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quarta-feira, 20 de novembro de 2013

20 de Outrubro de 2013 mais um dia da consciência negra


Definimos consciência a partir dos seguintes termos:

  1. Conhecimento, noção do que se passa em nós.
  2. Percepção mais ou menos clara dos fenômenos que nos informam a respeito da nossa própria existência.
  3. Sentimento do dever, moralidade: um homem sem consciência. Ver aqui.

Em face do que é dito acima, necessário se faz salientar que: primeira definição é epistemológica, a segunda existencial, a terceira moral. Fiz uso dos termos do dicionário a fim de esclarecer o que é, ou poderia ser uma consciência negra. O assunto é mais do que polemico, visto que o que não falta em nossos dias são apelos a uma consciência humana.
O que seria então uma consciência negra? Em primeiro lugar um conhecimento epistêmico da situação social do negro em nosso país. As declarações que farei abaixo não visam esgotar o tema, mas pontuar de que forma negros são vitimas do preconceito em nosso país. Particularmente senti o mesmo na pela, principalmente no período do antigo ginásio, quando conheci de perto o preconceito e o bullying (aqui).
Da década de oitenta para cá muita coisa mudou, é verdade. Não temos o preconceito claro e declarado em nosso país, tal como ocorre na América, mas olhe para a produção televisiva e constate que raros são os papeis de protagonista dados aos negros. E quando tal ocorre, como aconteceu com uma novela, por título "A cor do pecado", uma vilã branca rouba a cena.
Não são poucas as denuncias que vemos nas produções científicas do ramo educacional, quanto ao preconceito velado em livros didáticos, que sempre conferem um papel subalterno aos negros, e que raramente os mostram casados com pessoas de outras etnias, como se tal possibilidade, de fato sequer existisse.
Me lembro claramente de uma ocasião em que estando na fila de uma loja, aguardando o momento de efetuar o pagamento da fatura do meu cartão e do de minha esposa, percebi o olhar de espanto de uma criança branca, quando soube que minha mulher era tez branca, embora não se possa dizer que ninguém em nosso país seja realmente negro, ou branco. Sim, na minha opinião somos a nação dos mestiços. Mas entendo que o preconceito velado é a principal marca do mesmo, e as razoes para este entendimento estão escritas acima.
Do ponto de vista existencial, o que podemos afirmar é que a consciência seria o conhecimento de como o negro constrói a sua existência. esta construção, ao meu ver não é libertaria, nem rigidamente determinada. O que quero dizer é que ao mesmo tempo em que o homem constrói a sua existência a partir de suas heranças culturais, sociais, econômicas, familiares, etc... . Ele vai exercendo sua tomada de decisão a partir do conhecimento que possui das dinâmicas do processo.
Ele não possui o domínio pleno das mesmas, visto que ninguém determina a família em que vai nascer, por exemplo, a cor da pele que vai possuir, e menos ainda as reações que a sociedade apresenta às condições biológica, social e economicamente dadas. Mas pode optar em como vai reagir ao que é posto diante dele. Falo isto a partir, é claro de um pressuposto existencial.
A tomada de consciência ética se dá a partir do que fazemos com nossa experiência, de como a usamos no apelo ético que nos é feito hoje e agora. Conforme disse aqui, nossas experiências ruins precisam ser transformadas em algo útil e proveitoso para os que compartilham a mesma sorte que nós, do contrário nossas feridas serão apenas futuras cicatrizes.
A dita consciência negra se forma da historia que temos enquanto etnia, em nossas experiências individuais e sobretudo em nossa atuação enquanto seres históricos que somos. Se toda a nossa filosofia de afirmação não nos serve para que atuemos junto aos que compartilham da mesma sina que nós, de nada adianta o desenvolvimento de mais uma suposta consciência, visto que esta se perde em mais uma ideologia. Me despeço com os votos de que nossa tradição histórica, nossa vivencia se faça mais do que uma ideologia, que esta se torne consciência de fato.

Marcelo Medeiros

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