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quinta-feira, 29 de maio de 2014

A lei da palmada e o conselho de Salomão


A Bíblia, em tese, é o livro a partir do qual os cristãos elaboram suas regras de fé e prática. E no que tange á criação dos filhos, uma recomendação que a mesma traz é que na educação das crianças a disciplina (castigo, palmada), seja colocada ao lado do diálogo. Na verdade sempre que este não funciona, se recorre àquele.

Na década de noventa, do século passado, Rubém Amonrese, lançou o bombástico Icabode, da mente de Cristo à secularização da Mente, e um dos temas abordados foi a crise da disciplina, que ao meu ver tem de ser interpretada à luz das demais crises abordadas no livro, dentre as quais a crise do sagrado e a da autoridade. Na analise do autor, tudo começou com as modernas teses em psicologia, que propunham novas formas de educação das crianças.

Mas aquilo que era tese se tornou realidade com a controversa lei da palmada. Esta fez mais do que normatizar a forma com que os pais educam seus filhos. Uma vez que entre as punições aos pais infratores constam o encaminhamento a serviços de assistência psicológica, afirmo que a lei criou uma necessidade de profissionais que orientem os pais a fazerem aquilo que antes da lei era de extrema naturalidade (aqui).

Não vejo a lei com bons olhos, porque a acho quixotesca, uma luta contra moinhos de vento. Vou explicar. Parte do problema com as famílias modernas está na difícil conciliação entre sucesso (leia ter acesso a todos os meios de consumo) e qualidade de vida. Há pouco espaço para o diálogo, para as conversas na varanda (varanda? isto hoje é um luxo!), e outras coisas que de acordo com o filosofo Mario Sergio Cortella constituíam condições primordiais para coexistência pacífica em família.

Estamos na era digital. A conversa com pessoas de outros países é cada vez mais veloz, mas isto não tem sido garantia de uma comunicação eficaz entre patrões e empregados, pais e filhos, maridos e mulheres. O que faz com que a educação dos pimpolhos seja cada vez mais difícil.

A pergunta que faço por hora é: o que os especialistas tem a dizer a respeito da educação de um filho, que não atende á conversa? Neste link temos a opinião de um filósofo de que a criança não atende, nem entende à argumentação de um adulto. Daí que a palmada (punição), seja de extrema importância para que a mesma entenda a gravidade do que fez. Mas a lei já foi aprovada, no congresso, e vai para o senado com a promessa de muita discussão. Mas enquanto isto, não dói pensar e perguntar: quais critérios serão adotados para que se faça a correta distinção entre um pai, ou uma mãe que está tentando conter seu filho para que o mesmo não avance o sinal, ou fazendo uma pirraça, e um pai agressor?

Enquanto os formuladores do problema ignoram, ou fabricam respostas, reitero o meu repudio à ação pífia dos criadores da lei, uma vez que os mesmos ao proporem uma suposta garantia aos monstrinhos que nossa sociedade tem criado, pode gerar riscos de más interpretações e injustiças, o que me faz perguntar: que medidas preventivas o estado irá tomar, para garantir o cumprimento da lei?
Marcelo Medeiros

2 comentários:

  1. Pastor Marcelo, difícil proposta para reflexão e exposição de argumentos. De um lado temos a criança, suponho que (até aos 11 anos de idade) e do outro, temos regulamentações em via de homologação e que ainda em tramites, mais polemiza do que chega a fim de conclusões. Creio que a lei da palmada tem seu sentido e valor, bem como, creio que essa mesma lei poderá apresentar elementos frouxos e irresponsáveis. Basta dar uma espiada no ECA e teremos bases que mais atrapalham do que contribuem. Vejo que as 27 unidades federativas do Brasil são em si uma discrepância em todos os sentidos. Seja cultural, político, econômico, social e enfim, aos seis anos de idade, uma criança da região norte/nordeste é já colocada para trabalhar e a cultura familiar entende isso como algo necessário e normal. Nas regiões sul e sudeste, mais desenvolvidos, apresentam condições melhores para que essas crianças se desenvolvam, porém, ainda sim muitos dos direitos constituídos não são gozados. Sei que crianças eram e ainda são, porém em escala menor, queimadas com ferro de passar roupa, cigarros e torturas outras eram descaradamente aplicadas como forma de correção. A lei da palmada inibiu os excessos mais ainda há muito para conquistar.

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    1. Raitler, creio que a lei nada mais faz do que avultar a ofensa, como diz Paulo, o apostolo. Ela já está enfraquecia pela natureza carnal e pecaminosa dos homens. Agora, no aspecto social, é necessário que medidas preventivas sejam tomadas, e isto é apenas o começo da discussão.

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