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quarta-feira, 31 de julho de 2013

Lição da EBD n° 5: As virtudes dos salvos em Cristo


A palavra virtude pode ser compreendida como disposição constante de praticar o bem e evitar o mal. Este é o significado que encontramos, por exemplo, no Aurélio online. No Michaelis online vemos: excelência moral, probidade, retidão, propriedade, eficácia, qualidade própria para produzir certos resultados. Tais definições nos levam a refletir a respeito do texto base de nossa lição semanal (Fp 2. 12 - 17). Façamos algumas considerações a respeito de nossa salvação e do nosso progresso.

O conceito de virtude face ao conceito de graça

Nossa salvação é exclusivamente pela graça de Deus (Ef 2. 8, 9). Foi ele quem começou a boa obra em nós, e será ele mesmo o aperfeiçoador daquilo que ele mesmo começou (Fp 1. 6). Sendo que o verbo επιτελεσει (epitelesei), de επιτελεω (epiteléoo), cujo sentido é o de completar, levar a seu objetivo, levar até o fim, indicando com isto que do inicio ao fim de nossa caminhada a salvação é obra exclusiva de Deus.
Diante desta realidade não nos cabe pensar em virtude como qualidade própria para produzir certos resultados. Até porque não há um único homem justo nesta terra, que faça o bem e nunca peque, este é o veredito do pregador (Ec 7. 20). O julgamento do salmista a respeito deste mesmo assunto é de que não há uma única pessoa justa, e que todos juntamente se extraviaram (Sl 14. 2, 3). O mesmo é dito pelo apóstolo Paulo, na sentença: todos pecaram e carecem da glória de Deus (Rm 3. 23).
A verdade é que não temos uma disposição constante de praticar o bem e evitar o mal. Pelo contrário nossa inclinação é constantemente má, perversa (Gn 6. 5; 8. 21). De forma antropomórfica Isaias descreve o espanto divino com a total ausência de um único ajudador humano no plano da salvação. Para o profeta, Deus viu que não houve ninguém, admirou-se porque ninguém intercedeu; então o seu braço lhe trouxe livramento e a sua justiça deu-lhe apoio (Is 59. 16 NVI).
Face ao que nos é dito pela Bíblia, que Deus nos livre do pensamento arrogante e blasfemo de pensar que nossa salvação seja produto de uma única obra nossa, como disse Paulo, não por obras, para que ninguém se glorie (Ef 2. 9 NVI). Logo,  não foi por causa de atos de justiça por nós praticados, mas devido à sua misericórdia, ele nos salvou pelo lavar regenerador e renovador do Espírito Santo (Tt 3. 5 NVI).
 
Crescendo mais e mais
 
Embora a salvação seja exclusivamente pela graça de Deus, como dito acima, nossa resposta à graça que nos é oferecida, é a de crescer mais e mais. Paulo sabe que foi Cristo quem começou a boa obra na comunidade (Fp 1. 6), mas de igual modo ele ora para que o amor dos crentes de Felipo cresça mais e mais (μαλλον και μαλλον [mallon kai mallon]), em todo o conhecimento e percepção (Fp 1. 9). E qual é a finalidade deste crescimento? O apóstolo mesmo responde, para discernirem o que é melhor, a fim de serem puros e irrepreensíveis até o dia de Cristo,  cheios do fruto da justiça, fruto que vem por meio de Jesus Cristo, para glória e louvor de Deus (Fp 1. 10, 11 NVI).
O crescimento tem por alvo: 1) um maior discernimento, cuja finalidade é a aprovação de coisas superiores, 2) um caráter puro e irrepreensível até o Dia de Cristo, 3) a plenitude do fruto do Espírito, sendo que neste último caso, Paulo faz questão de enfatizar que este se dá por meio de Jesus Cristo e para a glória de Deus.
Assim, Deus começa e conclui a obra, mas este concluir engloba um crescimento paulatino em discernimento (aisthesei [αισθησει] somente aqui em todo o NT), era aplicada ao senso de percepção do mundo exterior, passando a ser empregada para a percepção moral interior. É esta percepção que nos conduz a sermos irrepreensíveis. O termo απροσκοποι (aproskopoi) é usado para aquilo que não serve de causa de tropeço. Paulo o emprega em sua carta aos Coríntios ao pedir que os cristãos não fossem motivo de tropeço, nem para judeus, nem para gregos, nem para a igreja de Deus (I Co 10. 32 NVI). Ser irrepreensível aqui, na verdade é o mesmo que não dar motivo de escândalo aos que estão de fora.
A salvação, que é exclusivamente pela graça, se torna cada vez mais evidente em nossa vida na medida em que praticamos as obras de justiça que Deus de antemão preparou para que andássemos nelas (Ef 2. 8 - 10). Antes de sermos salvos não havia em nós a mínima predisposição ao bem, mas agora que fomos alcançados pela graça, nós podemos desenvolver a nossa salvação com temor e tremor.

Desenvolvendo a salvação

Paulo pede ponham em ação a salvação de vocês com temor e tremor (Fp 2. 12 NVI). O verbo κατεργαζεσθε (katergazesthe), de κατεργαζομαι, pode ser traduzido como trabalhai (ARC), ou desenvolvei (AC). Muitos são os crentes que influenciados pela teologia do perfeccionismo wesleyano, tem interpr
etado este texto como sendo uma ordem a fim de que o crente trabalhe pela sua salvação. Algo que de acordo com a Bíblia, é simplesmente inviável.
O termo κατεργαζομαι pode ser entendido como o ato de realizar, de completar um trabalho até o término do mesmo. Mas ele precisa ser entendido à luz do contexto da carta em apreço onde é Deus quem começa e leva a obra da salvação até o fim (Fp 1. 6 - 11). O contexto imediato nos dá esta visão, visto que no período abaixo o apóstolo Paulo afirma: é Deus quem efetua em vocês tanto o querer quanto o realizar, de acordo com a boa vontade dele (Fp 2. 13 NVI). Entendemos com este texto que em meio ao nosso trabalho εργα (erga), Deus atua (ενεργων [energon]). É ele quem nos dá poder para que possamos trabalhar a nossa salvação com temor e tremor. Esta atuação se dá mediante o eterno propósito de Deus (θελειν [thelein]). O termo que nossas Bíblias empregam para traduzir a vontade de Deus aqui é ευδοκιας (eudokias), cujo sentido é o de boa vontade, beneplácito, podendo ser aqui entendido como aprovação, consentimento. Se realizamos qualquer progresso que seja em nossa vida cristã, tal se dá mediante o eterno beneplácito de Deus.

A salvação em termos práticos

A salvação, em termos práticos, se dá quando fazemos todas as coisas sem murmuração. O termo γογγυσμων (goggosmon), pode ser traduzido por reclamações, mas indica um queixume em tom de zum-zum-zum, uma murmuração em voz baixa. E o termo que as nossas Bíblias traduziram por contendas, na verdade é διαλογισμων (dialogismon), cujo sentido é empregado para discussões em tons de crítica, questionamentos e criticismo interior.
Elucida, e muito, que saibamos que foi esta a palavra empregada pelos tradutores do Antigo Testamento para se referirem á prática dos judeus na peregrinação do deserto. Não se trata somente de uma reação emocional contra aquilo que Deus faz, mas da incredulidade que se manifesta na resistência crítica.
Face ao contexto entendemos que diante da ordem em imitar a Jesus como exemplo humildade e de vida; de servir ao nosso irmão colocando as necessidades do mesmo como prioridade, de considera-lo superior a nós mesmos, não cabe contestação. Nosso Papel aqui é o de reconhecimento do nosso Senhor e Mestre, e de disposição em imitá-lo em tudo.
É este padrão de comportamento que revela ao mundo que somos filhos de Deus. Para que ele seja alcançado temos de reter firmemente a Palavra de vida, a fim de que todo o nosso esforço e todo investimento divino feito em nós não seja vão. Que Deus nos abençoe mais e mais mediante o seu operar em nossas vidas.

Em Cristo, Pr Marcelo Medeiros.

 
 

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