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segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Lição da EBD nº 9






Habacuque e a soberania de Deus sobre as nações

O profeta Habacuque é mais um dos profetas menores que apresentam dificuldades de contextualização histórica e geográfica em razão da escassez de informações em seus escritos. Outro fator digno de nota é a ausência de um oráculo profético. O livro em apreço começa com as seguintes palavras: "peso que viu o profeta Habacuque ". A palavra peso, que alguns manuscritos trazem הַמַּשָּׂא֙ (massã), tem como significado, o sentido de despesa, ou de dívida, podendo ser uma declaração de maldição. O termo deriva de uma palavra hebraica (nãsha), cujo sentido é o de suportar, carregar.
Via de regra, o termo introduz algum oráculo que os profetas fazem contra as nações. Habacuque não tem um oráculo contra as nações, mas uma sentença contra Judá. Contemporâneo de Jeremias, Sofonias, e da famosa e prestigiada profetiza Hulda, o profeta Habacuque vê o peso do Senhor contra Judá. O quadro descrito pelo profeta não é nada agradável. Ele clama a Deus com as seguintes palavras: Até quando, SENHOR, clamarei eu, e tu não me escutarás? Gritar-te-ei: Violência! e não salvarás? Por que razão me mostras a iniqüidade, e me fazes ver a opressão? Pois que a destruição e a violência estão diante de mim, havendo também quem suscite a contenda e o litígio. Por esta causa a lei se afrouxa, e a justiça nunca se manifesta; porque o ímpio cerca o justo, e a justiça se manifesta distorcida (Hc 1. 2 - 4).
O profeta clama contra a violência חָמָ֖ס (hãmas), mas o sentido desta palavra nada tem a ver com os disturbios sociais verificados em nossos dias, mas com o que ao meu ver com é a causa da violência, a crueldade, ganho injusto, falsidade. Em Gn 49. 5, quando Jacó faz predições a respeito dos seus filhos, ele diz que Simeão e Levi tinham espadas cheias de sangue e violência (חָמָ֖ס ), neste sentido a palavra tem o seu cunho no aspecto de violência fisica. Mas ainda em Gn, odemos ver um texto no qual a palavra é usada no sentido social (Gn 6. 11).
Um desdobramento desta violência חָמָ֖ס (hãmas), é a iniquidade אָ֙וֶן֙ ('awen), que pode ser traduzida como vaidade, futilidade e injustiça, ou iniquidade. O termo opressão וְעָמָ֣ל ('amãl), pode ser traduzido por qualquer coisa que provoque dor, amargura. Enfim, וְעָמָ֣ל ('amãl) é o mal em si, e a questão que o profeta levanta, é: Teus olhos são tão puros, que não suportam ver o mal; não podes tolerar a maldade. Por que toleras então esses perversos? Por que ficas calado enquanto os ímpios engolem os que são mais justos do que eles? (Hc 1. 13 NVI).
Violência חָמָ֖ס (hãmas), iniquidade אָ֙וֶן֙ ('awen), opressão וְעָמָ֣ל ('amãl), são causadores das contendas e dos litígios. Este é um ponto no qual o profeta se aproxima dos oráculos de Jeremias, que vaticina: Assim como um poço produz água, também ela produz sua maldade. Violência! Destruição! É o que se ouve dentro dela; doenças e feridas estão sempre diante de mim. Ouça a minha advertência, ó Jerusalém! Do contrário eu me afastarei inteiramente de você e farei de você uma desolação, uma terra desabitada (Jr 6. 7, 8 NVI). A diferença está em que em Jeremias, o quadro de Jerusalém provoca dor, ao passo que em Habacuque, perpelxidade. O que faz com que violência חָמָ֖ס (hãmas), seja um dos termos chaves do livro do profeta em apreço.
Esta palavra é um dos conceitos chaves no livro do profeta (Hc 1. 2, 3, 9; 2. 8, 17). É dela que advém todas as demais questões levantadas no livro. Afirmamo isto porque ao ler o livro posso perceber que o profeta começa protestanto contra a violência de Judá (Hc 1. 2, 3) e ao ser informado pelo Senhor que os caldeus serão usados como instrumento de juízo (Hc 1. 5 - 11), ele segue protestando contra a violência dos mesmos.
É quando o profeta clama por causa do absurdo dos caminhos de Deus. Para o profeta não há sentido no fato de um Deus justo e santo usar ímpios como os caldeus para julgar e disciplinar o seu povo. É neste momento que vem a segunda resposta de Deus. Deus ordena que o profeta escreva a visão, pois ela se cumprirá em breve, e adverte: Eis o soberbo! A sua alma não é reta nele; mas o justo pela sua fé viverá (Hc 2. 4).
O termo אֱמוּנָתֹ֥ו (emunãh) tem o sentido de firmeza e de flexibilidade, indicando a capacidade que o justo tem de ter para resisitir às pressões mais adversas. O caminho que Deus propõe é duro, primeiro ele julga e pune o seu povo e somente depois ele se volta para as demais nações. Este conceito está presente em outros textos. Tanto Isaías (Is 10. 5 - 12), quanto Jeremias (Jr 25. 15 - 29) o abordam. Sendo que este último o faz a partir de uma perspectiva mais elaborada. Um cálice é dado ás nações para beberem, e elas não podem negar.
Deus está começando a julgar a terra por sua santa cidade, mas quando ele terminar, ele se voltará para as demais nações. Começo a trazer desgraça sobre a cidade que leva o meu nome; e vocês sairiam impunes? Sem dúvida não ficarão sem castigo! Estou trazendo a espada contra todos os habitantes da terra’, declara o Senhor dos Exércitos (Jr 25. 29).
É neste ponto que se faz mais clara a soberania de Deus sobre toda a terra. Deus usa um povo violento como o caldeu para julgar o seu povo por causa da violência חָמָ֖ס (hãmas), iniquidade אָ֙וֶן֙ ('awen), opressão וְעָמָ֣ל ('amãl); mas pelos mesmos motivos julga o povo caldeu. O oráculo do profeta é claro, a violência que você cometeu contra o Líbano o alcançará, e você ficará apavorado com a destruição de animais, que você fez. Pois você derramou muito sangue, e cometeu violência contra terras, cidades e seus habitantes (Hc 2. 17 NVI).
A lista do profeta Jeremias é ainda maior. Lá podemos ver mais nações, visto que edomitas, amonitas, moabitas, egípcios e até filisteus são convidados a beberem do cálice da ira de Deus. Mas o príncipio é o mesmo. Deus julgará os caldeus. Nas palavras de Jeremias: Quando se completarem os setenta anos, castigarei o rei da Babilônia e a sua nação, a terra dos babilônios, por causa de suas iniqüidades, declara o Senhor, e a deixarei arrasada para sempre. Cumprirei naquela terra tudo o que falei contra ela, tudo o que está escrito neste livro e que Jeremias profetizou contra todas as nações. Porque os próprios babilônios serão escravizados por muitas nações e grandes reis; eu lhes retribuirei conforme as suas ações e as suas obras (Jr 25. 12 - 14 NVI).
O brado final de Habacuque é: o Senhor está em seu santo templo; diante dele fique em silêncio toda a terra (Hc 2. 20 NVI). Sim, todas as nações são convocadas a se calarem diante do Deus Todo Poderoso e Soberano.

Pr Marcelo Medeiros

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