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terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

A crítica do Pr Ciro Sanches Zibbordi ao MDA



Já faz tempo que sou admirador confesso deste obreiro. Seu livro Evangelhos que Paulo jamais pregaria foi um marco na crítica polemista, para não falar das análises de letras de canções que povoam a mente do povo de Deus, mas cujo conteúdo nem sempre é bíblico. De um tempo para cá os modelos de crescimento têm sido o alvo da crítica deste pastor. Meu interesse aqui neste post é fazer, de forma sintética uma crítica à crítica do nobre Pastor, quanto ao MDA (modelo de discipulado apostólico). A metodologia que vou seguir é bastante simples partiremos de alguns textos que ele mesmo publicou em sua página no facebook e em seu blog pessoal e buscaremos uma análise imparcial, sempre sujeitando nossa opinião à luz da Bíblia.
I) A respeito dos encontros o aludido autor faz as seguintes colocações:

Certos cristãos, após terem frequentado uma igreja evangélica histórica durante anos, descobrem que estavam sendo enganados. Alguns, ao participarem de “encontros” em lugares secretos, passam por uma “lavagem cerebral” mediante uma espécie de regressão psicológica e começam a dizer: “Agora descobri a verdade” (aqui)
Em primeiro lugar gostaria de observar que os encontros com Deus que a Bíblia revela não seguem padrões engessados dos modelos de crescimento criticados pelo autor. Pedro, Tiago e João, por exemplo, tiveram um encontro com Cristo às margens do mar de Tiberíades, ao passo que a mulher samaritana teve similar experiência com Cristo junto a fonte de Sicar. Já Paulo encontrou-se com Jesus de Nazaré em uma estrada de Damasco. Se o negocio de fato é o encontro entre o homem e Deus, este não pode ser submetido a padrões.  
Em segundo lugar a verdade é Cristo, que se revela aos pequeninos, mas se oculta aos sábios e entendidos, e é plenamente possível que uma pessoa viva em ambiente religioso sim, sem conhecer princípios básicos do Evangelho de Cristo, aliás, isto se deu com Pedro, por exemplo, que mesmo sabendo pelo Espírito de Deus que Jesus era o Cristo, não estava pronto para ver no Mestre a figura do servo sofredor. Neste caso, precisamos pensar, o quanto de autoengano existe na questão dos que descobrem a verdade após um grande encontro. Será que o coração dos mesmos estava aberto para a verdade. Contudo, Cristo disse para Pedro: Você não compreende agora o que estou lhe fazendo; mais tarde, porém, entenderá (Jo 13. 7 NVI). Mas um outro aspecto da verdade precisa ser considerado.
A Bíblia diz: Se alguém decidir fazer a vontade de Deus, descobrirá se o meu ensino vem de Deus ou se falo por mim mesmo (Jo 7. 17 NVI). Esta é uma das maiores garantias de que crente algum será enganado, ou permanecerá no engano, até porque Jesus prometeu enviar o παρακλητον, ou παρακλητος (parakleton, ou parakletos), cuja tradução pode ser tanto a de conselheiro, quanto a de advogado, embora a maioria das nossas Bíblias traduzam por consolador. a este mesmo Espírito cabe o papel de nos guiar em toda a verdade (Jo 14. 13, 26; 16. 13), de forma que um crente genuinamente nascido de novo pode afirmar que não conhece toda a verdade. Nenhum de nós a conhece em sua plenitude, mas não conhecer plenamente não significa desconhecer totalmente. Assim, jamais um crente pode afirmar que fora enganado, se de fato ele teve, ou tem alguma comunhão com Cristo, que é a verdade.
Por último há que se valorizar sim o ambiente reservado para encontros e descansos, bem como a quebra de rotina. Jesus mesmo lançou mãos deste método para melhor desenvolver a comunhão com os seus discípulos, bem como lhes revelar algo que não poderia se dar em multidões. Mas há de se manter a clara distinção entre VALORIZAÇÃO E A CRISTALIZAÇÃO PARADIGMÁTICA. Do contrário, em sua crítica ao método, ou modelo tradicional de Igreja, o MDA correrá o serio risco de se ver tão cristalizado em seus paradigmas quanto os modelos tradicionais de igreja.
II) Sobre a quebra de paradigmas
Muitas igrejas — inclusive, algumas Assembleias de Deus — têm adotado, nos últimos anos, o modelo da “visão celular”, também conhecido como G12, M12, MDA (Modelo de Discipulado Apostólico), etc. Tal modelo vem sendo apresentado como o mais eficaz meio de “fazer discípulos”. E os seus defensores, que se consideram imitadores da igreja primitiva, afirmam que sua estratégia de discipulado é uma revolução, uma “quebra de paradigmas” e, ao mesmo tempo, um retorno aos princípios da igreja de Atos dos Apóstolos. Não se trata, pois, de mais um programa. A “visão celular” é, modéstia à parte, “o programa” da igreja (aqui).
Minha resposta será curta e grossa.  Em primeiro lugar denominações históricas precisam atentar para a realidade de que o trabalho de evangelização e discipulado tal como Cristo o fez no Evangelho possui, de fato uma dimensão pessoal sim. E isto nos falta dada a incompatibilidade entre a ordem de Cristo e a prática centrada no aspecto institucional da Igreja. Note bem que eu disse prática, visto que no discurso somos o corpo de Cristo, somo um, somos um organismo, etc... .
Em segundo lugar o quadro da Igreja primitiva não pode ser estabelecido salvo por meio de um genuíno avivamento. Como este se dá? Por meio de crentes que se reúnem para orar, ler a Bíblia e edificar a vida um do outro, afinal, de nada adiante quebrarmos alguns paradigmas e estabelecer outros. Não se trata simplesmente de tirar o templo do centro de nossa religiosidade e colocar a casa, mas de colocar o Evangelho no centro de nossa vida.
Trata-se de entender que a comunidade, ou o ajuntamento de pessoas que é a Igreja, que todos somos sacerdotes e que na condição de fomos chamados para anunciar as maravilhas daquele que nos chamou das trevas para luz, que o culto é a nossa disposição em colocar os dons que recebemos pela graça de Deus ao serviço de nosso irmão, e que a missão cristã se dá no viver diário. Isto sim é uma verdadeira quebra de paradigma, visto que ela começa no conceitual, ao invés de se limitar ao formal.
III) Uma questão pontual
Em sua pagina no facebook, o pastor Ciro faz o seguinte e pertinente questionamento:
Se modelos de crescimento como G12, M12 e MDA (Modelo de Discipulado Apostólico) são tão bons e eficazes, gerando milhões e milhões de pessoas devidamente discipuladas, por que não vemos uma mudança real no comportamento da cristandade brasileira? (para você que acessa o facebook leia aqui).
Uma observação bem simples é a de que acho muito pertinente este questionamento. Por meio do mesmo podemos ser confrontados e conduzidos ao principio bíblico de que quem impulsiona o crescimento pleno da Igreja é o Espírito. Mas creio que os que seguem modelos mais tradicionais também deveriam se fazer a mesma pergunta. Afinal, se pregamos o Evangelho, porque este não mais influencia a sociedade da forma que influenciou em momentos históricos passados? E mais, porque não unir discipulado (que não é método, mas ordem de Cristo e centro da missão cristã, conforme lemos no livro de Atos), com a doutrina equilibrada que temos? 
A minha resposta ao primeiro questionamento é na verdade a de Martin Llyodd-Jones, em nossa geração faltam homens regenerados que com seu comportamento pautado no Evangelho de Cristo influenciem o meio onde vivem e partindo desta influência local, estendam a mesma para toda a sociedade. Não se trata de adotar este, ou aquele partido, ou discurso político, mas de vivencia do Evangelho de Cristo.
Minha resposta ao segundo questionamento é que nem sempre nossa ortodoxia, ou nossas ideias revolucionarias são reflexo do Evangelho, como pretendemos que sejam. O discipulado ordenado por Cristo demanda comprometimento e fidelidade ao que Cristo ensinou. E o ensino de Cristo nem sempre foi atrativo à multidão. Daí a fonte de nossa tentação em adaptar o Evangelho ao interesse da multidão para que ele pareça mais atrativo. Mas o processo de regeneração que produz homens que influenciam a sociedade com o seu testemunho se dá por meio deste Evangelho cristocêntrico e bíblico.
De minha parte vou adiantando que a Igreja tem de se reformar, continuamente, e isto, em função da depravação do material com o qual é feita, os homens. Mas esta reforma está além da reafirmação do velho, bem como da inovação a qualquer custo. Paz e benção sobre a vida de todos quantos estão dispostos a provarem a si mesmos e verem se estão na verdade. Na certeza de que os que são guiados pelo Espírito de Deus sempre andarão na verdade.
Em Cristo, Marcelo Medeiros 

7 comentários:

  1. Pastor Marcelo, obrigada por esclarecer várias dúvidas que eu tinha em relação ao MDA e, principalmente, a inserção das ideias transformadoras às Assembleias de Deus que adotaram este modo de ensino da Palavra. Como sempre, seu blog ajuda muito!

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    1. Não há de que Patrícia, apenas lembrando que a Bíblia nos recomenda examinar todas as coisas e reter o que é bom.

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  2. Amados tem muitas coisas do MDA que não concordo também mais tem muitas coisas que é muito bom, assim como em toda igrejas temos que pegar o que é bom e fazer a nossa parte evangelho é muito falado e pouco vivido, ser igreja dentro de igreja não é ser igreja. o sal dentro do saleiro não serve pra nada nem tem valor algum, mais no lugar certo e quantidade certa da sabor, provoca cede ... abraço que o Espirito santo nos mostre e nos orienta Deus abençoe lima_campanharo@hotmail.com

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  3. Amado irmão Lima, sei que o sal no saleiro termina por perder seu sabor e influência. Mas no mesmo contexto bíblico ao qual aludes está escrito que temos de olhar os frutos para depois conhecer as árvores, e meu texto caminhou nesta perspectiva. Examinemos todas as coisas e que possamos reter aquilo que é bom.

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  4. REFORMA É ALGO QUE NÃO SE VÊ NAS ASSEMBLEIAS, DA MESMA FORMA QUE (JONES) FALA DE REGENERAÇÃO, A MESMA INDEPENDE DOS MODELOS, SERÁ QUE O MODELO DAS ASSEMBLEIAS GERAM TANTO PESSOAS REGENERADAS, ENTÃO PORQUE QUE OS PREGADORES ASSEMBLEIANOS SÓ BATEM NA NOIVA DO CORDEIRO EM SUAS PREGACOES. É FACIL CRITICAR O QUE NAO SE SABE COM FUNDAMENTOS SOLIDOS E COMPROVADOS. AS PESSOAS NAO SAO TRANSFORMADAS EM QUALQUER IGREJA TEMOS ISSO.

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    1. Igreja alguma e menos ainda o MDA possuem o poder de Regenerar quem quer que seja. Aliás, caro anônimo(a) isto é uma prerrogativa divina que se exerce pela palavra. Assim, onde quer que esta seja pregada, ou falada ocorrerão a libertação e a regeneração, seja na Assembleia, Batista, Metodista e no MDA. Do contrário nem pensar. Minha crítica pessoal ao MDA é que ele é mais do mesmo. E apesar disto altamente idolatrado por gente que não possui filosofia ministerial sólida e nem convicção no PODER DA PALAVRA DE DEUS.

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  5. Não existe fórmula mágica ou modelos "A" e modelo "B" revelado em "visões", o que era pra existir nas igrejas era o ensino á OBEDIÊNCIA aos mandamentos de Jesus para salvação, independente do modelos de crescimento. Também não se pode afirmar que "crescimento numérico" seja igual a crescimento de salvos. Todos os modelos evangelisticos são validos, cabe a cada um ter o seu "encontro" real com Deus, e isso não pode ser manipulando por homens, é dom de Deus, através do Espírito Santo, que é quem convence o homem do pecado, da justiça e do juizo. Quem não passar por essa experiência, em qualquer igreja que esteja, terá sido apenas "convencido" por homens e não convertido a Deus

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