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quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Milagres de Amor à vida.


Já faz algum tempo que tenho observado algumas novelas da globo, e confesso cada vez mais o meu estômago tem se tornado indisposto a este tipo de produção. São as mesmas fórmulas de sempre. alguém que trai alguém, que se apaixona por alguém, que não corresponde e dai para frente é só confusão. Como a fórmula está desgastada e nem sempre conseguem produzir novelas como A viagem, O cravo e a rosa, e alguns outros poucos títulos que não fazem apelação às baixarias para garantir a audiência; um novo elemento tem sido acrescentado ao gênero novelesco global. As discussões em torno das questões sobre a homossexualidade. Para tal foi feita a união entre excepcionais atores com a composição de personagens irreais. Sim a grande verdade é que Felix e cia não são homossexuais da vida real e como tais não servem de parâmetro para a discussão em torno do assunto.
Não bastasse isto, um fator estranho pode ser detectado em Amor á Vida, qual? O processo de redenção que se construiu em torno de um personagem destinado a ser o vilão, e que ao longo da trama fez de tudo para prejudicar a todos, mas que de uma hora para outra se mostra arrependido de tudo o que faz, e que mesmo relutante, aprende a fazer o bem. Vejo aqui uma distorção da visão de pensamento cristã, principalmente do arrependimento, que nada tem a ver com as exigências de retratação que a Pilar fez para o nosso Félix, mas com uma nova atitude do homem em face de suas atitudes. Em grego tal mudança se chama metanóia. E neste caso amor à vida não é exemplo para ninguém.
De acordo com o site Gospel Prime (aqui), o autor do folhetim global atribui um milagre á sua produção: o de reconciliar uma mãe evangélica com seu filho gay. E aqui temos uma real ameaça. Alguém está atribuindo a uma novela algo que o Evangelho em tese deveria fazer, eu disse: eu disse em tese. Há que se reconhecer que Cristo não veio para trazer paz para a terra, mas fogo e espada. E nosso amor à Cristo inclui que neguemos algumas das exigências de nossos familiares sim. Todavia, um cristão é ensinado a no que estiver sim, em seu alcance, seguir a paz para com todos, creio ser desnecessário dizer que nem sempre é possível manter esta paz, visto que a paz a ser seguida, não se dá ás expensas da verdade. Evangélicos não são ativistas prós, ou contrários a esta, ou aquela causa, a este, ou aquele grupo.
Eu apenas gostaria de saber em qual personagem da novela Amor á vida, tal mãe viu um exemplo de perdão e de reconciliação para ser seguido? Pilar sempre foi negligente para com os erros do filho e o corrigiu em uma idade em que não se assimilam mais valores. Cesar, foi intolerante, rancoroso e odioso ao extremo, além de promiscuo ao extremo. No caso deste personagem fica claro que o Félix, enquanto vilão é uma produção dele (César). Voltando aos personagens, Barbara, é uma mentirosa. Honestamente não sei o que uma evangélica poderia aprende ali.
Para não dizerem que fui parcial, a Márcia, ou Tetê para-lama ou (será para-choque?), não sei. Mas ela sim é um caso à parte, digo isto em termos, é claro. Ela aparentemente seria um exemplo de aceitação, pela tolerância para com o Félix, mas o favor demonstrado pela mesma é uma distorção do valor cristão que o autor do folhetim tentou incorporar à novela. Em termos cristãos e religiosos o autor prestou foi um desserviço á causa cristã. A complacência de Márcia em nada corresponde ao amor cristão, que é descrito nos seguintes termos por Paulo,
 é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha. Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor. O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta (I  Co 13. 4 - 7 NVI).
Reafirmo aqui que em personagem algum vi estas virtudes, e sei o quanto é difícil ver as mesmas em cristãos, na verdade somente homens regenerados podem demonstrar as mesmas. O homem de tal estirpe é loucura para o homem natural (categoria em que se enquadra grande parte do público que vê tais novelas), daí a inviabilidade de que atores, que na verdade não são pessoas regeneradas interpretem e construam personagens que sejam verdadeiros crentes.
Desde o festival promessas tenho nutrido séria suspeita a respeito da emissora, que neste caso se concretizou. Ela percebeu e incorporou uma tática que o cinema, por exemplo vem incorporando, a de mesclar valores cristãos com suas produções. Este diagnóstico foi feito por Paul Tournier no clássico Mitos e Neuroses, a desarmonia da vida moderna. Vivemos uma sociedade neurótica, visto que a mesma quer os valores e benefícios do evangelho, sem ter de arcar com o ônus do mesmo (exemplo, o arrependimento, conforme falado supra, e o custo do discipulado [aqui]). Em outras palavras, nossa sociedade critica o cristianismo e se declara como inimiga do mesmo, mas está disposta a comprar a versão falsificada do mesmo. Creio ser esta disposição que faz com que um número considerável de pessoas assista com a maior complacência a caminhada de redenção de um Félix.
Minha conclusão é que o grande feito de Amor á vida foi o de naturalização da questão da homossexualidade. Mas como disse, os homossexuais e as pessoas próximas dos mesmos, retratados no folhetim, nem de longe retratam a homossexualidade e a dinâmica dos relacionamentos na vida real. Este foi apenas o passo seguinte à banalização e apelação sexual retratada em novelas já de longas datas. E quanto mais apelações, mais cresce a necessidade de maiores recursos para chamar a atenção do povo. Se de fato houve uma suposta reconciliação entre uma mãe evangélica e um filho homossexual, esta reaproximação nem de longe pode ser confundida com perdão e reconciliação de fato.
Eu aprendi que alguns evangélicos apenas sabem protestar contra novelas que fazem menção aos orixás dos cultos afro. Do contrário são como esponjas prontas a absorver o que a emissora joga goela abaixo. Se uma novela aponta possibilidade de transformação e redenção sem o evangelho não se vê a mesma reação que se viu quando Salve Jorge foi exibida. Esta é a verdade.
 
Marcelo Medeiros

Um comentário:

  1. Marcelo.

    Você escreveu muito bem, o cinema americano sempre mescla sua produção, coloca de tempos em tempos temas bíblicos em seus filmes. Contudo, os envolvidos não são pessoas realmente comprometidas com Deus.

    Temos exemplos:

    Mel Gibson, ator que dirigiu e produziu diretor A Paixão de Cristo, filme que comoveu as pessoas ao redor do mundo, mas na vida real o diretor e produtor se mostrou se mostrou alcoólatra que insistia em dirigir bêbado, violento com a segunda esposa.

    Em 1956, Charton Heston incorporou Moisés na superprodução Dez Mandamentos. Ao longo dos anos ele fez muitas campanhas publicitárias de armas de fogo. Até em momentos delicados, desses em que um louco entra numa escola e mata professores e alunos, dava entrevistas para dizer que a culpa não era dos fabricantes, mas de quem comprou a arma.

    Abraço.

    E.A.G.
    http://belverede.blogspot.com.br

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