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sexta-feira, 12 de julho de 2013

Deus procura adoradores


Mais uma que vi e tive de me manifestar. Desde muito tempo tenho ouvido falar frases do tipo que vemos no cartaz acima, e antes que você me pergunte qual o problema implícito na mesma, gostaria de fazer alguns esclarecimentos. Primeiro, esta frase é frequentemente usada como jargão cuja finalidade é tão somente levar as pessoas a responderam aos apelos dos ministros de cântico no memento da liturgia. Assim, quando se pensa em adoração, se pensa nas respostas dadas aos apelos motivacionais durante o culto. Nada mais falso do que isto.
Segundo, ao assumir tal conceito mecanizado de adoração, estes "teólogos" do entretenimento, reduzem a mesma á esfera comportamental behaviorista, onde as ações do individuo se restringem a responder um determinado padrão imposto, e isto nada tem a ver com adoração, e muito menos a que se faz em Espírito e em verdade.
Por último, ela faz uma falsa separação entre a pregação do evangelho, ou mesmo do exercício ministerial e a adoração. Como se fosse possível ser pastor e pregador do Evangelho sem ser adorador. Embora seja possível ser músico e até mesmo cantor sem ser adorador, o primeiro caso é inviável. visando trazer maior luz sobre o ensinamento convido o leitor a uma breve leitura da Bíblia.
É necessário entender que no contexto geral da Teologia Bíblica Deus procura homens. Este é um padrão que se repete desde o Éden. Quando Adão, que fora criado para adorar pecou, sua reação natural não foi a de buscar Deus, pelo contrário!, ele se escondeu de Deus. Foi este quem disse: Adão, onde estás? (Gn 3. 9).
No próprio diálogo entre Cristo e a mulher samaritana percebemos que foi o mestre quem provocou a situação. Mas é preciso que perguntemos: nesta busca, como Deus aborda o homem? No caso da mulher samaritana a abordagem não se deu por meio de um convite á adoração, mas no solícito pedido de água, ou seja, o Deus Eterno veio à mulher em forma de fraqueza de carne.
Em segundo lugar diante da recusa da mulher em atender, este não respondeu com aspereza, mas com o oferecimento de agua da vida, ou seja, de algo que poderia ir ao âmago das necessidades profundas da mulher. De inicio a oferta não foi entendida, primeiro a mulher achou que Cristo não poderia lhe satisfazer as necessidades uma vez que ele se apresentara a mulher não em sua condição divina, mas em fraqueza de carne. Depois por puro preconceito contra as origens étnicas do salvador encarnado.
Foi neste momento que Jesus a confrontou. Ele lhe disse: vai buscar o seu marido!, ela lhe respondeu: não tenho marido. Neste momento ele disse à mulher disseste bem porque já tiveste cinco, e o que está contigo agora é não é teu. Diante do novo confronto a mulher apela para a polemica do lugar da adoração. É neste momento que temos a famosa resposta de Jesus. Afinal, o lugar não interessa, o que interessa a Deus é a atitude interior do adorador, e que este faça o que faz sabedor do que está praticando (Jo 4. 22- 24).
Diante das colocações feitas por nosso Senhor, a mulher responde com o claro reconhecimento de que os ensinamentos que tivera com ele são característicos da era messiânica, e que aquele judeu moribundo que estava diante dela só poderia ser o messias. Uma vez convencida de que é ele o Cristo, ela sai proclamando a toda cidade que achara aquele de quem falavam as Escrituras. Aqui é o momento de pararmos e pensarmos um pouco.
Primeiro Jesus se apresenta para a mulher como um judeu que precisa de agua para dessedentar a própria sede. Segundo, diante da recusa da mulher, ele lhe oferece o dom da vida eterna, representado por meio da metáfora da água da vida. Terceiro, a mulher duvida de que ele tenha meios para tal, uma vez que sequer pode matar a sua sede. Quarto, Jesus sinaliza para ela que não apenas pode matar sua sede mas que se esta não beber da água que lhe oferece continuará com a mesma vida miserável. Por último, quando a mulher entende a mensagem de Jesus, ela sai pregando, e os efeitos de sua mensagem são visíveis na aceitação de todos os da cidade.
Este ensinamento deixa claro que não existe adoração genuína sem ligação com vida eterna, salvação, compreensão da mensagem do Evangelho, convite á salvação. É neste contexto que adoração tem de ser pensada, e nunca dentro da esfera estímulo/resposta.
Para que fique claro que adoração não possui a mínima relação com os cultos estimulo/resposta, observemos o texto e percebamos que: 1) a atitude de procurar veio de Cristo, ele foi ao encontro da mulher; 2) as respostas iniciais da mulher ao solícito pedido de Cristo, bem como ao oferecimento do dom de Deus, são negativas; 3) é Cristo quem insiste na aproximação com a mulher, insiste até as últimas consequências para que esta entenda o teor de sua mensagem; e, 4) quando esta entende a oferta de Cristo sai pela cidade proclamando que havia encontrado aquele de quem falavam as Escrituras. Em outras palavras a mulher poderia ficar ali adorando, contemplando o Cristo, estendendo as mãos aos céus em gratidão, tal como fazemos em nossos cultos, e nunca compartilhar a mensagem do Evangelho, mas não, ela foi e falou.
Daí que o ser pastor, ou pregador é indissociável da verdadeira adoração. Esta é definida em nossos dicionários como sendo um amor extremado. Mas no caso do nosso amor a Deus, ele é uma reposta do amor dele por nós, visto que ele nos amou primeiro (I Jo 4. 9, 10). Não há verdadeira adoração sem que tenhamos clara percepção da altura, largura, cumprimento e profundidade deste amor (Ef 3. 16 - 20). Somente assim seremos cheios da plenitude de Deus, e livres de todas e quaisquer apelações emotivas adoraremos em espírito e verdade.
 
Em Cristo Jesus, Pr Marcelo Medeiros.

2 comentários:

  1. Gostei da expressão: "teólogos do entretenimento". Infelizmente, isso tem acontecido demais. Engraçado ou triste é que Jesus, mesmo após tantos anos sendo divulgado, continua procurando adoradores. Se teólogos parassem de se preocupar com esta expressão: "teólogo", talvez exercem melhor o vocábulo em suas ações diárias de ensinamento e não nos depararíamos com situações assim.

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    1. Pat, entendo com respeito ao Teólogo, o mesmo que com respeito ao pregador e ao pastor, não há como dissociar adoração e Teologia. Aliás a única reposta possível a quem conhece Deus é cair aos seus pés em adoração.

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