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terça-feira, 6 de novembro de 2012

OBADIAS – O PRINCÍPIO DA RETRIBUIÇÃO


INTRODUÇÃO

O nome Obadias – segundo Jonh MacArthur – significa servo do senhor. Partindo deste dado podemos especular que este seja a junção de duas palavras hebraicas עֶבֶד (ebhedh) e a partícula diminutiva יחּ (Yah). Foi um profeta que, a julgar pelas menções que este fez a cidade de Jerusalém, atuou no reino sul. Pelas menções que este faz ao povo de Edom, percebemos que o conteúdo de sua profecia trata de uma retaliação que o povo de Judá sofreu, por parte dos edomitas.

O CONTEXTO

Esaú, cujo nome no original é עשָו (‘Esaw) pode significar áspero, o que seria perfeitamente harmonizado com o oficio escolhido personagem, o de caçador. Em uma sociedade tal como a patriarcal ele seria a pessoa que, em tese, preencheria todos os quesitos para prosseguir com a aliança e a promessa feita aos patriarcas, mas infelizmente não foi assim que funcionou. Para todos os efeitos ele é o ancestral de Edom.
Edom é um povo que, de acordo com as Escrituras, descende diretamente de Esaú, ao passo que os judeus, tanto os representantes do Reino Sul, quanto as demais tribos do norte, descendiam de Jacó. De acordo com o relato bíblico o conflito vinha desde o ventre (Gn 25. 23), tanto que Jacó (Yakobah – יַעֵקבָח), ao nascer recebeu o nome, cujo significado é aquele que agarra ao calcanhar. O desenrolar de toda a historia destes dois irmãos é marcada por rivalidade. Jacó comprou o direito de primogenitura de Esaú, e por fim, orientado por Rebeca, recebe a benção destinada ao primogênito. O resultado é o de um ódio tal, por parte do irmão mais velho, que o mais novo termina por ser orientado a sair de casa (Gn 27. 39 – 45).
Uma outra questão que é levantada pelo autor sagrado é a seguinte: Esaú não servia para ser patriarca, para perpetuar a promessa que fora feita à Abraão e a Isaque, o fato dele ter casado com mulheres cananéias é indicador do quanto ele se importava com tais promessas. Tanto que o autor de Hebreus o chama de fornicário e profano (Hb 12. 16). Outro fator é a expressão amei a Jacó a aborreci a Esaú (Rm 9. 13). C. S. Lewis afirma que a expressão em apreço é um indicador de que aos olhos de Deus Esaú não servia para exercer a função de patriarca. É digno de observação que quando os dois se encontram novamente, o povo que está com Esaú é o mais próspero. Tanto que este afirma: Eu já tenho muito, meu irmão. Guarde para você o que é seu (Gn 33. 9 NVI). Aqui há o reconhecimento de uma situação próspera de ambos os lados.
A partir do relato de Gn 33. 1ss, podemos afirmar que houve relativa paz entre os irmãos, mas os descendentes não viveram, em paz. Em sucessivas ocasiões edomitas e israelitas irão entram em claro litígio. Eles figuram na peregrinação de Israel no deserto, quando impediram os judeus de passarem pelos seus territórios (Nm 20. 14 – 21). Parece que também foram inimigos de Saul (I Sm 14. 47), mas alguns serviram o primeiro Rei de Israel (I Sm 21. 7). Durante o reinado de Davi se tornaram vassalos de Israel (II Sm 8. 13, 14). Na verdade ainda nos dias de Salomão Deus levantou soberanos edomitas contra ele (I Rs 11. 14).

PERÍODO

O momento da profecia de Obadias tem sido causa de calorosos debates teológicos, uma vez que não vemos nos escrito deste profeta uma única referência que nos permita situá-lo historicamente. Daí a maioria dos intérpretes sugerirem uma serie de invasões às quais poderíamos aplicar a profecia de Obadias. São propostas as seguintes:
1)      A invasão por Sisaque durante o reinado de Roboão (I Rs 14. 25, 26). Mas a ausência de qualquer menção aos edomitas no texto fez com que tal proposta fosse rejeitada.
2)      Uma invasão feita pelos filisteus e pelos arábios durante o reinado de Jorão em Israel (II Rs 8. 20; II Cr 21. 16, 17).
3)      Uma invasão liderada pelo rei Joás, durante o reinado de Amazias em Judá (II Rs 14. 13, 14).
4)      Um ataque edomita durante o reino de Acaz (II Cr 28. 17).
5)      A invasão de Jerusalém, por Nabucodonozor em 586 a. C.
Durante anos a tendência foi a de aceitar esta última, e isto em atenção ao material correspondente à profecia de Obadias (Jr 49. 16, 17; Ez 25. 12ss;) e a grave imprecação do salmista que em oração pede a Deus: Lembra-te, Senhor, dos edomitas e do que fizeram quando Jerusalém foi destruída, pois gritavam: Arrasem-na! Arrasem-na até aos alicerces! (Sl 137. 7 NVI), nos leva a acreditar que Obadias seja deste período.
Durante anos a tendência foi a de aceitar esta última, e isto em atenção ao material correspondente à profecia de Obadias (Jr 49. 16, 17; Ez 25. 12ss;) e a grave imprecação do salmista que em oração pede a Deus: Lembra-te, Senhor, dos edomitas e do que fizeram quando Jerusalém foi destruída, pois gritavam: Arrasem-na! Arrasem-na até aos alicerces! (Sl 137. 7 NVI), nos leva a acreditar que Obadias seja deste período. Mas a verdade é que hoje tal hipótese tem sido descartada. No lugar desta tem sido proposto que a segunda invasão seja a mais viável, e isto se harmoniza melhor com o livro, uma vez que este não faz menção aos caldeus.
Outra vantagem desta perspectiva é o alcance temporal da profecia. Obadias profetiza uma destruição fatal de Edom. Esta é profetizada (Ob 3 – 7), mas o cumprimento não se dá de imediato. Os edomitas serão conhecidos como idumeus e Herodes, o Grande, aquele que mandou matar os meninos na ocasião do nascimento de Jesus (Mt 2).

A PROFECIA

Que profecia Obadias profere contra Edom? Quais motivos levaram o profeta a proferir tais oráculos?
1.      A despeito de Edom viver em relativa segurança em função de sua territoriedade, Deus os abaterá. Os montes de Seir não livrarão o povo quando o juízo de Deus chegar (Ob 3, 4).
2.      Nem os sábios livrarão Edom do mal que Deus tem preparado para o povo (Ob v. 8).
3.      Até os guerreiros ficarão confusos e impotentes diante da iminência do juízo divino (Ob v. 9).

Os pecados de Edom são:

1.      Ter compactuado com os que pilhavam Israel, mesmo que não tenham colocado a mão na espada para fazerem diretamente, indiretamente o fizeram (Jl 3. 19; Ob v. 10, 11).
2.      Além de compactuar, parece que Edom sentiu alguma satisfação com os males que ocorram com Jerusalém (Ob v. 12, 13).
3.      Alem da alegria eles ajudaram com o espolio dos bens do povo eleito por Deus (Ob v. 13).
4.      Por terem guardado ódio perpetuo contra o povo de Deus

AS LIÇÕES

Não podemos, sob hipótese alguma compactuar com as dores dos nossos adversários, muito menos sentir qualquer traço de alegria, mesmo quando são julgados por Deus. O sábio nos adverte: Não se alegre quando o seu inimigo cair, nem exulte o seu coração quando ele tropeçar, para que o Senhor não veja isso, e se desagrade, e desvie dele a sua ira (Pv 24. 17, 18 NVI). O principio da semeadura espiritual se aplica aqui uma vez que aquilo que nós semeamos, invariavelmente recairá sobre nós. Não se deixem enganar: de Deus não se zomba. Pois o que o homem semear, isso também colherá. Quem semeia para a sua carne, da carne colherá destruição; mas quem semeia para o Espírito, do Espírito colherá a vida eterna (Gl 6. 7, 8). Deus toma vingança do mal, ainda que tal demore, ainda que os que o praticam sejam julgados tardiamente, ainda que por um breve tempo estes assumam posição de poder tal como ocorreu com um idumeu conhecido por nós como Herodes, o Grande. Mas a profecia de Obadias se cumpriu e hoje eles estão reduzidos a nada, ao passo que Israel desfruta do poderio bélico, econômico e político que vemos atualmente. 

Em Cristo.


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