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quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Sede meus imitadores (I Co 11. 1).


Dou graças a Deus pelas constantes tentativas de renovação que a igreja vem fazendo. Ainda que falhas elas retratam a inconformidade com o que está e a necessidade de renovação constante. Mas renovação sem critérios bíblicos definidos é inovação, modismo, daí a necessidade de constante avaliação das práticas à luz da palavra de Deus (veja aqui).

Recentemente visualizei em pagina do facebook que curto, o cartaz acima (veja aqui), com os dizeres, o que me deixou pensativo, afinal, o propósito do discipulado é produzir Cristo nas pessoas, ou a pessoa do discipulador? Ao fazer esta indagação não faltaram pessoas a afirmar que Paulo, incentivou as pessoas a imitarem ele. Ao que prontamente respondi que Paulo tinha a clara convicção de que o alvo supremo do crente era ser conformado à semelhança de Cristo, em outras palavras, fomos gerados de novo a fim de sermos como ele é (Rm 8. 29; Ef 4. 13; Fp 3. 20, 21; Cl 1. 28; I Jo 3. 2). Daí a minha proposta de analisar em breves linhas o texto e o contexto em que Paulo fez tais afirmações.  

Na carta aos Coríntios temos dois apelos paulinos a imitação do exemplo dele, vejamos: Portanto, suplico-lhes que sejam meus imitadores (I Co 4. 16 NVI), e: Tornem-se meus imitadores, como eu o sou de Cristo (I Co 11. 1 NVI). A consideração que precisamos fazer a respeito destes dois textos é que no primeiro caso temos de considerar o caráter apologético deste documento. A Igreja de Corinto, que fora fundada por Paulo se achava dividida pelo personalismo eclesiástico. A fim de combater este câncer, Paulo apela para o fato de que tanto ele quanto Apolo eram meros instrumentos de Deus para a sua obra, e que a despeito do trabalho que um e outro exercessem o crescimento vinha de Deus (I Co 3. 6 - 8). Os homens deveriam de serem considerados como ministros, palavra cujo significado é o de servo, do grego υπηρετας (huperetas), ou de administradores (οικονομους [oikonomois]) dos mistérios de Deus (I Co 4. 1). Não bastasse isto, os opositores do apostolado de Paulo não passavam de meros preceptores, ao passo que Paulo os havia gerado em Cristo, daí a sua autoridade em exigir que fossem seus imitadores.

Neste caso em particular o ser imitador de Paulo equivale ao abandono da mentalidade carnal, que se apega ao personalismo para a adesão de uma visão mais espiritual a respeito da graça de Deus atuando nos que promovem o Reino de Deus aqui na terra. Mas e o segundo texto, como ele fica na questão de imitar Paulo?

O texto no qual Paulo pede que sejam seus imitadores, como ele de Cristo, é a continuação de um texto no qual se aborda a questão da liberdade cristã. Paulo, por exemplo, era livre para abrir de mão dos seus direitos apostólicos, a fim de que os mesmos não constituíssem empecilho para o progresso do Evangelho de Cristo (veja aqui), da mesma forma, ele também condicionava a sua liberdade ao progresso do Evangelho, a fim de viver uma vida que não produzisse escândalo nem aos gregos, nem aos judeus, e muito menos à Igreja de Deus (I Co 10. 24 - 33). É estritamente neste sentido que o apostolo pede aos crentes que sigam seu exemplo. E a expressão como eu de Cristo?

Para o apóstolo, Cristo não buscou agradar a si mesmo, antes buscou o interesse e o bem coletivo (Rm 14 - 15), assim, Paulo se vê como alguém que imita a Cristo. Cristo não buscou a sua própria glória, tanto que ele não teve em suas prerrogativas divinas, algo a que se apegar ciosamente (veja aqui). E Paulo tomou para si o exemplo de Cristo, e isto de uma forma radical (Veja aqui).

Sei que estou em terreno perigoso, mas o último texto poderia ser traduzido da seguinte forma: procurem me imitar em minha obsessão de imitar a Cristo. Sim, porque a menos que tivéssemos a autoridade que Paulo teve, bem como a disposição de sofrer que ele teve aí sim, poderíamos ser seus imitadores.

Um último erro precisa de ser evitado com relação a esse assunto, e para tal, é preciso pedir a Deus que nos livre de pensar que possuímos a mesma autoridade que Paulo tinha. Tal como os demais apóstolos ele se considerava depositário fiel das palavras de Cristo. Ele alega ter recebido o Evangelho diretamente de Deus e não ter consultado a carne. A pergunta que fica aqui é: quem de nós pode falar desta maneira?

Por outro lado à semelhança de Paulo, precisamos ser um exemplo vivo do Evangelho, uma carta escrita com o dedo de Deus para que as pessoas possam ler, e ver o que Deus escreveu e continua a escrever em nossas vidas. Mas ainda que o sejamos temos de considerar que ao contrário dos apóstolos não recebemos o evangelho diretamente de Deus, mas receemos uma leitura cultural e histórica do mesmo que depende da apuração do Espirito de Deus e de uma profunda sinceridade de nossa parte para que o Evangelho seja vivido na íntegra.
Em Cristo, Pr Marcelo Medeiros

2 comentários:

  1. Deus o abençoe por tão ricas palavras, que a exemplo de Paulo possamos ser imitadores de Cristo sempre! Graça e paz.

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    1. Conto com suas orações e seu apoio a fim poder continuar servindo.

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