de fé, grandes e pequenas - fazendo as mesmas coisas.
Esses companheiros vivem absortos em oração e centrados em Jesus. Falhos como todos nós, eles riem muito e com facilidade de si mesmos e de suas pretensões de santidade. Voltam os seus rostos na direção de nosso mundo quebrado com os olhos para o desamparado e uma preocupação preferencial pelos pobres. No culto de domingo não medem o sucesso pelo número de vozes erguidas em louvor, ou dos ritmos variados do ministério de música. A adoração é sincera e alegre, o louvor banhado com gratidão. O ministro, ou sacerdote, pode não ter muita eloquência, um vocabulário rebuscado, ou uma personalidade carismática, mas o fogo silencioso nas suas entranhas é inconfundível, e a pregação vem do coração.
O contexto em que este texto se situa é o de uma serie de relatos de brutalidades e barbáries que a religião convencional comete em nome de algo que ela deveria servir, mas que julga tão somente representar.  Piedade convencional, é um evangelho destituído de graça interior, e que justamente por falta desta o homem adota um formalismo. É justamente este arranjo que violenta o Evangelho, bem como aqueles que são genuinamente apaixonados pelo mesmo.
Somente na oração e na absorção completa por Cristo, a palavra encarnada, que se pode sobreviver em meio a este sistema sem perder a doçura das Boas Novas. E na oração e na contemplação do Cristo que morreu e ressuscitou, que o fogo da adoração é aceso e todas as formas litúrgicas, técnicas baratas de animação de auditório, oratória e eloquência humana, são minimizadas e deixadas de lado. Até a pregação se torna saborosa, independente de quantas articulações textuais e culturais o pregador possa fazer, afinal, vem a pregação do coração para boca e chegam aos nossos ouvidos como poesia, paixão, persuasão e poder.
O culto assim, se expressa em uma vida compromissada com o ideal de Cristo e dos profetas, onde os pobres, os desprezados, os que aparentemente nada tem a oferecer são o centro de nossa atenção, afinal, o que é feito a um destes pequeninos é feito ao próprio filho de Deus. Portanto, o interesse do pelos pobres do qual fala o autor, nada tem a ver com Teologia da Libertação, mas com a libertação de quaisquer amarras da religião institucional, bem como da piedade convencional, que impeçam o florescimento pleno da graça nos corações.
Estas palavras soam como balsamo, afinal, tem sido cada vez mais difícil ver a violência que se faz ao Evangelho e ao Reino, justamente no local onde ele deveria ser defendido. Ver pastores que vendem uma imagem de Espiritualidade mística em suas igrejas e comunidades, mas que em seu ambiente de trabalho se vendem por bem menos do que um prato de lentilhas, negam o espírito do evangelho quando ao invés de serem perseguidos por causa da justiça, perseguem injustamente as pessoas e impiedosamente se calam.
Os brutalizados de Cristo apenas podem confiar, em oração, as vidas a Deus; e como ovelhas, que estão no meio de lobos, aguardarem a manifestação da justiça de Cristo, na esperança de que enquanto esta não se manifesta visivelmente, a voz de muitas águas fale em seus corações tal como falou com João na Ilha de Patmos.  
 
Em Cristo, Marcelo Medeiros, bom dia.

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